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Mavie Neumann
Abri meus olhos quando ouvi mais um grito agonizante de dor vindo de algum lugar aqui perto. Forcei meus olhos a se abrirem, me libertando de mais um sono perturbado.
Minha cabeça dói, enviando fagulhas pontiagudas em toda minha mente, como se fossem milhares de estilhaços de vidro que se espalharam em meu crânio.
Soltei o ar com força quando ouvi correntes sendo arrastadas através da porta do quarto escuro e frio em que estou trancada a dias.
Diariamente ouço gritos de dor, choros, lamúrios, correntes sendo arrastadas e pessoas se movimentando nesse lugar.
Estamos em um ambiente onde há pessoas sofrendo 24 horas por dia.
De onde estou, consigo ouvir passos apressados, como se alguém estivesse correndo e logo me agitei internamente, no resquício de esperança que alguém pudesse me salvar, como uma luz no fim do túnel, uma boa pessoa que poderia ter piedade de mim até que ouço um estrondo, e logo em seguida, disparos altos, e então gargalhadas quebram aquele silêncio devastador.
Muitas risadas masculinas explodem lá fora, deixando-me atordoada e sufocada com a escuridão e as risadas se misturando.
O que é isso?
Senti um cheiro metálico invadir o meu espaço e logo me desesperei.
Era sangue. Alguém estava sangrando aqui perto. O sangue fresco se aproximava lentamente e eu não consigo entender de onde vem pois está escuro demais.
Me encolhi sentindo o medo atravessar todo meu corpo trêmulo enquanto fechava meus olhos com força.
Não sei que irá acontecer a partir de agora. Não sei se serei a próxima e com desespero, sinto meu peito apertar.
Sera que irão me matar também?
Eles estão se divertindo com a morte de alguma pessoa lá fora?
Sacudi a cabeça quando senti uma forte náusea me tomar devido ao cheiro forte de sangue que atravessava pela fresta embaixo da porta. Encontrei a fonte do sangue. Daqui consigo ver o líquido espesso se derramar através da porta de uma forma lenta e assustadora e de repente sinto algo andando sobre mim e tenho certeza que é um dos roedores que compartilham do mesmo ambiente que eu.
Chutando o escuro, me encolhi em cima do pequeno e fino colchão em que estou e senti lágrimas descerem pelas minhas bochechas à medida que eu engolia a vontade de gritar por socorro.
Abraçando meu proprio corpo, sinto a dor das horas em más posições nesse colchão e a garantia de algumas horas de sono profundo pelo cansaço extremo e dessa vez, acho que não terei mais chances nem para reclamar da dor em minha lombar.
Tenho certeza.
Irão me matar igual a essa pessoa que esta sangrando nesse corredor.
Apertando minha garganta, fiquei em silêncio apenas sentindo a morte chegar lentamente até mim quando todos os sons que vinham lá de fora se silenciaram e de uma forma agonizante eu me apavorei.
Algo muito ruim está prestes a acontecer, pois em todo o tempo que fiquei aqui, nunca houve esse silêncio, e tremendo muito, me levantei do chão com muita dificuldade em manter meu próprio peso, mas fraca, acabei caindo de joelhos e comecei a me arrastar para frente, e sem forças para me afastar, senti o sangue que corria livre no chão me sujar por inteira. A porta do quarto fétido em que estou foi aberta abruptamente e através dela ninguém apareceu, e com um sorriso, senti o gostinho da liberdade me preencher.
Uma liberdade banhada a sangue mas que poderia ser a última chance em minha vida e por isso não me importei em atravessar essa poça de sangue e apressada, me arrastei em direção a luz através da porta.
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