dirigia pelas ruas de San Diego, Califórnia, rumo a um confronto. Sloane Michaels não era um assassino. Kat não deixaria que a mãe dele o culpasse ou o transformasse em bandido. Kat já havia cometido um erro ao pensar que Sloane viria falar com ela pessoalmente. Em vez disso, ele tinha enviado uma mensagem de texto. Você vai continuar com a equipe de segurança até tudo terminar. Isso não está aberto à discussão. Seu peito doía. Já era ruim o suficiente que a mãe dele tivesse entrado na Sugar Dancer e largado a bomba: Sloane nutria um desejo de vingança contra o assassino de sua irmã. Olivia Michaels era uma mulher terrível e uma mãe ainda pior. Sloane não havia mentido. A casa enorme apareceu assim que ela entrou com o carro na propriedade, e os portões de segurança se fecharam logo atrás. Kat respirou fundo, tentando controlar a ansiedade. Por que ele não tinha ido falar com ela? Achava que Kat o abandonaria quando as coisas ficassem difíceis? O silêncio doía. Ela se encheu de coragem, recusando-se a mergulhar em si mesma e se esconder. Depois de estacionar o carro, seguiu às pressas até a casa de Sloane, entrou sem bater e virou à esquerda para a sala íntima. Drake a viu da poltrona. O homem parecia mais velho e mais magro desde a noite anterior. Uma nova pancada de dor dilacerou Kat. Em poucas semanas, ela havia aprendido a amar Drake, no entanto, perdiam-no mais a cada dia. Essa situação e o desejo poderoso de vingança estavam destruindo Sloane. Mas, na tentativa de ajudá-lo, Kat estava certa de uma coisa: tinha um aliado em Drake, o que lhe dava uma dose renovada de força. - Onde ele está? Lentamente, Drake se colocou em pé. Kat se adiantou depressa para lhe pegar pelo braço. - Dia ruim? - O rosto dele tinha uma camada cinzenta. A dor devia ser medonha. - Eu vou encontrar Sloane, você continua aí descansando. - Preciso me mexer um pouco. O Sloane está no estúdio. Ela se pôs a acompanhar os passos arrastados de Drake, sustentando o máximo do peso dele possível, sem forçar demais a perna. Seguiram caminho pela cozinha e saíram para a garagem. Cada passo era uma luta para ele. - Você tomou sua medicação para dor? - perguntou Kat. - Mais tarde. - Ele a levou para a garagem. O esforço em sua voz a deixou preocupada. - Vamos voltar para a casa. Você precisa de morfina. - Mas isso às vezes lhe causava problemas estomacais. - Ou você está com náuseas? Drake fez uma pausa e olhou para ela. - Eu estou bem, mas o Sloane não está. Ele nunca fica bem depois de lidar com a mãe. - Ele disse que a Olivia foi à minha loja? E o que ela me falou? - Claro que ele tinha dito. Drake era a única pessoa em quem Sloane confiava. Se, por um lado, Kat desejava que ele confiasse nela, por outro, estava contente por existir Drake. - Você sabe o que ele está planejando? Drake assentiu. - Não consegui convencê-lo a não matar o Foster. - Suas palavras eram tão pesadas quanto seu olhar. - Tenho esperança de que ele te dê ouvidos. E que você o ame o suficiente para não desistir dele. Ela respirou fundo. Não era uma questão do seu amor, mas dos sentimentos que Sloane tinha por ela. Suas emoções se agitaram numa ansiedade que dava náusea. E se não conseguisse fazer Sloane lhe dar ouvidos? Antes que ela pudesse dizer qualquer outra coisa
pesadas quanto seu olhar. - Tenho esperança de que ele te dê ouvidos. E que você o ame o suficiente para não desistir dele. Ela respirou fundo. Não era uma questão do seu amor, mas dos sentimentos que Sloane tinha por ela. Suas emoções se agitaram numa ansiedade que dava náusea. E se não conseguisse fazer Sloane lhe dar ouvidos? Antes que ela pudesse dizer qualquer outra coisa, Drake começou a andar, passando pelos carros perfeitamente alinhados até chegar a uma outra porta. Ele a empurrou, abriu e revelou uma enorme sala com teto alto. Kat não tinha estado ali antes.
Espelhos revestiam duas paredes, e umaSloane controlava terceira exibia armas de artes marciais. O último lado tinha pesos e um saco pesado, e o centro do espaço estava coberto de colchonetes azuis. Mas nada disso importava quando seus olhos se fixaram em Sloane. Ele usava um calção e uma camada de suor. Perplexa, ela tentou acompanhar a velocidade dos seus movimentos. - Ele está fazendo as sequências do grau de mestre em Tae Kwon Do - disse Drake. A beleza e o poder deixaram Kat sem fôlego. Sloane controlava cada soco, cada rotação, cada pontapé e cada torção. Uma hora, fazia um movimento preciso e lento, semelhante à troca de posições na ioga, e, no instante seguinte, dava um chute giratório com salto, da altura do rosto dela. Kat nunca tinha visto esse lado dele. Sloane era tão extraordinário que ela corou com as memórias de quando ele lhe ensinou defesa pessoal. Droga, às vezes, apenas num simples passo, sua perna fraquejava e ela tropeçava, enquanto, por outro lado, Sloane parecia desafiar as leis da física e da gravidade. Por que ele havia concordado em perder tempo para ensiná-la? Kat precisava ir embora. O que tinha ido fazer lá? Gritar com ele porque Sloane não se importava o suficiente para falar com ela? Mas, olhando-o agora, tornava-se clara como o dia a distância enorme que a separava de Sloane. A humilhação por sua própria tolice varreu-lhe o rosto e o peito. Como Kat poderia ter pensado que ele queria ter um relacionamento real com ela? Do tipo em que podiam recorrer um ao outro? Em vez disso, ele a evitava e a ignorava quando ela se tornava inconveniente. Ir embora. Dada a extrema concentração que ardia no rosto de Sloane, Kat duvidava que ele notasse que ela e Drake estavam na sala. Mesmo assim, não conseguia se obrigar a dar meia-volta. Observando-o executar movimentos tão complexos e poderosos dos quais ela nem sabia os nomes, seu último fio de esperança de que ele pudesse realmente amá-la acabou de morrer. Mas não ia confrontá-lo sobre seu suposto relacionamento. Kat tinha mais orgulho do que isso, não importava o quanto doesse. Não, ela estava ali para tentar impedir Sloane de cometer um erro que poderia arruiná-lo emocionalmente. De alguma forma, precisava fazê-lo enxergar que ele não era um assassino. Kat se virou com a intenção de olhar para Drake, mas ele já não estava mais ali. Estava tão absorta em Sloane que não ouviu Drake sair. - Ele foi embora faz um minuto. Virando bruscamente, Kat se segurou na parede para se equilibrar. - Você sabia que a gente estava aqui? O peito de Sloane ofegava. Ele passou a mão pelos cabelos molhados de suor. Com quase dois metros de altura, era formado por mais de noventa quilos de músculos. Kat sentiu as mãos coçarem de vontade de tocá-lo, de traçar as linhas que refletiam anos e anos de dedicação severa. Ela sempre quis saber o que o levava a treinar tão duro. Desviando o olhar para a tatuagem que reluzia sob a nova camada de suor, ela soube a resposta: o desejo de vingar Sara. Outra torrente de dor a atingiu. Quando Sloane amava alguém, amava profundamente e para sempre, como amava a irmã que tinha perdido pelas mãos de um assassino. - Sempre sei quando você está perto de mim. Ah, não. - Você não pode ficar falando esse tipo de coisa. - Uma mistura tóxica de fúria e dor se inflamou. - Você não apareceu. - Ai, merda, não queria ter dito isso, mas tinha ficado sentada na confeitaria por horas, pensando que ele iria aparecer. Pensando que ele se preocupava com ela a ponto de fazer alguma coisa, qualquer coisa, menos enviar uma mensagem de duas linhas. Sloane deixou cair a mão, mostrando que sua força bruta arrefecia. - Kat... - Não! - Deus, como doía. - Por que, Sloane? Por que mentir pra mim? Por que me fazer pensar que tínhamos algo real e duradouro quando a intenção sempre foi destruir tudo? - Lágrimas de humilhação escorrerem por seu rosto. Kat sentia repulsa de si mesma, mas sua boca dava ouvidos ao coração, não ao cérebro. Aquele não era o momento para falar com ele; não enquanto ela era um barril de pólvora emocional. Kat se virou, estendeu a mão para a porta, e seus pés saíram do chão. As mãos enormes de Sloane lhe rodearam a cintura e a puxaram para trás, junto ao peito. - Não chora, linda. Por favor. A voz áspera em seu ouvido disparou tremores até o centro de sua alma, e um soluço irrompeu de seu peito. Sloane levantou as pernas de Kat, afundou-se no tatame e a abraçou junto a si. - Eu nunca quis magoar você. Não consegui me afastar. - Inspirou o ar com dificuldade. - Eu sei que tenho que fazer isso agora. Estou treinando há horas para tentar ficar longe de você. Ele não queria se afastar. As palavras a rodearam tão forte quanto os braços dele. Kat virou o rosto e deu de cara com o peito de Sloane, sentindo a pele quente e úmida: uma droga viciante para seus sentidos devastados. - Você não pode fazer isso. - Ela não podia deixá-lo. O horror das palavras de Olivia ao entrar na confeitaria estava gravado permanentemente em seu cérebro: Sloane colocou um alvo nas minhas costas quando testemunhou contra esse animal que matou meu bebê. Eu disse a ele para não fazer isso. Ele já tinha feito o suficiente. A polícia olhou para mim como se eu estivesse negligenciando meus filhos, quando eu estava tentando dar a eles uma vida melhor. Olivia ficava dizendo que Sloane tinha de corrigir aquilo. Kat havia lhe perguntado o que Sloane deveria fazer para corrigir, mas estava completamente despreparada para a resposta. Matar Lee Foster. Então eu vou estar segura e o mundo vai saber a verdade. Sloane puxou suavemente o cabelo de Kat, trazendo-a de volta ao presente. Seus olhos estavam tristes e perturbados. - Eu tenho que fazer isso. Ele acreditava no que estava dizendo. Kat conseguia enxergar em seu olhar torturado. - Foi por isso que você treinou. Todos esses anos. - Foi. Havia treinado para matar, e ainda assim embalava Kat com ternura no colo. - Quando você está planejando matá-lo? E como? - Ela achou que sabia, depois de ter imaginado a partir de algumas das coisas que a mãe dele havia dito, mas queria ouvir de sua boca. Sloane encostou a testa na dela. - Vou te dizer o que você quer saber depois que eu tomar banho. Estou suando em cima de você. - Não me importo. - Kat se agarrou mais apertado a ele, sentindo um terrível pressentimento lhe roubar a respiração. Se o soltasse, ela o perderia. - Tocar você só está tornando isso mais difícil. - Ele ergueu a cabeça. No espaço de um segundo, seus olhos se esvaziaram e assumiram um tom marrom sem brilho. Sloane se levantou e a apoiou no chão sobre os próprios pés. - Vamos conversar, você precisa entender o motivo para manter sua equipe de segurança até que Foster esteja morto. Calafrios lhe percorreram a pele. Ela estendeu a mão para tocá-lo e recuperar a ligação que tinham apenas alguns segundos antes. - Você não pode matá-lo. Isso é assassinato. - Será que ele não entendia? Sloane de
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