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— Pode me explicar mais uma vez como é que isso vai funcionar? — perguntei, porque ou eu não tinha entendido direito, ou o Major do batalhão estava mesmo precisando se aposentar mais cedo. — O senhor quer que eu, capitã deste batalhão, me infiltre na favela do Mandela?
— Sim — disse o homem, batendo de leve as pontas dos dedos abaixo do queixo, enquanto se apoiava com os cotovelos na mesa. Sempre fora um homem com quem tive de tomar cuidado nas palavras que eu usasse. Tinha uma aparência de rigidez natural e olhos que julgavam constantemente. Porém, nada me impediu de revirar os olhos e demonstrar toda a minha indignação. — Como capitã e uma das melhores atiradoras de elite que eu possuo, é você quem eu quero à frente desta operação, senhorita Moreira.
Eu desviei os olhos dele quando pensei que acabaria demonstrando mais raiva do que era permitido para alguém a quem eu era subordinada. A sala do Major era grande, mas naquele dia, me pareceu extremamente pequena e abafada. Ele sabia que eu tinha relações de antipatia absoluta por cada bandido daquele morro em específico. Ele sabia que eu não me sentia bem nem para escutar alguma referência sobre o local.
Mesmo assim, isso não o impediu de ignorar todos os outros cinco tenentes dentro da sala, todos num cargo abaixo do meu, e exigir que eu fosse a pessoa que cairia na toca dos lobos. Eu não tinha medo da favela. Eu não tinha medo de mais nada na vida.
Mas, entrar naquele complexo em específico era um limite do qual eu não sabia se estava pronta para ultrapassar, e fui pega de surpresa.
— Senhor, não quero questionar seus métodos de investigação — comecei a dizer, bem ciente dos olhares dos meus colegas de trabalho, posicionados em pontos estratégicos do escritório.
Eles aprenderam a me respeitar na marra, considerando que eu era uma das únicas quatro mulheres que fazia parte do BOPE e era mais especializada em táticas de elite do que a maioria deles. Só por isso é que eles não me lançaram a mesma expressão de desgosto que agora estampava o rosto do nosso superior.
— Prossiga, Capitã — ele incentivou.
— Eu sou a pessoa que tem de acompanhar os negociadores em caso de reféns. Eu sou a pessoa que não pode, sob circunstância alguma, estar cara a cara com um criminoso, tendo de observar tudo por um ponto de vista imparcial. Eu sou aquela que deve priorizar a vida de uma vítima, garantindo que o menor número de mortes ocorra. E agora o senhor quer que eu vá para a favela e more bem embaixo do nariz do chefe do crime? Como é que isso pode fazer parte do meu trabalho? Mande um dos Tenentes. Eles é quem devem investigar a situação e eu estarei na linha de frente para lidar com o problema.
— Dessa vez, senhorita Moreira, precisamos de uma ajuda feminina e que não chamará tanto a atenção quanto os demais soldados — explicou o Major, desanuviando sua expressão para uma condolência que me fez suar frio. — Um de nossos colegas foi pego no fogo cruzado da noite anterior.
— Quem?
— Soldado Oliveira.
— Merda — sussurrei. Oliveira era um dos meus pupilos. Não era nem três anos mais jovem do que eu. Tinha um futuro promissor, uma família que crescia, e uma força de vontade que nem mesmo aqueles de patente mais alta costumavam sustentar. Foi difícil fingir que eu não tinha me abalado totalmente. Na maioria das vezes, eu era como uma pedra, sem emoções. Mas sempre era complicado lidar com a morte de um colega. — E como está a situação geral no morro?
— Todos os outros que faziam reconhecimentos táticos para a invasão do morro, foram mortos ou estão sendo mantidos como reféns. — O homem suspirou, despenteando seus cabelos grisalhos e ralos. Ele me observou com olhos pretos que brilhavam num pedido silencioso de súplica. — Estamos no escuro sobre a situação naquele complexo. É por isso que precisamos de você. Porque temos apenas quatro mulheres em nosso batalhão. Apenas quatro das melhores do país. E ninguém daquele complexo tem noção alguma disso.
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