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Por dez anos, eu acreditei que meu relacionamento à distância com meu namorado arquiteto, Guilherme, era inabalável. Eu estava construindo uma carreira de sucesso, convencida de que nosso amor era a única constante com a qual eu podia contar.
Essa ilusão se despedaçou no dia em que vi o celular dele. Uma sequência de mais de mil dias de conversas no WhatsApp não era comigo. Era com a estagiária dele, uma garota que ele chamava de Karina "Sol".
O pedido de desculpas dele foi uma proposta de casamento fria e calculista, como se fosse uma obrigação, seguida por ele assumindo a culpa por um erro dela que acabaria com a carreira de qualquer um no escritório dele.
No meio do saguão caótico da empresa, enquanto ele sacrificava tudo por ela, Karina desferiu o golpe final.
"Eu estou grávida do filho dele!", ela gritou, com um sorriso triunfante no rosto. "E você é só uma velha amargurada que não conseguiu segurar o próprio homem!"
Dez anos da minha vida, meu amor, meu futuro... tudo reduzido a um espetáculo público humilhante. Ele escolheu proteger sua "pequena musa" enquanto eu era apenas um dano colateral.
Eu dei um tapa na cara dele. Joguei o anel aos seus pés. E fui embora. Desta vez, eu não estava apenas voltando para o meu apartamento. Eu estava deixando o país para sempre.
Capítulo 1
Clara Azevedo POV:
O mundo do lado de fora da minha janela era um borrão de chuva cinzenta e vento furioso, espelhando a tempestade que se formava dentro de mim. Meus dedos tremiam incontrolavelmente enquanto agarravam o celular, a tela uma cruel evidência da prova que eu nunca quis encontrar. Aquela sequência de conversas no WhatsApp não era apenas um número; eram mil dias de momentos íntimos que eu pensei que pertenciam a nós, agora compartilhados com outra pessoa, com Karina.
Lágrimas brotaram em meus olhos, quentes e ardentes. Não eram lágrimas suaves; eram afiadas, como pequenos cortes. Fechei os olhos com força, mas as imagens estavam gravadas atrás das minhas pálpebras: o celular de Guilherme, desbloqueado no balcão da cozinha, o contato "Karina Sol" brilhando como um farol malicioso, e o notebook do trabalho que ele esquecera aberto, cheio de mensagens que reviravam meu estômago.
Tentei me levantar, tentei me afastar da verdade fria e dura que me encarava, mas minhas pernas pareciam gelatina. Meus joelhos cederam e eu caí no chão, abraçando a mim mesma. Eu queria gritar, mas nenhum som saía. A dor era um peso físico, esmagando meu peito até que se tornou difícil respirar. Eu o odiava. Eu a odiava. Mas por baixo de tudo, uma emoção mais perigosa fervilhava: eu me odiava por ter sido tão cega.
Ele andava diferente, sutilmente no início. Pequenas coisas. Um perfume novo, uma noite que chegou inexplicavelmente tarde, um olhar rápido para o celular quando vibrava. Eu ignorei tudo, racionalizei com a distância entre nós, o estresse de seu trabalho exigente. Tola, tão tola.
O clique repentino da porta da frente me sobressaltou. Guilherme. Meu coração deu um salto e depois despencou. Ele estava aqui. Ele sempre estava aqui, não é? Ou pelo menos, costumava estar.
"Clara? Você está em casa. Por que está no chão?" Sua voz era aquela mistura familiar de preocupação e comando casual, a mesma que sempre me fez sentir segura. Agora, soava apenas estranha.
Ele estava ao meu lado em um instante, a mão em meu braço, tentando me levantar. "Você está pálida. O que há de errado?"
"Não me toque", engasguei, afastando sua mão com um tapa. As palavras foram um sussurro, mas pareceram um rugido.
"O que deu em você? Vamos, vou te tirar desse chão frio." Ele não perguntou, ele afirmou. Ele sempre soube o que era melhor para mim, ou assim eu pensava. Ele me pegou no colo, carregando-me como se eu não pesasse nada, assim como costumava fazer quando eu tinha um dia ruim. Meu corpo parecia uma marionete, sem responder à minha vontade.
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