Antes da meia noite

A noite estava nublada, o clima estava frio, o queixo batia e o corpo tremia a cada rajada que o vento constante batia em meu rosto, porém ali naquela rua escura eu sentia meu coração acelerado o sangue pulsando forte em minhas veias enquanto esfregava uma mão na outra em um ato de nervosismo a sua espera.

Foram quantos pedidos? Seis talvez sete, até que roxane aceitou sair comigo e agora estou aqui a frente de uma porta gélida de madeira a espera daqueles olhos verdes e o cabelo castanho cacheado que só de sentir o cheiro parece uma viajem aos céus.

- Raidon perguntei se vai entrar.

Me virei rapidamente estava tão absorto em meus próprios pensamentos que não havia ouvido ela me chamando.

Entao há vi, Roxane, poderia ter confundido-a com uma Deusa pois ela estava estonteante, vestia um vestido marsala que caia sobre seus ombros e desenhava as suas curvas, me senti ofendido perante tamanha beleza pois perante ela até mesmo meu smoking alugado parecia meras roupas do mendigo que mais cedo havia visto na rua.

- Claro, desculpe a demora estava perdido em meus pensamentos, aliás você esta estonteante.

Vi seu rosto corar, Roxane nunca gostou muito de elogios, dizia que se sentia constrangida, nunca soube o porque, entro para dentro da casa e sinto o clima adorável e ambiente do ar condicionado ligado, os moveis da casa eram simples porem aconchegantes como quando você entra na casa de seus pais e sabe que não tem oque temer, logo me senti a vontade.

- Pode se sentar no sofá se quiser eu estou quase pronta.

- Sim, Claro com licença, Aliás amei sua casa, a decoração esta maravilhosa.

Vejo-a dando um sorriso de canto

- A eu faço oque posso, infelizmente a pintura já esta desbotando em alguns locais, é mesmo uma pena.

Ela se dirige em direção a uma porta e entra no aposento deixando a porta aberta, olho em volta enquanto vejo a mobília com um olhar rápido, vejo a tinta desbotada na parede e marcas de moveis arrastados no piso desgastado, uma estante repleta de livros antigos chama a minha atenção sempre fui apaixonado por leitura me levanto e se aproximo.

- Eu sei que disse que era uma surpresa, mas a minha ansiedade esta me matando você poderia me dizer onde vamos?

Olho em direção a porta e a vejo passando maquiagem em frente a um antigo espelho com entalhes em madeira avermelhada.

- Você saberá quando chegarmos, mas uma coisa lhe digo pode acabar apaixonada.

- hahaha, a isso será difícil não sou uma mulher que se conquista com coisas materiais.

- Ei, eu nunca disse isso, esta me confundindo? Eu nem sou rico.

Nesse momento nossos risos se misturaram no ar como magica, e esqueci o livro de couro que estava em minhas mãos.

Roxane saiu do quarto ainda mais maravilhosa para meu espanto.

- Eu estou pronta vamos?

- Achei que nunca ouviria você dizendo estas palavras.

Quando ela abre a porta já havia esquecido como o clima estava la fora, uma lufada de ar congelado bate em nossos corpos, olho para o céu e as nuvens estão carregadas e escuras, tiro a chave do carro de dentro do bolso e destravo o alarme do carro, olho para traz para ver roxane fechando a porta da sua casa e vamos em direção ao meu carro porém não qualquer carro este era um camaro 1968 RS 327 preto, aquele foi meu primeiro amor, quando via meu avô dirigindo aquele carro eu já sabia que um dia seria meu, fui do outro lado e abri a porta do carro como qualquer cavaleiro faria e esperei minha dama entrar para poder fechar, só então percebi livro em minha mão esquerda.

Joguei o livro rapidamente no banco de traz e esperei ela entrar para fechar a porta, mas tarde me preocuparia em devolver o livro.

Entrei no carro liguei acendi as luzes iluminando a rua a minha frente, coloquei uma musica calma.

- Esta confortável??

- Confesso que não muito.

Fiz uma cara de tristeza pois estava dando meu máximo, ato que foi percebido no mesmo momento.

- Não, desculpe o mal jeito, não é sua culpa, apenas faz muito tempo desde que sai com alguém.

A compreensão tomou conta do meu rosto, e me senti feliz, Finalmente a culpa de algo não era minha.

- Olha eu fiquei com as mãos suando frias na porta da sua casa, e estava tremendo. Eu intendo seu medo.

Então a conversa fluiu, rimos, brincamos e nem percebi quando as primeiras gotículas de agua caíram no parabrisa como uma sinfonia de bethoven dançando ao som de nossos sorrisos, eu me perdia em cada sorriso que ela dava, como se fosse iluminada pelo sol mesmo ali em uma noite escura sem ao menos o brilho da lua, eu me sentia leve como se mil borboletas me levantassem no ar com suas asas macias , não havia mais nada apenas eu e roxane, aquele momento unico.

E nesse momento eu vi um clarão tomando conta de todo o parabrisa dianteiro do carro, e com o som de uma trombeta nos céus eu vi tudo se esvaziando e escurecendo diante dos meus olhos.

Oque seguiu depois foram apenas borrões quase imprecindiveis, sons inaudíveis, meu corpo foi levantado e colocado sobre um piso que parecia ferro, frio e desconfortável, e ai senti o couro de algo que conhecia fechado em minha mão. Um livro velho de capa de couro e então tudo desaparesceu novamente.

E tudo que pensei foi "Roxane" .