Após a trágica perda de sua mãe e irmã em um acidente de carro, Sekhane vê sua vida virar de cabeça para baixo. Com apenas 17 anos, ele é forçado a abandonar seu país e assumir a responsabilidade por sua irmã mais nova, Sevda , em uma cidade estranha. Sekhane tenta recomeçar em uma escola pública, onde seu sorriso outrora constante se transforma em uma lembrança distante. Sob o peso da dor e da solidão, ele adota o nome de solteira de sua mãe como uma forma de manter vivo o legado familiar. Enquanto luta para se ajustar à nova realidade, Sekhane encontra apoio inesperado da diretora do internato, uma amiga próxima de sua mãe. Juntos, eles embarcam em uma jornada de cura e autodescoberta, onde Sekhane aprende a enfrentar o passado e abraçar o presente, descobrindo a força dentro de si para enfrentar os desafios da vida com coragem e esperança. "O Mundo quebrado" é uma história emocionante sobre amor, perda e a jornada para encontrar a luz mesmo nos momentos mais sombrios.
O sol começava a se pôr enquanto Sekhane e sua irmã, Sevda, aguardavam no ponto de ônibus para o internato. O calor do dia cedia lugar a uma brisa fresca, mas a atmosfera ao redor deles permanecia carregada de pesar.
Sekhane observou sua irmã mais nova, Sevda, cujos olhos outrora vivos estavam agora sombreados pela tristeza. Ele sabia que ela estava sofrendo tanto quanto ele, talvez até mais.
A perda da mãe e da irmã havia deixado um vazio em seus corações que parecia impossível de preencher. O ônibus finalmente chegou, interrompendo o silêncio pesado que pairava entre os dois.
Sekhane ajudou Sevda a subir, sentando-se ao seu lado enquanto o veículo começava a se mover.
Sevda: -Sekhane. Começou Sevda, sua voz trêmula de emoção.
Sekhane: -eu sinto tanto a falta da mamãe e da Magélia.
Sevda: -Eu... eu não sei como vou conseguir seguir em frente sem elas.
Sekhane colocou um braço ao redor dos ombros de Sevda, puxando-a para perto dele.
Sekhane: -Eu sei, Sevda. Eu sinto falta delas também. Mas nós precisamos ser fortes, ok?
-Nós vamos passar por isso juntos.
As lágrimas começaram a escorrer pelo rosto de Sevda.
Sevda: -Mas e se algo acontecer com você também, Sekhane?
-Eu não suportaria perder mais ninguém.
Sekhane sentiu um aperto no peito ao ouvir as palavras de sua irmã. Ele sabia que a promessa que estava prestes a fazer era uma promessa que ele talvez não pudesse cumprir, mas ele também sabia que não podia deixar Sevda enfrentar essa dor sozinha.
Sekhane: -Eu prometo, Sevda.
Disse ele com determinação, embora no fundo de sua mente soubesse que a vida era imprevisível e cheia de incertezas.
Sekhane: -Eu prometo que nada mais vai acontecer com a gente. Eu estarei aqui para você, sempre.
Enquanto Sekhane abraçava Sevda, prometendo protegê-la de qualquer outra dor, um pensamento sombrio ecoou em sua mente, ele sabia, no fundo de seu coração, que a promessa que acabara de fazer era quase impossível de cumprir. A vida já havia lhes mostrado sua crueldade, tirando deles duas pessoas que amavam profundamente.
Como ele poderia garantir que nada mais aconteceria com eles?
Como ele poderia proteger Sevda do destino incerto que parecia pairar sobre suas cabeças?
Um sentimento de impotência o dominou enquanto ele lutava para encontrar esperança em meio à escuridão que os cercava. Ele queria acreditar em suas próprias palavras, queria acreditar que poderia proteger sua irmãzinha de qualquer coisa que a vida pudesse lançar em seu caminho.
Mas a realidade implacável o lembrava de que algumas promessas eram feitas para serem quebradas, não importa o quanto desejássemos que fossem verdadeiras.
No entanto, mesmo com todas as dúvidas e medos que o assombravam, Sekhane sabia que não podia deixar Sevda enfrentar essa batalha sozinha. Ele faria o que estivesse ao seu alcance para mantê-la segura, mesmo que isso significasse lutar contra o inevitável com todas as forças que tinha. Porque, no final das contas, a promessa que ele fizera não era apenas para Sevda - era também uma promessa para si mesmo, uma promessa de que ele não perderia mais ninguém que amasse.
Enquanto o ônibus seguia seu caminho pela estrada, Sekhane e Sevda continuaram conversando, compartilhando lembranças felizes de sua mãe e irmã e encontrando consolo um no outro em meio à escuridão da perda. E mesmo que o futuro fosse incerto, eles sabiam que tinham um ao outro. E talvez, apenas talvez, isso fosse suficiente para enfrentar o que quer que viesse pela frente.
...
À medida que o ônibus se aproximava do internato, Sekhane e Sevda sentiram uma mistura de apreensão e desânimo. O edifício imponente à frente parecia intimidador, ele era luxuoso e o peso das circunstâncias em que se encontravam só aumentava o desconforto.
Enquanto desciam do ônibus, Sekhane notou os olhares curiosos e até mesmo julgadores de alguns dos outros alunos. Ele sentiu um aperto no peito ao perceber que, mesmo antes de conhecê-los, já estavam sendo rotulados por sua aparência simples e pelo ar de tristeza que os envolvia.
Sevda segurou firme na mão de Sekhane, buscando conforto na presença do irmão enquanto enfrentavam as expectativas silenciosas dos outros. Ela podia sentir os olhares de desaprovação e compaixão que os seguiam enquanto se dirigiam para dentro do internato.
Sekhane apertou a mão de Sevda com firmeza, determinado a não deixar que os preconceitos dos outros os abalassem. Eles haviam enfrentado perdas insuperáveis, mas estavam determinados a não permitir que sua situação os definisse.
Com coragem renovada, Sekhane e Sevda deram seus primeiros passos dentro do internato, prontos para enfrentar os desafios que estavam por vir. Eles sabiam que não seria fácil, mas estavam determinados a encontrar uma maneira de seguir em frente juntos, não importando o que a vida lhes reservasse.
Enquanto Sekhane e Sevda se aproximavam da receção, uma risada alta e estridente ecoou pelo ar.
Sekhane franziu a testa quando percebeu um grupo de alunos parados à sua frente, entre eles Diego Bettencourt, o garoto mais popular e rico do internato, acompanhado por seus amigos mimados.
Diego: -Olhem só quem temos aqui. Zombou Diego, com um sorriso de superioridade.
-Parece que temos novos moradores no orfanato. Mal posso esperar para ver como vocês vão se sair, sou Diego seu veterano.
Sevda apertou a mão de Sekhane com mais força, seu rosto corando de vergonha e raiva. Mas antes que ela pudesse responder, um dos amigos de Diego fez um comentário ainda mais maldoso.
Albene: -É melhor vocês se acostumarem com a comida de graça e os uniformes baratos. Disse ele, rindo.
-Parece que vocês vão precisar se contentar com o mínimo agora então tu, vem ter comigo que te oferto o meu ténis para se sentir bem.
As palavras cortantes atingiram Sekhane como um soco no estômago, mas ele se conteve. Ele sabia que responder à altura só pioraria as coisas, e a última coisa que queria era causar mais dor a Sevda.
Ignorando os risos zombeteiros dos outros alunos, Sekhane guiou Sevda para dentro da sala da receção, tentando ignorar a sensação de humilhação que queimava em seu peito. Ele sabia que teria que engolir o orgulho por enquanto, mas jurou a si mesmo que um dia faria Diego e seus amigos se arrependerem de suas palavras cruéis. Por enquanto, porém, seu foco estava em proteger Sevda e garantir que ela se sentisse segura e amada em seu novo lar.
Continua....
Capítulo 1 Uma Promessa na Escuridão
03/06/2024