A Vida Paralela Dele

A Vida Paralela Dele

Gavin

5.0
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Capítulo

O cheiro de desinfetante ainda estava em mim quando cheguei para uma visita domiciliar. Recebi uma paciente desesperada, dizendo que sua filha estava mal e ela não podia sair de casa devido a uma gravidez de risco. Mal sabia eu que a casa daquela mulher guardava um segredo que explodiria minha vida em pedaços. Ao entrar, vi fotos de família: uma mulher, uma menina e... ele. Ricardo. Meu marido. Fotos dele sorrindo, abraçando aquela mulher, segurando a menina no colo. Meu coração afundou, sufocado por uma verdade que eu não queria enxergar. E então a menina correu, os mesmos olhos castanhos dele. "Mamãe, o papai chegou!" A voz infantil soou como um trovão. Olhei para a porta dos fundos e lá estava ele, Ricardo, meu marido, vindo do quintal com um saco de carvão, com a barba por fazer, com um ar caseiro que eu nunca via. Ele não estava na Ásia. Ele estava ali. O saco de carvão caiu de suas mãos. Seu rosto empalideceu. "Maria? O que... o que você está fazendo aqui?" A menina apontou para mim: "Papai, é a tia má que você falou?" Eu era a vilã. A dor era física. Ele me viu ali, testemunha de sua farsa. Tudo o que construímos era uma mentira. Percebi que não era apenas um caso, era uma vida paralela, uma família inteira, enquanto eu vivia na cegueira, bancando sua farsa. A raiva me deu força. Não havia mais volta. Eu, que era médica e curava, agora precisava curar a mim mesma, ou destruir o que me destruía. Essa guerra estava apenas começando.

Introdução

O cheiro de desinfetante ainda estava em mim quando cheguei para uma visita domiciliar.

Recebi uma paciente desesperada, dizendo que sua filha estava mal e ela não podia sair de casa devido a uma gravidez de risco.

Mal sabia eu que a casa daquela mulher guardava um segredo que explodiria minha vida em pedaços.

Ao entrar, vi fotos de família: uma mulher, uma menina e... ele.

Ricardo. Meu marido.

Fotos dele sorrindo, abraçando aquela mulher, segurando a menina no colo.

Meu coração afundou, sufocado por uma verdade que eu não queria enxergar.

E então a menina correu, os mesmos olhos castanhos dele.

"Mamãe, o papai chegou!"

A voz infantil soou como um trovão.

Olhei para a porta dos fundos e lá estava ele, Ricardo, meu marido, vindo do quintal com um saco de carvão, com a barba por fazer, com um ar caseiro que eu nunca via.

Ele não estava na Ásia. Ele estava ali.

O saco de carvão caiu de suas mãos.

Seu rosto empalideceu.

"Maria? O que... o que você está fazendo aqui?"

A menina apontou para mim: "Papai, é a tia má que você falou?"

Eu era a vilã.

A dor era física.

Ele me viu ali, testemunha de sua farsa.

Tudo o que construímos era uma mentira.

Percebi que não era apenas um caso, era uma vida paralela, uma família inteira, enquanto eu vivia na cegueira, bancando sua farsa.

A raiva me deu força.

Não havia mais volta.

Eu, que era médica e curava, agora precisava curar a mim mesma, ou destruir o que me destruía.

Essa guerra estava apenas começando.

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Romance

5.0

Meu maior arrependimento nesta vida foi amar Ricardo Almeida, meu padrinho e o melhor amigo dos meus pais. Ele me acolheu quando fiquei órfã aos dez anos e prometeu me proteger, ser como uma filha. Eu o amava secretamente, o via como meu porto seguro. Cheguei a doar parte do meu fígado para salvá-lo de um acidente terrível. Mas um beijo meu, dado em um impulso adolescente enquanto me recuperava da cirurgia, mudou tudo. Seus olhos, antes quentes, tornaram-se frios como gelo, e suas palavras raras e cortantes. Então, Laura Bastos, sua noiva, surgiu, uma "dama de porcelana", mas seus rins falharam e eu era a única compatível. Ele, novamente, me pressionou para doar. Eu recusei, meu corpo ainda exausto da doação anterior. Laura morreu. E a vingança de Ricardo foi um pesadelo indizível. Ele expôs meu diário íntimo, me drogou, permitiu que outros homens me violassem, chamando-me de "suja" com nojo. Por fim, em um acesso de fúria cega, ele me esfaqueou, e eu morri em seus braços. Meu último suspiro foi um lamento silencioso. A dor lancinante da facada, a humilhação pública e a traição... tudo tão vívido. Como pude ser tão tola? Como o homem que jurei amar pôde ser tão cruel? Abri os olhos. O cheiro de antisséptico invadiu minhas narinas. A luz fluorescente do hospital feria minha vista. E lá estava ele, Ricardo, ao lado da minha cama, repetindo o mesmo pedido com a voz que me amaldiçoou: "Laura precisa de você. Por favor, salve a vida dela." Eu renasci. Voltei ao momento crucial. Desta vez, aquele amor idiota estava morto e enterrado. Minha liberdade seria minha única moeda de troca.

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