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Nada é comum em Helltown. Foi o que Ayla ouviu assim que chegou com sua família na cidade pacata e tranquila escolhida pelo pai, e que segundo a mãe ira ajudá-la à entrar nos eixos. Sem os amigos, e a influencia negativa e distrações de uma cidade grande. Ayla ouviu nos dias anteriores a mudança, que uma cidade do interior, com outros valores e algumas regras, ela voltaria a ser a garota que era antes de Ash Daniels. Ou como eles costumavam sussurrar quando não queriam que ela ouvisse, o maldito Ash. Mas, Ayla ouvia.
Do seu quarto no andar de cima, por entre paredes e enquanto a lenha queimava na lareira da casa vizinha, e a criança chorando por estar de castigo na rua de trás. Ela sentia o cheiro da embalagem da pizza na lixeira da casa da frente e o perfume masculino no lenço que sua mãe usava, não era do seu pai, ela sabia. E ainda sentia o primeiro tênue odor da morte, quando os olhos de Ash ficaram turvos e ele se foi.
- Ayla - ouviu a voz da mãe e um leve sacudir enquanto ela segurava seu braço como se estivesse despertando-a de lembranças, talvez as últimas do que deixara para trás - vamos, me ajude com as caixas menores.
Concordou silenciosa, afastando Ash dos seus pensamentos. Ajeitou o capuz do casaco sobre a cabeça, e pegou no bolso um chiclete de melancia, depois de algumas horas de viagem, acreditava não ser a visão mais perfeita da "garota nova", mas tinha a impressão que o cara da voz bonita que falava com seu pai naquele instante não ligaria para o fato que esteve sem dormir nos últimos dias, e tudo o que precisava assim que entrasse em casa era de café.
Achou-o bonito naquele uniforme de xerife, apesar de parecer muito jovem para o cargo, os cabelos bem cortados, uma covinha suave no queixo e olhos cor de tormenta. Alto, atlético, e com um cheiro que fez Ayla perceber que nunca havia sentido nada parecido. Era intenso, cinzas, sangue, caramelo e algo para que seus sentidos não pareciam treinados. Era indescritível e oculto, como se algo sombrio e cruel se escondesse bem ali, dos seus olhos e do seu nariz, e dos seus ouvidos pois quando ele lhe estendeu a mão, ao segurá-la por um breve momento, pode ouvir que seu coração batia normalmente.
- Mason Field - ele sorriu, os dentes brancos imaculados, e a boca perigosamente contorceu-se em um sorriso de canto, Ayla sentiu um calafrio, como quando Ash abriu os braços, a beira do terraço onde sua família vivia, era como se a morte estivesse bem a sua frente.
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