Seu para sempre
Autor:Jaycelle Anne Rodriguez.
GêneroRomance
Seu para sempre
No dia seguinte do casamento.
Raios dourados de sol brilhando através da janela me acordaram do meu sono. Verifiquei a hora no meu despertador digital e já eram oito horas da manhã.
Ao me levantar da cama e caminhar em direção ao banheiro, lembrei-me do que aconteceu quando chegamos em nossa recepção de casamento.
Flashback.
"Muitas felicidades nesta jornada maravilhosa, enquanto vocês constroem novas vidas juntos", disse um amigo de negócios de Daniel que estava à nossa frente.
"Obrigado, senhor Montero", respondeu Daniel ao aceitar a mão que o outro lhe estendia.
"Obrigada", também sorri ao aceitar seu cumprimento de mão. Juro que podia sentir a dormência em meu rosto por estar sorrindo sem parar desde que saímos do carro.
"Senhoras e senhores, vamos todos levantar uma taça para os recém-casados. Para felicidade e saúde dos noivos! E que o bom Deus os ensine a permanecerem juntos em todas as situações que cruzarem o seu caminho. Saúde a todos!"
"Saúde!"
Também levantei minha taça e bebi o vinho branco que Daniel tinha me dado antes. E no momento em que engoli a última gota, nós dois ouvimos os sons das taças se encontrando e, em seguida, os gritos de todos os convidados, incluindo seus pais:
"Beijo! Beijo!"
Fiquei sem conseguir respirar ao ver meu marido sorrindo para mim.
"Acho que precisamos atender ao pedido deles, querida", disse ele antes de ocupar meus lábios não com um selinho, mas com um beijo apaixonado, de tirar o fôlego, e que durou uns bons segundos.
Fechei meus olhos com a intensidade de seu beijo, sentindo-me perdida no momento.
Eu ainda estava atordoada quando ele parou de me beijar. Ele encostou sua testa na minha enquanto limpava meus lábios com seu polegar.
"Hã, hã." Nós dois nos viramos em direção ao som e nos deparamos com os sorridentes Rian e Alex, a poucos passos de nós.
Daniel imediatamente se afastou de mim.
"Parabéns, mano." Alex deu um tapinha no ombro de Daniel enquanto Rian pegou minha mão e me puxou para o canto.
"Parabéns!" Rian sorria de orelha a orelha, parecia realmente feliz por mim. "Quer saber? Vocês realmente parecem bons um para o outro."
Eu me limitei a revirar os olhos. "Rian, não se esqueça de que isso tudo é apenas uma atuação."
"Eu sei, mas você pode me culpar de eu querer que 'esse negócio' um dia se torne realidade?"
"Isso não vai acontecer."
"Está bem", respondeu ela, dando de ombros. "Mas vou rezar do mesmo jeito para que isso aconteça. Serei a primeira a ficar feliz se isso acontecer", piscou ela para mim.
"Mulher boba!".
"Sophia!"
Eu estava prestes a abrir a porta do meu quarto quando ouvi Daniel chamar meu nome. Tínhamos acabado de voltar da recepção de nosso casamento e agora eu conseguia sentir o cansaço dominar todo o meu corpo.
"O quê?", perguntei enquanto meus olhos vagavam sem se fixar em nada por causa da sonolência.
"Espero que você entenda seu papel neste acordo."
Suspirei e olhei para ele diretamente nos olhos antes de responder.
"Não se preocupe, eu sei qual é o meu papel. Você não precisa me lembrar mais uma vez."
"Ótimo. Tem mais uma coisa. Eu sei que minha mãe já explicou isso para você, mas deixe-me acrescentar uma coisa."
Eu endireitei o corpo para me preparar para o que estava por vir. "O que é?"
"Somos casados apenas no papel e nada mais, nada menos. Não somos amigos ou qualquer outra coisa. A única coisa que nos mantém unidos é um pedaço de papel com nossas assinaturas. Você não tem permissão para perguntar ou interferir na minha vida pessoal e eu não vou perguntar nada sobre você. Você pode fazer o que quiser que eu não me importo." Ele deu um passo para frente, aproximando-se de mim. "Se você quiser namorar ou flertar com um cara, peço que não faça isso em público. Não quero ter meu nome envolvido em escândalos."
Esperei por suas próximas palavras, mas como permaneceu calado, achei que era a minha vez de perguntar.
"Você terminou?", perguntei a sério enquanto cruzava meus braços sobre o peito. Seus olhos seguiram meu gesto e eu não perdi a leve expressão de desejo que transparecia em seu olhar.
"Meu querido marido, como eu disse, conheço o meu lugar e sei o meu papel. Não vou perguntar nada sobre você ou pedir nada de você. Tenho minha própria vida e meus próprios problemas. E quanto à nossa situação, não se preocupe. Vou lembrar sempre o que você disse, não somos amigos nem nos conhecemos dentro desta casa. Agora, se me dá licença, vou descansar."
Saí de lá sem esperar por uma resposta. Abri a porta do meu quarto e o deixei sozinho no corredor. Assim que vi a cama queen size, nem me lembrei de tirar a roupa. Só tirei os sapatos e me joguei imediatamente sobre aquela cama convidativa.
Fim do flashback.
Estava secando meu cabelo com uma toalha quando ouvi o toque do meu telefone na mesa de cabeceira. Um sorriso surgiu em meus lábios quando vi o nome e a foto de Craig na tela.
"Craig!", cumprimentei-o com entusiasmo.
"Bom dia, senhora Sophia Ysabelle Kelley. Ahn, que nome lindo!"
Revirei os olhos com a gozação. "Craig, não me diga que você está me ligando pela manhã só para me provocar?!"
"Hmm... Só um pouquinho", riu ele. "Então, como foi sua 'primeira noite de núpcias'?", perguntou ele, dando ênfase nas quatro últimas palavras.
"Cansativa", respondi sem maiores explicações.
"Hã? Ai, meu Deus! Vocês foram até o fim?"
"O quê? Claro que não! Do que você está falando?", perguntei sem conseguir arregalar mais os olhos.
"Mas você disse que foi cansativo!"
"Ai, meu Deus, Craig! Que mente suja que você tem!"
Meu comentário apenas o fez rir mais ainda.
"Estava só brincando! Sei que isso nunca vai acontecer, mesmo que você sonhe e tenha fantasias sobre o corpo de seu marido."
"Pelo amor de Deus! Eu nunca faria isso!"
"Hahaha. Certo." Eu ainda podia ouvir sua risada do outro lado da linha. "De qualquer forma, liguei para te avisar que precisamos começar a praticar nossos passos de dança para a competição internacional no próximo mês. Temos apenas três semanas para finalizar todos os passos."
"Claro, não se preocupe! Vamos usar essas três semanas restantes para ensaiar bastante. E é tempo mais do que o suficiente para memorizar os passos."
"Perfeito! Então, quais são seus planos para hoje? Você vai ficar em casa ou vai conseguir ir para o estúdio?"
"Claro que vou para o estúdio! O que te fez pensar que ficaria aqui e não iria para o trabalho?"
"Porque você está em sua fase de lua de mel!"
Eu franzi a testa em desgosto quando ouvi a expressão 'lua de mel'.
"Ai, meu Deus, Craig! Você poderia parar de me provocar com essas coisas?"
"Vou tentar, prometo. A que horas você vai para o estúdio?"
"Vou apenas trocar de roupa e depois vou para lá."
"Ok. Até depois."
"Até mais. Tchau!"
Depois de desligar o telefone, coloquei minha calça de moletom preta, camiseta regata cinza e um tênis branco. Coloquei uma jaqueta de algodão com capuz por cima da camiseta e estava pronta para sair. Estava pronta para praticar para a competição. Se ganharmos, vamos doar metade do prêmio para as vítimas do tufão em Amador City, a menor cidade da Califórnia.
Encontrei Nanay Emily na sala de estar quando estava a caminho da porta. Ela me cumprimentou com um sorriso caloroso e maternal.
"Bom dia, Anak. Você dormiu bem?"
"Bom dia, Nanay. Dormi sim. Na verdade, até perdi a hora do trabalho hoje."
"Onde você trabalha?"
"Em um estúdio de dança. Na verdade, eu sou a dona e também sou uma instrutora de dança", respondi com um sorriso.
"Nossa! Que bom ouvir isso! Bom, preparei o café da manhã na cozinha, se você quiser."
"Hmm. Nanay, obrigada, mas eu tenho que ir."
"Se você esperar um minuto, arrumo para você levar. Então, quando você sentir fome, pode comer a qualquer hora."
Fiquei tocada com o que ela disse e não consegui me conter, tive que lhe dar um abraço!
"Obrigada, Nanay Emily!", e dei um sorriso ao me afastar. "Nunca tive alguém assim na minha vida! Nunca tive essa sensação de ter alguém cuidando de mim, arrumando minhas coisas, minha comida ou me mandando me cuidar antes de sair de casa, perguntando se dormi bem quando eu acordo." Quando terminei, dei um sorriso triste.
"Ahh! E a sua mãe?"
Neguei com a cabeça. "Ela me deixou quando eu tinha dez anos e nunca mais a vi."
Nanay pegou minhas mãos e as segurou carinhosamente entre as suas.
"De agora em diante, você tem mim, Anak. Pode me considerar como sua mãe, com ou sem contrato entre você e Daniel ou até mesmo se vocês se separarem. E não hesite em me pedir o que você precisa e compartilhar comigo o que você sente."
Ela enxugou as lágrimas que começaram a escorrer pelo meu rosto.
"Não sei qual é a história por trás dessas suas lágrimas, mas estou aqui e estou disposta a te ouvir sempre que quiser compartilhar alguma coisa comigo." Desta vez, foi ela quem me puxou para um abraço.
Eu realmente queria parar as lágrimas, mas era muito difícil de controlá-las estando em seus braços. Como eu gostaria que ela fosse minha mãe! Apesar de ter sido abandonada pela minha mãe quando ainda era criança, sentia muito a falta dela. Eu não tinha ideia de como ela estava agora, mas gostaria muito de vê-la. Será que ela ainda parecia jovem? Ainda se lembrava de mim ou me reconheceria como sua filha?
"Shhh." Ela esfregava minhas costas de um jeito reconfortante, tentando me acalmar.
Quando finalmente me afastei, dei a ela um sorriso agradecido.
"Sinto muito pelo drama, Nanay", disse enquanto enxugando as lágrimas.
"Está tudo bem, Anak. Espere aqui um pouco, vou preparar sua comida."
Sorri enquanto concordava com a cabeça.
Ela voltou depois de alguns minutos com duas lancheiras nas mãos.
"Nossa! É comida demais, Nanay", arregalei os olhos e levantei a sobrancelha quando ela me deu as duas lancheiras.
"Não tem problema. Divida com seus amigos ou com seus alunos."
"Muito obrigada, Nanay Emily." Dei um beijo em seu rosto, pronta para sair.
"De nada. Cuide-se, Anak."
"Vou sim, Nanay."
Estava a ponto de abrir a porta quando ela me chamou novamente.
"Ahh, eu esqueci uma coisa, Anak."
Quando me virei, ela pegou uma coisa de dentro do seu bolso.
"Seu marido quer dar isso a você." Ela pegou minha mão esquerda e colocou um cartão de crédito preto sobre minha palma.
"O-o que é isso?", perguntei gaguejando, franzindo a testa. "Quero dizer, para que devo usar isso?"
Ela deu de ombros. "Ele quer que você use esse cartão quando precisar comprar algo."
"Mas eu não preciso disso. Não sou tão rica quanto ele, mas tenho dinheiro para me sustentar, Nanay." Agora fui eu que segurei a mão dela e entreguei o cartão de volta. "Apenas devolva para ele, por favor. Se ele perguntar alguma coisa, diga que eu não preciso disso."
"Mas..."
"Obrigada, Nanay. Tenho que ir."
Eu imediatamente abri a porta e corri em direção à garagem. Engoli em seco quando vi novamente a coleção dele dos melhores e mais caros carros esportivos. Dei um olhar comparativo para o meu Mini Cooper, em um metálico fosco muito roxo.
Bem, com certeza não é tão caro quando os carros dele, mas eu simplesmente adorava meu carro. Foi o primeiro carro que comprei ao vencer minha primeira competição internacional de dança nos Estados Unidos.
Coloquei as lancheiras cuidadosamente sobre o capô enquanto pegava as chaves de dentro da minha bolsa. Quando estava pegando as lancheiras de volta, um homem de uniforme branco apareceu do nada na minha frente.
"Bom dia, senhora Sophia", cumprimentou em uma voz bastante alta, o que me assustou, fazendo com que minhas chaves caíssem no chão.
"Que susto! Quem é você?", perguntei, levando a mão ao peito.
Ele pegou minhas chaves do chão e sorriu enquanto as devolvia para mim.
"Olá, senhora Sophia, sou Ricky, seu motorista particular", respondeu em um tom alegre.
"O quê?" Meus olhos se arregalaram involuntariamente em choque. "Você está brincando comigo?" Eu comecei a rir quando finalmente compreendi o que ele disse.
"Não, senhora. De agora em diante, serei seu motorista particular."
Quando notei que ele estava realmente falando sério, minha expressão se transformou e tive que perguntar:
"Ricky, este é o meu carro. É apenas um Mini Cooper! Agora, por favor, como posso ter um motorista que é muito maior que o meu carro?"
Ele olhou para mim, depois para o carro, coçando a cabeça.
"Senhora, na verdade não usaremos o seu carro. Vamos usar o BMW preto."
"Espera! Espera! Do que você está falando?!"
"Foi ordem do seu marido, senhora. Estou apenas seguindo as instruções dele." Ele me deu um sorriso sem graça.
"Ahh! Entendi. É a instrução dele, hein?"
"Sim, senhora."
"Muito bem. Então, me escute com atenção." Eu disse palavra por palavra para que ele pudesse ouvir claramente: "Passe essa mensagem para o seu chefe: Não preciso de um motorista particular e, principalmente, não quero o maldito carro dele! Você entendeu?", levantei a sobrancelha quando fiz a última pergunta.
"Mas, senhora..."
"Obrigada, Ricky. Tenha um bom dia", interrompi decidida, sem deixar que ele terminasse a frase Dei um tapinha em seu ombro antes de me virar e abrir a porta do meu carro.
'O que foi isso?! O que aconteceu com o 'não somos amigos nem nada, você pode fazer o que quiser que eu não me importo' da noite passada? Hahaha. E agora, de manhã, ele quer que eu tenha seu cartão de crédito preto? E, meu Deus, um motorista particular em seu BMW?! De jeito nenhum! Jamais!'