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Bônus do passado do Jaques (Parte I)
NARRAÇÃO JAQUES
Desço do avião após dois anos recluso no exército, não mantive contato com ninguém da minha família durante esse tempo. Família? É engraçado falar assim, sempre soube que era adotado, que meus pais me acolheram ainda bebê, mas ainda assim não me sinto em uma família. Observo o dia maravilhoso em São Paulo e tento entender esse vazio, como se algo lá fora fosse meu e ainda não encontrei. Respiro fundo, foco em seguir para o meu apartamento, melhor não avisar do meu retorno até eu pensar no que fazer da minha vida nesse período em que estiver longe do exército.
*********
Chego em frente ao prédio e assim que passo na portaria o porteiro me avisa que um senhor me procurou e deixou o telefone para contato. Pego o recado em sua mão, tem um telefone anotado. Subo, entro no apartamento olhando o papel decidindo se ligo ou não. Melhor ligar e ver o que esse homem quer!
- Alô!
- Olá! Meu nome é Lucas e o senhor deixou com o porteiro do meu prédio seu telefone. Ele disse que me procurou.
Escuto-o suspirar e fungar.
- Olá Lucas, preciso falar urgente com você!
- Sobre o que seria?
- Sobre seus verdadeiros pais.
Paro por um momento tentando assimilar suas palavras.
- Lucas, está ai?
- Sim! Quem é você? O que sabe sobre mim e meus pais?
- Posso passar em sua casa em uma hora para conversarmos?
- Eu não sei se quero saber dos meus pais biológicos.
- Por favor, você precisa saber!
- Certo! Até daqui uma hora.
Ando de um lado ao outro no apartamento e os minutos são lentos para passar. Meu interfone toca e corro pra atender.
- Sr. Mancini está aqui.
- Deixa subir.
Paro em frente a porta e espero a campainha tocar. Assim que ela toca respiro fundo e abro. Um senhor bem vestido com a minha altura me olha com um sorriso de felicidade. Seus olhos são azuis como os meus.
- Olá, Lucas!
Diz com sua voz grossa, apenas observo o homem a minha frente.
- Posso entrar?
- Claro!
Digo dando espaço para ele entrar.
- Quer algo para beber?
- Água, por favor.
Vou na cozinha, pego dois copos e uma garrafa com água gelada. Ele senta no sofá e sento em uma poltrona a sua frente. Serve-se da água e após tomar um gole, respira fundo.
- O que tem a dizer sobre meus pais?
- Bom, é uma história longa e complicada.
- Comece, tenho tempo.
- Seus pais eram casados, o casamento era feliz no começo, mas seu pai se apaixonou perdidamente por uma jovem mulher. Ele teve um envolvimento louco com ela, que engravidou. Seu pai não tinha filhos no casamento, era seu sonho ter filhos.
Dá uma pausa e bebe mais um pouco da água.
- Ele nem pensou duas vezes ao largar o casamento para viver com a mulher e seu filho, mas o destino prega peças e ele havia abandonado sua ex-mulher grávida. A ex-mulher não pediu para voltar, apenas comunicou a gravidez e o pediu para ser presente na vida da criança. A atual mulher foi quem surtou, ameaçou sumir com a criança que carregava em seu ventre, caso ele não ficasse com ela. Mandou se afastar desse passado, lógico que ele não se afastou. Acompanhou a gestação sem que a atual soubesse.
Ele suspira forte e vejo uma lágrima escorrer de seus olhos.
- No dia 10 de setembro de 1986 as duas mulheres entraram em trabalho de parto, ele teve que escolher qual iria acompanhar. Seu coração optou pelo amor da vida dele, a atual mulher. Nesse dia ele viu vir ao mundo sua filha Patrícia, mas perdeu o nascimento do seu filho Lucas.
Sou o rejeitado! Sou o filho da mulher abandonada. Levanto e começo a andar buscando forças para continuar ouvindo.
- Assim que a mulher e a menina estavam bem, ele correu para ver a ex-mulher e o seu garotão. Ao chegar seu mundo desmoronou, ela havia falecido durante o parto, teve uma hemorragia grave e não aguentou. Ele se sentiu culpado por anos por não estar lá ao lado dela nesse momento, mas precisava cuidar de seu filho. A atual mulher não aceitou a criança e as ameaças voltaram, dessa vez bem piores. Ameaçou matar a menina se ele ficasse com o bebê.
Me olha fundo nos olhos e vejo dor nele.
- Me desculpe, precisava salvar vocês dois. Não tive escolha e te deixei em um abrigo. Mantive você até a adoção e acompanhei sua vida até entrar para o exército. Me perdoe, por favor, fui um fraco.
Meu pai! Esse homem na minha frente, meu pai! Começo a sentir uma raiva enorme invadir meu corpo.
- Não acredito que teve coragem de abandonar um filho. Como você pode?
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