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Minha vida perfeita foi estilhaçada quando ouvi a voz de outra mulher no relógio do meu marido, mas isso foi apenas o começo da sua traição.
Ele orquestrou um acidente de carro que matou nosso filho ainda não nascido, tudo para roubar minha empresa e ficar com sua família secreta.
Ele achou que tinha me quebrado, mas apenas despertou um monstro infernal determinado a queimar seu mundo inteiro até as cinzas.
Capítulo 1
Ponto de Vista de Alina Sampaio:
A primeira rachadura na minha vida perfeita não foi uma briga ou uma mentira, mas a voz de uma mulher no relógio do meu marido, uma voz que não era a minha.
Eu estava me despedindo de Eduardo na porta, nosso ritual matinal. A mão dele estava na curva das minhas costas, uma pressão familiar e quente. O cheiro do seu perfume, sândalo e bergamota, preenchia o espaço entre nós. Ele estava voando para uma conferência de tecnologia em Florianópolis, uma viagem que eu geralmente fazia com ele, mas, grávida de três meses, meu médico havia desaconselhado viagens não essenciais.
"Vou sentir sua falta", ele murmurou, seus lábios roçando minha têmpora. "De vocês dois." Sua outra mão pousou gentilmente sobre minha barriga ainda lisa. Um sorriso genuíno, do tipo que me fez apaixonar pelo herdeiro da dinastia de tecnologia Medeiros, iluminou seu rosto bonito.
"Nós também sentiremos sua falta", eu disse, me aninhando em seu abraço. "Me liga quando pousar."
"Sempre." Ele me deu um último beijo demorado antes de se virar para ir.
Enquanto pegava sua pasta, seu smartwatch, um modelo elegante com pulseira de prata que eu lhe dei em nosso aniversário, escorregou de seu pulso e caiu com um baque no piso de mármore.
"Opa", disse ele, já a meio caminho da porta. "Pode pegar pra mim, querida? Vou perder meu voo."
"Claro." Eu me abaixei, meus dedos se fechando ao redor do metal frio. Ao pegá-lo, a tela se acendeu com uma notificação. Era um memorando de voz. Meu polegar roçou o ícone de play por acidente.
A voz de uma mulher, rouca e baixa, encheu o hall de entrada silencioso. "Não se esqueça do nosso esqueminha, Dudu. Conto com você pra resolver isso."
O ar em meus pulmões virou gelo. Meu sangue congelou. Dudu. Ninguém o chamava de Dudu, exceto sua mãe e... Carla Vasconcelos.
Minha respiração falhou. Fiquei paralisada, o relógio pesado em minha mão, o fantasma daquela voz ecoando no silêncio súbito e cavernoso da nossa casa. Não podia ser. Carla era minha rival profissional, uma executiva implacável de uma empresa concorrente. Mas ela também era amiga de infância de Eduardo. Ele sempre me garantiu que o relacionamento deles era puramente platônico, uma relíquia de sua criação compartilhada.
Minha mente disparou, tentando juntar as peças. Um esqueminha? Que esqueminha? Meus pensamentos eram um emaranhado de descrença e um pavor crescente e nauseante.
Eu tinha que saber.
A decisão foi instantânea, uma faísca de adrenalina cortando a névoa do choque. Eu não ia ficar sentada aqui por três dias, deixando esse veneno apodrecer em minha mente.
Sem pensar duas vezes, peguei minha bolsa e as chaves, deixando o relógio na mesa do hall. Não liguei para ele de volta. Não mandei uma mensagem. Apenas saí de nossa casa, entrei no meu carro inteligente — um dos protótipos da minha própria empresa — e reservei o próximo voo para Florianópolis no meu celular enquanto o motor roncava.
O voo foi um borrão de ansiedade. Cada sorriso benigno de uma comissária de bordo parecia um julgamento. Cada solavanco da turbulência parecia meu mundo saindo do eixo. Eu continuava repassando a voz dela na minha cabeça. Nosso esqueminha. Era íntimo. Conspiratório.
Quando pousei em Florianópolis, o característico céu cinzento da cidade combinava perfeitamente com meu humor. Peguei um táxi para o hotel onde a conferência estava sendo realizada, meu coração martelando contra minhas costelas. Eu não tinha um plano. Só precisava vê-lo, olhá-lo nos olhos e avaliar sua reação.
Eu o encontrei não em uma sala de conferências, mas no bar mal iluminado do hotel. E ele não estava sozinho.
Ele estava em um reservado, rindo, com a cabeça inclinada perto de outra. A mão de uma mulher, com unhas pintadas de um vermelho vivo e predatório, repousava em seu braço. Era Carla. Seu cabelo loiro e liso caía como uma cortina, obscurecendo parcialmente seus rostos, mas não havia como confundi-la.
Então, ela se inclinou, e seus lábios encontraram os dele em um beijo que era tudo, menos platônico. Era faminto, familiar, possessivo. Meu marido, o homem que havia colocado uma mão terna em nosso filho ainda não nascido apenas algumas horas antes, a beijou de volta com igual fervor.
A cena estilhaçou algo profundo dentro de mim. Não era mais apenas uma rachadura; era uma implosão completa. O copo que eu segurava escorregou de meus dedos dormentes e se espatifou no chão, o som anormalmente alto no silêncio súbito que havia envolvido meu mundo.
A cabeça de Carla se ergueu bruscamente. Seus olhos, frios e azuis, se arregalaram em choque ao encontrarem os meus do outro lado da sala. Um brilho de triunfo, rapidamente mascarado, dançou em suas profundezas. Lembrei-me do dia em que ela compareceu ao nosso casamento, seu sorriso tão brilhante quanto seu vestido, me dizendo: "Você tem tanta sorte, Alina. O Dudu é um dos bons. Sempre vou cuidar dele por você." A memória agora estava coberta por uma espessa camada de veneno.
Ela cutucou Eduardo, sua expressão mudando para uma de alarme fingido. Eles saíram do reservado às pressas, seus movimentos desajeitados pela culpa, e desapareceram antes que eu pudesse forçar minhas pernas a se moverem.
Tentei segui-los, tropeçando nos cacos de vidro, mas meu corpo não cooperava. Uma onda de náusea e tontura me atingiu, minha visão embaçando nas bordas. Minha mão foi para minha barriga, um instinto primitivo e protetor.
De alguma forma, consegui sair do hotel e ir para a rua molhada de chuva. Minha mente era uma tempestade caótica de negação. Foi um erro. Um mal-entendido. Tinha que haver uma explicação.
Peguei meu celular, meus dedos tremendo enquanto discava o número dele. Chamou uma, duas vezes, antes que ele atendesse.
"Alina? Está tudo bem?" Sua voz estava tensa, sem fôlego.
"Onde você está, Eduardo?", perguntei, minha própria voz um sussurro rouco.
"No meu quarto, querida. Acabei de sair de uma longa sessão. Exausto. Por quê?"
A mentira era tão descarada, tão fácil, que roubou o ar dos meus pulmões. Atrás dele, eu podia ouvir — o som fraco e distinto de uma sirene passando na rua. Ele não estava em seu quarto. Ele estava do lado de fora. Ele estava com ela.
"Mentiroso", engasguei, a palavra com gosto de bile. Desliguei antes que ele pudesse responder.
Lágrimas escorriam pelo meu rosto, quentes e ofuscantes. A traição era um peso físico, esmagando meu peito, tornando impossível respirar. Comecei a andar, sem destino, apenas precisando me mover, para escapar da imagem daquele beijo gravada em meu cérebro. As luzes da cidade se transformaram em uma aquarela de dor.
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