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Para Sempre Juntos

Para Sempre Juntos

annamar13

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Capítulo

Quando uma notícia avassaladora faz com que tudo aquilo que tu imaginaste para o teu futuro não se vá concretizar. Quando é preciso lutar, e muito, para continuar a viver. A lutar para ficar ao pé das pessoas que ama e que a amam também.

Capítulo 1 Para Sempre Juntos

Quando a tua força de vontade não é o suficiente para conseguires vencer, tens vontade de desistir de tudo. E neste momento é o que sinto, sinto vontade de desistir. Eu tenho lutado. Lutado com todas as minhas forças, mas eu sei que não vou conseguir vencer. Todos sabem. Eles já o disseram. Probabilidades é tudo que me dão. Probabilidades de encontrarem um dador compatível comigo. Míseros números. Números que fazem com que a minha esperança diminua a cada dia que passa. Sou a Lola Russel, tenho 29 anos, e sou doente terminal. Vivo em Los Angeles, com os meus pais.

A doença que lentamente me mata é a leucemia. Leucemia Mieloblástica Aguda, para ser mais precisa. A leucemia é uma doença maligna com origem nas células imaturas da medula óssea, ou seja, a produção de glóbulos brancos fica descontrolada e o funcionamento da medula óssea saudável torna-se cada vez mais difícil, diminuindo progressivamente a produção de células normais, dando lugar ao aparecimento de anemia, infecções e hemorragias que são os primeiros sintomas da doença.

Olho ao redor vendo a paisagem que olho vezes e vezes sem conta nestes últimos meses. Só sai-o deste quarto quando preciso de ir ao hospital. Estou presa a esta cama. Estou presa a um corpo que praticamente já não tem vida. Um corpo sem vontade de viver, sem vontade de continuar a sofrer e de fazer os outros sofrer. Eu tinha a vida perfeita. Tinha tudo aquilo com que sempre sonhei. Tinha uma vida organizada e estável. Eu era professora primária, adorava os meus alunos, tinha um namorado maravilhoso. Ryan Howard. O Ryan com certeza que juntamente com os meus pais são os meus grandes apoios para eu ainda não ter desistido, de ainda continuar com a medicação, de fazer os tratamentos mesmo que estes já não reproduzem os resultados esperados. Ele continua comigo quando podia virar-me as costas e viver a vida dele sem este peso, passa horas deitado comigo, apenas a fazer-me companhia, sem falar, só está ao meu lado. Ele sabe que estes podem ser os meu últimos dias, cá em casa. Cada dia me sinto mais fraca, cada dia penso que é o último dia em que acordo, que o vejo. Ele é tão lindo, e ele irá encontrar alguém com quem partilhar a sua vida depois de eu morrer. Porque é apenas uma questão de horas, dias, semanas, quem sabe meses.... Eu fiz com que ele me prometesse isso. Eu não quero que ele passe o resto da vida dele sozinho. Ele é tão persistente, lutador, confiante. Ele lutou contra todos os que não nos queriam juntos, ele foi tão persistente em convencer-me a ser sua, e como ele é confiante. Eu amo-o. Amo os seus olhos, os seus lábios e beijo fogo que eles me proporcionam, amo toda a sua personalidade, amo a sua vontade de conquistar tudo e todos, amo a maneira como fala, como anda. Amo-o por completo. A minha mãe é a melhor mãe do mundo, eu acho que toda a gente diz isso acerca da sua própria mãe, mas a minha é mesmo a melhor. O nome dela é Claire e ela é escritora, por isso, nós sempre passamos muito tempo juntas. Ela é tão carinhosa, tão compreensiva, tão tudo. Não existem palavras suficientes para a descrever.O meu pai. O meu pai chama-se John, e ele sempre foi um pai ausente. Ele é empresário e as suas viagens fizeram com que a minha relação com o meu pai não fosse uma relação próxima.

POV Ryan

Custa ver a pessoa que amo morrer diante de mim, um pouco todos os dias. É difícil saber que daqui a uma semana, a um mês ela pode não estar naquele quarto. Posso não ver os seus olhos, os seu lábios. Já perdi o seu riso e o seu sorriso com que era brindado todos os dias desde que nos conhecê-mos. Ela é uma das pessoas que mais sorria, talvez por trabalhar com crianças que vêem o mundo sem qualquer maldade. Ela amava ensinar, amava todos os dias de manhã fazer a sua corrida, amava ao fim de semana ir ao cinema ou a um concerto, amava ler, amava tudo que envolvia a natureza. Quando a notícia da sua doença chegou foi um choque, tão jovem, tão saudável, tão feliz, e a partir daí tudo mudou. Mudou o seu comportamento, mudou a sua atitude perante a vida. Eu assisti ela sair da cama para ir aos tratamentos, mesmo quando os médicos lhe disseram que os tratamentos deixaram de resultar. Eu vi o desespero nos seus olhos quando isso aconteceu.

Lembro-me do dia em que a conheci. Foi no primeiro semestre do primeiro ano da universidade, num dos primeiros dias. Ela falava com outras raparigas, mas ela destacava-se das demais. Ela sorria, um sorriso genuíno, um sorriso contagioso. Eu fiquei a observá-la por uns minutos até à hora do início da aula. Apenas tínhamos uma cadeira em comum, e nessa eu fazia todos os possíveis para estar perto dela. Nos intervalos quando tentava aproximar-me dela quase nunca conseguia, mas fui persistente e quando consegui não a deixei escapar, mesmo com todos os que nos tentaram separar, e estes não foram poucos. Mas lembro-me que na primeira vez que olhei para dentro dos olhos dela, senti todo o meu mundo a cair aos seus pés. Eu se pudesse dava-lhe o mundo, a lua, as estrelas....

Caminhei até ao quarto onde ela se mantém, um quarto um pouco diferente do que era, um quarto adaptado à sua condição. Abri a porta vendo-a deitada na sua cama a olhar para a paisagem. No quarto ouvia-se uma música baixa, apenas como música de fundo. Aproximei-me e vi-a a olhar na minha direção e a esboçar um pequeno sorriso. Não tão grande como antes, mas mesmo assim um sorriso.

-Como estás?-eu perguntei-lhe ao sentar-me ao seu lado.

-Na mesma. Mas hoje sinto-me com mais energia.-Lola diz-me.

-Isso é bom.-eu digo-lhe sorrindo.

-Podemos ir a um parque?-ela questionou-me.

-Se quiseres e se te sentires bem....-eu disse para a ver sorrir.

POV Lola

O cheiro da natureza é algo que eu sempre amei. Ainda bem que consegui convencer o Ryan a trazer-me até aqui. Eu corria todos os dias aqui. É um dos meus sítios preferidos. Tem um grande e lindo lago. Eu adorava passar aqui horas, é um sítio calmo e agradável. Ao fim-de-semana eram imensas as famílias que ao fim de semana traziam cá os seus filhos para estarem em contacto com a natureza, pessoas que traziam os seus animais de estimação. É um local simplesmente fantástico. Simplesmente magnifico.

-Achas que se eu te tivesse obrigado a ir ao médico mais cedo, os tratamentos teriam resultado?-Ryan perguntou de repente.

-Acho que não. Não é sua culpa os tratamentos já não resultarem.-eu disse ao mesmo tempo que apertava a sua mão.

-Eu não estou pronto para te deixar ir....

-Eu sei. Mas apenas um transplante pode fazer com que eu sobreviva. E tu sabes que a cada dia que passa, mesmo que encontrem um dador compatível a probabilidade de o meu organismo rejeitar o transplante aumentam sensivelmente. -eu tentei reconfortá-lo, eu disse ao mesmo tempo que uma dor nos meus pulmões se instalava.

-Eu ainda tenho esperança.-ele disse olhando para o lago.-Tenho esperança que se encontre um dador, tenho esperança que tu te cures, tenho esperança que nos casemos, tenho esperança em que teremos um monte de filhos, tenho esperança de que iremos vir a este jardim muitas vezes com os nossos netos. Tenho esperança em que teremos uma vida longa e juntos, e acima de tudo felizes.-as lágrimas escorriam pela minha face ao imaginar tudo aquilo em que ele mantinha esperança, sabendo que provavelmente nada se iria tornar realidade. Não disse nada, nem ele disse mais nada. Apenas ficámos ali, juntos, a olhar para um lago.

Voltamos para casa passado uma hora, onde eu voltei para o quarto. Eu sinto cada vez menos forças, sinto cada vez mais vontade de desistir, mas sempre que penso no Ryan e nos meus pais e na dor que eles sentem e que irão sentir quando eu partir faz-me pensar se eu quero prolongar a dor deles. Se eu parasse com a medicação....Mas neste momento a dor presente no meu peito leva para longe todos os meus pensamentos. A dor que senti no parque prolongou-se até agora. Tentei levantar-me para tentar fazer com a dor diminuísse, mas isso não aconteceu. Até pelo contrário, aumentou. Tentei chamar por ajuda mas também não consegui. Não senti mais nada até que perco as minhas forças e deixo-me cair.

POV Ryan

Passaram-se horas e ninguém nos diz nada acerca da Lola. Vejo os pais dela sentados nas cadeiras desta sala de espera. Claire deixa as suas lágrimas caírem enquanto que John tentava acalmar a sua esposa. Isto é o inferno, estar aqui sem puder fazer nada para ajudar a pessoa que mais amamos no mundo, estar aqui impotente é uma sensação horrível. Eu quero-a a meu lado, quero partilhar toda a minha vida com ela, quero partilhar todos os meus sonhos com ela. Eu só a quero ao meu lado durante o tempo máximo que for possível. Quero-a comigo de todas as formas e feitios. Quero-a a ela. Não quero mais ninguém. Ela é única. Única para mim com todos os seus defeitos e qualidades, com todas as suas manias. Adoro vê-la dormir, sempre adorei. Adoro as suas risadas e a sua gargalhada contagiante.

Como posso vir a viver num mundo sem ela se tudo aquilo que eu faço é a pensar nela?

-Família de Lola Russel?-nós ouvimos o Dr.Francis a chamar por nós.

-Estamos aqui.-John disse em resposta.-Como está a nossa filha?-ele perguntou.

-Bom a Lola está fora de perigo. -eu soltei um suspiro que não sabia que continha-Ela não bateu com a cabeça o que não piorou o seu estado. Contudo, verificámos que ela desenvolveu uma infeção respiratória, que devido à medicação contra a leucemia é mais forte que as normais, mas nós já começamos um antibiótico para acabarmos com a infeção, só que tivemos que diminuir a medicação da Lola para a leucemia.-ele explicou.

-Mas isso não é prejudicial para ela?-Claire perguntou.

-É mais prejudicial fazer as duas medicações ao mesmo tempo ou não combatermos a infeção.-ele esclareceu-nos.-Nós vamos mantê-la sob vigilância constante durante as próximas 48 horas para ver como é que o organismo dela reage.

-Isso significa que ela vai ficar internada?-John perguntou.

-Sim. Durante os próximos dias é de extrema importância que ela fique aqui, para estar em constante observação.

-Ela está acordada?-John perguntou novamente.

-Sim está. Vocês podem vê-la agora mas por pouco tempo. Um de vocês pode passar a noite com ela.-ele disse e nós logo o seguimos até ao quarto onde ela se encontra.

Como sempre o meu coração parte-se quando a vejo deitada numa cama de hospital. Parte-se ao vê-la tão partida por causa desta doença. Parte-se sempre que a veja tão abatida. Tão em baixo. Tão indefesa. Tão minha. Tão perfeita. Ela tenta um sorriso, que não consegue concretizar. Claire é a primeira a deixar-lhe um beijo na testa, sendo seguida por John e depois por mim.

-Pregaste-nos um susto, amor.-Claire disse ao mesmo tempo que acariciava a sua face.

-Eu tentei chamar por vocês mas eu não consegui, e depois fiquei sem forças. Eu não sei como aconteceu.

-Não te preocupes com isso. Vais ficar aqui uns dias e depois voltas para casa.-John disse.

Dói vê-la assim. Dói amar. Dói. Simplesmente dói. Dói saber que há a possibilidade de não a ter para sempre no meio do meu abraço. Fui eu que passei os dias ao lado dela no hospital enquanto ela lutava. Eu vi-a a lutar. A lutar contra aquela doença. A doença que lhe tirou o brilho do seu olhar. Mas eu sei que ela vai conseguir vencer. Ela só precisa de um dador, e eu estou a fazer todos os possíveis para o encontrar. Eu posso dizer que tive que subornar um ou dois médicos, mas eles conseguiram encontrar uma pessoa compatível. O problema, o único problema, é que o dador encontra-se no outro lado do mundo. Mas eu já estou a tratar de conseguir que o dador venha até cá. Eu não disse a ninguém o que estou a fazer, apenas não quero dar falsas esperanças a ninguém. Mas eu sei que nós ainda vamos ficar juntos durante muito tempo.

POV Lola

Penteio novamente o meu cabelo que já está longo e olho-me ao espelho para ver como está o vestido. Vestido este que é maravilhoso.

Hoje é o jantar de ensaio para o meu casamento que vai-se realizar amanhã. 5 anos depois do pedido de casamento, que foi no dia do meu transplante. Sim, à cinco anos que a minha vida mudou novamente. Encontraram um dador e foi feito um transplante que correu muito bem. Podemos dizer que foi um pedido de casamento no mínimo diferente. Ryan pediu-me logo a seguir ao momento em que o Dr.Francis disse que o transplante tinha corrido bem e que em breve voltaria para casa. Desde então nós não nos largamos, estamos sempre juntos, e posso dizer que a possibilidade da minha morte prematura só nos fez com que nos aproximou-nos mais. Nós estamos mais apaixonados do que nunca. Eu amo-o plenamente. Amo-o com todo o meu ser. Amo-o simplesmente porque o amo. Mas eu admito que houve uma altura em que questionei o que é afinal o amor. E eu cheguei a uma conclusão. O amor é uma forma de arte, e cada um estende a arte à sua maneira. Eu não sei quem é que nos fez encontrar porque em 1 universo, 8 planetas,204 países,809 ilhas,7 oceanos,eu tive o privilégio de conhecer o Ryan. Vejo a porta do quarto a ser aberta e o meu lindo noivo entra por ela no seu smoking. Ele estava sexy. Na verdade ele está sempre sexy, ele sempre o foi.

-Estás linda.-ele disse aproximando-se e circulou a minha cintura, fazendo com que as minhas costas se pressionassem no seu peito.

-Obrigada. Tu também. Na verdade estás sempre.-eu disse para depois me virar e deixar-lhe um beijo nos seus lábios. Ele é o meu final feliz, e tu que estás a ler isto também tens o teu, só tens que o encontrar ou deixar que ele te encontre pois vivemos em 1 universo, com 8 planetas, com 204 países, com 809 ilhas e 7 oceanos por isso ele está por aí. Eu só tenho uma última mensagem para vocês: nunca percam a esperança. Por muito má que a situação seja, não podemos perder a esperança que tudo vai melhorar.

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