Hendrich Desmund é um brilhante advogado e empresário de sucesso que vive uma aventura para lá da sua cidade. Porém, uma morte de alguém muito querida deste e que se revela num assassinato leva Hendrich a abdicar de sua aventura e partir em busca daquilo que mais sabe fazer - a justiça, entretanto a vida encarrega l-se de alterar seus planos quando coloca sobre sua sede de vingança, alguém que não era suposto estar entre ele e sua vocação.... Será que Hendrich Desmund conseguirá ir ao fim daquela missão sem volta?
O céu estava nublado. Indicava que as trevas assumiam o controle das emoções das pessoas, que tantas vezes oraram pensando que prestavam louvores ao único Deus, mas, na verdade, entregavam lentamente suas almas ao diabo. Aquele ser destrutivo e impiedoso. Ninguém era capaz de fazer cessar a chuva intensa que caía incessantemente do alto do céu e tornava as belas paisagens daquela pacata cidade em uma catacumba desprezível. Quase todos os cidadãos encontravam-se dentro das suas casas, tentando desesperadamente protegerem-se daquela intempérie sem fim. Chovia desde que o dia nascera.
Não dera trégua nem um segundo que fosse. Os adultos estavam grudados na TV vendo o noticiário do canal local daquela cidade. Os mais novos mantinham-se alheios nos seus quartos encobertos nas suas macias e pesadas mantas. Brincadeiras era o de menos naquele dia. Até eles que eram menores compreendiam a gravidade daquela temperatura. Nenhum carro circulava pela cidade, com a excepção de um. Uma camioneta cinzenta movimentava-se no asfalto daquela que era a área mais perigosa da cidade, alheia a sua sorte. Seja qual fosse o motorista que se aventurava naquelas condições de temperatura, desobedecia às ordens dadas pelo instituto de Meteorologia daquela cidade, que apelara severamente à todos os cidadãos para que não circulassem com suas viaturas e muito menos a pé naquele dia. Previa-se que a chuva enchesse quase todos os rios da cidade e estes devido ao excesso, não aguentassem a quantidade da água e drenassem aos vários cantos da cidade. Aquilo já começava a verificar-se. A água da chuva atingia a metade da altura daquela camioneta que, mesmo com pnéus personalizados, de nada evitava que quando a água atingisse seu limite nos rios, cobrisse por completo aquela pobre camioneta e seu infortunado proprietário. Um som forte escutou-se, contrastando o som produzido pelos trovões ao alto e o próprio som da água da chuva que batia violentamente as coberturas do tecto das casas. O ferro leve era açoitado violentamente, produzindo um som agudo de chiado. O som que se escutava era de pnéus derrapando até que mais logo foi mais forte e intenso que de derrapagem. Era som de algo se embatendo com outra coisa. Tal como o som de colisão de dois objectos.
Capítulo 1 Prólogo
15/05/2021