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Meu Felizes para Sempre

Meu Felizes para Sempre

Helena Medeiros

5.0
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5
Capítulo

Lyandra é uma mulher que precisou focar em trabalhar e pagar as contas desde muito cedo. Apesar de suas ocupações, ela sempre teve um sonho: tornar-se escritora. Gabriel é um escritor famoso de romance e fantasia, que usa o pseudônimo MOGUS. Ele precisou voltar para o Brasil para resolver uma pendência com seu irmão, Miguel. Gabriel e Lyandra se conhecem de um jeito nada agradável. Desde então, ele a salva tantas vezes, que ela começa a achar que ele é o seu anjo da guarda. Quanto mais o tempo passa, mais a vida dos dois fica entrelaçada. Será que, assim como nos livros que tanto ama, Lyandra terá o seu felizes para sempre?

Capítulo 1 Gabriel

Chego de viagem cansado e quando saio do aeroporto de Recife, já tem um motorista me esperando em um carro. Ninguém da minha família veio me buscar, mas com certeza acreditam que esse gesto é um dos mais carinhosos possíveis. Vou direto para a casa dos meus pais, ficarei no Brasil por um tempo que ainda não decidi quanto. Preciso resolver algumas coisas e dessa vez só irei embora depois disso.

De fato, a conclusão se faz necessária. Foram anos evitando voltar para casa, simplesmente por não querer encarar meus medos de frente. Medos criados na minha infância e que me perseguem até hoje. Meu irmão e eu nunca nos demos bem, ele é o queridinho da família e assumirá o cargo de diretor da empresa do meu pai. Foi criado para isso.

Eu sempre fui "do contra", nunca quis me envolver nos negócios da família e muito menos exibir uma vida de extravagância. Também nunca gostei muito de ir à festas e barzinhos; de fato, ficar em locais com o mínimo de pessoas possíveis sempre foi minha preferência.

Dentro do carro, olho pela janela e começo a reconhecer o caminho. Em meia hora já estamos chegando à mansão dos Ferry. O lugar é incrivelmente grande e bonito. O motorista para na frente da casa, desce para abrir a porta do carro para mim e tirar minha bagagem do porta malas. Algo que considero desnecessário, já que eu mesmo poderia fazê-lo.

Agradeço e fico parado um pouco, olhando ao redor. As plantas continuam muito bem cuidadas e parecem destacar ainda mais a beleza do lugar. Subo as escadas e entro. Na sala, meus pais se levantam do sofá e caminham em minha direção.

- Seja muito bem-vindo, querido. - Minha mãe diz me abraçando.

- Sentimos sua falta, garoto. - Meu pai fala, abraçando-me também.

- Obrigado, é bom estar de volta, eu acho - digo sinceramente.

- Vamos guardar suas coisas no quarto? - Ela pergunta.

- Posso ir sozinho - afirmo e vou seguindo para o local que é meu quarto desde quando eu era um menino.

- Não esqueça de vir para o almoço, ficaremos aguardando! - Minha mãe diz alto e eu aceno, concordando.

Sinto-me um pouco desapontado por não ver meu irmão, Miguel, aqui. Mas o que eu poderia esperar? Ele sempre se sentiu superior a mim. E agora que se casou, deve estar ainda mais ocupado. A vida dele é a que quase todos os homens adorariam ter, apesar de que ele sempre teve apenas uma mulher em mente. E ele é muito sortudo, pois foi justamente com ela que ele se casou.

Estou curioso para conhecê-la, ela é sua secretária há anos, mas eu nunca a vi, já que não tenho o hábito de visitar a empresa ou o meu irmão nas poucas vezes que venho aqui. Em algum momento sei que ele aparecerá.

Não gosto de admitir, porém meu irmão e eu somos muito parecidos fisicamente. Nosso avô por parte de mãe tem descendência coreana, e nós acabamos puxando bastante dele. Temos a pele clara, cabelos pretos e lisos, olhos escuros e puxados, e tendência a ter um corpo magro. O que teríamos, se não gostássemos de fazer atividades físicas. Ok, temos mais isso em comum.

Sigo até o banheiro e tomo um banho rápido. Estou cansado e tudo que quero no momento é cochilar um pouco. Preciso recompor minhas energias e, para ser sincero, além de ver meus pais não há muito o que eu fazer por aqui. Talvez sair pela cidade sem rumo certo, ir à praia, faz tempo que não faço isso.

Deito-me na cama e um filme começa a passar na minha cabeça. Voltar a este lugar me traz lembranças nada agradáveis. Evito pensar, iniciando uma técnica de meditação. "Os pensamentos podem vir, mas não sirva lanche para eles", repito para mim mesmo. Em poucos minutos já estou dormindo.

Acordo em um pulo e um pouco assustado. Sonhei que estava sendo perseguido em ruas escuras. Era minha versão criança que adorava brincar de se esconder, mas certa vez, nessa brincadeira, acabou encontrando o que não devia.

Olho para o relógio e já está próximo da hora do almoço. Arrumo o cabelo com as mãos e desço como estou vestido; sem me importar com o que meus pais possam achar. Ao chegar à sala de refeições, meus pais já estão à minha espera.

- Pensamos que não viria, filho. - Minha mãe diz.

- Acabei cochilando, mas consegui acordar a tempo. - Digo já me sentando em uma cadeira a mesa à frente. - Ele não vem, não é? - Pergunto me referindo ao meu irmão.

- Tem uma reunião de negócios, acredito que ele e Maya virão no final de semana.

- Entendo - digo apenas.

- Como foram as viagens? Conseguiu escrever bastante? - Minha mãe pergunta.

- Foram legais, estou com alguns livros em revisão para serem publicados de acordo com o cronograma da editora.

- Não sei porque ainda insiste em ser escritor, deveria estudar administração e assumir um cargo na empresa. - Meu pai solta.

- Não vamos falar sobre isso, pai, sabe muito bem que não voltarei atrás nessa decisão.

- Sei bem o quanto é teimoso - resmunga.

- Parem já os dois, não quero que comecem uma discussão. Vamos jantar, é seu prato favorito, filho, espero que goste! - Minha mãe diz e dou um sorriso forçado, experimentando em seguida.

A comida está saborosa, mas é estranho comer com meus pais. O silêncio me faz pensar, por instantes, que estou sozinho. Só que olhar para frente me faz lembrar que não estou, pelo menos não fisicamente. Minha mãe faz mais algumas perguntas pouco antes da sobremesa, porém nada demais. Lembro o motivo de não vir muito aqui. Apesar de meus pais parecerem tentar, é como se não houvesse nada em comum entre nós além do nosso sobrenome.

Depois do almoço, decido dar uma volta no jardim e minha mãe me acompanha. O céu está bastante ensolarado e gosto disso.

- Sentimos sua falta, querido. Sei que talvez não saibamos demonstrar isso, mas queríamos muito que você viesse nos visitar mais vezes. - Ela diz e sinto sinceridade na sua voz.

- Eu entendo. Para falar a verdade, tive muita dúvida se deveria mesmo vir, só que queria ver como estão e passar um tempo mais uma vez.

- Não tem nada que o faça ficar?

- Acredito que não. Ainda me sinto um tanto estranho aqui.

Ela não diz nada, apenas continua caminhando ao meu lado. Sei que seu sonho é que eu fique, mesmo que não assuma um cargo na empresa como meu pai quer. Contudo, não foi isso que escolhi e há muito tempo decidi isso.

Depois dos acontecimentos vividos na minha infância, eu não tinha mais certeza se o que vi era real ou imaginação. De tanto ficar na minha mente, escrever foi minha forma de colocar aquilo para fora. Iniciei em um blog e depois arrisquei escrever um livro. Fui muito bem recebido pelos leitores, então uma editora entrou em contato.

Apesar de usar um pseudônimo, sempre deixei um e-mail disponível. Criei outro específico para trabalho apenas quando milhares de leitoras começaram a me enviar mensagens, pedindo para eu mostrar meu rosto e dizer meu verdadeiro nome. Haviam muitos rumores sobre isso, alguns até engraçados. Só que até hoje nunca senti vontade de aparecer. Parece-me um pontapé inicial para uma série de entrevistas e invasão de privacidade, algo que não estou interessado.

No início da noite, decido dar uma volta pela cidade. Visto-me e sigo para a garagem, minha moto está do jeito que deixei, claramente continuaram fazendo a manutenção dela e agradeço mentalmente por isso. Subo e vou pilotando sem um destino específico.

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