A dor e a beleza da metamorfose

O processo da metamorfose sempre foi algo que encantou a Jayme, tanto que se dedica a Lepidopterologia e no fundo de sua casa mantém um borboletário amador em seu jardim, onde alimenta as larvas até que elas formem casulos, para posteriormente se tornarem borboletas.

Com amor e carinho mais todo cuidado, cultiva diversas plantas como: Boldo, hortelã, erva cidreira entre outras mais. Neste jardim há muitas rosas com pétalas de diversas cores e aparência, por ele borboletas e mariposas gozam de sua liberdade.

Me lembro de quando visitei seu jardim pela primeira vez, há uns 5 anos quando ainda usavam pronomes como “ela, dela”, para se referir a ele. Com brilho nos olhos, Jayme me mostrou uma das cenas mais lindas que já presenciei.

Meus olhos sempre se enchem de lágrimas ao relembrar a experiência que vivi em relação ao processo de metamorfose, podendo assistir o momento onde larva sai de seu casulo, como uma linda borboleta. Pode parecer ruim, mas acredite em mim, a metamorfose é a melhor experiência da vida.

Uma borboleta só pode ter a capacidade de voar após passar por este processo doloroso e difícil, sem isso ela jamais seria capaz de sair do casulo com as suas cores exuberantes, radiantes e com sua beleza única.

Foi neste mesmo cenário em meio a plantas e borboletas, que meses atrás Jayme, me revelou algo que mudaria para sempre nossas vidas. Assim como as larvas que precisam abrir mão do comodismo de serem lagartas para se tornarem borboletas, estaria abrindo mão de ser quem nunca foi, para assumir sua verdadeira identidade.

Existem várias maneiras diferentes onde um ser humano pode se transformar, seja: Aparência, pensamentos, crenças, estilo de vida e afins. Mas ele não queria nada além de poder ser ele mesmo. Jayme nunca foi uma mulher, ele é um homem, meu homem!