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Isabela sempre foi uma alma contemplativa, com um coração que pulsava ao ritmo das ondas do Rio São Francisco. Seu pai, um dedicado pequeno produtor de vinho, cultivava com paixão e esmero, ela cresceu entre as videiras e barris de carvalho, aprendendo a arte de transformar uvas em poesia líquida. Seu mundo era Petrolina, uma cidade onde o sol beijava as águas e as noites eram tecidas com estrelas.
Desde jovem, Isabela via o amor como um vinho raro — algo para ser descoberto, saboreado e respeitado. Ela observava os casais na cidade, suas danças de cortejo e despedidas, e se perguntava se o amor verdadeiro era tão complexo e multifacetado quanto os vinhos que ela adorava.
Ela tinha seus admiradores, é claro, mas nenhum deles parecia entender o desejo de Isabela por uma conexão mais profunda, uma que fosse além das palavras e gestos superficiais. Ela queria um amor que fosse como o rio — constante e sempre em movimento, mas capaz de refletir a verdadeira essência de quem ela era.
Isabela sempre teve um paladar refinado. Desde pequena, quando corria entre as videiras do vinhedo de sua família em Petrolina, ela aprendeu a distinguir os sabores sutis das frutas e o aroma terroso que precedia as chuvas. Desde pequena, ela aprendeu a apreciar a arte da vinicultura, conhecendo cada parreira como se fosse parte de sua família. A vida simples, porém rica em tradições e sabores, moldou Isabela, tornando-a uma jovem enraizada na cultura local e orgulhosa do legado de seu pai. Seu pai dizia que ela tinha o dom para se tornar uma grande sommelier, e ela levou essas palavras a sério.
Agora, adulta, em uma noite enluarada em Petrolina Isabela caminhava pela orla do Rio São Francisco, deixando que a brisa noturna brincasse com seus cabelos. A lua cheia pendia no céu, uma companheira constante que parecia observar cada passo seu, as águas do Rio São Francisco refletiam a luz prateada, criando um cenário perfeito para o inesperado. Isabela, uma jovem sommelier de vinhos locais, caminhava pela orla, perdida em pensamentos sobre os mistérios do amor.
Isabela parou diante da vinícola antiga, cujas paredes de pedra guardavam histórias de gerações de vinhateiros, uma estrutura que parecia tão imutável quanto o próprio rio. A lenda local dizia que o vinho produzido ali, sob a lua cheia, tinha o poder de revelar o verdadeiro amor. Isabela sorriu para si mesma; ela era uma mulher de ciência, não de superstições.
Ela olhou para o céu, onde a lua cheia brilhava como uma promessa silenciosa, e um arrepio de expectativa percorreu sua espinha.
A vinícola era uma construção rústica, com trepadeiras que se entrelaçavam nas colunas de madeira e um aroma adocicado que emanava das barricas de carvalho. Isabela sempre passava por ali durante o dia, mas à noite, o lugar parecia ter uma vida própria, como se os espíritos dos antigos amantes ainda dançassem entre as sombras.
A porta da vinícola rangeu ao abrir, e Isabela entrou.
Dentro da vinícola, o tempo parecia ter parado. O ar estava fresco, um contraste com o calor da noite de Petrolina. O interior era um santuário de sombras e luzes dançantes, onde o tempo parecia fluir mais devagar. Velas iluminavam o espaço, lançando um brilho dourado sobre as fileiras de garrafas e os barris de carvalho. O cheiro do vinho era quase palpável, misturando-se com o aroma de terra molhada que vinha do lado de fora. Isabela inalou profundamente, o cheiro do vinho misturando-se com o da madeira antiga e da cera de abelha das velas.
Foi então que ela o viu — Gabriel, um homem cuja presença parecia tão antiga quanto a própria vinícola. Ele estava de pé, ao lado de um barril, com um sorriso que conhecia segredos que apenas a lua poderia contar. Seus olhos encontraram os dela, e por um momento, Isabela sentiu como se ele pudesse ver diretamente em sua alma.
“Boa noite, Isabela,” disse ele, sua voz tão suave quanto o vinho que ele verteu em duas taças. “Você veio em busca da lenda, não é?”
Isabela assentiu, aceitando a taça que ele lhe ofereceu. O vinho tinha uma cor rubi profunda, e quando ela o provou, era como se estrelas explodissem em seu paladar. “É incrível,” ela murmurou.