A proposta ousada do CEO
Noiva por contrato - Bella mia(série: Destinos entrelaçados)
O caminho para seu coração
Acabando com o sofrimento de amor
O retorno chocante da Madisyn
Minha assistente, minha esposa misteriosa
Uma noite inesquecível: o dilema de Camila
A ex-mulher muda do bilionário
Um casamento arranjado
A Segunda Chance com Meu Amor Bilionário
AMANDA, ESCRITO NAS ESTRELAS
*****
Eu me lembro de você
Mesmo sem te conhecer
Posso te contar qual é o seu nome
E até adivinhar o seu pensamento, e assim...
É assim que tem que ser
Nem adianta se esconder
Está no seu olhar
No seu estilo
Pra que tentar mudar
Se a gente foi feito pra gente?
Se transar, se curtir do jeitinho
Que tem tudo a ver com a gente
Se gostar e ficar bem juntinho,
É assim que vai ser a gente...
Essa aí em cima é a letra de uma canção cantada num comercial da grife Bunny's de TV de 1989.
*****
AMANDA, ESCRITO NAS ESTRELAS é baseado nesse comercial da Bunny's de 1989, estrelado por Dimitria Cardoso e Marcos Roberto Gambarini (falecido em 2009).
Início - Maio/1989
(Aconselho procurar o clipe na internet e assistir, antes de começar a ler, assim poderão ver os rostos dos protagonistas centrais da trama enquanto lêem.)
I – UMA GATA CHAMADA AMANDA
- Bete, para com isso!
- Parei, já! E não vem atrás de mim! - gritou Bete, moreninha sardenta, dezesseis anos, bonitinha até, apesar do gênio forte, andando apressada pela calçada, junto ao muro do colégio, de onde acabara de sair.
Atrás dela ia Marco Antônio, moreno também, olhos verdes, dezessete anos, o que as meninas da escola chamariam TDB (Tudo de Bom) e tentando desesperadamente explicar-se com ela de um mal entendido que poderia pôr fim ao namoro pela quinta vez.
- Eu não fiz nada! - declarou ele, gritando.
- Não?! - ela perguntou, voltando-se bruscamente. – Você olhou pra ela de um jeito que até eu fiquei vermelha!
- Que jeito, droga?! Eu não posso olhar nem pra servente da escola e você já implica!
- Cínico! Eu não quero te ver mais! Some da minha frente!
Ela apressou mais o passo e Marco parou. Passou a mão pelos cabelos e esbravejou um palavrão que teve o cuidado de dizer sem som. O fusca vermelho de Teo, seu melhor amigo, parou junto dele e o rapaz, colocando um braço e a cabeça para o lado de fora da janela do carro, perguntou, com um sorriso sutilmente gozador nos lábios:
- Não convenceu, amigão?
- Não... Mas eu não fiz nada dessa vez, juro! - Marco falou, sinceramente.
Teo riu.
- Entra aí. Te dou uma carona até em casa.
- Não, eu vou a pé mesmo. Preciso andar um pouco pra analisar meu sadomazoquismo. Eu não sei por que eu estou sempre atrás da Bete. Ela é um saco!
- Será por causa daquelas sardinhas sexy? Ou vai ver, você está querendo achar nela alguma coisa que ela não tem.
- Filosofia barata pra cima de mim, não, Teo. Dá um tempo!
- Tchau, então, disse o rapaz, dando partida no motor do velho fusca. - Espero que você consiga desvendar o grande mistério da sua vida. ‘Té amanhã.
- Tchau, despediu-se Marco, batendo no capô do fusca, que se afastou queimando pneus.
Marco atravessou a rua, virou a esquina e entrou no bar-lanchonete que pertencia a seu tio Benê, irmão de sua mãe. Sentou junto ao balcão e bateu nele. Benê olhou para ele, franziu a testa, estranhando o jeito incomum do sobrinho e aproximou-se.
- Fala, garotão! Estudou muito hoje?
- Mais do que o normal. Me vê uma soda. Estou seco feito o Saara, disse o rapaz, num tom mal humorado.
- Ih! Sua cara diz que algo vai mal, no reino dos Ramalho. Foi o seu pai ou brigou pela sexta vez com a gata.
- Quinta!
Benê riu, pegando o refrigerante, abrindo a garrafa e colocando diante dele.
- Vocês não têm jeito mesmo. Mas... acho que não é só você que está com esse problema, hoje, disse ele em tom baixo, apoiando-se no balcão perto do sobrinho. - Dá uma olhada no casalzinho ali na mesa do canto. O cara parece um chato de galocha, pelo que eu pude notar, mas a gatinha, meu...!
Marco voltou-se discretamente para o local indicado pelo tio e viu o casal. O rapaz estava de costas, parecia nervoso, pois gesticulava muito e até se podia ouvir o que ele falava; ela, loira, olhos de um verde suave, rosto de anjo, ouvia a tudo praticamente em silêncio com o rosto apoiado na mão, enquanto sugava pelo canudinho a Coca-Cola a sua frente.
Marco conhecia a maioria das pessoas que frequentavam o bar do tio, mas o casal era desconhecido. Parecia gente nova no pedaço.
- Uma gracinha, não? - Benê perguntou baixinho.
Marco não respondeu. Virou-se na cadeira e ficou de frente para a cena, cruzando os braços e fazendo questão de ouvir a discussão, mas não conseguiu entender muita coisa. O rapaz parecia zangado com ela por não lhe dar a atenção que ele achava merecer. Foi o pouco que Marco conseguiu captar de todo blá, blá, blá do mancebo.
Ela olhava para o rapaz, com jeito de quem não aguentava mais a ladainha dele e por cima de seu ombro, olhou para Marco e quase sorriu, mas a voz do namorado lhe tomou a atenção de novo.
Aborrecido, o namorado zangado se levantou, pagou a conta no balcão e saiu, pisando duro, deixando-a sozinha, na mesa. A garota ficou ainda sentada por alguns segundos e seu olhar cruzou com o de Marco novamente e ela sorriu, sem jeito. Ele sorriu também, como que lhe dando um apoio silencioso. Ela se levantou, colocou a bolsa no ombro e seguiu o namorado. Marco sentiu seu perfume, quando ela passou perto dele.
- Aquele sorriso foi pra você? - Benê perguntou.
- Não diretamente... respondeu o rapaz, realista. - Ela ficou só... sem graça. O panaca só não a deixou mais sem jeito, porque a aura dela é brilhante!
- Modéstia pra que te quero...! - suspirou o tio.
Marco apanhou a garrafa e tomou um grande gole, depois a colocou sobre o balcão e disse:
- Põe na conta do velho. Amanhã ele te paga. Tchau, Benê...
- Na conta do velho, é? Malandro! Se eu for depender do dinheiro do seu pai...
*******************************
Marco morava no bairro de Santo Amaro, à Rua João Dias, bem perto dali. O pai tinha uma imobiliária na Rua Adolpho Pinheiro e ele resolveu passar por lá, antes de ir para casa.
Antônio Carlos Ramalho, 39 anos, corretor de imóveis, estava ao telefone, quando o filho chegou. Parecia nervoso, pois andava de um lado para o outro, gesticulando. Marco acenou para ele para se fazer notado e Antônio apenas mostrou o relógio, abanando a cabeça como a dizer não ter tempo para ele naquele momento. Marco fez um sinal de positivo com a mão e saiu pela porta de vidro pela qual mal havia entrado.
Já em casa, minutos depois, foi para o quarto e jogou-se na cama, apanhando o telefone. Depois de um longo suspiro, começou a discar o número de Bete. Dois toques, atenderam.
- Alô! - respondeu a vozinha fina dela.
- Bete, sou eu... ele começou a falar.
- Vá pro inferno! - ela gritou, desligando o aparelho em seguida.
Ele resolveu insistir e ligou de novo. Ela voltou a atender.
- Bete, eu não tive culpa de nada. Eu não estava...
A garota tornou a desligar e ele respirou fundo, fechando os olhos e batendo o telefone no gancho com força.
- Dane-se! Não quer? Tem quem queira! - gritou para o telefone. – Você vai ver só!
Começou a tirar a roupa, zangado, e foi para o banheiro, enfiando-se num banho de chuveiro frio que durou meia hora. Enquanto se enxugava, veio à sua mente o rosto da garota do bar do tio. Ficou imaginando se iria vê-la de novo ou se era só mais um rosto bonito que viu e ia sumir de vista, como tantos outros.
- Marquinho! - ouviu o chamado da mãe, entrando em casa.
Ele odiava quando ela o chamava assim, mas... mãe era sempre mãe, e os filhos são sempre pequenos, mesmo depois que crescem.
- Estou aqui, mãe!
- Aqui onde, baby?!
- No banheiro, Lady Laila! - ele esclareceu, rindo, parodiando Roberto Carlos.
Silêncio, os passos dela no corredor e o toque na porta.
- Abre, filhote. Tenho novidades!
- Mãe, eu estou me enxugando ainda! ‘Tô no banho, não percebeu?
- Ora, tenha dó, meu filho. Eu já conheço você de cor e salteado. Abra! Quero mostrar uma coisa!
- Mas eu não quero mostrar nada, engraçadinha. Espera um pouco!
Ele se enrolou na toalha e abriu a porta.
Laila, uma mulher muito bonita, trinta e cinco anos, loira, cabelos curtos, entrou, já estendendo a mão esquerda para ele. O dedo indicador deixava reluzir um lindo anel de brilhantes.
- Olhe só o que eu ganhei do seu pai!
- Poxa, mãe, que lindo! - ele respondeu, segurando a mão dela e apreciando a jóia. - Mas o aniversário de casamento de vocês não é em maio? O seu é em outubro...
- Descobri que seu pai tem um caso com a Hilda, ela disse, séria.
- Como é que é?! - ele espantou-se.
- Pois é. Ela mesma me contou. Aí, eu coloquei seu pai contra a parede e exigi o anel; se não, me separaria dele.
- Eu não acredito, Marco arriscou, desconfiado e morrendo de medo que fosse verdade.
- No quê?
- Não acredito que o papai tivesse um dia pensado em simplesmente olhar pra outra mulher, com outros olhos que não fosse só de amigo e não acredito que você tivesse só aceitado um anel em vez de matá-lo, se fosse verdade.
Ela ficou olhando para o filho por algum tempo, depois começou a rir e beijou seu rosto.
- Você confia mesmo no seu pai, não é?
- Você estava brincando, não estava?
- Estava, claro que estava. Hoje faz vinte anos que nós começamos a namorar.
- Poxa, que alívio! Não brinca assim de novo não, mãe!
- Você não acha que seu pai seria capaz de me trair um dia, não?
Ele pensou por um momento e, com um sorriso maroto nos lábios, respondeu:
- Não com a Hilda. Ela é morena. O papai gosta de loiras.
Laila quis estrangulá-lo, mas só arrancou sua toalha e saiu do banheiro.
- Homens! - exclamou.
Marco ria enquanto arranjava um jeito de se cobrir de alguma forma.
- Devolve a toalha, mãe! Minha roupa está no quarto!
******************************
Na manhã seguinte, no colégio, Marco encontrou Teo sentado na escadaria da entrada com mais dois amigos.
- Viram a Bete?
- Passou por aqui agorinha, com a Lídia. Nem olhou pra gente. Ela parece estar furiosa com você, pobrezinha.
- Não enche, Teo. Eu não sei mais o que fazer pra agradar a Bete!
- Larga dela, cara! Parte pra outra. Essa menina tem um gênio dos diabos. Não sei como você aguentava!
- Eu gosto dela, é isso!
- Você gosta dela... Faça-me rir!
Os três rapazes riram, Marco balançou a cabeça achando os amigos três idiotas.
- Engraçado demais...!
O sinal tocou. Leandro e Rico levantaram-se.
- A gente vai nessa. Até mais, Teo. Tchau, Marco.
- Tchau, disseram os dois.
Os dois afastaram-se e Teo levantou-se.
- Acho bom a gente entrar também, falou Teo.
- Escuta, você circula por aqui bem mais do que eu. Já conhece as caras novas que entraram no Paralelo esse ano?
- Caras novas?
- É, os caras e as garotas novatos aqui esse ano.
- Alguns... Por quê? Na nossa sala tem dois “cuecas” e três chatinhas novas. Tem mais um que eu sei que está na lista, mas não veio até ontem. Está viajando ainda, sei lá...
- Sem ser os da nossa sala.
- Deixa ver... No segundo ano... Ah, claro! No segundo! Segundo A.
- Que é que tem?
- Um cara que veio de Campinas.
- Teo, se liga, colega. Eu estou falando... de garotas. Garotas, entendeu?
- Mas você falou...
- Ah, meu Deus, ou você é muito lento ou ‘tá gozando da minha cara! Você acha que eu ia estar interessado em marmanjo, meu?!
- Sei lá! Vou lá saber do seu gosto...
Marco respirou fundo e empurrou o amigo na escada. Entrou na escola e Teo o seguiu, rindo e massageando o ombro, dolorido pela queda.
- Não precisa ficar nervosinho, Marcão. No segundo A tem uma chatinha nova.
Marco nem se voltou e perguntou:
- Quem, a tua vó?
- Uma gata chamada Ana Maria. Mas não é pro teu bico.
- Por quê? Eu não posso namorar a tua vó?
- Ela é filha do diretor. Estudava em Poços de Caldas e se transferiu pra cá, porque avó dela morreu e ela não tinha com quem ficar lá. E ela tem namorado... Foi a Lídia que me contou.
Marco parou e voltou-se para ele.
- Namorado?
- É, o cara que faltou ontem na nossa sala. Os dois vieram de lá.
Marco pensou por um instante e depois falou para si mesmo:
- Não, não deve ser...
- Não deve ser o quê, Marco?
- Nada, esquece.
Estavam já próximos à porta da sala quando outro rapaz, vindo apressado do corredor, esbarrou em Marco, empurrando-o e entrou, sem ao menos se desculpar.
- Desculpe por ficar no seu caminho, colega, falou Marco baixinho, depois que ele passou, espantado com a “delicadeza” do outro. - Educadinho, não?
- Muito... Esse deve se achar o cara! - observou Teo.
Os dois entraram na sala. A aula já tinha começado e, enfrentando com caras inocentes, a cara feia do professor Cassiano, de Matemática, sentaram-se em seus lugares. Teo cutucou Marco e apontou para o que dizia ser o novato da classe. Era justamente o rapaz que tinha esbarrado em Marco na entrada e ele logo o reconheceu como o namorado da gatinha na lanchonete.
- Caramba! - Marco falou em voz um pouco mais alta que o normal para o silêncio da sala.
A classe toda se voltou para ele, inclusive Teo. O professor pediu silêncio apenas com um olhar e Marco encolheu-se na cadeira.
- Desculpa, professor.
Risinhos abafados foram ouvidos e a aula começou. Marco ficou a aula inteira e a próxima também observando o rapaz. Ele parecia não ter ainda amizades na sala, pois não conversava com ninguém. No intervalo, Teo perguntou:
- Quem é ele, cara?
- Espera aí, Marco pediu.
Parou na porta da sala e esperou que o rapaz passasse por eles para depois observar bem seu rosto.
- É ele mesmo.
- Ele quem, bolas!
- Ele é o cara que eu vi ontem, discutindo no bar no Benê com uma garota.
- E...? Ele vai ganhar um Oscar por isso?
- Não, mas que ela deve ganhar o prêmio Nobel pela paciência, isso deve. Esse cara é “um mala”, ou melhor, ele é a bagagem toda em cima dela.
- Não me diga que você está interessado na mina dele?
- Não... Não estou interessado... É que... eu fiquei com pena dela, só isso.
- Pena?
- É.
- Ficou com pena daqueles lindos olhos verdes, daquela carinha linda, daquele cabelo loiro maravilhoso...
- Você já viu ela?
- Marco Antônio, não foi você mesmo que disse que amava a Bete!?
- Não muda de assunto, você já viu a garota?
- Se eu sei que a mina é filha do diretor, veio de Poços de Caldas e é namorada daquele panaca, claro que eu vi, né? Mas o assunto aqui é o senhor. E a Bete, já é passado, é?
- Eu só me interessei pela garota, porque ela estava passando pela mesma coisa que eu, lá na lanchonete. Eu tinha acabado de levar um fora da Bete e ela estava levando a maior bronca do brutamonte dela lá, no meio de um monte de gente, foi só...
- Sei... E daí? Você descobriu o que já sabia. Ela é namorada desse brutamonte que estuda com você, na mesma sala do colégio. Vai fazer o quê, agora?
- Nada... disse Marco, dando de ombros. - Mas um dia a gente vai se cruzar de novo pelos corredores do colégio e... quem sabe possamos resolver juntos nossos problemas...amorosos.
A expressão de Marco fez Teo rir gostoso. Foram rindo para a lanchonete. Marco acompanhava o namorado de sua misteriosa dama com os olhos, para analisar seu comportamento e, quando Teo pediu dois refrigerantes no balcão da cantina, ele viu o novo colega de classe se encontrar com a namorada. Os dois trocaram um beijo e ele a pegou pela mão, puxando-a até um banco, onde se sentaram.
- Que cavalo! - murmurou Marco para si mesmo.
- Que foi? - Teo perguntou, entregando a ele uma garrafa.
- Nada não...
Lídia, namorada de Teo, aproximou-se dos dois e o beijou demoradamente na boca.
- Oi, gato!
- Oi, tudo bom, gata? Ah, Marco, eis aqui alguém que pode te contar tudo sobre o famoso Segundo Ano A.
- Se quer saber sobre a Bete, Marco, ela não quer te ver mais nem pintado.
- Eu já sei disso, Lídia. Ela teve a honra de desligar o telefone na minha cara duas vezes ontem. Mas eu também não quero mais saber dela.
- E o que tem no Segundo A que te interesse que não seja ela? Eu?
Marco franziu as sobrancelhas como a dizer: “Tá maluca? Teu namorado está aqui do teu lado e é meu melhor amigo!” Mas como Teo levou na brincadeira e riu, abraçando a namorada pela cintura e lhe dando um beijo no rosto, disse:
- Não, claro que não. É... uma aluna nova da sua sala.
- Aluna nova? Quem? A Amanda?
- Amanda? - perguntou ele, olhando para Teo. – Você não falou que era Ana Maria, Teo?
- Ana Maria, Amanda, que diferença faz? Começa com A!
- Não tem nenhuma Ana Maria na minha sala. A única aluna nova esse ano é a Amanda, filha do diretor. Toda cheia de não me toques. Não fala com ninguém na sala. Nojenta!
- Opinião crítica sincera ou despeito, Lídia? - Marco perguntou.