/0/17486/coverorgin.jpg?v=278f5a8ae257de80c23a2878cbe53e3f&imageMogr2/format/webp)
Dizem que os romances clichês, são aquelas velhas histórias batidas que na maioria das vezes ocorrem mais na ficção do que na realidade, a verdade é que eu não acho que a minha seja um clichê, mas eu quis chamar sua atenção com esse título, muitos falam mal do clichê mas os adoram lá no fundo, então eu quis ser irônica, e porque também divulgação é o meu ponto forte e eu trabalho com isso.
Meu nome é Rachel Fernandes e eu nasci no Brasil, minha mãe sempre gostou de nomes estrangeiros e registrou meu "Raquel" de uma forma nova que eu até gostei, um belo dia uma funcionária de uma agência de intercâmbio apareceu em uma empresa onde eu fazia curso, mostrando as várias vantagens de um intercâmbio e em especial, um lugar que se tornou a meta da minha vida, o Canadá.
Desde estão sempre tive vontade de sair do lugar onde morava e visitar o lado Norte do continente americano. Eu sou uma Designer Gráfica com boas habilidades no que faço, comecei essa área bem jovem pois apreciava mexer em computação, tomei um curso bastante demorado e com vários programas que hoje em dia nem lembro mais, mas o que importa é que retornei a estudar alguns e acabei me saindo bem.
Com o passar do tempo, achei a oportunidade que eu precisava, meu pai em específico não gostava da ideia de que eu fosse viajar para outro país, mas era um sonho pelo o qual eu queria arriscar, investi em um curso de francês por seis meses na cidade de Vancouver, pois queria aumentar minhas chances de arrumar emprego, e durante esse curso encontrei um belo amigo chamado Noah, ele tinha tudo para ser o "Cara Perfeito" ele tinha cabelos loiros e olhos azuis, seus traços eram perfeitamente delicados e esculpidos como o anjo, ele também era rico e nunca levava nada a sério, era engraçado a forma como sempre fazia piada de tudo, mas como eu disse, ele "Era para ser o cara" porque o Noah era gay. Não que isso me incomodasse, eu morria de vontade de ter um amigo gay e também sou bissexual, mas isso acabava com o coração de muitas garotas que chegavam perto de mim apenas para ganhar uma vaga em seu coração purpurinado. Noah era bem de vida e bem jovem também, nós tínhamos quase a mesma idade, eu vinte e quatro e ele vinte e cinco, mas Noah era tão criança que nem parecia ser o mais velho, além de não possuir um corpo sarado também, os pais do Noah eram judeus ricos que viviam na cidade de Toronto e conservadores, não apoiavam o seu homossexualismo e por isso ele vivia longe. Nosso encontro foi até cômico, eu raramente conversava com alguém ou tinha muitas amizades, eu sou uma pessoa cativante se quiserem me conhecer bem, mas sou muito tímidas para abordagens, então muitas vezes saio como grosseira ou fechada, Noah sentou-se perto de mim sem me dizer nada, apenas: "Você sabe as horas?" Olhei para ele e ele me deu um sorriso, já iria pegar o telefone para conferir o horário mas quando olhei para a bolsa no meu colo, percebi que ele já estava de relógio.
- O que houve com o seu relógio?
Ele fez um dar de ombros para mim e respondeu.
- Nada, só queria conversar mesmo.
- E porque simplesmente não disse "Oi"?
- Aquele grupinho ali disse que se você saísse comigo me dariam cem dólares.
- Tenho cara de troféu?
Eu também podia ter uma ironia ácida quando eu queria.
- Não, mas eles acham que você é um bicho que vai morder e não sabem que sou gay, então resolvi te conhecer.
Olhei para o grupinho que ele havia apontado e vi alguns olhares curiosos sobre nós.
- Vamos fazer um acordo?
- O quê?
- Vou te dar um abraço e um beijo na bochecha, você vai fingir que eu estou pegando o seu telefone e então ganhará o dinheiro dos seus amigos. Cinquenta é Meu!
- Fechado! - Vi ele com um sorriso
Eu me levantei, lhe dei um abraço e um beijo na bochecha, peguei o meu telefone e ele pegou o dele.
- Vamos, diga seu número. - Disse ele
- Era só para fingir...
- Noah! E se vamos fingir, façamos direito!
- Tudo bem. - Revirei os olhos com aquilo, era desnecessário mas ele era gay, então não me importei e trocamos os números.
- Vou ficar ali atrás te esperando.
Eu esperei ele atrás de uma árvore escondida com as costas contra ela, não podia arriscar que ninguém me visse e aguardei uns cinco minutos até ele voltar.
Enquanto eu estava esperando percebi uma coisa, Noah era um rapaz muito bonito, como aqueles jovens não saberiam que ele iria conseguir um possível encontro comigo?
- Trouxas! - Ele estirou a nota de cem.
- Espera! Como conseguiu fazer seus próprios amigos apostarem um encontro, se você faz o tipo de todo mundo?
- Eu menti! Eu sou de Toronto, não tenho amigos aqui, só queria me aproximar de você. - Ele estirou a nota
- Por que simplesmente não disse "Oi"? - Repeti de modo óbvio.
- Não sou normal. - Ele deu de ombros enquanto falava
- Vai querer ou não? - Ele ofereceu o dinheiro
- Poderia ter destrocado não é?
- Pode ficar com o dinheiro todo, eu não preciso.
Estranhei sua generosidade ou até mesmo o quão inteligente ele era de ter armado um tamanho plano como aquele.
- Você é gay, não é?
- Por que? Está interessada? Posso abrir uma exceção para você. - Ele me olhou com olhos brincalhões e percebi o seu tom de sinismo
- Passo!
- Ah Qual é? Você mesma disse que eu faço o tipo de todo mundo!
- Mas isso não signifique que quero um encontro com você.
- Mas poderia...
- Se veio me cantar, sai fora!
- Você é lésbica?
- Não é da sua conta! - E virei as costas
- Eu só estava brincando, eu sou gay.
Virei e olhei de soslaio para ele.
- Háhá Quero só vê!
- Eu não vou achar ninguém para me beijar aqui, então acredite em mim.
- Foi bom te conhecer Noah! - Continuei andando e ele me seguiu.
- Meus pais são judeus e por isso vim pra cá.
- Ah olha só, não estou vendo você utilizar kipáh. - Disse irônica
- Parei de usar quando meus pais não me quiseram mais em casa.
- Sinto muito. Detesto religião, pra mim elas acabam com o mundo.
- Concordo. Já teve alguma?
- Não, pela a graça de Jesus minha mãe nunca me forçou a nada, apesar da família do meu pai ser puramente católica, exceto ele mesmo.
- Legal, ele é rebelde?
- Não, é protestante.
- Oh que merda.
- Não mais que a sua!
Olhei para ele com um rosto neutro enquanto ele começou a rir como se fosse a melhor piada do mundo.
- Você é demais! Qual é o seu nome?
- Fica com o nome que você salvou no contato.
- Mas eu tive que salvar "Garota do curso", porque você não me falou o seu nome.
- Ótimo pra você então. - Dei um sorriso de lado e voltei a andar
- Por favor!
Revirei os olhos
- Se me encher a paciência vou bloquear! Anota aí. Ráchél com ch.
- Quê? Você é estrangeira?
- Rachel para vocês. Sou brasileira.
- Uau! Nunca tive um amigo gringo, uma vez me disseram que as brasileiras tinham bundas grandes.
- É, porque toda mulher aos dezoito anos põem silicone na bunda e os homens são negros e bem sarados com pênis grande. - Disse irônica
- Mas você não tem a bunda grande! - Ele olhou rapidamente para meus quadris
- Sou uma exceção! - Disse debochada
Ele começou a rir de mim
- Você é hilária! Mas é verdade?
- O quê?
- Sobre os homens...
Eu e o Noah éramos loucos e de início não pensei que fosse dar certo, mas vi que duas pessoas loucas se encaixam mais que duas pessoas normais, Noah começou a falar de si e de sua vida, eu era muito curiosa com a religião judaica, pois um dia já tive vontade ser uma, mesmo que não fosse possível, ele também pediu para eu descrever como funcionava o Brasil, eu cozinhei pra ele uma especialidade minha, Estrogonofe de frango e ele gostou, fiz brigadeiro de colher e também mostrei com o comemos cachorro quente.
- Não acredito, o nosso cachorro quente é uma porcaria. Vocês também fazem o molho?
- Não comemos salsicha grelhada no Brasil. E isso é porque você não provou a Coxinha.
Eu apresentei a ele os gêneros musicais que eu gostava: Sertanejo,
- "Agora eu fiquei doce doce doce doce doce, agora eu fiquei do do do doce doce, agora eu fiquei doce igual a caramelo, tô tirando onda de camaro amarelo.."
Rock Nacional,
- "Sentes não saber o que houve de errado, e o meu erro foi crer que estar do seu lado, bastaria, ai meu Deus era tudo o que eu queria, eu dizia seu nome, não não me abandone jamais, mesmo querendo eu não vou me enganar, eu conheço os seus passos eu vejo os seus erros..."
até mesmo Funk neutro e nós dançamos juntos.
- Selinho na boca lá lá lá lá...intimidade doida lá lá lá.. não posso ficar sem..
Funk com palavras de baixo calão mas que eu sabia que ele não entenderia.
- Essa é em sua homenagem!
- "Caralho de Porra que não desce, fica mó estresse e não quer descer...Botei tudo na boca, chupei que nem uma louca, achei que não vinha e quando veio me afoguei, tomei minha proteína nesse drink eu me acabei...Catarro de Porra que não desce e nao quer descer!"
- Essa musica é legal! Do que fala? - Perguntou ele confuso
- De Pênis!
Ele olhou para mim e a forma como eu dançava
- Você é demais!
Quando meu visto estava próximo de ter um fim, incluindo o meu curso, eu sabia que seria a hora de voltar, nessa época eu e Noah ficamos quase inseparáveis, eu até havia lhe ensinado algumas coisas de Português enquanto estudavamos francês, havia descoberto que Noah vivia como programador e sua família tinha um grande mercado de produtos orgânicos e naturais em Toronto, mas meus documentos tinham prazo de validade, e eu já estava tentando preparar um discurso que não me fizesse chorar, fui até o apartamento dele como sempre pois eu morava em um alojamento do curso, já que saía mais barato no pacote do intercâmbio.
- O quê? Isso é uma brincadeira não É?
- Não Noah, eu tenho que ir embora, meu visto é estudantil.
- E quando você volta?
- Eu não sei, uma viagem dessa não é barata.
- Então isso é um não?
- Isso é: Você pode me visitar. - Tentei ser otimista.
- Não vai ser a mesma coisa.
- E o que quer que eu faça? Sou uma turista.
- E se você fosse uma imigrante?
- Quê?
- Você poderia ganhar um um visto permanente para ficar aqui.
- Isso não é possível a não ser que eu fique aqui por tempo com um visto de trabalho, ou me case com você.
Ele olhou para mim e sorriu e aí então notei o que ele havia acabado de pensar, ele se ajoelhou perto de mim e pegou em minha mão.
- Rachel Fernan, você aceita se casar comigo?
- É Fernandes! E não! Que ideia maluca é essa?
- Eu sou um nativo Canadense, você casando comigo ganha residência permanente, eu corro atrás dos formulários de licença do casamento, pago as taxas, nós podemos viajar até Toronto e nos casar na presença dos meus pais. Você fala o inglês bem e o francês já está quase perfeito, suas chances serão ótimas.
- Seus pais são judeus! Se eu me casar com você, nunca mais vou poder pedir o divórcio.
- Não é assim. O marido pode dar o "Get" a sua esposa se assim ela consentir, mas você não é judia, não precisamos nos casar sob as leis judaicas, ou com um Ketubá.
- Ah e você acha que isso vai dar mesmo certo?
- Casar com uma mulher, mesmo que não judia é melhor do que eu ser gay pra minha família.
- Isso deveria ser reconfortante?
- Eu já me acostumei, só estou fazendo isso porque meu pai é um empresário, ele tem contatos e pode nos ajudar.
De início pensei várias vezes em recusar aquela ideia absurda, principalmente depois de pesquisar a respeito, e saber que tinha que ficar com o Noah por dois anos ou meus documentos poderiam ser cancelados, mas vi que durante todos esses meses Noah não era uma má pessoa e eu esperava que não fosse, mais uma decisão que eu arrisquei, e então fomos para Toronto. Conheci os pais deles e eles ficaram surpresos ao saber que Noah havia me pedido em casamento, fiquei impressionada ao ver que Noah era igualzinho a sua mãe, Esther, por isso tinha traços tão delicados e perfeitos, ambos loiros e de olhos azuis, Samuel Levinson, seu pai, nos olhava com um rosto sério desde que havíamos chegado, mas saber que o filho dele estava querendo se casar também o surpreendeu, ele tinha cabelos negros e olhos escuros, uma barba espessa preta, e um kipáh na cabeça, ficava me perguntando, qual era a das trancinhas que eles usavam, uma perto de cada orelha. Noah usou o dia que nos conhecemos como base e incrementando uma história de amor que não existia entre nós, mas era divertida de se ouvir, os dois conversavam entre si enquanto eu e Noah nos olhávamos.
- Sabia que é pecado mentir assim?
- Estou fazendo isso para ajudar ao próximo, Hashém irá me perdoar.
- Aonde fica o banheiro?
- Próximo ao escritório tem um.
Enquanto isso no escritório da casa dele, ao caminho do banheiro ouvi Samuel e Esther conversarem entre si, sobre o nosso futuro.
- Precisamos ajudá-lo querido. - Diz Esther
- Ela é uma estrangeira não judia. De que adianta um casamento sem as leis de Hashém?
- Não podemos cobrar de nosso filho, mais do que ele pode nos dar. Ele já está fazendo as pazes com Elohim, cabe a ele abençoar para que ambos voltem para as leis sagradas. E se isso significa que podemos ajudar, por que não ajudar?
- O que irei dizer aos outros rabinos? Que estou ajudando meu filho a fugir das leis de Deus?
- Não, que está o ajudando a se reconciliar com Deus. Já não basta todo o tempo que estivemos longe dele querido, por favor dê essa chance a ele.
Alguns dias depois com a ajuda de seu pai, Noah conseguiu a licença para o casamento mais rápido do que deveria, e nós viajamos para Toronto outra vez para a realização da cerimônia, Samuel conseguiu um juíz de paz, e Esther me encheu de perguntas sobre minha família e meu modo de vida No Brasil. Noah exigiu que eu usasse um vestido cheio de pompas mesmo em um casamento de mentira, e também comprou um smoking sob medida branco para combinar comigo.
- Seremos os noivos mais lindos de Hashém, morena.
- Acho que vou prender os cabelos.
- Seus cabelos são lindos soltos, eles combinam com o castanho de seus olhos, use uma tiara.
Depois da prova de roupas, Samuel nos levou a sua loja de produtos orgânicos, a loja era enorme e o mais impressionante era que o senhor Levinson estava já fazendo uma rede com elas, olhei para umas ervas que tinha por ali, eram produtos naturais e imaginei se não haveria aquelas ervas recreativas como maconha.
- Ei moça!
/0/1943/coverorgin.jpg?v=f7d20476adc4102e87c41b5c5fc997b3&imageMogr2/format/webp)
/0/4028/coverorgin.jpg?v=fab4dec276720f4be1aecede03766bde&imageMogr2/format/webp)
/0/1513/coverorgin.jpg?v=69eaab2c493a8d611b415047cc4c8b36&imageMogr2/format/webp)
/0/17432/coverorgin.jpg?v=8d448f95b2b07c7aebdfdcc693a9abb8&imageMogr2/format/webp)
/0/15984/coverorgin.jpg?v=c9ad632aba4af1fba434bf8532d19012&imageMogr2/format/webp)
/0/16737/coverorgin.jpg?v=686b35859641f8d03936877f8d2eba7b&imageMogr2/format/webp)
/0/13844/coverorgin.jpg?v=4f6070ad98e01fd00c09d47918f9d51e&imageMogr2/format/webp)
/0/11180/coverorgin.jpg?v=915f0d46ac2f461c38af316fdd3b911d&imageMogr2/format/webp)
/0/15160/coverorgin.jpg?v=5aed9d5b96f4f71b4e8322c4de67f756&imageMogr2/format/webp)
/0/14895/coverorgin.jpg?v=d239ef4f76af8a39a6e9c3b785f1ad06&imageMogr2/format/webp)
/0/2279/coverorgin.jpg?v=f675fb792cfb95f1e14b25ae720e070c&imageMogr2/format/webp)
/0/8463/coverorgin.jpg?v=869d116779eadc7ef7b1c8ab21b61983&imageMogr2/format/webp)
/0/4575/coverorgin.jpg?v=0feb51a994e1c5a7e24461df3805864d&imageMogr2/format/webp)
/0/15043/coverorgin.jpg?v=09a715b265dc49c7456f732ed4ce5cbf&imageMogr2/format/webp)
/0/15461/coverorgin.jpg?v=d0287bc327fff477ee8655c85aa1bda5&imageMogr2/format/webp)
/0/15474/coverorgin.jpg?v=cba617c1aff8c1e8b18ae0ffa2364817&imageMogr2/format/webp)
/0/2375/coverorgin.jpg?v=10ef66eedec129f83421e18edd44047c&imageMogr2/format/webp)
/0/1494/coverorgin.jpg?v=b9583667f30ecb8558105c19be09ce56&imageMogr2/format/webp)
/0/16165/coverorgin.jpg?v=0c63360aaa318b41e09990cf6bac6834&imageMogr2/format/webp)