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Chego à sala da minha futura ex-chefe, já com minha paciência no limite, falta apenas uma gotinha para o balde extravasar, quero apenas que ela me olhe torto, pois é hoje que a porca torce o rabo pro lado dela.
Então você me fala: — Que é isso Léia; por que tanto ódio da sua chefe?
Ela parece tão boazinha, quem não conhece que compra aquela jacaroa.
Deixa eu te explicar, como uma mulher tão poderosa, tão rica e tão boazinha atrasa seu salário por três meses? Não sabe como? Vou te responder... Só preciso respirar um pouco...
Ah você não sabe como, viajando para o exterior, à trabalho (palavras dela não minhas) e deixando a besta quadrada quase totalmente responsável pelo escritório esses meses inteiros. É isso mesmo que você ouviu, eu fiquei aqui trabalhando feito burro de carga em relatórios e mais relatórios e quando chega com a pele bronzeada descubro que ela estava sabe onde?! Vocês estão me vendo trincar os dentes? Pois é o que estou fazendo agora....
A vaca estava no Havaí, curtindo a praia, como se aqui no Brasil não existissem praias aos montes, mas isso não me interessa, o que interessa mesmo são os três meses de salário que vou receber hoje.
Preciso respirar... um, dois, três... que mané três...
Bato energicamente em sua porta, e entro sem esperar que ela conclua sua autorização.
— Pode... Oi Léia! Bom dia! Você trouxe o meu café? Eu preciso que você me traga aqueles relatórios de ontem...— Ela para e me olha estranhando meu silêncio, como se nada tivesse acontecido.
— Oi dona Marta, bom dia! Você trouxe meu salário?
— Seu salário? — Se faz de desentendida, arregalando aqueles olhos azuis gelados.
Dona Marta é uma senhora de cinquenta e sete anos, loira, olhos azuis e pele bronzeada, poderia muito bem se passar por uma mulher de quarenta e poucos, ou muitos se eu não fosse tão má e não a comparasse com a bruxa Keka do Sítio do Pica-Pau Amarelo. -Ah sim, seu salário...
— Sim, sim, meu salário, aquele que a senhora esqueceu de depositar ou transferir lá do Havaí pra minha conta, a época da escravidão acabou dona Marta. —respondo com falsa animação e muito sarcasmo.
— Ora Léia, esqueci de fazer a transferência, mas vou te pagar, enquanto faço isso traga meu café, que sem ele não sou ninguém. — Ela acha que vou cair nesse papo furado novamente, ela já me escaldou demais, disse a mesma coisa antes de ir para os Estados Unidos, mais especificamente o Havaí.
Eu não aguentei e sorri, sorri não, gargalhei de raiva.
— A senhora me disse isso antes de ir para o Havaí, não se lembra? A senhora me esqueceu mas o seu José síndico do prédio onde moro não, sabe o que é ter que fugir da própria casa, sabe? Já me enrolou demais, quero o meu salário, e quero agora! Aquele perfume barato que me trouxe não vai me fazer desistir dos meus direitos, e de direitos a senhora entende não é?!
— Oh! Você não tem nem um pouquinho de humildade, eu não tenho tudo agora, você sabe a crise financeira que o nosso país está! — Ela ainda acha que me engana, crise financeira do país?
— Eu não tenho humildade? Estou esperando há três meses meu salário suado de quinta que não vai dá nem pra pagar os juros dos meus cartões e você vem falar de humildade? Eu quero que a senhora resolva a minha crise financeira não a do país, e pra ontem, ou eu largo todo o trabalho aí e vou para a minha casa, a senhora que sabe. - Meu sangue ferve.
— Quero meu pagamento agora! E quero tudo que está atrasado com juros pelas horas extras que eu fiquei estudando para entender seus relatórios.
— Eu não vou te pagar horas extras, afinal, eu não sei que horas você saiu daqui. — Gente alguém tem um óleo de peroba aí pra eu passar nessa cara de pau?
— Eu não quero saber...
— Tá... Tá seu salário...— Ela pega o celular, enquanto eu bato o pé no chão num sinal claro de impaciência, ela fala rapidamente com o departamento pessoal.
— Já está na sua conta com as horas extras e tudo, agora vá buscar meu café.
- Viu só nem doeu.
Sem acreditar, abro o aplicativo do banco no meu celular e confiro minha conta bancária e está lá, os três meses com as horas extras, pelo visto ela não sabia das horas a mais que eu ficava mas o DP sabia.
- Eu ia mandar mais tarde.
— Não fez mais que sua obrigação.
— E não volte aqui sem o meu café, você é competente mas é muito chata, e atrevida, o que são três meses de atraso? — Nem olho em sua direção e nem perco meu tempo respondendo, apenas viro as costas e abro a porta distraída dando alguns passos cegos, quando bato em algo alto e duro, caio de bunda no chão e meu celular voa.
Só escuto o relinchar da minha quase ex-chefe às minhas costas, logo vejo uma mão estendida.
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