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Nalla Dmitriev:
O vestido de noiva era desconfortável, pelo menos dois números menos que o meu manequim e se eu respirasse fundo ele iria rasgar, a tiara machucava a minha cabeça, o sapato estava machucando os meus pés, mas, eu deveria estar perfeita para aquela ocasião, era o dia mais feliz de uma mulher, se eu não estivesse sendo obrigado a casar-me com um homem que eu não conhecia e até a semanas atrás era um inimigo mortal de minha família. Eu era a ovelha jogada aos lobos e tudo isso apenas por poder, a Bratva finalmente iria conseguir um substituto à altura caso algo acontecesse ao meu pai e a Casa Nostra iria se tornar a máfia mais poderosa do mundo com aquele acordo, meu casamento renderia dinheiro, sucesso e poder para os envolvidos naquela palhaçada e em nenhum momento eu fui consultado sobre o que eu queria para o meu futuro, apenas me informaram o que iria acontecer e eu não pude negar, pois, era uma mulher e mulheres não tinham voz dentro da máfia, apenas obedeciam o que lhes eram atribuídos, até casar-se com um maldito italiano, como era o meu caso.
_ Você está linda. – Elogiou Ivana quando entrou na maldita sacristia, eu era ortodoxa e estava me casando em uma igreja católica, mas, aquela era uma das exigências de meu futuro marido. Eu teria um casamento em termos italiano. _ A noiva mais bonita que eu já vi, seu marido terá muita sorte em lhe ter Nalla.
_ Obrigado. – Agradeci apertando a sua mão delicadamente, minha doce e delicada irmã caçula, esperava que quando ela estivesse em idade de casamento isso não lhe acontecesse, bem que eu já estava velha para a sociedade mafiosa, eu já tinha 22 anos, mulheres costumavam se casar muito cedo pelas regras da máfia, assim os herdeiros vinham mais rapidamente. _ Tenho certeza que quando chegar a sua vez, você estará ainda mais bonita e radiante. Pode avisar para nana que eu já estou pronta?
_ Nana ainda está terminando de assinar alguns contratos. – Respondeu ela fazendo com que eu desse uma risada irônica. _ Mas mamãe e Sasha estão esperando para falar com você, eu irei para o meu posto, sou sua dama de honra.
Sorri e a abracei antes que ela se distanciasse com o seu vestido azul marinho, já que ele tinha combinado perfeitamente com o seu tom de pele, tinha certeza que Sasha estaria tão bem quanto ela, cores vibrantes combinavam com a pele albina e não todo aquele branco que me deixava parecendo com um fantasma.
_ Sasha acompanhe a sua irmã, não é de bom tom apenas uma dama de honra do altar. – Mandou mamãe fazendo com que ela me encarasse com aqueles olhos azuis apreensivos e eu concordei sorrindo para ela. _ Vamos garota, não temos a noite inteira, logo seu pai estará aqui e eu não poderia conversar com sua irmã.
Ela concordou e me abraçou carinhosamente antes de se afastar indo em busca de Ivana. Mamãe me encarou de cima a baixo, como se estivesse avaliando ver se eu não tinha feito nada de errado, já que a seu passatempo preferido quando ela não estava bêbada era me criticar.
_ Já deveríamos ter tido essa conversa, mas, você não é uma pessoa fácil de se lidar Nalla. – Começou ela fazendo com que eu revirasse os olhos e apanhasse o buque de rosas vermelhas que eu detestava por mim teria mandado fazer um de lírios brancos, mas, não combinava com a decoração. _ Casamentos são uma merda, principalmente os que começam desse jeito, eu odeio o seu pai com todas as minhas forças e isso é reciproco, bem eu lhe dei três filhas mulher a maior desonra que um homem dentro da máfia pode ter e como bastardos não são reconhecidos ele nunca terá um filho homem para carregar o seu querido sobrenome.
_ Mãe, eu não quero e não preciso de seus conselhos. – Avisei tentando me sentir confortável dentro daquele vestido, mas, isso era impossível. _ Então, se nana perguntar alguma coisa, apenas diga que você destilou o seu veneno e que estamos bem.
_ O casamento vai matar esse seu espiro rebelde, na verdade ele vai matar você aos poucos e dentro de alguns anos você será apenas uma casca vazia assim como eu sou, viciada em alguma coisa que faça você tentar se sentir viva. – Falou ela dando-me as costas. _ Acho que não precisa dos meus conselhos para a noite de núpcias, espero que seja melhor do que a minha, com o tempo você se acostuma a sentir nojo do sexo e fazer apenas quando necessário e ficar feliz com as amantes que seu marido arrumara, assim ele lhe procurara menos e você terá um pouco de paz, se tiver sorte lhe dará um filho homem e isso será o seu auge querida, mas, lembre-se a genética não está ao seu favor.
_ Obrigado mama. – Agradeci quando ela saiu e me apoiei na cadeira, aquela conversa era bem motivadora, da qual toda mãe teria com a sua filha minutos antes dela atravessar as portas da igreja para se casar. _ Okay Nalla, você é melhor e mais forte do que tudo isso. É apenas um italiano que você terá que aturar o resto da sua vida, isso se você não o matar nesta noite.
_ Isso seria uma violação do acordo e eu realmente não quero matar minha filha preferida. – Avisou nana fazendo com que eu levantasse a minha cabeça e o encarasse parado perto da porta. _ Você está linda, rosa.
_ Você assinou a minha sentença quando me entregou de bandeja para aquele maldito italiano. – Disse endireitando-me. _ Vamos logo fazer isso, esse vestido realmente está me incomodando e eu quero terminar logo com essa palhaçada e tirar logo essa coisa.
_ Um dia você vai entender os meus motivos, rosa. – Falou ele beijando a minha testa carinhosamente enquanto me abraçava e isso fez com que eu tivesse em engolir o choro que estava preso na minha garganta, por mais que ele fosse um pai ausente e frio, era dele os únicos gestos de carinho que eu recebi durante toda a minha vida. _ Essa é a sua batalha rosa, mostre a eles que não iram conseguir destruir você como eles estão imaginando, mesmo que pra isso você tenha que usar artilharia pesada. Você é uma Dmitriev e nós nunca nos entregamos.
_ Deixarei você orgulhoso nana. – Prometi fazendo com que ele sorrisse e beijasse a minha testa. _ Eu amo você.
_ Também amo você, minha rosa. – Declarou ele acariciando o meu rosto. _ Ele não merecia alguém como você, não merecia nenhuma das minhas garotinhas. Infernize a vida dele rosa.
Sorri e concordei, ele me ofereceu o seu braço e eu suspirei antes de pegar o buque e respirar fundo antes de caminhar na direção da saída da pequena sacristia que o padre tinha oferecido gentilmente para que eu terminasse de me arrumar. O caminho até a posta foi rápido, lá a cerimonialista arrumou o véu e a pequena calda do vestido antes que as portas fossem abertas e a marcha nupcial entrou pelos meus ouvidos, fazendo com que eu tivesse vontade de correr na direção contraria, mas, nana apertou o meu braço fazendo com que eu andasse na direção do altar, a nona sinfonia de Beenthoven parecia mais apropriada para aquela cerimônia. A nave da igreja parecia enorme e todos me encarando não estava ajudando, todos pareciam separados, italianos de um lado, russos de outro, a expressão do meu futuro marido não era boa e isso me fez sorrir, parecia que eu não era a única infeliz com aquele casamento.
O padre começou a cerimônia falando palavras de amor e fidelidade o que me fez querer gargalhar, mas, eu não iria cometer aquele pecado, todos ali sabiam que casamentos dentro da máfia eram para toda a vida, aquele velho padre já deveria ter feitos muitos casamentos como os meus. Raros eram os casamentos por amor, um em milhões.
_ Eu Nalla Katrina Dimitriev prometo ser fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na doença e na pobreza, todos os dias de minha vida, até que a morte nos separe. – Falei enquanto o padre me encarava e me passava uma pequena adaga, aquele pequeno verso era apenas a parte religiosa do casamento. _ Nesta noite santa, no silêncio das trevas e sob a luz das estrelas e o esplendor da lua, formo a santa cadeia. Em nome de Dmitriev, Bratva, com palavras de humildade, sangue e honra, eu formo a santa sociedade.
Cortei a palma da minha mão com a adaga e deixei com que o sangue pingasse sobre o livro, cada casal tinha a sua página, se algo acontecesse ela era incinerada e o sobrevivente recebia uma nova folha para um futuro casamento, isso era mais comum entre os homens, mulheres viúvas não costumavam casar-se novamente, apenas quando eram herdeiras, essas não podiam ficar sem um marido e eram aceito casamentos apenas para aquelas que não tinham filhos para assumir o lugar do seu marido.
O padre me estendeu um pedaço de pano branco, fazendo com que eu enrolasse uma ponta em minha mão para que o sangue não pingasse em mais nenhum local e devolvi a adaga para ele que me ofereceu um sorriso reconfortante.
_ Eu Apolo Marino, prometo ser fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias de minha vida, até que a morte nos separe. – Declarou ele com um sorriso debochado nos lábios, maldito italiano bonito, pelo menos olhar para ele não seria insuportável. Ele pegou a adaga e me encarou raivosamente, como se a sua vontade fosse enterrá-la no meu peito, mas, estávamos em solo sagrado e até os mafiosos respeitavam alguma coisa e a casa de deus era uma delas. _ Nesta noite santa, no silêncio das trevas e sob a luz das estrelas e o esplendor da lua, formo a cadeia. Em nome de Marino, Casa Nostra, com palavras de humildade, sangue e honra, eu formo a santa sociedade.
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