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ALLYSSA
Ah... Os Alfas! Tudo que acontece depende deles, é determinado por eles, pensado por eles, essa é uma questão que me incomoda muito, pois, por ser uma mulher, escuto desde a infância que posso ser uma Ômega, e como a maioria das mulheres do território rebelde são, acredita-se que eu também seja, mesmo que aos vinte anos de idade, meu cio ainda não tenha ocorrido, o que eu agradeço incansavelmente aos céus, pois pela minha idade já teria um companheiro e filhotes, e isso me impediria de fazer o que gosto. Meu discurso parece pessimista, mas no mundo em que vivemos, os Alfas, tanto homens quanto mulheres, são rodeados de privilégios que Betas e Ômegas não costumam desfrutar, seja aqui onde vivo, ou mesmo na capital do reino onde tudo parece mais moderno, mas não é.
Quando eu e meu irmão chegamos ao território rebelde, éramos apenas dois jovens assustados e com medo do mundo. Eu tinha doze anos, e meu irmão, catorze, fomos bem acolhidos por Duric e por todos. Tivemos que aprender muitas coisas para viver aqui. Eu sempre tive uma personalidade forte, e meus pais me criaram muito à vontade, sem a submissão que os Ômegas devem ter aos Alfas, e quando cheguei a este território rebelde, tudo pareceu difícil demais, as regras impostas pelo Grande Alfa, além de tudo que é imposto pela sociedade de um modo geral, limita demais a vida de quem não é um Alfa. Eu não queria, e ainda não quero uma vida limitada por padrões sociais, e a única coisa que consegui enxergar naquele momento além da enorme sede de vingança que me consumia desde que presenciei minha vila destruída, e meus pais mortos de uma forma cruel, foi a revolta por ter que aceitar que eu não tinha mais meus pais, minha casa, meu lar, e teria que aceitar o modo de vida deste lugar.
Aqui sempre ouvi que poderia ser uma Ômega, e que não poderia me envolver em atividades que proíbem a participação deles, mas o “Não” é algo que desconheço, principalmente quando desperta minha curiosidade, e foi o que aconteceu quando passei a acompanhar meu irmão nos treinos de espada, aquilo me deixou muito interessada, e eu insisti tanto para aprender, que meu irmão não conseguiu me negar, e consequentemente, a notícia de que eu estava treinando chegou até aos ouvidos do Grande Alfa, líder de nosso território, Duric. As minhas atividades com a espada não agradaram o líder e os conselheiros, e eu tive que abandonar algo que amava fazer, até que precisaram da minha ajuda em um momento crucial dentro do território, e isso me fez ganhar o respeito de todos. Lutar sempre me trouxe esperança de mudança, e depois que tive permissão para tal atividade passei a treinar intensamente, sempre me preparando para o que ainda não sei o que é, embora, em meu coração, sinta que algo muito grande vai acontecer em minha vida, e mesmo que eu seja Ômega, não serei como a maioria que se conforma em ser apenas companheira, ou companheiro de um Alfa.
[...]
Virou um costume de minha parte treinar até cansar, algo que deixa meu líder muito feliz. Ele costuma observar os treinamentos, e pensar que no início me impediu de participar de tudo o que faço hoje, mas hoje tudo isso é bem diferente depois que mostrei meu valor, independente se eu for Ômega, Alfa ou Beta. Nessa manhã ele está me cobrando ainda mais, e todos os meus movimentos são questionados por ele, e isso me faz pensar que algo está acontecendo, e mesmo com tantas interrupções de sua parte, consegui derrotar meu oponente. O líder sorri, seu sorriso largo brilha mais que o sol iluminando sua pele da cor do ébano, caminha rápido, e se aproxima de mim.
— Você está cada vez mais pronta para qualquer combate, o modo como você se defendeu impedindo que ele te atingisse foi impecável, Allyssa!
— É... Eu tenho intensificado os treinamentos, depois que vencemos os soldadinhos de Alexander em Bartari, mas hoje o Senhor questionou tantos movimentos e golpes que exerci, está acontecendo alguma coisa?
— Não, mas acho que você sabe que aqui devemos estar prontos para tudo, pois nunca sabemos o que pode acontecer se o Rei descobrir nosso Território...
— Está certo, acho que por hoje meu treino está encerrado, estou cansada. Se me der licença, vou para minha cabana. — falo enquanto guardo minha espada em meu coz.
— Espere Allyssa, tenho algo para você!
— O que é? — pergunto com curiosidade.
— Tome, é sua nova espada!
— Mas, esta é a espada que... — falo num tom de entusiasmo, e não consigo concluir.
— É, mas agora é sua, cuide bem dela!
A admiração toma conta de mim, aquela arma sempre me deixou hipnotizada. Toco sua lâmina toda em prata, juntamente com pomo, o cabo e o guarda mão em ouro e no centro uma enorme pedra incolor que parece um diamante que brilha intensamente. Eu o agradeço, e sigo meu caminho em direção à cabana. No caminho, mais adiante avisto a plantação do território, onde meu irmão costuma dedicar algumas horas de trabalho. Caminho entre as árvores, e o avisto. Paro para observá-lo e lembro como nossas vidas mudaram durante esses oito anos vivendo no território rebelde. Meu irmão retira de um canteiro próximo às plantações, uma pequena flor vermelha. Balck tem um olhar perdido, triste e seus belos olhos azuis estavam marejados, me aproximo.
— O que foi? Ainda lembrando-se dele?
— Como posso esquecê-lo? Eu o vejo todo dia, sei que ele não gosta de mim, mas ainda o amo!
— Balck, você tem que esquecer esse homem, ele te rejeitou, marcou outro em vez de você, e está casado!
— Eu sei disso, mas é difícil!
— Você tem que esquecê-lo, está vendo porque não quero me apaixonar? O amor deixa as pessoas tolas e cegas! Olha para você, era tão racional, agora vive chorando pelos cantos por alguém que não te merece.
— Eu não vivo chorando, e o amor não deixa as pessoas idiotas, e como Ômega Lunar, você tem sorte por ainda não ter entrado no cio e se apaixonado!
— Eu não sou uma Ômega Lunar... Já te falei isso milhares de vezes!
— Como você pode ter certeza que não é? Você nunca entrou no cio, nunca conversou com sua loba, e...
— Eu posso ser uma Alfa Lúpus, e...
— Nunca! Eles entram no cio e podem se relacionar com qualquer Ômega ou Beta, mas é com o Ômega Lunar que ele consegue se acalmar por completo, e esse tipo de Ômega só entra no cio quando conhece o seu Alfa Lúpus!
— Balck, para com essa conversa! Isso está me deixando com dor de cabeça!
— Eu tenho certeza que no dia que você conhecê-lo vai entrar no cio, e agir feito uma tola apaixonada!
— Ah, meu irmão, no dia que você me ver feito uma tola diante de um Alfa, pode me bater ou mandar me prender naquela cabana afastada, que usam como prisão. Agora, vamos para casa!
ANDREW
Alguns filetes de raios de sol transpassam as cortinas, e iluminam meu quarto. Abro meus olhos lentamente, algo me inquieta, um barulho ensurdecedor que vem da porta, procuro identificar o que acontece. Percebo uma voz desesperada que chama por meu nome.
— Andrew, eu sei que você está aí, por favor, abra a porta! Eu preciso falar com você, tenho uma notícia maravilhosa!
Reviro meus olhos, e me pergunto qual é o problema dessa garota? Por que ela e o pai insistem na ideia de que um dia ela será minha esposa? Embora eu saiba que essa ideia estapafúrdia também é alimentada por meu valioso pai. Imaginar esta possibilidade, de um dia estar casado com Artanis, é perturbador. Balanço minha cabeça em negação, é algo fora de cogitação, ela pode ser muito bonita, seus vestidos geralmente são muito justos, valorizam suas curvas de um jeito que me agrada, mas é uma garota insuportável e fútil, isso sem contar no grande detalhe que impede que eu me case com qualquer pessoa, a profecia.
Ela é insistente. Bate na porta até cansar. Quando percebo a sua desistência, levanto-me imediatamente para me levar, e pedir meu desjejum, mas enquanto falo com o criado, meu amigo Paolo adentra o quarto, e senta-se em minha cama.
— Andrew, não entendo porque você é tão rude com minha irmã, ela veio tão cheia de esperanças para falar com você!
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