Noiva por contrato - Bella mia(série: Destinos entrelaçados)
A proposta ousada do CEO
Minha querida, por favor, volte para mim
Um casamento arranjado
Um vínculo inquebrável de amor
O caminho para seu coração
O retorno chocante da Madisyn
O Romance com Meu Ex-marido
A Segunda Chance com Meu Amor Bilionário
Lágrimas da Luna: Dançando com os príncipes licantropos
O vento soprou devagar, como se estivesse com remorso de fazê-lo sentir tão gelado daquele modo. Mesmo assim, decidiu dançar mais algumas vezes ao redor de seu casaco surrado, porque, afinal de contas, ele era a porra do vento e era seu trabalho. Não havia encontrado nenhum cadáver vestindo um casaco que valesse a pena, então teria de se virar com aquele mesmo, por mais algum tempo.
O forro térmico estava bastante desgastado, permitindo que aquele vento abusado desse algumas voltas geladas por sua barriga, que também estava gelada por estar vazia, mais vazia que suas intenções para aquele inverno. Puxou o ar para dentro dos pulmões devagar, não estava com pressa alguma. Não tinha porra de lugar algum para ir aquela manhã. Talvez seguisse o vento. Levantou a cabeça mais um pouco, agora que o filho da puta dera um tempo. Seus olhos contemplaram a imagem a sua frente, mostrando suas opções. Se andasse até o final do dia, alcançaria aquele vilarejo, e talvez conseguisse algum contrato interessante para colocar algum crédito em sua conta, mas não gostava daquele lugar. O vento passou por suas costas rapidamente e se acreditasse, diria que estava o mandando seguir naquela direção, mas era somente o vento, ainda mais burro do que ele considerava a si mesmo. Então, olhou para o norte. A fumaça marrom subia alto. Seguindo cinco ou seis dias naquela direção, encontraria a cidade que produzia aquilo tudo. Não se importava com a caminhada de seis dias. O problema é que gostava demais daquele lugar. Esperou para ver se o vento iria ter alguma coisa a dizer. Ele teve. Passou exatamente pelo mesmo lugar que havia passado anteriormente. Seu filho de uma puta. Agora, ele mesmo produziu algum vento pelas ventas e voltou para o acampamento. Apanhou seu aquecedor, fechou as pernas do aparelho e o desligou. Ainda tinha mais três ou quatro horas de calor sem precisar recarregá-lo. Soquetes de energia eram quase tão disponíveis para ele quanto casacos térmicos novos. Apanhou seu colchão e com um toque o fez se enrolar e encolher. Meteu tudo na mochila, de onde a panela nem sequer saiu aquela noite, e fechou-a rapidamente.
_ Cadê você, velho feio? – olhou ao redor e Wayne estava parado próximo a uma pedra, onde gostava de dormir em noites frias. Era esperto aquele lagarto. Aquelas pedras ficavam quentes a noite e ajudavam a mantê-lo aquecido. Seria uma excelente opção para ele também, mas Wayne era imune a picadas de aranhas de pedra, ele não.
_ Venha. Vamos embora – viu os olhos de Wayne se abrindo devagar. A cor dourada deles brilhou. O lagarto acordava mal humorado todos os dias. Esticou as pernas traseiras para trás devagar. Esticou as unhas uma por uma.
_ Wayne – eles se olharam – eu não tenho a manhã toda – o lagarto soltou o ar dos pulmões o encarando. Ambos sabiam que tinham, sim, a manhã toda. Até mesmo o resto do dia, da semana. Não tinham porra nenhuma para fazer, como não tinha merda nenhuma para comer, desde a dois dias quando entregaram o último foragido que conseguiram botar as mãos. Wayne esticou as patas da frente, como se nada mais houvesse para se fazer aquela manhã e ficou em pé. Seu corpo avermelhado, com manchas marrons que ajudavam fazê-lo mais ameaçador, se alongou. Sua cauda se esticou, fazendo pequenos estalos a medida que os ossos voltavam para o lugar. Caminhou devagar até o homem parado, a sua frente. Mas fez isso bem devagar. Não queria que parecesse que estava seguindo ordens. Lagartos de montaria não seguiam ordens, aceitavam opiniões, quando muito.
_ Obrigado, majestade! – ele ignorou o homem dentro do casado preto fedido. Já estavam juntos a tempo o bastante para saberem quando um deveria ou não ignorar o outro. O homem puxou um disco metálico da cintura de sua calça escura, que já devia ter tido uma cor qualquer, mas que agora era basicamente um tingimento de terra vermelha escuro com manchas em todos os lugares até sumirem nas botas que quase chegavam ao joelho. Colocou o disco no meio da costa do lagarto de cinco metros de comprimento por dois de altura e a cela se abriu automaticamente ao entrar em contato com o corpo de Wayne. O lagarto bufou quando ela se prendeu a sua barriga gelada e olhou para o homem.
_ Não começe a reclamar novamente. Eu sei que gostava mais da antiga, mas ela se foi e temos de viver com isso, juntos. Certo? – o homem passou a mão pela pele marrom da cara de Wayne e os olhos se fecharam por um instante.
_ Vamos? – prendeu o pé na cela e montou o lagarto. Respirou fundo e se apoiou em sua cabeça.
_ Que tal você escolher para onde vamos, desta vez? – os olhos dourados subiram para encarar o homem.
_ Eu acho que deveríamos tentar a cidade ao norte, mas são seis dias de caminhada até lá e você fica cada vez mais mal-humorado quando está com fome. E não sei o que é pior. Aquela cidade ou você com fome – Wayne soltou o ar dos pulmões. Os olhos do lagarto subiram para o céu. O sol logo estaria sobre suas cabeças e mais calor ajudaria Wayne a andar mais rápido, mas tantos dias de caminhada sem garantia nenhuma de uma refeição não parecia promissor.
_ O que nos leva aquele vilarejo poeirento, mais uma vez – ele prendeu a guia na cabeça do lagarto de montaria e mostrou que queria seguir em frente. O animal soltou seu grito padrão e começou a descer a beirada da montanha de areia em que estavam, rumo a planície onde havia mais areia. Aquela areia vermelha que ocupava quase todos os lugares que conhecia. Ela só parecia preservar algumas planícies, como a que estavam indo em direção. Para a beira do mar deserto e vermelho, onde haviam construído uma cidade da qual não gostava. Havia alguma coisa de ruim naquele lugar, pelo menos para ele. Sempre tinha a impressão de que nunca mais voltaria de lá, e talvez isso realmente acontece um dia destes.
A cidade sempre o fazia ficar empolgado. Nunca assumiria, claro, mas gostava de fazer aquela viagem até a cidade. A carroça já estava acelerada, mas os potentes lagartos domésticos foram obrigados a acelerar um pouco mais quando uma segunda carroça, puxada por dois lagartos fortes, passou pela esquerda levantando mais poeira vermelha. As mulheres dentro dela tinham aquele ar arrogante, tão típico daquele lugar, e mal o viram parado com sua carroça cheia de mercadorias. A carroça do fazendeiro seguia, ficando vários metros para trás da outra que desapareceu pelos portões que eles também alcançaram apenas minutos depois. Pensou como aquele lugar havia crescido, desde que se mudara para aquele canto do planeta, em busca de fortuna. Foram tantos anos ajudando seus amigos colonizadores a levantar aqueles edifícios com o pouco que tinham. Os anos se passaram, e hoje chegava a um lugar que quase não reconhecia, e o pior, também não sabia quem ele era a maior parte do tempo. Como se nada do que havia feito por aquele lugar, pelas pessoas, fizesse qualquer diferença. Sempre um prédio novo em cada esquina, brilhante, moderno e horrível, no lugar daquele que haviam erguido com tanto sacrifício. Ainda se lembrava de cada um deles. De cada vez que a última parede era erguida e alguém servia um banquete para comemorar. Naqueles tempos, quando todo mundo se conhecia. Naquele tempo que um estranho seria notado no primeiro passo que desse além dos muros. Os muros também haviam sido limpos ou trocados. Ao que parecia, este novo prefeito vindo do Anel Lunar estava fazendo um bom trabalho. Se você gostava de prédios chamativos brotando do chão toda semana. De qualquer forma, tudo parecia muito prospero por aquelas bandas. Seus lagartos domésticos pararam a entrada. Eram animais espertos o bastante para saber que não se entrava em uma cidade com toda aquela pompa, a não ser que fosse muito rico, ou muito tolo.
_ Senhor – seu ajudante surgiu do fundo da carroça lotada de produtos que pretendia vender e meteu a cara sobre seu ombro esquerdo.
_ O que foi rapaz? – já era um homem, mas gostava de chamá-lo de rapaz assim mesmo.
_ Quando terminarmos de fazer suas coisas, poderia me dispensar por uma ou duas horas? – os homens olharam um para o outro.
_ Claro – o mais jovem tomou o lugar que estava livre ao lado do mais velho.
_ Muito obrigado, senhor – tirou o chapéu que lhe esquentava a cabeça e segurou entre as mãos.
_ Não vai fazer nada de que vá se arrepender. Está bem? – o empregado balançou a cabeça devagar, sorrindo.
_ Sim, senhor – ele olhou para o patrão – Não vou não, senhor.
_ Senhor... Eu não vou procurar...
_ Rapaz. Um homem tem de fazer o que tem de fazer, quando sente que tem de fazer.
_ Sim senhor. É que estou pensando em... – ele olhou para o homem e tentou não parecer envergonhado demais.
_ O que está pensando, rapaz? – eles se olharam por um instante.
_ Estava pensando em registrar posse daquele pedacinho de terra que ficam depois da fazenda – o homem franziu a cabeça devagar. O Rapaz recomeçou a falar devagar e cheio de cuidados. O mais velho parecia deglutir o que ouvia com muito cuidado. O que deixava o clima meio insalubre para o mais jovem sentado naquele banco duro da carroça.
_ Claro que, por isso, estou lhe contando isso. Já que disse que qualquer um poderia reclamar a posse daquelas terras depois da fazenda. Eu...
_ Pois faça isso, meu rapaz. Já está com idade para ter sua terra – o mais moço abriu um largo sorriso.
_ Estou sim, senhor. E agora que já tenho alguém para me ajudar nessa terra, pensei que talvez fosse a hora certa de ir lá, e reclamar para mim aquele pedaço de chão depois da fazenda, não importa se ninguém o quer... – o rapaz não conseguia conter o sorriso que tentava lhe rasgar o rosto.
_ Claro que não vale nada, com aquele sumidouro no fundo e tão perto do deserto de areia, mas... Se ninguém mais quiser, posso reclamar a terra e depois pensar no que dá para fazer com ela. Estou com algumas ideias, aqui na minha cabeça. Claro que não fazer nada durante meu horário de trabalho. Senhor pode confiar – ele pigarreou.
_ Vamos fazer o seguinte – o mais velho colocou a mão sobre os ombros do mais novo que se calou instantaneamente.
_ Assim que terminarmos nossos negócios, vou com você até o escritório de terras e dizer para eles que você já está lá a pelo menos 2 anos, já tem sua casa, seu marido, e já pode muito bem reclamar aquela terra para você. Como foi prometido a todos os colonos, desde quando eu cheguei aqui – ele olhou determinado para o rapaz, que sorriu um pouco sem jeito.
_ Você precisa ter isso tudo para poder reclamar uma terra sem dono, por estas bandas, rapaz. Não pode simplesmente chegar lá e dizer que são suas. Não é assim que funciona mais, infelizmente – ele sorriu com certo pesar nos olhos.
_ Primeiro você diz que está estabelecido nela. Se não tiver nenhuma disputa da posse nos próximos meses, quando chegarmos com a colheita, a terra vai ser lavrada no seu nome – o rapaz abriu um largo sorriso. O fazendeiro mais velho pensou por um segundo.
_ Podemos colocar alguns animais lá – ele meneou a cabeça – mas você vai ter de colocar uma cerca muito boa lá, na beira do sumidouro. Não quero que mais nenhum dos meus animais caia naquele lugar. E se vou emprestar-lhe alguns animais para você começar seu negócio, é melhor cuidar bem deles, para poder me pagar – o rapaz levantou as sobrancelhas impressionado.
_ O Senhor faria isso por mim? – o rapaz quase ficou em pé na carroça metálica que os lagartos puxavam.