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Kyara Smirnov
“Pode abrir os olhos, meu amor. Você já
está em casa.”
As palavras pareciam gentis, contudo, foi a
voz que imediatamente reconheci que me fez abrir
os meus olhos, em pânico.
— Boris?
Tentei me levantar, mas eu me sentia
aturdida, então, apenas me rastejei pela cama
tentando colocar o máximo de distância possível
entre nós dois. A minha cabeça pesava e eu sentia
como se meu corpo tivesse sido sacudido e girado
em várias direções.
— Onde eu estou? — indaguei fracamente
— O que estou fazendo aqui, Boris?
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Aos pouquinhos, parte do que eu
conseguia recordar vinha como flashes em minha
mente. A visita de Sonya, o presente de casamento
que ela disse que iria me dar.
Meu casamento.
— Dmitri!
Ao chamar por ele, os olhos cheios de
rancor de Boris caíram sobre mim, ele avançou em
minha direção, agarrando forte meus braços.
— Nunca mais suje sua boca com o nome
dele — ordenou ele, fixando os olhos carregados de
ódio nos meus.
Sempre temi a Boris, conhecia seu lado
cruel e como ele se transformava em uma pessoa
emocionalmente instável, mas nunca senti tanto
pavor como agora. Ele tinha ultrapassado todos os
limites e seria capaz de qualquer coisa.
— Você me sequestrou — acusei-o e
tentei me soltar sem sucesso — Um dia antes do
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meu casamento.
Um dos meus braços foi liberado quando
ele passou a mão em meu rosto. Isso me lembrou
Dmitri e de seu toque suave em mim.
— Nunca permitiria que se casasse com
ele — avisou Boris — Eu já disse, Kyara, você é
minha. Sempre foi e sempre será.
Boris era louco, não havia outra forma de
poder descrevê-lo. Amar alguém não era forçá-la a
ficar com você, mas sim, deixar que ela decidisse
se queria ficar, como Dmitri havia feito na Suíça.
— Você tem que me libertar, Boris —
disse angustiada — Se Dmitri...
Ele segurou firme o meu queixo, apertando
forte meus lábios, impedindo que eu continuasse a
falar. Lágrimas se formaram em meus olhos, de dor
e de desespero.
— Já disse para não falar dele. Não me
obrigue a ser violento com você para que entenda,
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Kyara.
Ao som de sua ameaça, entendi uma coisa,
não havia nada que eu pudesse dizer para conseguir
fazê-lo mudar de ideia, pelo menos não agora. Eu
tinha era que me manter viva, até encontrar uma
forma segura de sair daqui, porque eu sairia daqui
ou morreria tentando.
Isso me fez lembrar de algo que Irina me
disse uma vez sobre Dmitri. Excluindo os dias que
estive trancada no quarto e passei fome, nunca tive
realmente o desejo de fugir dele, não como sentia
com Boris. Porque por mais que eu tenha sido
mantida contra a minha vontade por algum tempo e
sido privada de minha liberdade, eu nunca consegui
ver nos olhos de Dmitri o mesmo tipo de escuridão
e maldade.
— Eu sei que você pode estar confusa
agora — disse ele ao me soltar — Estava prestes a
realizar o sonho de toda garota na Bratva, ser a
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escolhida do Pakhan.
Nunca almejei esse sonho, pelo contrário,
sempre desejei ir para bem longe desse mundo. Eu
me apaixonei por Dmitri e não pelo o que ele
representava. Aceitava e entedia o Pakhan porque
era parte de quem ele era, mas eu sempre iria
preferir sermos apenas Kyara e Dmitri, o casal que
teve dias incrivelmente lindos nas montanhas.
— Você ainda irá conseguir isso, minha
pequena — Boris se afastou da cama e eu me
encolhi mais contra a cabeceira — Vou acabar com
o Milanovic e serei o novo Pakhan.
Sem que eu pudesse controlar, um ganido
angustiado escapou de minha garganta. Pensar que
Boris pudesse ao menos tentar ferir Dmitri me
aniquilava por dentro.
— Vou dar um tempo para que assimile
tudo — disse ele antes de caminhar em direção à
porta — Descanse e depois voltamos a conversar.
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Vou esperar que esteja mais acolhedora.
Saltei da cama quando a porta do quarto
fechou logo após Boris sair. Uma vertigem me fez
tatear o ar até encontrar a parede onde consegui me
equilibrar. Poderia ser algum sintoma da gravidez,
mas eu tinha certeza que ainda era efeito do
clorofórmio que Sonya usou para me manter
desacordada e, assim, poder me sequestrar.
Será que teria algum efeito colateral para o
meu bebê? Apoiei as costas contra a parede e levei
a mão ao meu ventre.
Lágrimas pesadas deslizaram pelo meu
rosto. Eu nem havia contado a Dmitri sobre o nosso
filho, e me arrependia tanto por isso. Agora, eu
estava longe, nas mãos de um louco que poderia
fazer qualquer coisa comigo e com nosso filho
porque odiava o pai dele.
Não, eu precisava manter isso em segredo.
Precisava manter a calma e tentar agir com
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racionalidade. Eu não deixaria que Boris ou
qualquer outro colocasse em risco a vida de um
inocente que nem tivera a oportunidade de vir ao
mundo, cruel, mas que teria pessoas que o
amariam.
Rastejei-me até a porta, estava trancada,
isso não foi surpresa alguma para mim, mas eu
precisava tentar. Fiz o mesmo caminho de volta,
sustentando-me na parede, já que ainda não tinha
total controle do meu corpo, no entanto, fui em
direção à janela em vez da cama.
Esta não era a mansão Kamanev, percebi
isso assim que abri os olhos. Este quarto não era
igual a nenhum dos que tinha em minha antiga
casa. Quando puxei a cortina, o pânico começou a
me fazer suar frio.
Existiam grades com espaço apenas para
uma mão. O material da janela antiga e os ferros
novos soldados nele indicavam que foram
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colocados há pouco tempo. O pouco que conseguia
ver ao redor da casa também não animava muito.
Muitas árvores revelando um floresta densa e
muros altos.
Isso queria dizer que Boris estivera o
tempo todo arquitetando seu plano monstruoso de
me arrancar de Dmitri, e Sonya, a quem sempre
amei e protegi, havia agido ao lado dele, traindo a
minha confiança. Tudo o que eu vivia agora era
culpa dela, pois, eu teria fugido de Moscou naquela
mesma semana em que ela pediu minha ajuda para
enganar Boris e o médico dele.
Eu não conseguia me arrepender
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