Seu para sempre
Autor:Jaycelle Anne Rodriguez.
GêneroRomance
Seu para sempre
Três dias antes do casamento...
Dez horas da manhã de uma quinta-feira, Craig e eu estávamos deitados despreocupados no sofá com minha cabeça no colo dele, enquanto assistíamos a algumas séries aleatórias na TV. Ele continuava fazendo piadas e frases engraçadas para diminuir meu estresse quando pensava no casamento.
Como nossas vozes estavam bem altas, junto ao som da TV, nós não percebemos o carro que parava na frente do nosso apartamento. Nós dois nem tínhamos percebidos o homem que não parava de bater do outro lado da porta. E era tarde demais para nos levantar e abrir a porta porque, de repente, se abriu e o rosto zangado de meu noivo apareceu. Ele fechou a porta atrás dele com força, o que quase me fez cair do colo de Craig.
Eu me levantei imediatamente quando Daniel começou a se aproximar de nós com olhos tempestuosos.
"Que merda está acontecendo aqui, Sophia?", sua pujante voz reverberou por todo quarto enquanto suas sobrancelhas quase se alinhavam. Ele estava me perguntando, porém, seus olhos focavam e atiravam adaga em Craig, que estava do meu lado.
Contudo, ao invés de explicar o que ele tinha visto, eu perguntei a ele com uma voz calma e tranquila.
"O que você está fazendo aqui?"
"Não ouse me responder com outra pergunta! O que está acontecendo aqui? Quem é ele, e por que você está deitada no colo dele?"
Eu ergui a sobrancelha antes de revirar os olhos. "Isso não é da sua conta, senhor Kelley! Talvez eu precise te lembrar, você não está na sua casa para gritar ou elevar a voz."
O tipo de olhar que ele me direcionou arrepiou minha espinha, porém, eu não recuei e mantive minha posição. Também percebi que ele cerrou as mandíbulas enquanto dava passos em minha direção.
"Sim, isso não é da minha conta, no entanto, desde que nós iremos casar, você não está permitida a flertar com ninguém, especialmente porque você irá usar meu nome a partir de agora!" Ele falou, com os dentes cerrados.
"Não estava flertando com ele!" Eu tentei me defender.
"De verdade? Então por que está deitada no colo dele?", ele me perguntou, com os olhos não em mim, mas em Craig. Ele cerrou os punhos e, então, decidi ficar no meio deles.
"Ele é o meu melhor amigo, meu assistente e meu companheiro de apartamento! Agora que você já sabe, pode parar de encarar meu melhor amigo e simplesmente me falar o que você está fazendo aqui?"
Então, ele olhou para mim, fazendo uma expressão fria e séria outra vez.
"Arrume suas coisas, você irá morar comigo agora."
"O quê?", minha voz se elevou um pouco.
"Você me ouviu direito? Falei para você arrumar as coisas que nós estamos indo agora."
"Contudo, nós podemos esperar até depois do casamento?"
"Não! Você vai arrumar suas coisas ou vai ir com as mãos vazias?"
Eu engasguei e cerrei os olhos para ele.
"Está bem! Vamos, Craig, me ajude a arrumar as coisas!"
Eu agarrei o braço dele e estava quase subindo as escadas quando Daniel subitamente pegou minha mão e a separou de Craig.
"Não! Fique aqui, cara, eu vou ajudá-la."
"O quê?", outras palavras escapou de mim. E, conhecendo o leve sorriso e as sobrancelhas arqueadas que Craig deu, eu sabia que alguma coisa se passava na cabeça dele.
"Você não precisa me ajudar, senhor Kelley. Craig e eu sabemos o que fazer", mas ele não me deu tempo de terminar a frase e me puxou em direção às escadas.
"Não temos tempo para isso, Sophia, então, é melhor você se apressar!"
"Posso fazer isso sozinha, e eu falei para você que Craig iria me ajudar!"
"Eu falei que não!", ele se virou e me olhar zangado.
"Arrrrgh!".
Quando nós finalmente colocamos minha mala dentro do carro dele, eu virei meus calcanhares em direção à casa, antes de ouvir uma pergunta dele.
"Onde você está indo?"
"Só vou falar tchau para Craig!" Eu gritei de costas para ele e caminhando em direção à porta da frente.
'Nossa! Frio, arrogante, grosseiro e bipolar! Arrgh!' Cerrei os punhos enquanto rangia meus dentes
"Por que você voltou?", Craig perguntou sorridente quando eu empurrei a porta.
Franzi meu rosto e fiz uma cara feia para ele. "Sabe o que eu acabei de reparar? Ele é bipolar também!"
Mas o sorriso dele se converteu numa risada bem-humorada.
"Ele é ciumento, você sabe."
"Ah, qual é, Craig. Você sabe que isso não é verdade e é impossível."
"Está bem, como você diz", encolheu os ombros mas não escondeu a risada.
"De qualquer forma, você pode tomar conta de minha Pussy? Prometo que venho pegar ela depois do casamento."
"Ahh, mas é o seu marido quem deve cuidar de sua Pussy, minha querida."
"Craig!", minha face ficou horrorizada.
"Só estou brincando. É claro que vou cuidar dela, mesmo que você não me diga para fazer."
"Obrigada Craig." Eu abracei-o. "Não se atrase no dia do meu casamento, você precisa me levar ao altar."
"Claro", e nos abraçamos outra vez antes de ele me levar até a porta.
E porque eu não sabia onde se sentar, eu abri a porta traseira, Daniel já estava sentado no banco do motorista e me olhou pelo retrovisor, até que eu finalmente me acomodei atrás dele.
"O que você está fazendo?", ele franziu as sobrancelhas e se virou para mim.
"Estou sentando." Eu simplesmente respondi.
"Meu Deus! Eu sei disso!"
"Por que está perguntando ainda então?" Eu revirei os olhos. 'Que pergunta idiota!'
"Caramba, mulher!", ele penteou o cabelo com os dedos de uma forma frustrada.
'Qual é o problema dele?'
"Eu não sou seu motorista, então, se levante e sente ao meu lado!"
Eu o observava enquanto seu belo rosto se contorcia de frustração, então, eu ri enquanto sacudia a cabeça.
"Qual é a diferença se eu me sentar atrás ou na frente? Você ainda é o motorista!"
Ele fechou os olhos com força. "Amada, se você não se levantar, eu juro que vou levantar sua bunda daí e te trazer até aqui."
Eu me engasguei e pisquei os olhos repetidamente. "Tudo bem!" Eu bufei, antes de abrir a porta e ir para o banco do passageiro.
Nós estávamos na estrada por mais de vinte minutos, mas nenhum de nós pronunciou uma única palavra. O único som que eu pude escutar dentro do carro eram meus suspiros frequentes e o vento batendo no para-brisa do carro. Estávamos dirigindo em uma estrada aberta com poucos carros passando, então, o silêncio era ensurdecedor.
"Posso ligar o rádio?"
A primeira pergunta que eu fiz depois de um silêncio insuportável.
Ele olhou para mim com as sobrancelhas franzidas, mas não respondeu à pergunta. Ele somente virou seus olhos para a estrada de novo.
"Obrigada por sua excelente resposta! Eu realmente gostei!" Eu falei e sorri com total sarcasmo.
Peguei meu celular do bolso da minha calça e abri o YouTube para procurar algumas canções românticas. E então, de repente, me lembrei de que eu não estava com o fone de ouvido, estava na minha bolsa e ela estava no porta-malas. Assim, eu não tive outra escolha a não ser ligar o alto-falante.
Me encostei no assento, coloquei meu celular no meu colo e comecei zumbir a doce melodia da música 'On the wings of love'. Fechei meus olhos e não tentei olhar para ele, pensando que ele iria me deter.
Porém, depois de alguns minutos, eu nem percebi que já tinha caído no sono. E, quando abri os olhos, nós estávamos na frente de uma grande casa, mas não tão grande quanto a mansão dos pais dele.
"Pegue suas coisas no porta-malas do carro."
Eu me virei para ele. "Você não irá me ajudar?" Eu perguntei quando notei que ele tinha nenhuma intenção de descer do carro.
"Pode chamar alguém lá dentro, eu ainda tenho uma reunião para participar."
"Uau! Que cavalheiro é você! Obrigada, 'amado'." Fechei a porta atrás de mim com força quando finalmente saí do carro.
'Ham! Se um dia acontecer de você precisar de minha ajuda, eu juro que não vou te ajudar e só vou rir de você!', eu murmurei comigo mesma mentalmente, enquanto pegava minhas malas do porta-malas.
Quando eu acabei, contei até três antes de bater a porta com muita força para fazer barulho.
"Ok." Eu sorri, sentindo-me orgulhosa do que tinha feito.
Porém, antes que pudesse puxar minhas malas, ele veio até mim.
"O que você acabou de fazer?", ele perguntou, como se eu tivesse cometido um crime grave.
Eu mordi meu lábio inferior para segurar um sorriso.
"Nada." Eu encolhi os ombros.
"Você bateu a porta com muita força!"
"Oops! Eu fiz isso?" Eu fingi estar perplexa. "Ahh... Sinto muito, 'amado'."
Caminhei para a entrada, cantarolando a música que tinha colocado no carro. Porém, ao entrar, fui abordada imediatamente por uma mulher de cinquenta anos. O sorriso dela era tão caloroso e genuíno que você poderia se sentir instantaneamente em casa.
"Finalmente você chegou! Bom dia, 'Anak'." Ela falou, me abraçando com força. Abracei-a de volta, porém, estava confusa pelo nome que ela tinha me chamado.
"Me desculpa, mas posso saber qual foi o nome que você me chamou?"
"Anak. Ela te chamou de anak", fui surpreendida quando Daniel falou atrás de mim. "Isso significa 'filha' se você for uma garota e 'filho' se for um garoto."
"Hum." Eu assenti. "Por que você está aqui ainda, pensei que você tinha uma reunião de negócios?" Eu arqueei minhas sobrancelhas.
"Sim, eu só esqueci alguns documentos na minha sala de estudos", assim, ele nos deixou na entrada.
"Olá, eu sou Emily, a babá de Daniel!"
Minha cabeça automaticamente pairou no rosto dela.
"Babá? Porém, ele já não está velho demais para ter uma babá?"
Ela riu para mim. "Sim, ele está bem velho para isso, mas o que eu quero dizer é que eu sou a babá deles desde quando eles eram crianças", ela falou, acenando para que eu entrasse.
"Aahh. Eu assenti e dei um sorriso estranho.
"Você pode me chamar de Nanay Emily ou Nanay Ems para abreviar", e quando ela notou minha expressão de confusão, ela sorriu e me explicou. "Nanay significa mãe."
"Aahh. Eu disse acenando a cabeça. "Nanay Ems."
"Me desculpe se você ficar confusa."
"Não, estou bem. Gosto disso."
Ela sorriu e disse: "Eu sou filipina autêntica, e quanto a você, você é americana?"
"Não, Nanay Ems. Sou meia italiana e meia americana."
"Uau! Tenho certeza de que seus filhos vão ser lindos e bonitos por causa da mistura de seus genes", ela exclamou animada.
"Han?", minha boca de repente ficou suspensa no ar.
"Só estou brincando, Anak", ela deu um tapinha no meu braço. "Não se preocupe, seu sei que seu casamento é arranjado, mesmo assim, pode ficar livre para se mudar dentro da casa. Você pode compartilhar tudo comigo também."
"Obrigada, Nanay." Eu sorri quando um alívio brilhou dentro de mim. Ao menos eu não vou precisar ser uma atriz dentro de casa o ano todo.
"Vamos subir, vou mostrar o seu quarto." Eu assenti, porém, me lembrei das minhas malas. "Tudo bem, Anak, Berto vai colocá-las no seu quarto mais tarde."
"Berto? Quem ele é?"
O sorriso dela ficou largo quando pegou minha mão. "Ele é o meu marido."
"Uau, de verdade? Isso é tão fofo, vocês dois estão aqui, e trabalhando para Daniel."
"Sim, nós não temos crianças, então, tratamos Daniel e sua irmã como nossos próprios filhos."
"Eles tiveram muita sorte por terem você e seu marido."
"Sim, porém, nós temos sorte por tê-los também. Ao menos nós experimentamos como ser pais."
Nós compartilhamos um sorriso depois disso. Na verdade, os irmãos tiveram sorte por terem segundos pais como eles. Bem, ao contrário de mim. Eu tinha meus pais, porém, eles estavam separados e tínhamos nossa própria história, próprias vidas e próprio modo de viver.