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O som seco e cortante do cristal estilhaçando-se contra o piso de porcelanato quebrou o silêncio como um trovão, marcando não apenas o fim de uma taça de vinho, mas o colapso de uma era na vida de Luna Camargo. A taça escorregou de seus dedos como se fosse o peso insuportável da verdade que acabara de ser dita.
Ela permaneceu imóvel, os olhos fixos nos cacos espalhados aos seus pés descalços, incapaz de processar por completo o que acabara de ouvir. O líquido rubro do vinho escorria entre as frestas do mármore branco, parecendo sangue — o sangue do coração que Bruno acabara de esfaquear com palavras precisas, frias, fatais.
— Eu quero o divórcio — repetiu ele, com uma calma ensaiada, a frieza cirúrgica de quem não sentia mais nada há muito tempo. Era como se estivesse negociando a venda de um imóvel e não pondo fim a dez anos de vida conjugal.
Do lado dele, uma mulher — ou melhor, uma composição perfeita — loira platinada, cabelos que reluziam sob as luzes da sala, pele impecável como porcelana, corpo moldado pelas mãos de um cirurgião talentoso. Seu vestido justo e caríssimo ressaltava a intenção clara de ser notada. O olhar dela era um insulto à dor de Luna: vitorioso, irônico, quase divertido.
Luna estava de rosto limpo, sem maquiagem, usando uma camisola de seda azul-marinho, um pouco amassada, mas ainda assim elegante — presente do próprio Bruno, comprado anos antes em uma boutique escondida de Paris, num tempo em que ele ainda a chamava de "minha musa".
— Você está me deixando... por ela? — A voz de Luna soou baixa, quase trêmula, traindo a tempestade que se formava dentro dela. Um furacão de lembranças, promessas quebradas e momentos desperdiçados.
Bruno desviou o olhar por apenas um segundo.
— Não é sobre ela. É sobre nós. Você... mudou.
Ela riu. Um riso curto, amargo, quase desumano.
— Mudei? Ou apenas deixei de ser a mulher que te agradava? Aquela que sorria nas festas enquanto você flertava com secretárias, aquela que aceitava suas ausências com silêncio?
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