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Mark Fletcher
Se eu disser que não foi estranho o Daniel entrar na minha sala e me encher de perguntas sobre minhas consultas com o terapeuta, sobre como anda meu humor, se tenho tido sonhos ou pesadelos, se minha relação com a Melanie está bem encaminhada e se pretendo avançar com esse relacionamento, eu estaria mentindo. Me senti como um adolescente problemático que os pais precisam estar constantemente monitorando.
E pior de tudo, foi ele ter dito que não era nada de mais ele querer saber como está o "melhor amigo dele", quando perguntei o motivo de tantas perguntas.
Eu sei que tem alguma coisa acontecendo e ele não quer me falar. Sei que ele se preocupa comigo, em como está minha saúde física e mental nos últimos 8 anos, mas não é comum ele me abordar assim, de repente, no meio do expediente. Ainda mais quando temos um evento para comparecer mais tarde.
Cheguei em casa com tempo suficiente para tomar um drink, me esparramar no sofá e ouvir um pouco de jazz enquanto relaxava. Depois fui para o banho, me vesti e passei para pegar a Melanie na casa do Peter.
Peter e Wendy também vão ao evento, mas seria grosseiro da minha parte se não chegasse lá com ela. Sei que é isso que esperam de mim, então não me importo de fazer o mínimo.
Melanie e eu estamos juntos, mas não sei ainda como definir nossa relação. Há muito tempo isso deveria ser um namoro ou um compromisso firmado, mas não tenho cabeça para esses rótulos ainda, mesmo depois de tanto tempo.
Alison me deu tudo: afeto, carinho, paixão, confiança e esperança. Assim como um amor que nunca pensei que alguém pudesse sentir na vida. E quando ela se foi, tudo de mim partiu junto. A única coisa que sei ao certo de mim mesmo hoje, é que não estou mais vivendo, apenas existindo, dia após dia.
Melanie me deixa bastante confortável. Eu gosto da companhia dela. Gosto do fato dela não me cobrar nada, gosto de termos uma conexão estranha, de estarmos perto apenas tempo suficiente para não invadirmos o espaço pessoal um do outro. Ela é alguém que me entende muito bem. E eu aprecio isso verdadeiramente. Posso dizer que temos uma relação perfeita.
Porém, infelizmente, eu não a amo.
No dia em que meu coração puder ser entregue novamente a alguém, ela seria a primeira a saber. Eu queria lhe dar isso, queria lhe proporcionar mais do que temos. Queria poder lhe pedir em namoro, depois ficarmos noivos, planejar nosso futuro lar, tornarmos nossas vidas uma só. Queria poder sentar e conversar com ela sobre o momento certo de termos filhos, as férias que tiraríamos em família, decidir juntos e discordar várias vezes sobre o melhor momento de termos um segundo filho e a idade certa de colocarmos o primeiro deles na pré- escola. Queria lhe dar um futuro, uma vida, fazê-la realizada.
Mas não posso.
Não quando gostaria de fazer tudo isso com a Alison.
Já são 8 malditos anos, e eu ainda não penso em outra pessoa ao meu lado, desfrutando de tudo isso comigo que não seja ela. E eu sei que a Melanie sabe disso.
Apesar de nunca falarmos sobre o meu passado, sei que ela sabe que eu tive alguém. Sei que sabe que minhas feridas ainda não cicatrizaram completamente. Sei que ela quer mais do que posso lhe oferecer, no entanto, compreende que isso é tudo que posso lhe dar até então.
E isso me faz sentir como o pior homem do mundo.
O que eu estou fazendo com a Melanie? Por que estou prendendo-a ao meu lado, quando não posso lhe oferecer o mínimo de um relacionamento? Por que ela ainda está aqui, ao meu lado? Será que ela entende que está perecendo à espera de um sentimento que não posso lhe dar?
Toda vez que vou me encontrar com ela, me deparo com essas mesmas perguntas. Me sinto um canalha desalmado por tratá-la assim. Mas toda vez que ela entra no carro, quando estou em sua presença...
— Oi, Mark! — Melanie entra e fecha a porta. Antes de colocar o cinto de segurança, ela se inclina e me beija. — Como foi o seu dia hoje? — ela passa a mão pelo meu rosto, olhando em meus olhos.
— Tirando o momento em que o Dan me tratou como se eu fosse filho dele, tudo normal. — apertei de leve a mão dela em meu rosto, puxei para os lábios e deixei um beijo casto em seu dorso.
— Ele se preocupa com você. — ela puxa o cinto e afivela. — Não só ele, o Peter também. Talvez o evento de hoje não seja muito agradável pra você. Ele pareceu igualmente preocupado.
— Eu sabia que tinha alguma coisa errada. — liguei o carro e saí devagar. — E eles estão escondendo algo de mim.
— Bom, seria sensato você relaxar um pouco e tentar aproveitar o evento, ao invés de ficar inclinado a descobrir algo, que às vezes pode até não ser nada muito importante.
— Eu conheço o Daniel. Tem alguma coisa muito importante lá, e eu vou acabar descobrindo o que é.
#####
— Você está bem?
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