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Meu marido, Arthur, o homem que o mundo via como meu devoto admirador, era o artista da minha dor. Ele já havia me punido noventa e cinco vezes, e esta era a nonagésima sexta.
Então, uma mensagem da minha meia-irmã, Joyce, vibrou no meu celular: uma foto de sua mão com unhas perfeitas segurando uma taça de champanhe, com a legenda: "Comemorando mais uma vitória. Ele realmente me ama mais."
Uma segunda mensagem, de Arthur, veio em seguida: "Meu amor, está descansando? Pedi para o médico ir aí. Sinto muito que tenha sido assim, mas você precisa aprender. Chego em casa logo para cuidar de você."
Eu sempre soube que Joyce era o gatilho, mas nunca entendi o mecanismo. Pensei que fosse apenas a crueldade particular de Arthur, inflamada pelas mentiras de Joyce.
Mas então, encontrei uma gravação de voz de Arthur. Sua voz calma preencheu o quarto silencioso: "...número noventa e seis. Uma mão quebrada. Deve ser o suficiente para apaziguar Joyce desta vez. Mas minha dívida precisa ser paga. Quinze anos atrás, Joyce salvou minha vida. Ela me tirou daquele carro em chamas depois do sequestro. Jurei naquele dia que a protegeria de tudo e de todos. Até da minha própria esposa."
Minha mente ficou em branco. Sequestro. Carro em chamas. Quinze anos atrás. Era eu quem estava lá. Fui eu a garota que tirou um menino apavorado e chorando do banco de trás, pouco antes de o carro explodir. O nome dele era Arthur. Ele me chamou de sua "estrelinha". Mas quando voltei com a polícia, outra garota estava lá, chorando e segurando a mão de Arthur. Era Joyce.
Ele não sabia. Ele havia construído todo o seu sistema distorcido de justiça sobre uma mentira. Joyce havia roubado meu ato heroico, e eu estava pagando o preço. Cada célula do meu corpo gritava uma única palavra: Fugir.
Capítulo 1
Alana Menezes havia suportado noventa e cinco punições.
Esta era a nonagésima sexta.
A dor era um veneno familiar, infiltrando-se em seus ossos. Ela jazia no chão de mármore gelado do banheiro principal, seu corpo uma tela de hematomas novos e antigos.
Seu marido, Arthur Bernardes, o homem que o mundo via como seu admirador devoto, era o artista dessa dor.
Ele fazia tudo por sua meia-irmã, Joyce.
Uma semana atrás, Joyce "acidentalmente" tropeçou em um tapete em um jantar de família, derramando vinho tinto na esposa de um político.
Joyce chorou, apontando um dedo trêmulo para Alana.
"Ela deve ter colocado o tapete ali de propósito. Ela sempre teve inveja de mim."
Naquela noite, Arthur chegou em casa, seu rosto uma máscara de fria decepção.
Ele a arrastou para a cozinha e a forçou a se ajoelhar sobre cacos de vidro.
"Joyce é frágil, Alana. Você sabe disso. Você precisa aprender a ser mais cuidadosa perto dela."
Duas semanas antes disso, foi a nonagésima quarta punição.
Arthur a trancou na adega por dois dias, sem comida e com apenas uma garrafa de água.
O gatilho? Joyce reclamou que Alana havia recebido mais elogios por seu vestido em um baile de caridade.
"Você a envergonhou", Arthur disse através da grossa porta de madeira. "Você precisa entender o seu lugar."
A nonagésima terceira punição foi ainda mais absurda.
Ele segurou a cabeça dela debaixo d'água na banheira até ela quase desmaiar.
Seu crime foi esquecer de regar um vaso de orquídeas que Joyce lhes dera, uma planta à qual Alana era alérgica.
"Foi um presente, Alana. Um símbolo da bondade dela. Seu descuido é um insulto a ela."
Agora, a nonagésima sexta.
Sua mão esquerda estava estilhaçada.
Ele a golpeou repetidamente com um livro pesado de seu escritório.
Ela estava trabalhando em um novo projeto de arquitetura, um esboço do qual se orgulhava, e esqueceu de atender a uma ligação de Joyce.
Joyce então ligou para Arthur, soluçando, dizendo que Alana a estava ignorando, que devia odiá-la.
A respiração de Alana falhou. A agonia em sua mão era um grito branco e quente. Ela tentou se mover, rastejar para longe do centro da sala vasta e fria, mas todos os músculos protestaram.
Seu celular, que havia deslizado para debaixo de uma penteadeira durante a luta, de repente acendeu.
Uma mensagem. De Joyce.
Uma foto de sua própria mão, com unhas perfeitas, segurando uma taça de champanhe. A legenda dizia: "Comemorando mais uma vitória. Ele realmente me ama mais."
O coração de Alana parou. Ela sempre soube que Joyce era o gatilho, mas nunca entendeu o mecanismo. Pensou que fosse apenas a crueldade particular de Arthur, inflamada pelas mentiras de Joyce.
Então, uma segunda mensagem vibrou. Esta era de Arthur.
"Meu amor, está descansando? Pedi para o médico ir aí. Sinto muito que tenha sido assim, mas você precisa aprender. Chego em casa logo para cuidar de você."
O mundo conhecia Arthur Bernardes como um marido dedicado. Um magnata da tecnologia que só tinha olhos para sua brilhante esposa arquiteta, Alana Menezes. Ele comprava ilhas para ela, nomeava empresas em sua homenagem e falava dela em entrevistas com uma reverência geralmente reservada aos deuses.
Ninguém jamais acreditaria na verdade.
Às vezes, nem mesmo Alana conseguia. Como o homem que beijava suas cicatrizes com tanta ternura podia ser o mesmo que as colocava ali?
Ela se lembrava de sua conquista. Tinha sido implacável, uma tempestade de adoração e grandes gestos. Ele invadiu sua vida quando ela estava no fundo do poço.
Ela sempre fora cautelosa com o amor. Seu passado a ensinara a ser.
Sua mãe morreu quando ela tinha dez anos. Seu pai, um homem obcecado em subir na vida, casou-se novamente em menos de um ano.
Sua nova esposa e a filha dela, Joyce, transformaram a vida de Alana em um inferno silencioso. Ela se tornou a empregada não remunerada, a sombra em sua própria casa, culpada por todo infortúnio.
Seu pai, precisando das conexões de sua nova esposa, permitiu. Ele via Alana não como uma filha, mas como um inconveniente.
Então Arthur Bernardes apareceu. Ele a viu. Ele era um convidado em uma festa que seu pai deu e viu Joyce "acidentalmente" tropeçar em Alana, fazendo-a rolar por um pequeno lance de escadas.
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