Na sombria paisagem do submundo dos Estados Unidos, uma jovem herdeira de uma poderosa família da máfia é forçada a seguir três regras rigorosas para garantir sua liberdade: não se apaixonar, não se casar e evitar chamar a atenção. Quando um ataque violento coloca sua vida em perigo e sua família não pode resgatá-la, surge uma proposta inesperada de um poderoso líder rival: ele oferece proteção em troca de um casamento forçado. Enquanto luta para proteger os segredos perigosos de sua família, ela se vê cativada pelo charme sombrio de seu novo noivo. Conforme eles tentam construir uma relação em meio a segredos, sedução e perigos constantes, ela percebe que ele esconde mais do que revela. Enquanto os inimigos continuam a caçá-la, ele está determinado a destruir qualquer um que ameace o que considera seu.
Hope
Aniversário de 15 anos da Hope
Não consigo respirar.
Sinto mãos em volta do meu pescoço, abro as pálpebras,
encontrando minha mãe em cima de mim. Os olhos vermelhos
indicando outra crise, suas mãos finas ao redor do meu pescoço,
apertando cada vez mais. Sinto dor, falta de ar, agarro seus braços,
tentando me livrar dela, mexo os quadris para o lado rolando, seu
corpo desequilibra e ela cai no colchão.
A tosse começa com força enquanto tento recuperar o ar. Não
perco tempo na cama, pulo, caindo no chão e tentando me livrar de
seu ataque. Eu deveria ter tomado mais cuidado, trancado a porta
com a cadeira ao invés de usar somente a chave. Debato-me no
chão derrubando a mesinha de cabeceira, o abajur se quebrando em
várias partes.
Engatinho para a porta, ela grita furiosa, com a mão no
pescoço, eu fico em pé e corro, passo pelo portal de madeira
chegando ao corrimão das escadas. Onde estão meus irmãos? Eles
deveriam ter vigiado o quarto dela, nosso pai saiu em missão já faz
cinco dias e ainda não retornou, o Black deveria fazer a minha
segurança hoje.
Escuto quando ela começa a correr atrás de mim, disparo
pelas escadas, preciso que um dos seguranças me ajudem, sei que o
Scott deve estar do lado de fora fazendo a guarda da casa ou então
o Ulises. Um deles precisa me ajudar. Tento gritar, mas a garganta
dói, a voz abafada não alcança os ouvidos de ninguém.
Chego ao último degrau, olho para cima e a vejo com uma
tesoura na mão. Já faz 11 anos que tenho de fugir da minha mãe no
meu aniversário ou ela me mata. Eu a amo tanto, ela é perfeita em
todos os outros dias, menos hoje. Seu ódio e dor pelo que fizeram a
ela 15 anos atrás não desaparece, independentemente do tanto de
terapia que ela faça ou de quantos remédios tome. Ela sempre tenta
me atacar no meu aniversário.
Engulo as lágrimas, o medo tentando me paralisar. Se for
preciso eu lutarei contra ela, mas não quero machucar seu corpo
frágil. É somente um dia de desespero por outros cheios de amor e
carinho, eu preciso ser forte e aguentar a sua dor e ódio. Ao menos
hoje, o dia que eu mais odeio, meu aniversário, nunca pude
comemorar.
Abro a porta da mansão e encontro Scott conversando com
outro soldado. Grito por ele, a voz rouca mal podendo ser ouvida.
Corro na sua direção, seus braços me pegam e o outro segurança
puxa a arma apontando na direção daquela que tenta me matar.
- Não machuque ela! - grito com ele. - Abaixe essa arma.
- Senhorita Bonnarro - Scott me chama. - Fique atrás de
mim. Vou conter sua mãe, suba para pegar os calmantes dela.
- Tome cuidado - peço, a garganta queimando pelo esforço
em falar.
- Sim, senhorita.
Minha mãe atravessa o portal com os olhos castanho-claros,
quase amarelos, vermelhos na parte branca, os cabelos castanhos
como os meus bagunçados e a tesoura com a ponta afiada apontada
para mim. Ela não está bem, Scott é rápido, segura o pulso dela e a
prende contra seu corpo, a arrastando para dentro de casa. Corro
para o escritório do meu pai, digito a senha da fechadura e entro.
Pego a chave em cima de sua mesa, abro o armário, retirando
de lá a seringa usada para acalmar minha mãe em suas crises.
Desço rápido, tropeço no degrau e me seguro no corrimão. O grito
dela parte meu coração, prefiro quando ela me ataca em silêncio, as
palavras machucam mais do que os tapas.
- Sua maldita! Eu devia ter te abortado! Maldita esperança -
grita as lágrimas manchando sua pele. Tento não deixar que suas
palavras me machuquem, sempre que ela se refere ao meu nome
com ódio por tê-lo dado e eu não ter cumprido o que ela queria, é
como receber um soco no estômago.
Scott a segura contra o sofá, a mantendo deitada. Retiro a
tampa da seringa e com a mão tremendo enfio em seu braço,
despejando o líquido no seu corpo. O efeito é rápido, os olhos que
me destilam ódio se fecham aos poucos, fixos em mim.
- A leve para seu quarto - digo ao Scott. - Você, procure
meus irmãos - ordeno ao outro segurança.
Depois de um tempo ficou difícil esconder o que acontecia
dentro da mansão Bonnarro, meu pai ordenou a todos os
seguranças que agissem com discrição e cuidado quando minha mãe
estivesse em crise. Nenhum deles podem machucá-la ou deixar que
me machuque.
Sento no sofá com as mãos tremendo, o pescoço doendo.
Encolho-me em posição fetal com medo de retornar ao meu quarto,
de ficar longe dos seguranças e ela acordar. Embora eu saiba que a
dose a manterá apagada até as 9h do dia seguinte. Aperto os
joelhos contra o peito, a dor me rasgando em duas por ser odiada
pela pessoa que eu mais amo.
Seria mais fácil conviver com seu ódio se ele fosse constante,
eu não teria motivos para a amar ou ansiar pelo seu carinho. Pelo
dia em que ela vai ser capaz de me desejar "feliz aniversário"
novamente. Por quando falará que me ama e nunca mais me
machucará. Eu sei que a culpa não é dela, é toda minha por ter
nascido e trazido sofrimento para sua vida.
São 364 dias no ano recebendo carinho e amor de seus
braços calorosos, e um único dia sendo o alvo de seu ódio. Eu não
aguento mais não poder sonhar com um futuro em que minha mãe
seja capaz de me amar e superar o mal que foi feito a ela e a nossa
família.
- Hope. - A voz de Black chama minha atenção.
Levanto o rosto, vendo-o descer as escadas cambaleando,
usando seu pijama de dormir. Agora sei o motivo dele ter falhado em
me proteger, minha mãe fez alguma coisa com ele, os passos
vacilantes, a voz embolada, e o jeito como tenta forçar a vista indica
que ele foi drogado. Ele senta ao meu lado e me puxa para seus
braços quentes. Black parece com nosso pai, os olhos verdes como
os meus, o cabelo castanho-escuro com tufos enormes.
- Desculpe - ele fala pausadamente. - Acho que ela fez
algo comigo e o Steve.
- Eu fiquei com tanto medo quando acordei com ela me
enforcando. - Descanso a cabeça em seu peito, chorando
copiosamente.
- Me perdoe. - Beija minha cabeça.
Não sei quanto tempo se passa, ficamos na sala com o Black
me confortando e garantindo que nada de ruim torne a acontecer.
Quando os primeiros raios de sol iluminam a mansão, eu vejo o
corpo esguio da governanta entrando com uma bandeja, duas
xícaras e o bule de chá.
- Senhorita Bonnarro. - Entrega-me uma xícara com o
líquido amarelo, pelo cheiro imagino que seja uma mistura das ervas
calmantes. - Tome isso, vai se sentir melhor.
- Obrigada, Senhora Kriper. - Pego a xícara com as mãos
trêmulas.
A falta de sono combinada com a ansiedade pelo medo de ser
morta por minha mãe mexem com meus nervos. Bebo o líquido
apressada e tomo outra xícara. Black fica ao meu lado sem falar
nada, com a mão subindo e descendo pelas minhas costas. Escoro a
bochecha no seu ombro, ele me pega no colo, me levando para seu
quarto, na cama deito com a cabeça no seu peito.
O dia será longo, apesar do que aconteceu na madrugada
ainda tenho uma festa de quinze anos para participar. Onde serei
apresentada pela primeira vez à sociedade da Máfia Bianchi. Perdida
em pensamentos sobre tudo que aconteceu e pode acontecer ao
longo do dia eu durmo.
***
De frente para a penteadeira do meu quarto, eu encaro meu
reflexo. O vestido branco tem detalhes de prata no cetim brilhante,
mangas de renda com um decote coração. O cabelo cai como uma
cascata, preso somente na lateral esquerda com um adorno de
brilhantes formado por pequenas pétalas de flores. Brincos de
diamantes pequenos, um colar longo que desce pelo meu decote.
Apesar dos quilos de maquiagem, as marcas roxas causadas
pela minha mãe continuam visíveis. Considero usar um lenço no
pescoço para esconder o formato de seus dedos. Vai ficar antiquado
com o vestido e fazer as madames falarem sobre meu look que não
combina. Contudo, será melhor comentários maldosos a explicar que
fui atacada por minha mãe. Não a vi pelo resto do dia, depois que
acordei fiquei no quarto do Black até ele precisar sair.
O Steve apareceu pedindo desculpas por ter apagado, ele
acha que deve ter tomado um sonífero no chá que minha mãe
ofereceu para ele às 22h. Black também tomou a bebida, ela nunca
os tinha dopado ou feito qualquer coisa a nenhum dos dois ou ao
meu pai, mas dessa vez ela provou do que pode ser capaz para
conseguir me ferir.
Enxugo uma pequena lágrima que desce por minha bochecha,
engulo o choro travado na garganta, pisco várias vezes, tentando
não borrar a maquiagem. Eu devo aparentar felicidade e delicadeza
em minha festa e não a tristeza e o medo enrolados como espinhos
no meu coração.
Escuto batidas à porta, autorizo a entrada e meu pai aparece.
É a primeira vez que o vejo hoje. As íris verdes, os cabelos
castanho-escuros bem arrumados e um terno de três peças, pronto
para a festa e me mostrar à sociedade da máfia. Um sorriso triste
em seus lábios rosados. De certa forma eu me pareço com ele,
herdei a cor de seus olhos e o sorriso gentil. Mas de resto sou uma
cópia da minha mãe.
Rosto de traços finos, queixo afilado e bochechas pouco
rechonchudas. Pescoço largo como o de uma princesa, como diz
meu pai, os cabelos castanho-escuros como o da minha mãe, em
um tom puxado para o marrom. Enquanto o do Black, Steve e meu
pai é puxado para o louro o castanho de seus fios. Sou baixinha
como ela, tenho 1,65 de altura, magra, seios medianos que me
deixam confortável com o formato do meu corpo e uma bunda
arrebitada.
Ele entra carregando consigo uma caixinha de veludo preta
retangular. Sorri para mim, beija minha testa com carinho e se
ajoelha, abrindo a caixa. Vejo um colar de diamantes com espessura
de quatro dedos adornando a peça até o fecho. Levanto o cabelo
para que ele coloque, é perfeito para cobrir os machucados
causados por minha mãe, embora seja desconfortável a peça tão
colada ao pescoço.
- Me perdoe pelo que aconteceu hoje - ele alisa meu ombro
-, prometo que não tornará a se repetir.
- Não foi sua culpa. - Suspiro. - Ninguém tem culpa.
- Mesmo assim. - Beija meu cabelo novamente. -
Precisamos conversar sobre algo - sua voz fica séria -, hoje é seu
baile de 15 anos, é costume que os rapazes da máfia te cortejem e
depois me façam propostas de casamento. - Engulo em seco, me
preparando para suas palavras. - Eu vou recusar a todas e peço
que você não retribua o cortejo de nenhum deles. Tudo bem aceitar
dançar, mas somente isso, não permita que passem dos limites ou a
toquem. Lembre-se, Hope, você é intocável.
- Sim, papai - respondo, contendo o bolo na garganta.
Desde cedo eu sabia que o amor não era permitido para mim,
não é de hoje que meu pai dá avisos nos encontros em família de
que devo me manter distante e fria, não permitindo a aproximação
de nenhum homem. Por enquanto só conheço os membros da
família Bonnarro, mas hoje serei apresentada a todos da Máfia
Bianchi. Ir embora daqui significaria um fim aos ataques da minha
mãe, mas as consequências de ter o segredo correndo em minhas
veias descoberto causaria a destruição da minha família.
Engulo em seco, trancando meus sentimentos no fundo do
meu coração e aceitando o destino que me foi definido no dia em
que nasci. Com um sorriso falso eu me levanto, enlaço o braço ao do
meu pai e recebo outro beijo em minha cabeça.
- Sua mãe está dopada, mas consciente no salão de festa,
tente se manter longe dela, vamos deixar o contato somente ao
necessário.
- Sim, pai.
Engulo novamente em seco, saímos do meu quarto e
descemos pelas escadas decoradas da mansão para meu baile de
quinze anos. Seguimos para o salão, os seguranças abrem as portas
duplas e os olhares se voltam para mim. A atração principal da noite
chegou, exibida como um pedaço de carne.
Os primeiros a nos cumprimentar serão o Chefe e o seu filho,
seguido pelo Consigliere e o subchefe, depois os capos. As cinco
grandes famílias que dominam o submundo dos Estados Unidos e
formam a Máfia Bianchi. Meu pai é o capo do estado de Nevada e
responsável pelos cassinos em Las Vegas, até onde eu sei, ele é um
dos mais influentes em nosso meio, e muitos anseiam por alianças
de casamento, unindo as famílias para controlarem os cassinos.
- Boa noite a todos - meu pai fala. - Os recebo em minha
casa com felicidade para comemorar os 15 anos da minha filha Hope
Bonnarro, divirtam-se. - Ergue um copo de uísque que lhe dão. -
Um brinde ao aniversário da minha filha.
Felicitações ecoam no salão. Sorrio sem demonstrar minhas
verdadeiras emoções. É assustador estar conhecendo a todos, eu sei
como devo me portar e o que esperam de mim, mas mesmo assim,
a mera ideia de que um desses homens possa querer casar comigo
me apavora. Não posso ficar com nenhum deles, independente se eu
tiver sentimentos ou qualquer outra coisa. A segurança da minha
família vem em primeiro lugar.
- Bartolomeu Bonnarro. - A voz grave de um homem que
aparenta ter mais de 50 anos fala com meu pai. Seus olhos azuis me
causam calafrios, os cabelos com fios grisalhos e os ombros largos.
- Você tem uma linda filha, parabéns, querida.
Sua mão toca meu ombro, e me retraio, não gosto da forma
como ele me olha. Sinto-me devorada e exposta. Aceno em positivo
agradecendo o cumprimento e me recolho para perto de meu pai.
- Obrigado, Andrew Bianchi. - O nome é um alerta em
minha mente, Bianchi, ele é o Chefe.
Um ombro chama minha atenção ao lado do Chefe. Um
homem mais novo que ele, cabelos negros como a noite, a barba
bem preenchida em seu queixo e metade da bochecha com covinhas
marcantes. O maxilar quadrado e firme, o nariz acompanhando os
traços do rosto, os olhos azuis como gelo, levemente puxados para o
verde. As sobrancelhas grossas e escuras. Baixo o olhar, conferindo
seu corpo forte, braços e ombros largos, pernas torneadas.
Sinto as bochechas ficando mais quentes ao perceber que ele
me encara com a sobrancelha arqueada. Desvio o olhar, tentando
não deixar que perceba meu constrangimento ao ter sido pega no
flagra o analisando. O homem é enorme e muito mais alto que eu e
pela primeira vez no dia meus pensamentos fogem do que
aconteceu de madrugada, focados nesse momento.
- Boa noite. - A voz grave se dirige a mim, uma mão é
estendida na minha direção. - Me concederia a primeira dança -
ele pede formal, sem emoção na voz.
- Com certeza - seu pai fala. - A debutante tem de dançar
com o herdeiro. Vão nessa, vou conversar com o Bonnarro enquanto
isso.
- Pode ir, querida. - Meu pai empurra de leve minhas costas,
para que eu faça o que me pede, seu olhar com um aviso, me
lembrando da conversa de mais cedo.
- Sim. - Deslizo minha mão por sua palma áspera.
Caminhamos para o centro do salão, mantenho a postura
ereta com o coração batendo forte dentro do peito. Quase não
consigo ouvir as pessoas ao meu redor com o som alto das batidas.
Paramos, e ele coloca uma mão em minha cintura, me puxando para
perto, a outra segura firme minha palma. A música clássica começa
a tocar e lembro-me das aulas de dança que tenho desde os 12
anos.
O cheiro quente de sua pele penetra meu olfato, com um
pequeno toque apimentado. Encaro o nó de sua gravata, enquanto
tento não tropeçar nos meus pés, envolvida demais pelo calor
emanando de seu corpo. Sinto uma respiração contra minha cabeça
e levanto a vista, encontrando o azul penetrante de seus olhos fixos
em mim. Engulo em seco, aperto sua mão e tento ouvir o que ele
fala em meio às fortes batidas da música.
- Relaxe, você está muito tensa. - Suspira, os olhos
intrigados. Imagino que não seja essa a reação que ele esperava.
- Desculpe, senhor Bianchi.
- Pode me chamar de Michael - pede, a voz grave. - Não
vou te morder, você quase não respira.
- Oh, céus - digo ao desequilibrar e pisar em seu pé. Ele
franze a testa, e eu fico roxa de vergonha. Tenho ímpeto em parar,
mas Michael não permite, segurando forte minha cintura e
continuando a dança.
Ele é muito mais alto do que eu, dói o pescoço olhar para
cima, a respiração descompassada. Nossos peitos quase se tocando,
a distância de um polegar entre nossos corpos. A força de seu olhar
me causa calafrios e um frenesi inexplicável correndo pela minha
pele. Nunca me senti assim na presença de outro homem e pela
primeira vez no dia, o medo me deixa e eu não penso em mais nada
além dos olhos azuis que me encaram fixamente.
Michael deve ter por volta de 29 anos, como meu irmão Black,
com a maestria de um cavalheiro, ele continua conduzindo nossa
dança, me envolvendo em uma bolha magnética. Em que os
problemas não existem, nada mais importa além do calor de seu
corpo contra o meu, o cheiro de sua pele tão próximo a mim e o
olhar fixo que não me deixa um segundo. Ele permanece calado e
faço o mesmo, não sei o que significa para ele esse momento, mas
para mim é como poder finalmente respirar após o pesadelo.
Silenciosamente peço para que essa noite em seus braços não
tenha fim.
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