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O caso do meu marido, Gabriel, com sua jovem protegida, Caia, já tinha me custado tudo. Nosso casamento era uma casca oca, e sua crueldade tinha até mesmo provocado o aborto do nosso filho, me deixando em pedaços.
Mas no dia em que ele defendeu Caia dando um tapa na minha sobrinha de dez anos, Bia, com tanta força que estourou o tímpano dela, algo dentro de mim finalmente se quebrou para sempre.
Ele ficou parado sobre o corpo pequeno e inconsciente dela e gritou: "Ela mereceu!".
Ele já tinha levado meu irmão à falência e agora tinha agredido brutalmente uma criança — tudo para proteger sua amante.
O homem que eu amei por dezesseis anos era um monstro.
Toda a dor e o luto que eu carreguei por tanto tempo se consumiram, deixando apenas uma determinação fria e dura como pedra.
Ele esperava lágrimas. Esperava histeria. Em vez disso, quando o encontrei no hospital, caminhei diretamente até ele e dei um tapa em seu rosto. "Com a minha família ninguém mexe, Gabriel", eu disse, minha voz perigosamente calma. "Você cruzou a linha. E agora, eu vou transformar sua vida num inferno."
Capítulo 1
Meu estômago era um vazio gelado, uma dor familiar e fria, um lembrete constante da ausência de Gabriel. Não eram mais apenas algumas noites ou uma viagem de negócios; era um fantasma em nossa cama, um lugar vazio na mesa de jantar. Ele tinha sumido, absorvido por... outras coisas. E eu estava cansada de sentir essa pontada surda de abandono.
Eu tinha tentado tudo que os terapeutas sugeriram. Escrever em um diário. Meditação. Até aquelas velas perfumadas ridículas que prometiam paz interior. Nada funcionou. O vazio só crescia. Então, decidi tentar algo diferente. Algo radical.
Eu o encontrei através de uma agência discreta, uma que se especializava em... experiências personalizadas. O nome dele era Léo. Ele não era o Gabriel. Não de verdade. Mas era parecido o suficiente para enganar minha mente exausta por algumas horas. Ele tinha a altura de Gabriel, os mesmos olhos escuros e melancólicos, até a barba rala que Gabriel sempre esquecia de fazer.
"O roteiro de sempre esta noite, Alina?", Léo perguntou, sua voz um murmúrio grave, surpreendentemente próximo ao de Gabriel. Ele estava na porta da nossa (minha) suíte principal, um leve cheiro do perfume que Gabriel preferia pairando sobre ele. Era perturbador, essa imitação perfeita.
"Sim", eu disse, minha voz fraca. "Só... como ele costumava ser."
Ele assentiu, entrando. O quarto parecia pesado de expectativa. Nós nos movíamos como dançarinos em um balé mórbido. Ele se sentou na beirada da cama, exatamente como Gabriel faria. Passou a mão pelo cabelo, um tique nervoso que eu conhecia tão bem.
"Outra noite chegando tarde, querido?", perguntei, forçando a pergunta, forçando a esperança no meu tom. Era uma fala do nosso passado, de uma década atrás, quando aquelas noites tardias eram raras, e seu retorno era um conforto.
Léo suspirou. "Trabalho, Alina. Você sabe como é."
Era o tom displicente de Gabriel, aquele que significava 'não pergunte, não se meta'. Meu coração, apesar de tudo, se apertou. Esta era a parte em que meu antigo eu tentaria insistir, argumentar, implorar por uma migalha de sua atenção. Mas eu tinha que seguir o roteiro.
"Está tudo bem com o projeto?", insisti, minha voz forçadamente calma. Meus dedos tremiam, querendo estender a mão, querendo sacudi-lo.
Léo se levantou, caminhando até a janela. Ele olhou para as luzes da cidade, de costas para mim. Igual ao Gabriel. "Está tudo bem. Só... complicado."
"Complicado como?", perguntei. O ar no quarto ficou denso. Era agora. O verdadeiro teste. O momento em que a velha ferida seria reaberta.
Ele se virou, seus olhos com aquele olhar distante familiar. "Olha, Alina. Você se preocupa demais. A Caia é uma arquiteta júnior. Ela é jovem, é entusiasmada. Ela precisa de orientação."
Minha respiração falhou. Caia. Mesmo nesta simulação distorcida, o nome dela era como um soco no estômago.
"Orientação?", ouvi minha própria voz, afiada e desconhecida. "É assim que você chama, Gabriel?"
Os olhos de Léo se estreitaram, um lampejo de irritação, copiando perfeitamente os de Gabriel. "Não começa, Alina. Estou cansado. Não preciso das suas acusações agora."
O velho Gabriel, frio e desdenhoso. Isso não era apenas uma memória; era a reencenação de cada discussão angustiante.
"Acusações?", eu ri, um som frágil e sem humor. "É uma acusação ver o que está bem na minha frente? As noites tardias, a 'orientação', o jeito que você praticamente brilha quando fala dela, até na minha frente?"
Ele bateu a mão na cômoda. O som ecoou, me fazendo encolher apesar de mim mesma. "Você está sendo irracional! Ela é uma funcionária. Nada mais. Não se atreva a desrespeitá-la, ou a mim, com sua paranoia sem fundamento."
"Sem fundamento?", minha voz subiu, falhando. "Então os recibos de jantar não são reais? As mensagens não são reais? As ligações sussurradas não são reais?"
Léo se aproximou, seu rosto uma máscara de fúria controlada, o movimento característico de Gabriel antes de explodir. "Você andou me espionando? Você desceu a esse nível?"
"Estou tentando salvar nosso casamento!", gritei, as palavras saindo atropeladas, cruas e desesperadas, como costumavam ser.
Ele soltou uma risada áspera. "Salvá-lo? Você está o destruindo com sua histeria! Talvez se você não fosse tão... exigente, tão desconfiada, eu não precisaria de um momento de paz fora desta casa sufocante!"
Meu peito ardia. A picada familiar da injustiça, o nó torcido da humilhação. Ele estava me culpando. Pelas escolhas dele. Pela traição dele.
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