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Qual é a primeira lembrança da vida de uma criança?
Bem, muitos diriam que é algo relacionado a uma brincadeira, ou talvez um dos pais lendo uma história de dormir. Mas, no meu caso, a minha primeira lembrança é a última noite em que vi meus pais vivos. Eu tinha apenas quatro anos naquela época, e tudo parecia tão confuso na minha mente.
Eu não conseguia lembrar o motivo de estarmos no carro naquela noite, mas recordo-me claramente dos rostos apreensivos dos meus pais. Minha mãe, Beatrice Piromalli, estava sentada ao meu lado no banco de trás, segurando-me com força. Ela olhava para trás de vez em quando, e tudo que dizia era que eles estavam vindo. Meu pai, Andrea Piromalli, estava ao volante, dirigindo o carro com uma expressão tensa, prometendo que conseguiria nos despistar.
"O que está acontecendo, mamãe?" eu perguntei, sentindo meu coração acelerar.
Ela me olhou com tristeza nos olhos e respondeu: "Não se preocupe, querida, vamos ficar bem."
Meu pai, Andrea, estava ao volante, dirigindo o carro com uma expressão tensa, prometendo que conseguiria nos despistar.
"Papai, por que estamos indo tão rápido?" sussurrei com medo.
Ele olhou pelo retrovisor e forçou um sorriso. "Só estamos brincando de corrida, Catarina. Vamos ganhar."
Eu não me lembro de quem estávamos correndo, mas eu me lembro de um carro preto que emparelhou com o nosso. Eu me lembro das luzes brilhantes e dos rosnados dos motores enquanto o carro preto tentava nos jogar para fora da estrada. A colisão foi repentina e violenta, e então tudo ficou escuro.
Depois de algum tempo, abri meus olhos e vi que o carro estava virado, meus pais infelizmente falecidos. Dois pares de sapatos pretos estavam ao lado do carro acidentado, e eu não sabia o que fazer. "O que faremos com ela?"
Outro homem, que não aparecia em meu campo de visão, respondeu. "Não podemos deixá-la aqui. Ela é só uma criança."
O outro dono dos sapatos, respondeu com calma: "Vamos cuidar dela. Ela não tem mais ninguém."
Então, ele se abaixou. Seus olhos se encontraram com os meus, ele estendeu sua enorme mão em direção a mim, e eu, com medo e confusão, segurei na mão do homem que parecia ter a mesma idade do meu pai. Ele me ajudou a sair do veículo destroçado e me envolveu em seus braços protetores. Foi assim que eu fui salva naquela noite.
"Não se preocupe, pequena," ele disse com gentileza. Eu vou cuidar de você."
Foi assim que eu fui salva naquela noite pelo homem que mais tarde descobri ser Don Salvatore Mancuso, o chefe da Ndrangheta.
Minha vida mudou para sempre naquela noite, quando fui arrancada do meu passado e lançada em um mundo sombrio e complexo que Don Salvatore governava. Ele se tornou meu guardião, meu protetor, e mais tarde, meu mentor. A Ndrangheta era uma família de outra forma, uma família que me acolheu quando a minha própria foi tirada de mim.
É irônico pensar que minha primeira lembrança de criança é justamente meu maior pesadelo. Fui salva por Don Salvatore Mancuso naquela noite escura, e desde então, tenho caminhado à sombra dele, protegida e guiada por um mundo que muitos não compreendem. E, apesar de tudo, eu não trocaria minha história por nada neste mundo... mesmo sendo a causadora da minha insônia.
***
A sensação de acordar sobressaltada era uma lembrança constante em minha vida. Catorze anos haviam se passado desde aquela noite fatídica em que meus pais morreram, mas o passado continuava a assombrar meus sonhos. Naquele dia, porém, eu não podia me dar ao luxo de me perder nas lembranças.
Empurrei os cobertores de seda de lado e me levantei da cama, sentindo o piso frio sob meus pés descalços. Encaminhei-me até a janela, ansiosa por acolher o sol da manhã que banhava Vibo Valentia, na Calábria, no meu quarto. Era um dia importante, afinal, estava completando 18 anos. A partir de agora, seria vista como adulta e capaz de tomar minhas próprias decisões.
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