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Assassinato na rua Augusta

Assassinato na rua Augusta

leda.sferreira

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Capítulo

O delegado Eduardo Brandão esta investigando o assassinato de uma cafetina, ao se deparar com a jovem Rebeca que se tornou a principal suspeita ele fica completamente perturbado pois jovem lhe trouxe lembranças de 18 anos atrás, essa investigação irá virar a vida do delegado de pernas pro ar.

Capítulo 1 Lembranças ruins

É muito perigoso olhar para o futuro quando se está com ódio, ela tinha todos os motivos, mas não tinha coragem, seu nome é Rebeca e ela se tornou a principal suspeita.

Manhã de segunda feira, e a avenida Paulista está aquele caos de sempre, 6:30 da manhã as pessoas atravessam a faixa de pedestres com passos largos apressadas para o trabalho, trânsito parado e os motoristas buzinando e xingando como se isso fosse abrir um corredor para eles.

—" O ser humano é patético mesmo!"— Pensava Rebeca enquanto atravessava no meio dos carros.

— Anda logo eu estou com fome! — Acenava Angel para a amiga que vinha correndo feito maluca com os pães para o café da manhã.

— Sério, você é muito folgada Angel por que você mesma não foi buscar o pão já que está com tanta fome?

— Porque eu tive que limpar a bagunça que os seus amiguinhos deixaram na casa, antes que a dona Margô chegue!

— Aí caramba, tinha esquecido que ela voltava hoje, seria tão bom se o avião explodisse com aquela jararaca dentro.

— Credo Beca, você é tão cruel, eu não desejo isso tem pessoas inocentes no avião que morreriam também!

Rebeca deu de ombros para Angel, e subiu as escadas da velha boate conhecida como "RED HOUSE" localizada na rua Augusta no centro de São Paulo.

— Não aguento mais essa vida amiga! Reclamou Rebeca. -— Aliás eu nunca quis, já faz um ano que estamos aqui e ela não paga nosso dinheiro!

— Nem me fale Beca, eu quero sumir daqui o quanto antes! Suspirou Angel enquanto adoçava o café. — E o que mais me revolta é ver essa desgraçada luxando com nosso dinheiro.

— Minha vontade é matar essa maldita, juro que se ela respirar na minha frente eu enfio essa faca no pescoço dela.

Enquanto secava as lágrimas, Rebeca se lembrava de como chegou naquele lugar.

Desde que nasceu e foi abandonada pela mãe, ela passou boa parte da sua infância em um orfanato e foi encaminhada para um abrigo de menores aos 12 anos de idade onde passou os piores anos da sua vida ao lado da sua inseparável amiga Angélica, as duas eram como irmãs e passaram por maus bocados juntas, e prometeram sempre cuidar uma da outra. 

"UM ANO ANTES..."

Assim que completaram 18 anos Rebeca e Angélica tiveram que deixar o abrigo para ceder a vaga para outras adolescentes, foi quando dona Margô entrou na vida delas. Uma cafetina dona de uma boate muito antiga na Rua Augusta no centro de São Paulo, dona Margô não se importava muito com aparência do lugar ela só queria mesmo era saber de dinheiro, mas devido as péssimas condições do local todas as meninas resolveram procurar uma boate mais sofisticada para trabalhar, fazendo com que o lucro da madame caísse, quando soube através do segurança do abrigo que as duas jovens iriam deixar o lugar e não tinham para onde ir, Margô foi atrás das meninas e lhes ofereceu moradia com direito a refeições em troca de serviços. Rebeca era uma jovem muito bonita embora estivesse maltratada devido as péssimas condições que vivia no abrigo.

Quando bateu os olhos nela Margô logo imaginou o quanto de lucro aquela linda menina traria para o seu negócio, ela tinha uma pele clara cabelo loiro natural seus olhos eram cor de mel, acabara de completar 18 anos e era dona de um belo corpo.

O que parecia ser sorte se tornou o maior pesadelo da vida de Rebeca e Angélica, a casa de dona Margô não era exatamente uma casa e sim uma boate de baixa categoria frequentada pela pior espécie de homens que poderiam existir, pervertidos nojentos a procura de sexo barato.

— Á partir de hoje é aqui que vocês moram, seu trabalho durante o dia é limpar e organizar a casa para receber os clientes á noite, a comida eu forneço, mas vocês mesmas têm que preparar, não tolero desperdício, se acabar antes do prazo ficam sem até a data da reposição, este aqui é o Rafael, ele é o barman da casa, e também mora aqui qualquer dúvida pode perguntar a ele, e por aqui...

— Ah... com licença senhora! Interrompeu Angélica. — A senhora vai nos pagar um salário?

Margô soltou uma gargalhada assustadora após a pergunta de Angélica.

— Salário garota? Você só pode estar brincando, já estou fornecendo a casa a comida e um chuveiro quente pra você tomar um banho e lavar esse cabelo nojento.

— Perdão senhora, mas pensei que fossemos receber pelos serviços prestados!

— Escuta aqui garota, se não fosse por mim você estaria lá na cracolândia agora sendo estuprada e procurando restos de comida no lixo, mas como eu sou uma mulher muito generosa posso ajuda-las a ganhar muito dinheiro, mas isso vai depender somente de vocês!

Rebeca e Angélica se olharam sem entender nada.

— É o seguinte! continuou Margô. —-Como vocês sabem, aqui é uma boate, á partir das 18 horas começarão a subir homens por essas escadas e tudo o que eles querem é beber e transar, vocês irão recepciona-los, sejam simpáticas e agradáveis façam com que eles consumam muito no bar, seduzam e os levem pro quarto, cem reais o programa, 40 seu e 60 da casa, quanto mais vocês transarem mais dinheiro vocês ganham, simples!

— Eu não vou transar com ninguém! gritou Rebeca assustada, enquanto encarava Angélica e percebera que uma lágrima escorria no rosto da amiga.

— Quem dita as regras aqui sou eu! disse Margô segurando em seu braço e olhando profundamente em seus olhos. — Ou você faz o que eu estou mandando ou suma daqui, e vai morar na rua, e eu te garanto uma garotinha como você não vai durar um dia nas mãos daqueles cracudos!

Rebeca ficou sem reação com as palavras daquela mulher, enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas, elas são surpreendidas com a chegada de um homem alto, moreno com tatuagens, trajando uma camiseta velha, Rebeca reconheceu o cheiro daquele perfume de longe e ela e Angélica ficaram em choque ao vê-lo.

— Cicero? Disse Rebeca com os olhos assustados.

— Oi Beca, gostando da casa nova? Disse ele com um olhar pervertido.

Rebeca não acreditava no que estava vendo, Cicero era o segurança do abrigo e também o homem que abusava dela e ameaçava matá-la caso contasse pra alguém, seu estomago embrulhou e ela ficou sem reação.

— índia, por que choras? Perguntou Cicero ironicamente para Angélica.

Ele a chamava assim porquê ela era uma linda morena com traços indígenas, assim como Rebeca ela possuía uma beleza que estava escondida por de trás dos maus tratos sofridos desde que ficou órfão após sua mãe ser assassinada por traficantes quando ela tinha apenas 11 anos.

— Não amole as meninas Cicero, elas estão emocionadas! Zombou Margô — Bom eu estou exausta, Cicero mostre o quarto para elas e passe todas coordenadas de como será a vida delas daqui pra frente, se elas tentarem alguma gracinha você está autorizado a usar a força.

Margô virou se para as meninas, e continuou:

— Lá em cima tem roupas e produtos de higiene, tomem um belo de um banho e se arrumem às 18 horas quero as duas no salão sem atrasos!

Cicero segurou as duas meninas pelo braço de forma agressiva e as arrastou até o andar de cima, Beca sentia sua cabeça girar mesmo que já estivesse acostumada com as agressões de Cicero ela custou acreditar que tudo aquilo estava acontecendo, passava um filme em sua cabeça e ela se lembrou de todas as vezes que ele abusou sexualmente dela, tomada de nojo ela cuspiu em sua cara e ele a retribuiu com uma bofetada dizendo:

— Sua vadia, não me obrigue a estragar esse seu rostinho delicado!

Ele se virou para Angel que chorava ainda mais e disse:

— E você pare de frescura e vai se arrumar, daqui a pouco começam a chegar os clientes, aqui é o quarto de vocês tem tudo o que vocês precisam aqui, no armário tem algumas roupas que eram das meninas que moravam aqui, podem ficar com elas, estou aqui fora, por tanto não tentem nenhuma gracinha.

Cicero saiu e fechou a porta, Angel correu em direção a Beca que estava sentada no chão com mão no rosto abraçou a amiga e perguntou:

— Você está bem?

— Sim, aquele desgraçado nojento armou tudo isso e trouxe a gente para cá, precisamos sair daqui.

— Beca! Não temos para onde ir, se sairmos daqui vamos acabar morando na rua!

— E se a gente ficar vamos ser obrigadas a transar com um bando de pervertidos todos os dias!

— Amiga se acalma, você tem um plano?

— Não, mas eu não vou virar puta!

— Beca eu morei nas ruas eu sei como é, vi minha mãe apanhar de homens por causa de drogas, e ela foi assassinada na minha frente, eu não quero voltar pra rua.

Beca olhou para a amiga e pode ver o desespero dela, embora as duas eram órfãs Beca nunca viveu nas ruas, ela foi abandonada ainda bebê na porta de um orfanato enquanto Angel morou em uma barraca debaixo de um viaduto com a mãe viciada, ela abraçou a amiga e disse:

— Tudo bem, a gente fica por enquanto vamos cuidar uma da outra, a gente junta uma grana e some daqui, alugamos um apartamento ou uma quitinete e arranjaremos empregos decentes e vai ficar tudo bem.

— Obrigada amiga, não sei o que seria de mim sem você! Disse Angel enquanto secava as lágrimas.

Beca sabia que era loucura ficar ali, mas no fundo ela também tinha medo de morar nas ruas, e ela sabia o quanto Angel era traumatizada com o seu passado.

Não restava outra alternativa para as amigas senão cederem, enquanto se vestia Rebeca bolava um plano e dividia suas ideias com a Angélica:

— Amiga não vai ser fácil, mas temos que ser forte se conseguirmos juntar uma grana boa em alguns meses conseguimos sair daqui!

Enquanto se vestia ela olhou rapidamente no espelho e pode ver o quanto era linda, foi a primeira vez que ela pode enxergar sua beleza por um momento ela se sentiu bem e ficou imaginando como seria sua vida se ela tivesse uma família para lhe dar apoio, mas o seu momento bom foi interrompido por alguém batendo na porta.

— Está aberta pode entrar! — respondeu Angel assustada.

— Olá vim ver se estão precisando de ajuda? Eu me chamo Rafael!

— Eu sei seu nome! — Respondeu Rebeca séria.

— Estamos com fome, não comemos nada desde que chegamos — disse Angel, enquanto Rebeca encarava Rafael com cara de poucos amigos.

— Eu vou preparar algo pra vocês comerem, eu quero que saibam que eu não sou como eles só estou aqui porque não tenho pra onde ir, sou sozinho aqui em São Paulo e preciso mandar dinheiro pra minha avó no Maranhão! — Ele respondeu e logo em seguida saiu e fechou a porta.

— Ele não tirou os olhos de você! — disse Angel cutucando Beca.

Ela deu de ombros, mas também percebeu como Rafael olhava para ela e de fato não deixou de perceber como ele era um rapaz bonito alto moreno e com um sorriso lindo.

O relógio já marcava 17:59, elas desceram as escadas empoeiradas e se depararam logo de cara com Cicero sentado no bar da boate, atras do balcão estava Rafael que ao ver Rebeca se aproximando deu um sorriso que ela imediatamente contribuiu, mas logo em seguida seu brilho sumiu ao ver Margô se aproximar dizendo:— Olha só, nem parecem aquelas meninas de rua que chegaram aqui hoje cedo — ela passou a mão no rosto de Angel, virou se pra Rebeca e disse: — Tem um cliente pra você atender, ele já está chegando, coloca um sorriso nesse rosto eu estou de olho em você! — e quanto a você índia, desfaz essa cara de choro e fica no meio do salão recepcionando os homens que subirem. Angel estava muito assustada, mesmo assim obedeceu a ela, ficou em pé próximo a escada recepcionando os homens que subiam, eles passavam as mãos em suas pernas davam tapas na bunda e chamavam ela pra se sentar com eles. Rebeca respirou fundo e fez sinal para amiga não chorar. Aos poucos foram chegando mais alguns homens e aquela foi de longe a pior noite das meninas, daquele dia em diante elas passaram a ser tratadas como mercadorias, Margô tornou suas vidas um inferno, Cicero as vigiava o tempo todo, elas se tornaram prisioneiras naquele lugar, meses se passaram e Margô nunca pagou para elas o valor combinado, isso acabou gerando nas garotas um grande ódio e muita revolta, Rafael era quem as ajudava ele cuidava delas para que nada de ruim acontecesse. Já se passaram 11 meses que as meninas estavam ali, e nada mudava, Rebeca via seu sonho e planos de arrumar um emprego e se mudar dali ficando cada vez mais distantes, todos os dias era a mesma rotina levantar, fazer faxina, e a noite ficar no salão servindo de objeto sexual para homens, sem contar as vezes que Cicero chegava de surpresa e a forçava a ter relações com ele, da última vez que ele tentou força-la Rafael chegou a tempo de impedir, eles começara uma briga quando Cicero apontou a arma pra ele Margô apareceu. — Abaixe essa arma agora, se vocês querem se matar façam isso fora da minha boate, mais uma briga dessas eu coloco os dois no olho da rua entenderam? — Isso não vai ficar assim! — disse Cicero com um tom de ameaça.

Enquanto Margô saia seguindo Cicero Rebeca abraçava Rafael chorando.

— Nunca mais faça isso me ouviu? Deixa que eu me viro com esse monstro ele poderia ter te matado! — imagina só que horror, eu nunca iria me perdoar nunca mesmo!

Ele não respondeu nada, apenas saiu calado com muito ódio no olhar e Rebeca ficou ali parada enquanto um turbilhão de emoções a invadia.

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