O caminho para seu coração
A proposta ousada do CEO
Noiva por contrato - Bella mia(série: Destinos entrelaçados)
Minha assistente, minha esposa misteriosa
Uma noite inesquecível: o dilema de Camila
Acabando com o sofrimento de amor
A ex-mulher muda do bilionário
A esposa em fuga do CEO
A Segunda Chance com Meu Amor Bilionário
O retorno chocante da Madisyn
Foi em Paris que ela o viu pela primeira vez...
Ele era alto, charmoso e... sedutoramente perigoso. Atraída por ele, Brianne Martin trouxe Pierce Hutton de volta à vida, salvando-o de um desespero que já beirava a loucura. Pierce sentiu-se grato para sempre, mas não queria correr o risco de seduzir Brianne, catorze anos mais que ele, por mais linda e desejável que ela fosse.
Foi em Paris que ela se apaixonou...
Embora Pierce parecesse inalcançável, Brianne não conseguia se imaginar entregando sua inocência a outro homem. Muito menos ao sócio corrupto de seu padrasto. Obcecado por ela desde o primeiro encontro, aquele homem sem escrúpulos seria capaz de fazer qualquer coisa para possuí-la, inclusive tramar um casamento para unir as duas poderosas famílias. Tudo parecia perdido, até Pierce salvar sua vida, como ela o salvara... uma vez em Paris.
Uma mulher sofisticada, com cabelos grisalhos e trajando um tailleur vermelho, parou em frente à Mona Lisa, acompanhada por um homem moreno, bem mais alto do que ela. Sem cerimônia, proferiu um comentário sarcástico, em bom francês, fazendo seu acompanhante rir. Pareciam inclinados a continuar ali parados por mais algum tempo, mas havia uma longa fila de turistas atrás deles, esperando com impaciência para ver a obra-prima de Da Vinci, no Louvre.
Um dos visitantes apontou sua câmera fotográfica para a peça, protegida por diversas camadas de vidro à prova de balas, mas o segurança o interceptou antes que o flash fosse disparado.
De seu ponto de vista privilegiado, em um banco próximo, Brianne Martin considerava os visitantes tão interessantes quanto as obras de arte em si. Estava vestida com seu short e seu top preferidos, que realçavam o brilho incomum de seus olhos verdes. Com os cabelos dourados presos em uma trança e carregando uma mochila pendurada ao ombro, parecia exatamente o que era: uma estudante.
Estava com quase dezenove anos e era uma das melhores alunas da escola para garotas do distrito de Loft Bank, à esquerda do rio Sena. Contudo, não se identificava muito bem com as outras estudantes, já que sua árvore genealógica não ostentava riqueza nem poder.
Sua origem era de classe média, e ela só estava tendo a oportunidade de levar uma vida mais suntuosa porque o segundo marido de sua mãe era Kurt Brauer, um magnata do petróleo. O milionário não gostava da enteada e, com a gravidez de Eve, sua esposa, quis ver Brianne ainda mais a distância. Por isso, o internato em Paris fora a opção escolhida para afastá-la.
O fato de sua mãe não haver protestado deixara Brianne muito magoada.
— Você vai gostar, querida — dissera ela, sorrindo para a filha com ar esperançoso. — E terá bastante dinheiro para gastar. Não será um bela mudança? Seu pai nunca teve inclinação para melhorar de vida.
Aquele tipo de comentário piorava ainda mais a relação entre ambas. Elegante e com cabelos também dourados, Eve era linda, mas egoísta. Estava sempre atrás de oportunidades, e aproximara-se de Brauer como um soldado em campanha, determinada a colocar seu plano em prática e conquistá-lo a qualquer custo.
Para espanto de Brianne, menos de cinco meses depois da morte de seu amado pai, sua mãe já estava casada e grávida. Então, de um humilde apartamento em Atlanta, elas haviam se mudado para um vilarejo em Nassau.
Kurt era rico, mas parecia impossível identificar a real origem de sua fortuna. Embora estivesse envolvido com exploração de petróleo, homens de aparência estranha e assustadora costumavam frequentar seu escritório. Além da mansão nas Bahamas, ele também possuía casas de praia em Barcelona e na Riviera, além de um iate para viajar de uma propriedade a outra.
Limusines com motoristas uniformizados e jantares de trezentos dólares faziam parte de sua rotina habitual. Eve parecia muito à vontade com tudo aquilo, vivendo em meio à riqueza pela primeira vez na vida. Brianne, no entanto, sentia-se ultrajada. Por isso, não tardou para que Brauer a tomasse por um empecilho e a mandasse para o internato.
Soltando um suspiro, Brianne olhou a seu redor, voltando a admirar o interior do Louvre. Desde que chegara à "cidade luz", o museu se tornara seu local favorito. Adorava aquele lugar antigo, então reformado e modernizado. Gostava das exibições e ainda se julgava jovem o suficiente para não se importar em mascarar seu entusiasmo por lugares e experiências novos. De fato, o que lhe faltava em histórico familiar lhe sobrava em espírito aventureiro.
De súbito, um homem lhe chamou a atenção. Estava observando uma das pinturas italianas, sem demonstrar muito entusiasmo. Na verdade, não parecia nem mesmo estar enxergando a tela diante dele. Os olhos negros encontravam-se fixos em um ponto. Sua expressão era a de uma pessoa consternada, como se estivesse sofrendo.
Mas havia algo de familiar nele. De algum modo, Brianne reconheceu aquele porte atlético e os ombros largos. Apesar de refinado, o traje que ele usava tinha um aspecto esportivo, com a calça marrom e a camisa branca realçadas por um blazer bege. Estava sem gravata, com o colarinho desabotoado ao pescoço.
Era possível ver um relógio dourado em seu pulso direito, o que, para Brianne, pareceu bastante incomum. Ao observar a mão esquerda do atraente desconhecido, notou que ele segurava um cigarro apagado, e deduziu que ele devia ser canhoto. Observou também que ele usava uma aliança de casamento.
Ao vê-lo se virar, admirou o brilho daqueles espessos cabelos negros, que combinavam com o rosto de traços fortes e com a pele bronzeada. Havia uma covinha bem no meio do queixo, atribuindo-lhe um charme especial. Sim, ele era fascinante.
Foi então que conseguiu se lembrar de onde o conhecia: vira-o na festa de casamento de sua mãe! Tratava-se do famoso arquiteto L. Pierce Hutton, dono da construtora e do grupo empresarial Hutton. Pelo que se lembrava, ele era o maior especialista do mundo na construção de plataformas marinhas para exploração de petróleo. Também era especialista em projetos arquitetônicos e participara da construção de alguns dos arranha-céus mais sofisticados do mundo.
Antes da festa, Brianne já tinha ouvido falar dele nos círculos estudantis. Pierce Hutton era um arquiteto famoso, admirado por muitos ecologistas e criticado por alguns industriais e políticos que não se importavam com a preservação do meio ambiente.
As mulheres presentes na festa de casamento haviam feito comentários mais pessoais. Na época, havia se passado apenas algumas semanas desde que a esposa dele morrera.
Mesmo três meses depois, segundo Brianne pôde notar naquele momento, a expressão dele continuava a mesma: triste e desolada.
Como que hipnotizada por aquela figura enigmática, Brianne se aproximou devagar. A atenção dele estava tão focada em um único ponto da tela, que sua aproximação foi ignorada.
— É uma obra muito famosa. Não gostou do trabalho do artista? — indagou, parando ao lado dele.
Parecia fascinante ficar ao lado de alguém tão alto e forte. Mesmo sendo alta, Brianne notou que era superada em doze ou quinze centímetros por ele.
O olhar que recebeu em resposta foi tão frio quanto a voz que lhe foi dirigida.
— Je ne parle pas votre idiome.
— Não adianta dizer que não fala meu idioma, porque sei que não é verdade — retorquiu Brianne. — Não creio que se lembre de mim, mas nos conhecemos na festa de casamento de minha mãe e Kurt Brauer, em Nassau.
— Minhas condolências à sua mãe — respondeu ele, já no idioma dela. — E então? O que deseja?
Os olhos inocentes de Brianne perscrutaram o tom escuro dos dele.
— Eu só queria dizer que sinto muito por sua esposa — respondeu ela. — Durante a festa, ninguém falou nada a respeito do que aconteceu a ela. Acho que todos se sentiram receosos em fazê-lo. As pessoas costumam agir assim quando sabem da perda de alguém, não é mesmo? Tentam fingir que nada aconteceu, ou então ficam com um ar constrangido e murmuram algum comentário idiota e incompreensível. Foi assim quando meu pai morreu, enquanto eu queria apenas que alguém me abraçasse e me deixasse chorar... — Ela suspirou e sorriu de maneira tímida. — Mas acho que não são muitas pessoas que têm a sorte de serem compreendidas em um momento assim.
A expressão dele não se suavizou nem um pouco.
— O que está fazendo na França? Brauer está trabalhando nos arredores de Paris outra vez?
Brianne balançou a cabeça negativamente, antes de responder:
— Minha mãe está grávida. E como ambos me consideram um obstáculo em suas vidas, enviaram-me para estudar aqui.
— Nesse caso, por que não está na escola agora?
A careta que Brianne deu em resposta foi bastante espontânea.
— Estou faltando à aula de aprimoramento doméstico — explicou. — Não me interessa aprender a costurar ou a fazer almofadas. Quero saber tudo sobre contabilidade e economia, só isso.
— Na sua idade? — Ele arqueou uma sobrancelha.
— Já estou com quase dezenove anos, e sou ótima em matemática. Sempre tiro "A" — acrescentou ela, sorrindo. — Pode apostar que algum dia irei procurá-lo para pedir um emprego. Quero escapar dessa prisão de luxo e ir para a universidade. Chega dê cursos técnicos e preparatórios — desabafou.
Pierce chegou a sorrir, mesmo parecendo relutante em querer fazê-lo.
— Nesse caso, desejo-lhe boa sorte — disse a ela. O olhar de Brianne se voltou para o local onde o
quadro da Mona Lisa estava exposto. A fila estava tão longa quando antes, mas o burburinho das pessoas havia se tornado ainda mais ruidoso.
— Estive ouvindo a conversa dessas pessoas — afirmou ela. — Parece que todas esperam ver uma tela enorme. Por isso ficam decepcionadas quando chegam ao final da longa espera e veem um quadro tão pequeno por trás de uma grossa camada de vidro.
— A vida é mesmo cheia de desapontamentos.
Ao ouvir aquilo, Brianne se virou e fitou-o nos olhos.
— Sinto muito sobre sua esposa, sr. Hutton. Muito mesmo. Dizem que estiveram casados por dez anos e que eram muito dedicados um ao outro. Deve estar sendo difícil viver sem ela.
De súbito, ele pareceu se fechar como uma planta sensível.
— Não costumo falar de meus assuntos pessoais dessa maneira.
— Sim, eu sei como é. Tudo o que precisa é de tempo, só isso. Mas não acho que deva ficar sozinho. Afinal, ela não gostaria de vê-lo assim se realmente o amava.
Pierce moveu o maxilar de maneira tensa, deixando claro que estava tendo de se controlar para não perder a paciência.
— Qual é seu nome?
— Brianne Martin.
— Srta. Martin, quando ficar mais velha, acabará descobrindo que é melhor não ser tão direta ao falar com desconhecidos.
— Já sei disso. Estou sempre entrando em encrencas por agir assim — murmurou ela, com um ar sorridente. Após uma breve pausa, acrescentou: — Imagino que seja um homem de personalidade forte. Precisa ser, ou não teria conseguido tudo o que já alcançou com pouco mais de trinta anos de idade. Todos têm seus dias ruins. Mas por maior que pareça a escuridão, sempre há alguma luz... — Ao vê-lo abrir a boca com ar de protesto, levantou a mão para detê-lo e acrescentou:
— Está bem, não direi mais nada.
— Nesse caso... — começou ele, sendo novamente interrompido em seguida.
— Acha que esse cavalheiro está na proporção correta? — indagou Brianne, voltando-se para a tela diante deles, que mostrava um casal nu. — Parece-me que se trata de alguém um pouco... sexualmente desprivilegiado, considerando-se a altura dele. E a dama é um tanto exagerada. Bem, mas quem sou eu para criticar? — Ela sorriu. — O artista era considerado um especialista em gordinhas nuas. Ainda bem que já não se valoriza esses excessos hoje em dia. — Ela soltou um suspiro aliviado e tocou o próprio abdome. — Ou eu teria de usar enchimento nas roupas.
Sem notar o sorriso que se formou nos lábios dele, Brianne consultou o relógio e se interrompeu por um instante, arregalando os olhos antes de prosseguir:
— Oh, vou me atrasar para a aula de matemática! E essa eu não quero perder, de jeito nenhum. Até logo, sr. Hutton!
Movendo-se com graciosidade, virou-se depressa e se afastou, descendo a escadaria que levava à rua, sem nem mesmo olhar para trás. A trança loira balançava e batia em suas costas, seguindo o ritmo de seus passos rápidos.
Pierce não pôde deixar de sorrir outra vez. A garota impulsiva conseguira diverti-lo por alguns minutos. Seu sorriso se tornou irônico quando ele se lembrou de que algo a levara a pensar que a pintura não o agradara. Na verdade, não fora até ali para olhar as pinturas, mas para considerar a possibilidade de se jogar no rio Sena depois do anoitecer.
Margo havia partido e, por mais que ele tentasse, não conseguia imaginar como continuaria a viver sem ela. Não haveria futuro para ele se não pudesse mais ver o brilho daqueles olhos azuis, ouvir aquele riso agradável ou escutar aquela voz suave, com sotaque francês, censurando-o por trabalhar demais. Oh, Deus, nunca mais sentiria o corpo dela em contato com o seu, vibrando em êxtase na escuridão do quarto onde se amavam todas as noites.
Lágrimas lhe vieram aos olhos, fazendo-o levar a mão ao rosto para enxugá-las com discrição. Era como se houvesse um vazio infinito em seu peito. Ninguém ousara se aproximar dele desde o funeral. De fato, ele proibira até que o nome dela fosse pronunciado em sua silenciosa mansão, em Nassau.
No escritório, passara a trabalhar de maneira quase ininterrupta, como se pudesse encontrar no trabalho o alento para amenizar sua dor. As vezes chegava a ser rude, mas todos o compreendiam. Sabiam que ele havia se tornado um homem solitário, e que não tinha filhos nem família para convolá-lo. Uma das maiores causas de sua dor era a lembrança de que Margo se tornara estéril depois de sofrer um aborto acidental em sua primeira gravidez.
Quando haviam se recuperado do choque, decidiram que aquilo não deveria ser um empecilho para a felicidade deles. Dali em diante, seriam tudo um para o outro. Se pudessem ter tido filhos, teria sido maravilhoso, mas se isso não fora possível, melhor seria se conformar com a realidade. Afinal, amavam-se acima de tudo.
Haviam aproveitado a vida ao máximo, sempre juntos e apaixonados, desde o primeiro encontro até o amargo fim. Por isso, ele acompanhara cada passo do processo de evolução da doença que a consumira.
Mesmo definhando, os pensamentos de Margo eram sempre voltados para seu bem-estar. Todos os dias ela costumava questioná-lo a respeito da alimentação e do sono, como se ela mesma estivesse saudável. Preocupava-se inclusive com o futuro, quando não mais pudesse cuidar dele.
— Você nunca usa casaco quando neva — reclamara certo dia, já falando com dificuldade. — Nem leva guarda-chuva quando o tempo está nublado. Jamais trocou as meias por estarem molhadas. Isso me preocupa tanto, mon. Cher. Precisa cuidar de si mesmo, tu compreendas?
Ao ouvir aquilo, Pierce prometera que o faria. Ao se ver sozinho, porém, chorara de desespero, sentindo-se impotente diante da força daquela maldita doença.
— Oh, Deus — murmurou Pierce, ao se lembrar daquele momento doloroso.
Um casal de turistas o fitou com ar surpreso, levando-o a se lembrar de que estava em pleno Museu do Louvre. Abaixando o rosto, caminhou rumo à porta, descendo a escadaria e se submetendo ao abafado calor parisiense.
O som rotineiro do tráfego intenso restabeleceu seu senso de normalidade. O ruído e a poluição no centro de Paris tornava aquele povo mal-humorado ainda mais irritadiço. Para ele, contudo, aquilo mais parecia um alento. Colocando a mão no bolso, retirou o isqueiro e o fitou por um segundo, antes de acender um cigarro.
Tratava-se de uma peça de ouro, com suas iniciais gravadas com letras ornamentais. Sempre carregava aquela lembrança consigo. Desistindo de tentar fazê-lo parar de fumar, Margo lhe dera o isqueiro no décimo aniversário de casamento, como um símbolo de perfeita paz. Ao deslizar o polegar sobre as letras ali gravadas, Pierce sentiu um aperto no peito.
De súbito, voltou a guardar o artefato no bolso e jogou o cigarro em uma lata de lixo. Então olhou ao redor, observando o amontoado de pessoas entrando e saindo do museu. Todos pareciam estar se divertindo. Turistas, estudantes, curiosos, admiradores, ninguém saía dali sem sorrir. Exceto ele próprio. Sua dor o impedia até mesmo de se sentir feliz pelos outros, algo que sempre lhe acontecia no passado.
Seu pensamento então se voltou para Brianne e para as palavras que ouvira dela. Parecia estranho que uma garota desconhecida surgisse do nada e lhe desse uma lição de vida a respeito de como se recuperar pela perda de sua esposa.
Lembrou-se então de que Brauer se casara com a mãe dela e de que a engravidara. Brianne mencionara a dolorosa perda do pai e o casamento quase imediato de sua mãe. Pelo visto, ela também entendia de mágoas. Lembrando-se da expressão dela, ao dizer que fora mandada embora para deixar de ser um empecilho, foi impossível não soltar um suspiro desanimado. Todos pareciam ter problemas de algum tipo. Assim era a vida.
Fitando seu Rolex dourado por um instante, balançou a cabeça negativamente. Deveria estar em uma reunião com alguns ministros dali a trinta minutos. Considerando o tráfego intenso daquele horário, chegaria com mais de meia hora de atraso. Com um gesto, sinalizou para um táxi e se encaminhou para ele, conformado com o fato de que perderia o começo da reunião.
Brianne entrou de maneira furtiva no edifício, tentando chegar à aula de matemática sem chamar muita atenção. Contudo, a maquiavélica Emily Garis flagrou-a se esgueirando pela porta traseira da classe e logo começou a cochichar com as amigas.