Jule Hall perdeu seu namorado em um acidente de carro e, para piorar, descobre que está grávida dele. Como consequência, é expulsa de casa por seu pai e, sem meios de se sustentar, aceita uma proposta inusitada: casar-se com um homem cujo desejo é ser pai de seu filho. O problema é que esse homem, por mais imponente e sedutor que fosse, era o único homem que ela odiava. Esse homem era Liam Collins, irmão mais novo do pai de seu filho e a quem ela culpava pelo acidente. Ela só não sabia que seu filho não era o único motivo para o casamento arranjado. Jule engoliu em seco enquanto Liam esperava sua resposta. O que havia para ela agora? E para o bebê? Ainda assim, aquilo parecia errado e absurdo. - Vai se arrepender de se casar comigo. Eu jamais vou amar você. Liam se aproximou mais e murmurou confiante: - Isso parece um ótimo arranjo para mim. Ele sorriu e segurou sua mão. Antes de levá-la, disse: - Vamos, esposa, contar ao mundo como estamos perdidamente apaixonados!
Grávida, era o que dizia o teste de Jule Hall.
E não havia sinal do pai, mesmo que ela já tivesse ligado a manhã inteira.
- Grávida? Isso não pode estar acontecendo. - Se lamentou Jule, ainda olhando em choque para o teste de farmácia em suas mãos.
Nesse momento, a porta de seu quarto se abriu com um estrondo, o homem corpulento e com a bíblia nas mãos a encarou.
- Pai? O que... - ela não teve tempo para perguntar o que ele estava fazendo em seu quarto e nem porque abriu a porta com tanta violência.
O olhar do senhor Jorge Hall se fixou no teste em suas mãos trêmulas. A expressão dele era de ódio e nojo, mas não de surpresa.
Alguém me delatou, pensou ela.
Atrás dele, sua madrasta Giovana estava observando a cena com expressão arrogante.
- Eu disse a você Jorge, sabia que ela estava escondendo algo. E sempre suspeitei que fosse gravidez. Jule, devia saber que o farmacêutico é um amigo meu de infância, acha que ele não me contaria que você comprou um teste de gravidez? - pronunciou a madrasta.
Ela estava se vangloriando de ser uma maldita fofoqueira que tinha outros fofoqueiros ao seu dispor?
Jorge respirou fundo e colocou a bíblia sobre a cômoda.
Ele estava com o rosto vermelho e suado e Jule tentou explicar.
- Pai, deixe-me explicar... - As palavras morreram no ar enquanto o pai tirava o cinto da cintura.
Jule tentou correr para a porta, mas sua madrasta a bloqueou com um sorriso.
Jorge puxou Jule pelos cabelos, enquanto a garota gritava.
- Sua garota promíscua! Você é igual a sua mãe! O espírito ruim que vivia nela, agora vive em você!
- Ela não está morta, ela apenas abandonou você! - Jule gritou enquanto era arrastada para a cama.
- Abandonou apenas a mim, garota maldita? Ela abandonou você também, mesmo tendo quase o mesmo rosto que o dela! Agora vire-se! - ele gritou, quando a jogou na cama.
Jule sabia que ele queria que ela virasse de bruços para ser punida, mas não faria isso sem resistência.
- Não pode me bater, eu vou me casar! Eu tenho alguém que me ama!
Jorge perdeu a paciência e a segurou com força contra o colchão, mas Jule resistia cada vez mais e ele não conseguiu dar as chicotadas com o cinto com eficiência.
- Giovana, ajude! - ele berrou.
A madrasta correu para ajudá-lo a imobilizar Jule no colchão, enquanto ele desferia golpes de cinto em seu traseiro, fazendo-a gritar de dor e ódio.
Ela perdeu as contas dos golpes por volta do número 18.
Quando finalmente acabou, suas lágrimas estavam secas.
- Se esse homem não aparecer aqui amanhã cedo, está expulsa dessa casa, entendeu? - ele avisou e saiu do quarto.
Jule se levantou sentindo o seu sangue quente e pegou o celular em cima da cômoda, ela clicou no número de Peter Collins, seu namorado.
"Olá, o número que você ligou está desligado, deixe seu recado após o sinal".
Jule olhou para o celular em sua mão tremula.
Onde estava Peter? Ela precisava contar para ele que estava grávida.
Jule olhou para a hora, ela havia marcado de encontrar Peter em um café, faltava apenas vinte minutos para o horário combinado.
Ela limpou o rosto e saiu pela janela, não queria que sua madrasta tentasse impedi-la de ir.
Café Doce amor.
Seus dedos batiam em um ritmo alarmante na mesa de madeira escura do café que ela e Peter se conheceram. Ela olhou pela milésima vez para o horário no celular, Peter estava atrasado pelo menos quinze minutos. Tudo bem, ela podia esperar mais um pouco.
Peter iria aparecer, seu celular devia ter descarregado.
"Nessa mesma madrugada por volta de duas e meia da manhã, ocorreu o grave acidente do herdeiro da família Collins, Peter Collins o matando instantaneamente, Informações preliminares nos informam..." A TV foi desligada bem na hora interrompendo a fala da repórter.
Jule se levantou de sua cadeira, seu coração batendo descompassado.
- Ligue a TV. Por favor, ligue agora! - implorou, fazendo com que todos no café voltassem sua atenção para ela.
Jule foi até o balcão de atendimento enquanto o atendente que ela conhecia bem, Charles, ligava a TV novamente.
"Sim, Cameron, foi um acidente ao qual um carro colidiu violentamente contra o carro do senhor Collins. Ao que parece, o carro estava com a placa tampada e fugiu do local do acidente em seguida." Dizia a repórter.
"E há alguma declaração do irmão mais novo, Cindy? Afinal, Peter Collins era conhecido por nunca se envolver em qualquer tipo de escândalo, mas ao que parece, ele estava cruzando o estado atrás do irmão preso por perturbação da ordem em outro estado." Perguntou o Ancora do jornal, Cameron.
Uma foto do irmão mais novo de Peter, Liam Collins aparece no jornal. Seus olhos eram da cor de ônix e seu olhar era arrogante. Suas feições eram mais marcantes que as de Peter, apesar disso, sua aparência era doentia, como se não dormisse bem.
Jule não aguentou mais assistir e desmaiou em seguida.
Mansão Collins.
Liam caminhou em direção a sala privada onde sua mãe estava sendo cuidada pela governanta chamada Sally.
Antes que pudesse bater, ele ouviu os gritos altos de sua mãe, Sara Collins.
- Não, porque Meu Deus. Eu não aceito isso, Sally... Meu amado filho.
Havia dor em sua voz, que já estava rouca de tanto chorar.
Eles haviam recebido a notícia pela madrugada, um dos homens de sua mãe o tirou da cadeia aquela manhã, ele veio direto para casa quando recebeu a notícia ainda na cela da prisão.
Liam estava sujo da rua, cheirando a bebida e por mais que o mordomo Will tenha aconselhado que ele se limpasse para se encontrar com sua mãe, Liam estava desesperado para abraçá-la.
Seu irmão mais velho estava morto... Morto enquanto ia resgatá-lo, como ele sempre disse que faria.
Antes que pudesse empurrar a porta, a voz de sua mãe o deteve.
- Isso é culpa dele. Peter jamais dirigia de madrugada, mas estava indo para outro estado para resgatar Liam! Ele causou a morte de Peter! Maldito seja ele, arrancou meu filho de mim! Eu amaldiçoo o meu ventre por ter gerado ele!
Liam paralisou, em seguida ele soltou a maçaneta.
- Senhora Collins, não diga isso, ele também é seu filho... - a voz de Sally era fraca e chorosa. O som de coisas se quebrando reverberou pelo cômodo, certamente Sara deve ter quebrado algo na sala.
Liam engoliu em seco, sentindo as palavras perfurarem o seu coração.
- Maldito seja o dia em que nasci. - Ele murmurou para si mesmo enquanto se afastava.
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