Gabriela, Hoffmann, uma jovem médica tem seu coração despedaçado depois de ser abandonada no altar, por Danilo, seu também colega de trabalho, ela conta com a ajuda de suas amigas Cintia e Felicia para tudo que ela precisar. Até o dia em que Miguel cervantes chega no hospital, arrancando suspiros de todas por onde passava, menos de Gabriela.
O dia do casamento com certeza era para ser o dia mais feliz da minha vida, depois da minha formatura como uma cirurgiã, e quando comecei a trabalhar no hospital onde meu pai o grande dr Ricardo Hoffmann é dono, para resumir a minha caótica historia de amor, temos de voltar um pouco no tempo, vamos começar pela melhor parte da minha faculdade, onde conheci minhas amigas e diria que escudeiras, as gêmeas Cintia e Felícia Alcântara, eu costumava chamar as duas de razão e emoção, de tão diferentes que elas eram, fazíamos tudo juntas, e escolhemos até a mesma especialidade.
Até que no ultimo ano da faculdade eu conheci ele, o desgraçado do Danilo, me encantei por aqueles olhos azuis e cabelos castanhos, um corpo atlético e uma lábia de dar inveja a qualquer don Juan, depois de ter ficado com ele durante seis meses ele me pediu em namoro, éramos aquele casal de capa de revista, um casal inter–racial, um homem negro e uma mulher branca não era muito aceitável, mas nós não ligávamos para isso, depois de dois anos juntos, veio o pedido de casamento, no meio da faculdade, com direito a flores e musica romântica, ali eu pensei que teria encontrado o grande e verdadeiro amor da minha vida...que besteira, um ano depois estávamos no altar, nossos amigos e familiares na igreja toda decorada, eu usava um vestido digno de contos de fadas, minha vida mudou quando o padre pergunta:
- Gabriela, você aceita Danilo como seu legitimo esposo, para amar e respeitar até que a morte os separe!?
- Sim, eu aceito! – respondo com um sorriso que não cabia em mim, o padre pergunta a Danilo e ele hesita, engole seco o padre pergunta mais uma vez depois do silencio instalado, ele solta minha mão e responde sem ao menos me olhar no olhos.
- Não... não posso fazer isso! – ele vira de costas e vai embora com o mesmo carro em que foi para a igreja.
Aquilo estava mesmo acontecendo, eu estava sendo deixada no altar, naquele momento eu desejei que o chão se abrisse para eu poder me enfiar e sumir do mapa, a decepção e surpresa na cara dos meus pais estava mais do que evidente, o pior de tudo foi ouvir as pessoas cochichando atrás de mim, todos foram pegos de surpresa pela audácia de Danilo, Cintia e Felícia em questão de segundos mandaram todos da igreja irem embora, enquanto isso eu saia do altar e ia para a parte de trás da igreja, até aquele momento eu estava sem entender absolutamente nada do que tinha acontecido. Somente nós três estávamos naquela salinha, até que eu escuto meus pais discutindo com os pais de Danilo na porta da sala, estavam discutindo sobre quem falaria comigo primeiro, até que Cintia, mais conhecida como a razão, sai da sala e manda todo mundo ir embora dali, ela era a única corajosa o bastante para enfrentar os meus pais, eu e Felícia estávamos chorando juntas, então eu pergunto:
- Amiga, você está chorando por que!?
- Porque você está chorando amiga!
Pouco depois escuto alguém batendo na porta, era Fernanda, esposa do meu irmão Nicholas, eles também eram médicos, ela era pediatra e ele dermatologista, Felícia se afasta um pouco e ela me abraça com força, ficamos ali por algumas horas depois do que aconteceu, Nicholas foi ao meu apartamento pegar algumas roupas para mim. Pouco depois estava chegando ao meu apartamento, que para meu azar estava cheio de presentes de casamento na sala, ignorei a vista e fui tomar um banho relaxante, querendo que a água leve junto a minha vontade de existir para sempre, deixo meus cabelos loiros molharem com a água gelada, sento no chão e choro como se não houvesse amanhã.
Mas sempre tem um amanhã.
Acordo com minha empregada entrando no meu quarto, Helena, uma baiana nervosa, ela entra com meu café da manhã em uma bandeja, eu tinha chorado até dormir, acordei com meus olhos vermelhos, ela coloca a bandeja na ponta da cama de casal e me abraça, Helena já trabalhava comigo desde quando me mudei para o apartamento, ou seja, quatro anos atrás, tínhamos intimidade para falar e fazer algumas coisas, e ela também estava na igreja, ficamos abraçadas em silencio e ela fazia um carinho tão gostoso nos meus cabelos. Pouco depois fomos para a sala e ela me pergunta o que fazer com aquela quantidade de presentes, eram muitos, eles estavam ocupando todo o chão, os dois sofás grandes, a mesa de centro, tinha presentes em caixas empilhadas, eu observei aquilo e respondi respirando fundo:
- Faz o que você achar melhor, leva, vende, joga fora...tanto faz!
- Tudo bem, você vai para o hospital hoje?
- Não, eu vou ficar aqui até definhar!
- Quer almoçar o que hoje?
- Nada não, eu não quero nada!
- Saco vazio não para em pé, vai almoçar sim senhora, nem que eu tenha que te dar na boca! – ela ordena.
Fico o dia inteiro de moletom e meia na sala, assistindo canal combate, Helena termina de limpar o meu quarto e sai de lá com algumas roupas que Danilo havia deixado, de algum jeito ela sabia como cuidar de mim, então apenas pega as roupas e joga fora, os pijamas de algodão dele ela faz pano de chão, as roupas sociais caras, ela tira os botões para usar em outras roupas, as gravatas ela joga fora, mas um relógio em especifico ela deixa para eu destruir, um Rolex de ouro edição especial que eu havia dado de presente em nosso segundo ano juntos, assim que ela me entrega eu tento quebrar o vidro jogando no chão e pisando, logo me arrependo de pisar naquilo descalça, levo o relógio para o meu closet, coloco meu melhor salto agulha e piso com força no vidro " Creck, creck " ouço quebrando, tiro meu pé de cima e o relógio ficou irreconhecível.
Sim, coloquei salto só para isso, mas ainda não estava satisfeita.
Guardei o relógio em uma caixinha decorativa, esperando o momento certo para devolver ao dono, as horas passaram e sem que eu tivesse convidado alguém, de repente meus amigos e minha família tocaram a campainha, eles tinham levado pizza e muito vinho, Helena coloca a mesa e se senta conosco aceitando meu convite, até que minha mãe diz depois que ela se afasta um pouco para ir a cozinha:
- Gabriela, desde quando os empregados se sentam a mesa com os patrões!? – Disse Patrícia, minha mãe, mais conhecida também como Hitler de vagina, mas ela não sabia do apelido carinhoso, respiro fundo e com meu olhar mais matador ela encara meus olhos verdes então eu rebato.
- Desde quando a senhora manda em alguma coisa nessa casa? Ela é minha amiga e vai jantar comigo sim, se não gostou a porta está bem ali. – respondo apontando discretamente para a porta.
- Mais respeito comigo menina! – ela responde apontando para mim e pensando que ainda me assusto com seu tom de voz duro.
- Sai da minha casa...agora! – aponto mais uma vez para a porta e ela pega sua bolsa e vai embora sozinha, deixando meu pai, meu irmão e minhas amigas na mesa, todos me encaram chocados.
- Perdi o apetite! – me levanto da mesa e vou para meu quarto.
Meu pai e meu irmão foram embora logo depois, me despeço deles ainda no quarto, depois de vinte minutos sozinha, entram as únicas mulheres no meu quarto, Cintia levava uma garrafa de vinho e duas taças, Felícia as outras duas, Helena uma caixa de pizza, depois de secarmos a garrafa de vinho Helena foi para o quarto dela, já as gêmeas dormiram comigo, eu estava no meio das duas.
Duas semanas depois...
Hoje eu vou voltar ao hospital, tenho uma reunião com o conselho, e depois vou ficar no plantão, hoje será um dia daqueles e não é no bom sentido da palavra, antes do sol nascer eu já estava de acordada, faço meu café, ouço as noticias enquanto tomo banho, saio do banho e abro minha gaveta de anéis, e encontro mais um rastro do que um dia chamei de amor, o anel de noivado, junto com a minha aliança de compromisso, ainda de toalha pego aquelas porcarias, coloco no balcão da cozinha em cima de um bilhete para Helena ler:
"Helena, venda esses anéis e fica com o dinheiro para você, e nem ouse em tentar me dar alguma coisa bjs, tenha um ótimo dia "
Pouco depois visto uma calça jeans, tênis casual preto e uma camisa branca, meu jaleco sempre ficava na lavanderia, lavado e passado, pego e antes de ir até a garagem me olho no espelho, talvez estivesse procurando alguma coisa para me deixar com a auto estima baixa, mas não tinha nada, sempre cuidei muito bem do meu corpo perfeito. Depois de vinte minutos chego ao trabalho, fico encarando a entrada dentro do meu carro, pensando se era uma boa ideia, encosto minha cabeça no banco de couro e fecho meus olhos, deixando minha mente vagar a vontade, até que minhas amigas encostam no carro, Cintia bate três vezes no vidro da minha janela, me assustando, eu olho e ela aponta para seu relógio de pulso me chamando para entrar, saio do carro com minha mochila preta e meu jaleco no braço, ajeito o batom enquanto nós andávamos para a entrada, as duas não paravam de falar, elas não faziam por mal, até quando estávamos indo pegar os prontuários elas conversavam, interrompo a conversa dizendo:
- Meninas, com licença, eu tenho reunião com a diretoria, vejo vocês depois! – coloco meu jaleco e entro no elevador enquanto olho meu celular.
Entrei na sala e meu pai estava me esperando com outros dois médicos da direção, me sento ao seu lado depois de der um bom dia sonoro a todos, eles respondem não muito contentes com a novidade, de uma mulher estar assumindo a direção em breve, meu pai cansou-se da burocracia e estava a fim de voltar a sala de cirurgia mas logo se aposentaria, me deixando como diretora da rede de Hospitais, enquanto eu falava meu pai observava atento, até quando um dos médicos mais experientes do hospital me interrompe:
- Como a nova diretora da ala cirúrgica, eu proponho que mais cirurgiões sejam contratados, eu pedi que Luana cuidasse das entrevistas ainda essa semana...
- E desde quando você, uma garota, que mal saiu das fraldas entende de cuidar de uma ala inteira de um hospital...pela sua idade o máximo que já deve ter cuidado é das suas bonecas. – disse dr Claudio, um medico de muita idade e com olhar de deboche.
- Não sou uma garota, sim uma mulher, e já que estamos aqui para discutir idade, pelo que eu sei, você foi medico na época da peste negra...estou certa? – rebati com mais desdém ainda...por favor não me interrompa mais! – assim que rebato ele olha para meu pai como se ele fosse me expulsar da sala ou algo do tipo, mas meu pai não faz isso, muito pelo contrario, ele endossa o que eu disse levantando as mãos em rendição, pouco depois eu continuo.
Saio da sala depois de me chamarem para uma emergência, sem tempo de ir pelo elevador vou de escadas, todos os sete andares, enquanto tiro meus brincos e anéis, chego e o caso era de um homem envolvido em acidente de moto, acho que nunca desci as escadas tão rápido.
Ele estava tendo uma parada quando eu peço o desfibrilador:
- Carga em 100...afasta!...de novo carga 100...afasta! – depois de três tentativas ele reage, pego o estetoscópio que estava pendurado no meu pescoço e ouço uma batida espaçada e lenta, então mandei que levassem ele para a sala de operações e eu já estava indo.
Fui o vestiário dos médicos e troquei de roupa, guardei meus acessórios e fui me paramentar, enquanto eu me lavava, entra outro medico, eu nunca vi ele pelo hospital então me apresentei, ao homem alto de olhos verdes, moreno e forte:
- Prazer, eu sou a Dra Gabriela, e você quem é!?
- Sou o dr Miguel, acho que vamos trabalhar nesse caso juntos! – ele me responde com um sorriso simpático, seu sotaque do Rio era bem característico.
Colocamos as nossas roupas cirúrgicas e enquanto ele dava um nó na minha mascara eu pude sentir o seu perfume marcante, pouco depois entramos na sala e ficamos lá por algumas horas, ele era muito habilidoso com as mãos, seus métodos inovadores com certeza foi um dos motivos de ter sido contratado, dentro da sala de cirurgia as únicas vezes que trocamos palavras era estritamente sobre o caso a nossa frente, apesar de discordarmos de algumas coisas, o jeito dele foi o que salvou a vida daquele paciente.
- Eu estou esperando você me agradecer pela ajuda! – ele fala comigo enquanto tiramos as roupas descartáveis e nos lavamos mais uma vez.
- Como é!? – pergunto confusa e surpresa
- É sabe, afinal foi eu quem descobriu que ele é alérgico a lidocaína...então um obrigado seria legal gracinha! – ele continua com convencimento e um pouco de arrogância
Ele sai da sala antes que eu possa responder alguma coisa, pouco depois eu volto para o posto do trauma, pego alguns prontuários, meu olhar de julgamento direcionado aquele arrogante estava bem claro, Cintia encosta do meu lado enquanto encaro ele, com seu sarcasmo de sempre ela diz:
- Se você vai encarar ele assim, devia pelo menos pedir uma foto!
- Conhece ele!? – pergunto surpresa
- Sim, o dr Miguel chegou enquanto você estava fora, ele é bonito não é!? – ela provoca com sarcasmo
- O quem têm de bonito, têm de arrogante, egocêntrico e convencido! – rebato com desdém
- Nossa, essa foi a primeira vez de vocês dois e já estão assim! – ela provoca com olhar sarcástico.
- Não começa, eu vou dar alguns pontos e já falo com você!
Antes que eu possa sair, Felícia se junta a sua irmã para me provocar, ela com seu jeito doce de sempre:
- Ouvi dizer que você e o Miguel operaram juntos, e ai como foi amiga!?
- Terrível, ele é um escroto fora da sala de cirurgia...agora com licença! – saio revirando os olhos e sorrindo.
Enquanto eu dava alguns pontos nas costas de um paciente, ele entra na pequena divisa da cortina que separava os pacientes, ele se abaixa ao meu lado e diz com seu tom um pouco mais simpático:
- Oi, está podendo falar?
- Se você não percebeu eu estou ocupada, tem alguém me chamando!? – respondo sem olhar para ele com rigidez
- Sim, eu estou precisando da sua ajuda!
- Qual é o caso!? – pergunto ainda sem olhar para ele
- O nosso motoboy está indo de novo para a cirurgia!
Respiro fundo e chamo alguém para terminar os pontos para mim, me levanto da cadeira com pressa e vamos andando com passos bem rápidos, e lá estávamos nós entre aquele paciente na nossa mesa, eu peço para olhar os exames de sangue dele e descubro algo que Miguel não podia contar, aquele homem não estava com uma simples queda de moto, ele havia levado um tiro nas costas, então com o método menos invasivo possível retiro a bala, pouco depois enquanto voltávamos para o posto do trauma eu provoco:
- Estou esperando você agradecer por ter salvo a vida dele, quando você não conseguiu! – ele revira os olhos sorrindo e responde
- Estamos quites então, ele está bem graças a nós dois, agora se não me engano, a policia têm que ser notificada por um ferimento de bala...estou certo!?
- Sim, mas vou te dar essa honraria, agora se não se importa eu tenho uma reunião! – digo a ele enquanto me afasto e vou para o elevador, ele segura meu pulso e diz enquanto se aproxima de mim, chegando tão perto que é possível sentir seu calor.
- Então você é a nova diretora da cirurgia, a famosa Gabriela!
- Sim, eu sou a Gabriela sua chefe, sugiro que me solte! – com a voz mais firme possível eu respondo a ele, que me solta imediatamente, ajeito minha camisa e espero pelo elevador com os braços cruzados, antes da porta se fechar é possível ver seus olhos me fitando junto com um sorriso de canto.
Chego a sala do meu pai e conversamos um pouco, a sala dele tinha uma parede de vidro, para que ele visse quem estava na ala cirúrgica e fazendo o que, estar naquela sala me dava uma sensação de poder, as horas se passam e outra emergência me chama, mas depois que eu saísse dali o meu dia mudaria, naquele dia perdi o paciente do acidente e quando sai da sala de cirurgia e andava cabisbaixa para o vestiário dei de cara com Danilo, vivendo sua vida normalmente, Cintia logo se aproximou de mim desviando meu caminho, quando entramos no vestiário ela fechou a porta e pude dar meus gritos em paz:
- O que aquele crápula faz aqui!? – enquanto gritei dei um tapa na porta de um armário com força – eu quero ele fora daqui imediatamente! Ele não merece estar aqui dentro do meu hospital!
- Agora que você é da chefia da cirurgia, pode demitir ele! – Cintia se aproxima de mim e me abraça por trás - Nem se eu quisesse poderia, ele não é cirurgião...ai que ódio daquele homem! – disse segurando meus cabelos com força
- Calma amiga, deve ter uma boa explicação para ele estar aqui, ele não seria tão indecente a ponto de vir aqui no seu andar para nada!
Respirei fundo, me recompus e disse olhando para ela:
- Têm razão...deve ter uma explicação para ele estar aqui – respirei fundo mais uma vez e completei – obrigada, por isso eu sempre disse que você é a razão, me coloca nos eixos e me faz pensar!
- Por nada! – ela agradece dando uma piscadinha.
Saio do vestiário de cabeça erguida, pego os prontuários em cima do balcão e começo a ler, até que sinto aquele perfume, ignoro até que ele me cutuca no ombro duas vezes, ignoro ainda mais até que ele me cutuca outra vez, me viro de uma vez e ele estava com aquela cara de sonso e de cão arrependido, não estava fazendo questão de ser educada ao falar com ele:
- O que você quer!?
- Podemos conversar?
- Não, não podemos conversar! – quando eu ia me virar de novo para e concentrar no meu trabalho ele me puxa de volta com força pelo bolso de trás da calça me girando, e com uma reação rápida dou um tapa no rosto dele, quem estava perto ouviu, e quem não estava percebeu a marca dos meus dedos bem fortes – nunca mais encosta em mim! – disse a ele olhando com raiva, pego os papeis e saio de perto dele.
Enquanto caminho até minha sala, vejo as pessoas cochichando e me olhando, continuo caminhando como se nada tivesse acontecido, fecho minha porta e coloco a pilha de papeis na minha mesa, enquanto trabalhava alguém entra sem bater na minha sala, por sorte era Nicholas, com um sorriso largo, ele se senta na minha frente e diz:
- Ouvi dizer que você deu um soco no Danilo, nossa que legal!
- Nossa! – gargalho jogando a cabeça para trás antes de completar – Seria legal mas não, foi só um tapa bem dado mesmo!
- Ele veio fazer o que no seu andar!? – ele perguntou curioso
- Conversar comigo...
- Conversar!? meio tarde para isso! – Nicholas interrompe e eu concordo com a cabeça.
Enquanto conversávamos, Felícia entra sem bater, logo pede para contar o que aconteceu enquanto ela operava, enquanto eu contava, Cintia também entra sem bater, eufórica, nós conversávamos quando mais alguém entra sem bater, dessa vez é Fernanda, a noticia já tinha chego na pediatria, que ficava dois andares acima do meu, eu sorrio ironicamente e brinco:
- Eu vou mandar colocar uma catraca nessa porta...quem sabe vocês batem antes de entrar...o que foi dessa vez Fê!?
- O que tem eu!? – Fernanda pergunta sem jeito
- Você está fazendo o que aqui criatura!? – pergunto apoiando meus cotovelos na mesa e ela responde sorrindo
- Eu ouvi dizer que você saiu na porrada com Danilo, no meio da recepção! – enquanto ela falava ia ficando com um sorriso mais largo ainda, mas logo se desfez quando eu disse a verdade.
Depois de vinte minutos de conversa na minha sala todos foram chamados para seus respectivos andares, as horas passaram e fui almoçar com as meninas, no restaurante em frente ao hospital, enquanto almoçávamos pude ver alguém se aproximando, Miguel se sentou atrás de Felícia, Cintia então chama ele para se sentar conosco e eu a olho com raiva. Enquanto almoçávamos Miguel não tirava os olhos de mim, seu sorriso galante estava estampado, seu olhar interessado, voltamos para o trabalho algum tempo depois, fui fazer visita dos meus pacientes junto com os residentes, Miguel foi comigo não sei porque. Finalmente chegamos ao fim daquele dia infernal, antes de sair do hospital coloquei meus acessórios, enquanto colocava meu brinco, Miguel entra na sala e vai logo tirando a roupa cirúrgica, não pude deixar de notar que ele tinha algumas cicatrizes em suas costas fortes e másculas, me senti instigada a perguntar, mas ignorei a principio, antes de eu sair me aproximo do armário dele e digo em seu ouvido em tom de brincadeira:
- Não conta para ninguém, mas obrigada pela ajuda hoje...você foi muito habilidoso, boa noite! – ele dá uma risadinha e responde
- De nada, você também foi uma heroína naquela sala...não conta para ninguém, esse será nosso segredo, boa noite gracinha!
Pouco depois eu cheguei ao meu apartamento, Helena estava ouvindo musica, assim que eu entro ela me puxa para dançar com ela, depois de alguns minutos dançando ainda com meu jaleco na mão eu pergunto empolgada o motivo de tanta alegria, e ela responde:
- Seus anéis, valiam mais que meu salário de três meses, e olha que eu não ganho mal...muito obrigada Gabi!
Agradeci e depois de jantar, tomei um banho, deitei na minha cama e dormi, encerrando aquele dia fatídico.