Não Quero Nada Além de Você
Autor:Mon
GêneroRomance
Não Quero Nada Além de Você
As unhas de Alice cravaram nas palmas de sua mão devido à força com que fechava os punhos e seu peito arfava forte por conta da raiva que sentia.
De repente, ela puxou Rachel para perto e deu um tapa na cara dela.
O rosto da garota ficou marcado pela sua mão.
Um fino fio de sangue escorreu do canto da sua boca. Obviamente, Alice não parou apenas no tapa.
Rangendo seus dentes, ela gritou para os servos: "Vocês dois, segurem ela!"
A visão de Rachel ficou turva por causa da força com que foi atingida. Os servos não se demoraram nem um segundo, imediatamente cumprindo com a ordem de Alice. Cada um deles segurou um dos braços de Rachel para mantê-la no lugar.
Com um olhar assassino em seu rosto, Alice agarrou o queixo de Rachel e a forçou a levantar a cabeça.
A marca da sua mão aberta ficou bem marcada no lado direito do rosto dela, todo vermelho e inchado. Mais uma vez, Alice levantou a mão e grunhiu: "Você tem uma boca bem grande, não é mesmo? Vamos, fale algo agora, duvido!"
"Alice, sabe qual é o lema da minha vida?", Rachel perguntou enquanto cuspia sangue e se esforçava para manter a consciência. Seus olhos amendoados pareciam frios como o gelo. Era uma mirada forte o suficiente para intimidar qualquer pessoa.
"Dez olhos por um olho, dez dentes por um dente", Rachel rosnou de volta. "Enquanto eu respirar, perseguirei você até os confins do universo e a farei pagar por todo o sofrimento que me causou hoje!"
Por um momento, Alice se assustou com a ferocidade dela, mas logo retomou a compostura.
"Não tente me intimidar com suas ameças! Acha mesmo que uma perdedora que nem você vai me amedrontar?", ela falou entre dentes.
Logo depois, Alice bateu em Rachel até desfigurar seu rosto.
Sua raiva finalmente foi saciada quando ficou cansada de tanto bater. Ela encarou Rachel e disse para seus servos: "Vocês não escutaram o senhor Sullivan antes?"
"Sim, senhora. Ele nos mandou tirar a roupa dela e jogá-la longe daqui", um deles falou, baixando a cabeça.
Alice massageou o pulso dolorido de tanto espancar a outra e saiu da sala com um sorriso de satisfação no rosto.
Pouco depois, Rachel foi completamente despida, ficando apenas com duas peças de roupa íntima de seda cobrindo seu corpo nu.
Sem ter como resistir, Rachel apenas fechou os olhos e desistiu de lutar. Deixou que fizessem o que queriam.
Ela sabia muito bem que sua sobrevivência era o mais importante nesse momento.
Duas servas a carregaram de cada lado enquanto caminhavam na direção da porta.
Afinal, Rachel foi a esposa de Victor certa vez. Por mais que os servos a detestassem, ainda assim não queriam presenciar seu constrangimento. Ao longo do caminho, ela não viu mais ninguém além das empregadas que a escoltavam.
Nesse meio tempo, o mordomo bateu na porta do escritório.
"Entre", chamou Victor.
O mordomo entrou e anunciou: "Senhor Sullivan, a senho... senhorita Bennet foi colocada para fora como instruído."
Victor estava lendo um contrato nesse momento, por isso não levantou a cabeça para ouvi-lo, optando por perguntar: "E ela disse alguma coisa?"
"Não", disse o mordomo.
Bufando, Victor pensou nas palavras dela antes. Seus olhos se amarguraram com a raiva que transbordava no seu peito e ele ordenou: "Diga para jogarem ela o mais longe possível, não quero essa desgraça ambulante batendo na minha porta."
O mordomo ficou chocado ao ouvi-lo. "Está bem, senhor", ele respondeu com certa relutância.
Em algum porão imundo e apertado na zona sul da cidade...
"Não!", Rachel acordou gritando e se sentando imediatamente. Sua respiração estava pesada e olhava ao redor horrorizada
Nesse momento, alguém empurrou a porta do lado de fora para entrar. Ao vê-la acordada, o homem deixou a caixa de remédios que havia preparado de lado e caminhou até a cama.
"Senhorita Bennet, finalmente você acordou", ele suspirou preocupado.
Rachel procurou encará-lo de volta vigilante, se acalmando de imediato. Tentou se lembrar do nome dele, porque ele parecia familiar. No entanto, não conseguia se lembrar quem ele era nesse momento.
Ela olhou para seu próprio corpo e lembrou como foi expulsa da casa de Victor: seminua e praticamente morta. Contudo, agora aqui estava ela, viva e usando uma roupa floral bagaceira que combinava com suas calças.
"Quem é você?", foi a primeira coisa que perguntou. Sua voz estava rouca e parecia desconfiada do homem na sala.
"Já nos conhecemos uma vez, mas naquela época você era apenas uma criança. É natural que não se lembre de mim. Meu nome é Andy Torres, advogado particular de sua mãe", após falar isso, o homem abriu um grande sorriso.
'Andy? O advogado da mamãe?', ela ficou pensando nas coisas que Andy disse.
Rachel lembrava-se que sua mãe tinha um advogado. "Você me salvou?", perguntou.
"Sim. Quando liguei para você, uma pessoa que estava passando atendeu e me informou que você estava desmaiada. Mas não se preocupe, não vi nada seu. O homem que encontrou você a cobriu com um casaco e levei você até o carro para voltarmos para casa", Andy explicou.
"Então como estou com essas roupas?", a garota indagou.
"Ah, pedi para que uma senhora aqui as trocasse para você."
Rachel suspirou aliviada, mas ainda tinha o queixo franzido. "Você disse que me ligou, o que queria?"
Sua mãe havia morrido quando ela tinha 13 anos de idade. Andy alegou ser o advogado dela, mas fazia anos que ele e Rachel não se viam. Sua atitude de aparecer assim sem aviso prévio era muito suspeita.
Andy se levantou e caminhou para fora da sala. Pouco depois, voltou com um documento em mãos e o entregou para Rachel.
"Esta é a última vontade e testamento de sua mãe", explicou.
"O testamento da minha mãe?", Rachel repetiu com a dúvida estampada nos olhos. Se lembrava corretamente, sua mãe havia partido tão de repente desse mundo que não teve tempo de elaborar esse documento.
Caso contrário, o inútil do seu pai e a sua amante não teriam agido de maneira tão imprudente e dispendiosa.
"Sim, ela pediu para que eu fosse a testemunha do seu testamento enquanto ainda vivia. Me instruiu a registrar este documento em cartório e dá-lo para você no seu aniversário de 24 anos."
Agora que Andy havia mencionado, Rachel se lembrou que seu aniversário foi no mesmo dia que o seu divórcio.
"Está explícito no testamento que você deve herdar todos os bens da sua mãe, incluindo 15 das ações do Grupo Bennet e a mansão em que ela morou antes de morrer", Andy prosseguiu.
Rachel folheou o documento até a última página e viu o nome "Elisa Bennet", escrito no canto direito do papel.
"Senhor Torres, fiquei quanto tempo inconsciente?", perguntou Rachel.
"Três dias", o advogado respondeu.
A garota guardou o testamento e se levantou da cama. "Nesse caso, eles viveram confortavelmente por mais três dias. Já é o suficiente na minha opinião."
Após dizer isso, Rachel caminhou em direção à porta.
"Senhorita Bennet, para onde você está indo?", questionou Andy.
Rachel estancou no lugar e olhou para o testamento em suas mãos. Arqueando uma sobrancelha, abriu um amplo sorriso.
"Pra onde mais? Pretendo voltar para casa e chutar a bunda do meu pai, da vagabunda da sua amante e da minha irmã." Após dizer isso, a garota abriu a porta e saiu.
Andy ficou chocado com as palavras dela por um breve momento. De alguma forma, teve um vislumbre de Elisa ao assistir àquela cena.
Enquanto via Rachel seguir falando, ele botou o casaco e seguiu seus passos apertados.
Na casa da família Bennet, dentro do distrito de Riverside Villa no norte da cidade...
Rachel e Andy pararam junto à porta. Já haviam tocado a campainha uma dezena de vezes, mas ninguém vinha atender.
Irritada com aquele toque incessante, finalmente a governanta escancarou as portas para gritar: "Parem com isso! Quem está aí? É cobrança de dívida ou algo assim? Parem de tocar na campainha! Estão me deixando louca!"
Assim que terminou de falar, a mulher abriu a porta lateral da mansão para olhar os visitantes, e sua testa franziu de imediato. Estava surpresa de vê-los ali.
Rachel deu um sorriso irônico e malicioso, falando: "Bem, nós viemos cobrar uma dívida."
"Vocês... é você!" a governanta exclamou, ficando subitamente pálida enquanto sentia um calafrio percorrer sua espinha ao ver o rosto intimidante da garota.