O caminho para seu coração
A proposta ousada do CEO
Uma noite inesquecível: o dilema de Camila
Minha assistente, minha esposa misteriosa
A esposa em fuga do CEO
A Segunda Chance com Meu Amor Bilionário
Um casamento arranjado
Noiva por contrato - Bella mia(série: Destinos entrelaçados)
A ex-mulher muda do bilionário
Um vínculo inquebrável de amor
Logan, Dylan e Tyler, os três irmãos Creed são audaciosos, rebeldes, lindos... e estão em busca do amor!
Dylan Creed é um verdadeiro talento para domar touros e mulheres, mas quando sua filha é abandonada pela mãe aos seus cuidados, ele se vê totalmente perdido em meio a fraldas, mamadeiras e todas as outras manhas de uma garotinha de 2 anos. Não demora muito para que ele perceba que existe somente um lugar onde poderá criar Bonnie: seu rancho em Montana. Mas só isso não basta! É preciso encontrar uma mãe para sua menina e rápido!
Kristy Madison, a bibliotecária da cidade, perde a fala quando Dylan aparece para uma sessão de histórias trazendo um bebê. O homem que deixou uma trilha de corações partidos, incluindo o dela, está de volta. E, quando a paixão decide provar que jamais se extinguiu, Kristy se vê determinada a domar esse caubói de uma vez por todas.
CAPÍTULO UM
Las Vegas, Nevada
Ele soubera durante todo o dia que algo aconteceria, algo totalmente novo e que mudaria sua vida. Tal conhecimento havia lhe provocado um frio na barriga e um arrepio nos pelos da nuca durante a maratona de rodadas de pôquer na sua espelunca de jogatina favorita. Ele ignorara o sutil zumbido na cabeça como sendo nada mais do que uma ligeira distração, pois não tinha os costumeiros elementos de real perigo. Agora, porém, com o maço de notas dobradas, seus ganhos, enfiado no cano da bota esquerda, Dylan Creed sabia que era melhor tomar cuidado, assim mesmo.
No Glitter Gulch havia multidões de pessoas, seguranças contratados pelos mega cassinos para garantir que seus caixas eletrônicos ambulantes não fossem atacados, roubados, ou ambos; policiais e câmeras para tudo quanto é lado. Aqui, atrás do Black Rose Cowboy Bar and Card Room, lar dos jogadores de pôquer da pesada que desprezavam o brilho e o luxo, havia uma luz de rua que falhava, uma lixeira superlotada, um punhado de velhos carros enferrujados e, na periferia de seu campo de visão, uma ratazana do tamanho de um guaxinim.
Apesar de adorar uma boa briga, sendo um Creed de corpo e alma, Dylan não era nenhum tolo. Levar com uma chave de roda na nuca e perder o que havia ganho no dia, mais de 50 mil dólares em espécie, não estava em seus planos.
Ele caminhou na direção da reluzente caminhonete Ford de cabine estendida com a costumeira confiança, e provavelmente devia dar a impressão de ser um infeliz qualquer para quem quer que estivesse escondido atrás da lixeira, ou de um dos outros carros, ou apenas nas sombras.
Alguém definitivamente o estava observando; podia senti-lo agora, com toda a certeza, mas era mais irritante do que alarmante. Cedo na vida, apenas por ser o filho do meio de Jake Creed, aprendera que a presença de outras pessoas carregava a atmosfera de energia.
Apenas por precaução, enfiou a mão dentro da antiga jaqueta jeans, apertando levemente os dedos ao redor da coronha do 45 de cano curto que costumava levar para suas freqüentes jogatinas. Garth Brooks podia até ter amigos em lugares vulgares como o Black Rose, mas ele não. Apenas maus perdedores, ladrões e jogadores astutos andavam por aquela vizinhança, e Dylan Creed encaixava-se na última categoria.
Ele estava a menos de dois metros da caminhonete quando percebeu que havia alguém sentado no banco do carona. Na fração de segundo que levou para reconhecer Bonnie, ponderou se deveria ou não sacar o 45, ou até mesmo o celular.
Bonnie. Sua filha de 2 anos de idade estava de pé no assento, sorrindo para ele através do vidro.
Dylan correu até o lado do motorista, entrou no veículo e perdeu o chapéu quando a menininha se atirou em cima dele, envolvendo-lhe o pescoço com os braços.
Com o cotovelo, Dylan pressionou a trava da porta no local do apoio para o braço.
— Papai — disse Bonnie.
Pelo menos na cabeça dele, o nome da menina era Bonnie. Sharlene, a mãe, o havia mudado várias vezes, de acordo com o último capricho.
— Oi, querida — disse Dylan, afrouxando um pouco o abraço, pois receava esmagar a criança. — Onde está sua mãe?
Bonnie o fitou com os enormes olhos azuis de cílios espessos. O cabelo louro se encaracolava ao redor das orelhas, e ela estava usando um surrado macacão de alças, uma camiseta listrada e sandálias de dedo.
Tenho apenas 2 anos de idade, seu olhar parecia dizer. Como eu deveria saber onde está minha mãe?
Mantendo o braço ao redor de Bonnie, Dylan virou-se e baixou o vidro da janela.
— Sharlene! — gritou para dentro do estacionamento escuro.
Não houve resposta, é claro, e, pela mudança das vibrações que vinha sentindo desde que atravessara a porta dos fundos do Rose, ele soube que sua antiga namorada havia se mandado. De novo.
Só que, desta vez, deixara Bonnie para trás.
Ele teve vontade de praguejar, até mesmo de esmurrar o volante, mas não fazia esse tipo de coisas na frente da menina. Não após, ao lado dos irmãos, Logan e Tyler, ter crescido em um lar semelhante a um misturador de cimento movido a álcool, sobressaltando-se com qualquer barulho. E não era só isso. Além do fato de não querer assustar Bonnie, estava sentindo-se estranhamente aliviado.
Graças à vida cigana de Sharlene, ele mal via a filha, embora ela sempre desse um jeito de descontar os seus cheques de pensão alimentícia, e ficar separado de Bonnie, sem saber o que estava acontecendo com ela, doía no seu peito como uma ferida na alma.
Bonnie se acomodou no seu colo, encostando a cabeça no peito e dando um ligeiro suspiro trêmulo. Talvez fosse de alívio, talvez de resignação.
A julgar pelo modo como a noite estava indo, ela provavelmente havia tido um dia daqueles.
Dylan apoiou o queixo no topo da cabeça da filha por um instante, os olhos ardendo e a garganta quente, como se ele houvesse tentado engolir a ponta em brasa de um ferro de marcar. Inclinou-se à frente, girou a chave da ignição e engatou a marcha.
Logan. Foi esse o seu pensamento seguinte. Tinha de ir à procura de Logan. Afinal de contas, seu irmão era advogado. E, apesar de Dylan ter dinheiro para pagar qualquer profissional no país, e ele e Logan estarem meio estremecidos, sabia que não havia ninguém mais em quem ele pudesse confiar, ainda mais se tratando de algo de tamanha importância.
Bonnie era filha dele, assim como de Sharlene, e, por Deus, ela merecia um lar estável, roupas decentes, visto que o que estava usando parecia ter forrado a cama de um cachorro por um ou dois anos, e, no mínimo, um pai responsável.
Não que ele fosse tão responsável assim. Passara anos vivendo à custa dos rodeios, e agora vivia à custa do pôquer. Tinha todo o dinheiro de que jamais precisaria graças a alguns investimentos astutos e uma assustadora capacidade de tirar um royal flush em praticamente todos os jogos. Além disso, também já fizera alguns serviços de dublê muito bem pagos para o cinema.
Comparado a Sharlene, apesar de não parar muito tempo no mesmo lugar, era concorrente ao prêmio de pai do ano.
Ele só encontrou o bilhete e a mochila surrada no banco de trás quando desceu do veiculo no South Point, seu hotel preferido. Carregando a adormecida Bonnie nos braços, enquanto aguardava que o manobrista levasse embora a caminhonete, ele leu o bilhete.
Estou com alguns problemas, Sharlene havia rabiscado com sua letra infantil, inclinando-a tanto para a esquerda que ela quase se confundia com as linhas da página do caderno barato, e não posso mais cuidar de Aurora. Agora era Aurora? Bom Deus, o que viria em seguida, Oprah? Achei que deixá-la com você seria melhor do que colocá-la em um lar temporário, já passei por isso, e foi uma droga. Não tente me encontrar. Estou com um namorado, e estamos pondo o pé na estrada. Sharlene.
Dylan esforçou-se para descerrar os dentes. Ajeitou Bonnie no braço de modo a poder pegar o comprovante de estacionamento que o manobrista lhe estendeu e, depois, pegou a mochila. Mandaria buscar suas próprias coisas na casa de Madeline, onde costumava ficar quando passava por Vegas. Madeline não iria gostar muito, mas Dylan não estava disposto a levar a filha de 2 anos para lá.
O South Point era um hotel enorme e bem iluminado. Se, na ocasião, Madeline, uma comissária de bordo, estivesse em um de seus vôos fora do país, ou namorando alguém, Dylan ficava ali sempre que vinha para o National Finais Rodeo, e o local era um estabelecimento apropriado para famílias.
E ele e Bonnie eram uma família.
Após conseguir um quarto com duas enormes camas, ele pediu que o serviço de quarto trouxesse hambúrgueres, porções de batata frita e milk-shakes. Enquanto aguardavam, Bonnie, apenas semiacordada, ficou deitada, encolhida, no seu lado da cama mais longe da porta, com o polegar direito enfiado na boca e os olhos seguindo cada movimento que ele fazia.
— Você vai ficar bem, menina — disse ele.
Ela parecia tão pequena, tão vulnerável, deitada ali com aquelas roupas velhas.
— Papai — ela disse e bocejou com vontade, antes de voltar a chupar o dedo, desta vez com vigor.
— Isso mesmo — Dylan respondeu, virando-se do telefone para a mochila. No seu interior havia mais roupas como a que ela estava usando, uma escova de dentes infantil com as cerdas gastas e uma boneca de plástico nua com cabelo pixaim e rabiscos de tinta azul no rosto. — Sou o seu papai. E parece que eu e você vamos fazer algumas compras, amanhã de manhã.
Não havia pijamas nem meias e, para falar a verdade, nem sequer havia sapatos decentes. Apenas mais dois macacões, mais duas camisetas de aparência miserável, a boneca e a escova de dentes.
Dylan sentiu a fúria entalada na garganta. Maldição, o que Sharlene estava fazendo com o dinheiro que ele enviava para a caixa postal em Topeka todos os meses? Ele sabia, a dizer pelo modo como o vultoso cheque sempre era descontado de sua conta, antes que a tinta secasse, que a avó o apanhava no dia que ele chegava, e enviava o dinheiro para onde quer que "Sharlie" pudesse estar.
Naturalmente, tinha suas suspeitas com relação às despesas de Sharlene. Cocaína, malhas de oncinha e afins, tatuagens para o namorado bobalhão do momento, senão para ela. Bonnie, provavelmente, havia sobrevivido a base de sanduíches e pizza congelada.
Dylan contraiu tanto os maxilares que chegou a doer; fez o esforço consciente para relaxar. Nada daquilo era culpa de Bonnie. Ao contrário dele, ao contrário de Sharlene, ela era inocente, forçada a conviver com as conseqüências dos erros de outras pessoas.
Nunca mais, ele jurou, silenciosamente.
Por mais que quisesse colocar toda a culpa em Sharlene, sabia que não seria justo. Sabia quem e o que Sharlene era quando dormira com ela, quase três anos atrás, após um rodeio, numa cidade da qual sequer conseguia se lembrar do nome. Haviam se enfurnado em um quarto de motel barato e transado durante uma semana; a seguir, cada um seguira o seu caminho. Alguns meses depois, do nada, Sharlene aparecera e lhe dissera que estava esperando um filho dele.
E Dylan soubera que era verdade, muito tempo antes mesmo de pôr os olhos em Bonnie e ver como era parecida com ele, do mesmo jeito que soubera que não estava sozinho no estacionamento atrás do Black Rose.
Abatida de cansaço e, provavelmente, de tanta confusão, Bonnie simplesmente mordiscou quando a comida trazida pelo serviço de quarto chegou, e, em seguida, adormeceu em seu macacão. Será que ela ainda estava tomando leite enriquecido, ou algo parecido? Será que ele deveria mandar o mensageiro do hotel ir buscar leite e mamadeiras na cidade?
Ele suspirou, passando a mão pelo cabelo embaraçado.
Amanhã de manhã, após comprar algumas roupas decentes para a menina, para evitar que o médico ligasse para o Juizado de Menores assim que eles entrassem no consultório, levaria Bonnie a um pediatra para um exame de rotina e para descobrir o que crianças de 2 anos comiam.
Quando teve certeza de que Bonnie estava dormindo profundamente, bem enrolada nas cobertas, ele ligou para Madeline. Ela o estava aguardando, embora, para crédito da moça, não fosse uma hora nem remotamente razoável, visto que o acordo deles era: passar a noite quando de passagem pela cidade.
Ele precisava das próprias roupas, dos apetrechos de barbear, e do seu laptop.
— É Dylan — disse, quando Madeline atendeu.
— Ganhou, amorzinho?
Ela cultivava um sotaque sulista, só que, de vez em quando, dava para se perceber resíduos de Minnesota, com sua ligeira cadência escandinava.
— Sempre ganho — murmurou Dylan, olhando para a filha adormecida.
— Neste caso, devemos comemorar. Encontrar um filme sensual na TV paga e...
— Olhe, Madeline, não vai dar para eu passar aí hoje. Algo... hã... aconteceu...
— Onde você está?
Havia, agora, uma aspereza no tom de voz de Madeline. Ela não era possessiva. Se fosse, Dylan teria desviado 80km de seu caminho só para evitá-la, mas ela havia recusado outras propostas durante a estada dele em Vegas, deixara isso bem claro, e não estava nada feliz de ter levado bolo.
— Estou no South Point — ele começou.
— Que droga! — Madeline exclamou, decididamente irritada.
— Você está com outra pessoa, alguma mulher, não está?
— Não exatamente.
— O que quer dizer com "não exatamente"?
— Estou com a minha filha, Madeline — disse Dylan, esforçando-se para ser paciente apenas porque não queria incomodar Bonnie. — Ela tem 2 anos de idade.
O sotaque retornou.
— Ah, traga-a aqui! Eu adoro bebês.
Por uma fração de segundos, Dylan chegou a considerar a oferta. Depois, recordou-se da tendência de Madeline para fazer sexo espontâneo, o cheiro de fumaça de maconha antiga que costumava impregnar o apartamento dela e a vasilha de camisinhas em embalagens multicoloridas sobre a mesinha de centro.
— Hã... não — disse. — Ela está muito cansada.
Ele pressentiu outra explosão se armando sob o sotaque de Madeline.
— Neste caso, por que se deu ao trabalho de me ligar? — ela ronronou.
Em um instante, ela poria as garras à mostra, prontas para retalhá-lo por completo.
— Preciso de minhas coisas — admitiu Dylan, encolhendo-se ligeiramente, como costumava fazer no playground quando criança, ao se ver prestes a levar uma bolada. — Agradeceria muito se pudesse colocar tudo em um táxi e mandar o motorista trazer aqui.
— Isso jamais passaria pela minha cabeça — Madeline retrucou.
— Eu deixo tudo aí a caminho da boate.
A ligeira ênfase nas últimas palavras foi uma mensagem clara: se ele não ia aparecer, ela é que não ficaria em casa sozinha, vendo televisão.
— Madeline, você não precisa...
— South Point? Foi onde disse que estava, não é?
— Foi, mas...
Ela desligou na cara dele.
Dylan sentou-se na beirada da cama, do lado oposto ao de Bonnie, e apoiou os cotovelos nos joelhos. Madeline iria querer subir direto para o seu quarto, provavelmente, para ver se ele mentira sobre quem estava lhe fazendo companhia, e ele não queria que ela acordasse Bonnie. Mas, a não ser que conseguisse convencer Madeline a mandar suas coisas pelo carregador do hotel, o que não parecia ser muito provável, ele não teria outra escolha.
Teria de deixar Bonnie sozinha para descer até o saguão, e isso não era uma opção.
Vinte minutos mais tarde, o telefone tocou, fazendo com que Bonnie se sobressaltasse das profundezas de algum sonho de bebê, e Dylan saltou na direção dele, atendendo-o com um sussurro:
— Alô?
— Estou aqui embaixo — disse Madeline — Qual é o número do seu quarto, amorzinho?
Dylan conteve outro suspiro. Deus, detestava ser chamado de "amorzinho".
— Doze quatro dois — disse.
Madeline, uma ruiva de pernas compridas, quase tão alta quanto ele, com seu l,80m, não tardou em aparecer à porta com o seu corpo bem feito. Espiando através do olho mágico, ele viu que ela estava acompanhada de um carregador do hotel trazendo um carrinho de malas com suas coisas. A boca brilhante da mulher estava cerrada e os olhos ligeiramente estreitados.
Relutantemente, Dylan a deixou entrar.
Na mesma hora ela examinou o aposento, seu olhar se fixando em Bonnie, enquanto o carregador aguardava educadamente para descarregar as coisas do carrinho. Dylan lhe passou a gorjeta e levou, ele mesmo, para dentro o laptop, o kit de barbear e a sua mala.