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Meu noivo, Caio, deveria ter me buscado no aeroporto depois da minha viagem de duas semanas sozinha. Em vez disso, fui abandonada na chuva, trocada por sua protegida "frágil", Karine.
Ele alegou problemas no carro, mas uma única ligação revelou a verdade: ele estava numa festa, comemorando com ela.
Então veio a mensagem de Karine — uma selfie dela em seu colo, com a legenda: "Não se preocupe, o Dr. Alencar é todo meu esta noite!"
Momentos depois, uma mensagem de Caio: "Desculpa, meu amor. Problema no carro. Tive que deixar a Karine em casa primeiro. Chego assim que puder. Não precisa me esperar."
A contradição descarada, os anos de gaslighting e abuso emocional, finalmente quebraram algo dentro de mim. Ele passou três anos me fazendo sentir pequena, insegura e louca, sempre priorizando o drama fabricado de Karine em detrimento do meu bem-estar.
Eu costumava pensar que amar significava suportar sua crueldade, mas ali, encharcada e traída, percebi que meu amor tinha limites.
Então, fiz uma ligação. "Sr. Matos", eu disse, com a voz firme. "Sobre aquela vaga de cinco anos no exterior, em Londres. Eu gostaria de aceitar."
Capítulo 1
A mensagem de Caio brilhou na tela, quente e exigente, acusando-me de magoar sua protegida, Karine, com uma única e inocente postagem — uma postagem que agora parecia o último suspiro de uma versão de mim que estava morrendo. Eu tinha acabado de descer do avião, o ar frio da Islândia ainda grudado em minhas roupas, um contraste gritante com a bagunça úmida que me saudou de volta em São Paulo. Minha viagem de duas semanas sozinha tinha sido planejada como uma fuga, uma forma de clarear a cabeça, mas a realidade da minha vida estava esperando. Ela me atingiu antes mesmo de eu chegar à esteira de bagagens.
Meu celular, um aparelho que eu ignorei de propósito por catorze dias gloriosos, vibrava sem parar na minha mão. Era uma avalanche digital. Chamadas perdidas de Caio: 37. Mensagens de voz: 12. Mensagens dele: tantas que não dava para contar, uma mancha de notificações vermelhas. Chamadas perdidas de Karine: 0. Mensagens dela: 0.
Meu polegar pairou sobre o contato de Caio. Eu quase não atendi. Quase.
O telefone tocou de novo, uma vibração nova e insistente. Desta vez, apertei o botão verde.
"Júlia, onde diabos você esteve?" A voz de Caio foi um ataque imediato, afiada e carregada com uma irritabilidade familiar. Sua preocupação não era com a minha segurança. Nunca era.
Respirei fundo, o ar viciado do aeroporto enchendo meus pulmões. "Acabei de pousar, Caio. Eu te disse que ficaria incomunicável."
"Incomunicável?" ele zombou. "Você estava 'incomunicável' enquanto a Karine estava tendo um ataque de pânico por causa das suas atitudes impensadas."
Meu maxilar se contraiu. "Minhas atitudes? Do que você está falando?"
"Aquela foto que você postou", ele cuspiu as palavras, cada uma uma ferroada. "A da cachoeira. A legenda. A Karine viu. Ela está arrasada."
Pisquei, tentando lembrar da postagem. Islândia. Uma cachoeira majestosa. Minha legenda tinha sido algo sobre encontrar a paz. O que poderia perturbar Karine?
"Arrasada?" repeti, a palavra soando sem graça na minha boca. "Por que uma foto de uma cachoeira deixaria a Karine arrasada?"
"Foi a sua legenda, Júlia!" A voz de Caio subiu, beirando a exasperação. "'Finalmente encontrei um lugar onde o ar não é pesado com toxicidade.' Ela acha que você estava falando dela. Ela acha que você a estava atacando."
A acusação pairou no ar, pesada e absurda. Eu nem tinha pensado em Karine quando escrevi aquilo. Eu estava pensando nele. Em nós.
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