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Capítulo

Já sentiu como se nada na sua vida fizesse sentido? A minha perdeu, eu nunca pensei que de uma vida perfeita eu iria para um verdadeiro inferno na terra, me casar com um homem que eu não conheço logo após a morde dos meus pais foi de mais pra mim.

Capítulo 1 A Noticia Ruim

Acordei naquela manhã animada, hoje meus pais voltam de viagem, eles foram para China a trabalho e já se passaram duas semanas desde que eles foram e minha mãe me ligou ontem me avisando que chegariam hoje.

Me levantei e com muito custo pois estava com muito sono ainda, fui até o guarda roupa e olhei peça por peça atrás de algo bonito para usar hoje, mas não teve jeito, acabei pegando meu vestido preto e uma jaqueta jeans que eu tanto amo.

Minha mãe costuma dizer que fico linda com o cabelo solto, porém hoje fiz um rabo de cavalo bem alto, confesso que estou muito feliz com o que vejo no espelho e apesar de ter só dezessete anos eu pareço ter pelo menos vinte e três.

Julia, posso entrar? Soou a voz da senhora Chelli, eu particularmente adoro o som da voz dela, ela é como uma segunda mãe pra mim, ela trabalha aqui com a gente desde que eu tinha três anos. Hoje em dia ela tem uma aparencia mais senil porem é uma senhora muito amavel e carinhosa comigo.

Entra. Disse enquanto terminava de arrumar o meu vestido e ajustar a altura dele.

O seu carro está te esperando para levá-la ao seu primeiro compromisso do dia. Naquele momento eu lembrei o quanto eu odiava ir ao shopping, mas hoje era necessidade pois fui convidada para a inauguração de uma loja, e como minha família é muito influente, eu sou sempre convidada pra esse tipo de coisa.

Já estou descendo. Corri e peguei a minha bolsa e vesti os saltos pretos que combinavam bem com o vestido.

Apesar da Chelli ser uma senhora já na faixa etária dos 50 e tantos anos ela é bem rápida, quando desci as escadas ela já estava na cozinha falando com uma das cozinheiras e reclamando de algo que eu não prestei bem atenção, Corri até o carro, o senhor Antônio me esperava com um sorriso fraco no rosto, abriu a porta assim que me viu sair de casa.

Pronta? Disse ele fechando a porta do carro quando eu acenei que sim com a cabeça.

O senhor Antônio trabalhava com a gente já fazia uns quatro anos, ele era gentil e amável, e sempre que podia parava na minha sorveteria favorita e a gente competia para ver que ia conseguir tomar o sorvete primeiro, como meu cérebro congelava com facilidade ele sempre acabava ganhando.

Ele não era muito de conversa então quase todos os momentos em que passávamos juntos era bem silencioso e hoje não foi diferente ele dirigiu até o shopping sem trocar nem meia dúzia de palavras comigo.

Chegando, fui direto para a loja que ia inaugurar, era uma loja bem bonita de roupas e acessórios de luxo, tinha uma bolsa mais linda que a outra, logo vi uma que minha mãe ia adorar então após o evento eu iria compra-lá para dar de presente de boas vindas a ela.

Tem muita gente aqui, todos esnobes e soberbas, o evento estava bem bonito e todos sorriam com educação, ja faz um tempo que estou andando aqui de um lado a outro e sorrindo que nem uma idiota, confesso que não gosto muito de eventos assim mas são ossos do oficio.

Na minha percepção de tempo já se passou uma eternidade aqui, porém quando pego o celular vejo que só se passou quarenta minutos, mas o que me chamou a atenção foi a quantidade de ligações perdidas, umas eram de casa e outras de números que eu não tenho salvo.

Um pressentimento ruim tomou conta do meu corpo quando vejo o senhor Antônio entrando pela porta da loja com um semblante bem preocupado, algo no meu corpo me faz andar até ele, ele não me disse nada e eu também não perguntei e juntos caminhamos até o estacionamento do shopping.

O que está acontecendo. Minha voz falhou ao parar ao lado do carro.

São seus pais. Ele falou aquilo com uma tristeza na voz que apertou ainda mais meu coração.

O que ouve? Eles voltaram mais cedo? Perguntei com medo da resposta que ele podia me dar.

Eles...O avião deles caiu, sinto muito mas todos os passageiros mor...

Antes de que ele pudesse terminar a frase eu caí ao chão, chorando, eu não podia acreditar naquilo, não era possível, tinha que ter algum engano.

Meu mundo desmoronou e enquanto eu chorava feito uma criança, o senhor Antônio me puxou e me colocou dentro do carro, eu não conseguia parar de chorar, meu mundo estava desabando e em poucos minutos ele abriu a porta do carro e eu já estava em casa, sai correndo do carro e fui para o meu quarto quando entrei na casa ouvi a Chelli falar alguma coisa para mim mas não parei para prestar a atenção.

Tudo o que eu quero é ficar sozinha e chorar, chorei muito até cair no sono.

Acordei com leves batidas na porta e quando olhei era Chelli entrando com uma bandeja nas mãos.

Querida você tem que comer. Disse ela com um semblante de dó olhando para mim.

Não estou com fome. A vontade de cair no choro veio novamente, mas eu a segurei.

Chelli me olhou com um olhar de pena em seu rosto e deixou a bandeja na minha escrivaninha e saiu do quarto, peguei meu celular e vi que tinha um correio de voz da minha mãe de horas antes de tudo acontecer, como eu podia não ter visto aquilo e então coloquei para ouvir.

" Estrelinha, se você tiver tempo hoje eu e seu pai queríamos conversar com você, temos alguns assuntos bem sérios para tratar com você. A gente te ama, tenha um bom dia."

A mensagem parecia uma faca entrando no meu coração, eu senti como se tudo na minha vida estivesse ficado cinza, ouvir a voz da minha mãe me chamando pelo meu apelido me fez lembrar do dia em que ela me deu ele, a gente estava acampando em família e eu adorava ficar perguntando sobre as estrelas e apontando para elas, eu não queria nem entrar na barraca por que queria dormir com es estrelas, desde aquele dia ela não parou mais de me chamar de estrelinha.

Passei o restante do dia no meu quarto, sabia o que me aguardava no outro dia, então quis só aproveitar o pouco momento sozinha que eu ainda tenho para chorar e me sentir triste.

Na manhã seguinte eu tive que lidar com os preparativos para o velório e tendo que recepcionar várias pessoas que eu nem conhecia direito, ainda bem que minha tia veio para o velório e ficou encarregada de todo o restante e eu pude só me despedir dos meus pais.

O dia foi bem conturbado com o velório e o enterro, voltar pra casa e saber que nunca mais iria ver eles, me deixou ainda mais triste, meu dia não tem como piorar.

Quando entrei em casa notei que eu estava errada e tinha sim como piorar e piorar muito...

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