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Capítulo

Alice Müller, formada em relações internacionais, resolve se mudar para o Canadá com seu melhor amigo, só não esperava que no prédio em frente ao seu, morava seu ídolo, e consequentemente o amor da sua vida.

Capítulo 1 piloto

*Alice pov*

Quem diria que sonhos podem se tornar realidade! Até mesmo aqueles distantes, que você tem zero esperanças de se realizarem.

Bom, eu estou nesse exato momento dentro do avião, ao lado do meu melhor amigo Luiz. Finalmente meu sonho está se realizando: morar e trabalhar no Canadá. Bom, vou explicar um pouco sobre mim: eu sou a Alice Müller, tenho 22 anos, fiz relações internacionais na faculdade, e agora consegui um emprego em uma das empresas mais renomadas no Canadá. Meu melhor amigo Luiz é formado em história e economia. Conseguiu um ótimo emprego aqui como professor de história, vai lecionar a história do nosso país. E meninas, tirem os olhos dele, ele é gay. Vamos dividir o mesmo apartamento em Toronto. Mal posso esperar para chegar lá. Foi meio difícil de nos despedirmos da nossa família e da Camilly. Camilly era nossa melhor amiga desde os 13 anos, sempre fomos muito grudados. Foi uma choradeira e tanto, na nossa casa, no táxi, e por fim no aeroporto, não sei como ela não desidratou de tantas lágrimas que saíram daqueles olhos. Vocês devem estar se perguntando: "por que a Camilly não foi com vocês?" Simples: ela não é tão boa no inglês, e é formada em medicina, o orgulho do nosso grupo. Quem sabe um dia ela se venha morar conosco.

Depois de longas horas no avião, muitas paradas, chegamos no Canadá, as 10 horas da manhã. Graças a Deus o clima aqui estava agradável, nem frio, nem calor. Confesso que estava com medo de chegar aqui e estar nevando ou muito frio.Pegamos um táxi, e vamos para o apartamento, que ficava no centro da cidade.. Ele era lindo. Não era enorme, mas também não era pequeno. Tinha 2 quartos, um escritório, uma sala, dois banheiros e uma cozinha, o tamanho perfeito para mim e Luiz.

-Ali, amanhã eu vou pegar o nosso carro. A papelada já ficou pronta - Luiz diz soltando suas malas no sofá. Sim, compramos o apartamento já mobiliado. Talvez eu mudaria algumas coisas mais pra frente, mas a mobília dele era linda, um pouco clássica demais, gosto de móveis mais modernos.

Sobre o carro, Luiz veio um mês antes para O Canada acertar as coisas do apartamento, e já começou a negociar um carro para nós, porque depender de táxi aqui, iríamos a falência rapidinho. Agora que somos legalmente cidadãos do Canadá, podemos pegar ele.

-Ok. Eu to tão feliz - digo abraçando ele sorridente

-Eu também - ele diz retribuindo - Era o nosso sonho né? - ele diz e me solta feliz

-Sim, e finalmente conseguimos - digo sorrindo, deixando algumas lágrimas escaparem. Luiz as seca:

-Não chora, se não eu choro também - ele diz. Eu e ele passamos por muitas coisas até chegar aqui. Sonhamos com esse momento desde os 14 anos, é uma loucura finalmente estarmos aqui. Meu celular começa a tocar: minha mãe.

-Oi mãe - digo meio fungando, abrindo um sorriso

-Oi filha, não vai me dizer que já está com saudade de casa - ela diz e eu rio

-Nem deu tempo ainda mãe - digo pra ela

-Enfim, chegou bem? - ela pergunta

-Sim, só estou cansada da viagem. Vou mais tarde resolver uns negócios lá no meu futuro trabalho - digo indo até a sacada, que dava pra ver a torre de Toronto, a CN Tower: Uau

-Ok, avisarei a Camilly que vocês chegaram bem. Ela não para de me ligar - minha mãe diz

-Ok mãe. Eu te amo - digo rindo

-Eu também te amo minha princesa - ela diz, e eu finalizo a ligação, jogando meu celular no grande sofá.

-Que horas você vai na empresa? - Luiz pergunta vindo até a sacada também – uau, a vista é maravilhosa

-Provavelmente as 16h- digo indo me jogando no sofá - preciso dormir e arrumar minhas coisas ainda

-Arruma as coisas amanhã. É sábado amanhã. Aproveita pra descansar bastante, e ter uma ótima "confirmação de emprego" - ele diz se jogando do meu lado suspirando

-Você tem razão - digo pra ele

-E aí? Vamo sair hoje à noite? - ele diz animado se sentando

-O que você tem em mente? - digo desinteressada olhando para ele com uma sobrancelha arqueada

-Ah, nada demais. Só um par de ingressos pro show do Shawn Peter hoje à noite - ele diz dando de ombros, e eu pulo do sofá muito feliz

-Você tá falando sério? - digo animada

-Sim, meu presente pra você de boas vindas ao Canadá - ele diz sorrindo

-AAAAA eu te amo tantoooooo, um presente em grande estilo - digo o abraçando eufórica

-Tá, chega, vai dormir, tens que estar ótima pro show hoje à noite - ele diz, Luiz as vezes conseguia ser mais frio que um cubo de gelo, mas também sabia ser um amor. Vou pro meu quarto, e uau, ele era lindo também, uma cama de casal, um guarda roupa pequeno, um espelho na parede, e por incrível que pareça, havia uma penteadeira branca linda, como todos os outros móveis. me jogo na cama, adormecendo logo em seguida. Esse show seria incrível.

Acordei às 15h, tomei um banho rápido, coloquei uma roupa formal: uma camisa social, e minha calça mais social que eu tinha. Aproveitei e pus meu salto da sorte. Em menos de 15 minutos eu já estava pronta. Peguei um táxi pra vir aqui para a empresa.não era muito longe de onde estamos morando, ou o trânsito estava muito calmo, pois cheguei em 10min de táxi, que são caríssimos aqui, não que no Brasil não fossem, mas em dólar canadense, sai mais caro. Mas é como dizem: quem converte não se diverte.

Cheguei 30min antes, então, estou aqui numa espécie de salinha de espera esperando me chamarem. Minhas pernas não paravam quietas, e minhas mãos suavam. Eu estou muito nervosa, esse emprego vai definir o meu futuro aqui. Preciso desse emprego mais do que nunca, Deus me livre voltar pro Brasil depois de ter conhecido a maravilha do Canadá. Bom, quero voltar sim pro Brasil um dia, pra visitar família e amigos, mas não tão cedo.

O tempo passa muito devagar, eu estava muito nervosa, ou o relógio me odiava. De repente uma mulher me chama, dizendo para mim entrar na sala da minha futura chefe. Me levanto e caminho até a grande porta por onde me chamaram:

-Licença - digo abrindo a porta meio tímida

-Pontual. Gostei. Sente-se por favor – uma mulher que aparentava ter seus trinta e poucos anos diz apontando para a cadeira em frente à sua mesa. Fecho a porta e caminho até a cadeira na qual ela me indicou me sentando - bom, eu dei uma boa olhada em seu currículo, e no seu histórico acadêmico, você é excelente - ela diz dando uma olhada em alguns papéis rapidamente

-Desculpa ser indiscreta, mas então por que me chamou aqui? - pergunto um pouco confusa

-Pra assinar a papelada. Você está oficialmente contratada - ela diz, e eu sorrio largamente aliviada

-Obrigada, muito obrigada mesmo. Você não vai se arrepender - digo animada. Realmente a melhor notícia que recebi em tempos.

-Qualquer deslize, eu te mando pra rua - ela diz em um tom ameaçador, e eu balanço a cabeça positivamente. Assino os papéis, e volto pra casa com um enorme sorriso no rosto. Entro no apê, e Luiz estava dormindo. Corro até sua cama e me jogo em cima dele:

-Adivinha quem é a mais nova analista internacional? - digo e ele abre os olhos rapidamente

-Você conseguiu? - ele diz me olhando esperançoso

-Simmm - digo saindo de cima dele ficando sentada na cama

-Aaaaa que bom! Estou muito feliz por você - ele diz me abraçando - agora vai se arrumar. Já são 17h, e o show é as 20h - ele diz me empurrando pra fora da cama e em seguida pra fora do quarto

-Ok - digo sorrindo, e indo para o meu quarto. Mais um sonho meu se realizaria hoje: um show do Shawn Peter. Eu não poderia estar mais feliz.

19:30h

Eu já estava devidamente pronta. Me olho no espelho mais uma vez, checando a minha roupa, maquiagem, e cabelo. Sorrio satisfeita: eu estava linda, usando uma calça de couro preta, uma blusa também preta com uma estampa de alguma banda de rock desconhecida por mim e uma botinha.

Vou para a sala, e encontro Luiz sentado no sofá me esperando pacientemente, ele sabe que demoro mesmo pra me arrumar, e se tratando de um show do meu ídolo supremo, não seria diferente:

-Uou, se Shawn Peter não te notar depois dessa, eu desisto - ele diz e eu rio com a brincadeira

-Para de bobagem e vamos logo – digo o puxando pelo braço, e descemos do apartamento, entrando no táxi em seguida, que já nos esperava.

O estádio onde seria o show estava lotado. Graças ao bom Deus das Peter Army, Luiz tinha comprado uma das primeiras cadeiras pra nós. Suspiro aliviada, me sentando no melhor lugar de todos em um show: as cadeiras em frente ao palco, LITERALMENTE. E de novo aquela onda de ansiedade passa por mim. Eu sou fã dele desde os meus 13 anos, ele tinha 14 na época, e já havia conquistado o mundo pelo vine. Eu sempre sonhei com o momento em que eu veria ele cantar pessoalmente, e esse dia finalmente havia chegado.

Um arrepio passa por mim quando ele sobe no palco. Meu coração acelera, e o show começa. Me levanto para dançar animadamente a cada música.

Cantei todas as musicas do show. Shawn passava muito perto de nós, mas eu não pulei nem nada, Luiz não deixou, discreto como sempre. Ele começa a cantar "Like this". Essa era a minha música favorita dele.

*Shawn pov*

Começo a cantar Like this, e percebo uma garota ao lado do palco, que deixava lágrimas escorrerem dos olhos enquanto cantava a musica com os olhos fechados e as mãos no meio do peito, segurando uma corrente que estava pendurada em seu pescoço. Eu vi nela sentimento. Ela sentia a musica, parecia que ela viveu o que a musica diz. Volto o foco ao resto do estádio, que cantava a musica muito alto. O Show acaba depois de uma hora e meia, e eu não vejo mais a garota ao lado do palco. Peço para um pessoal da minha equipe procurar por ela no estádio e do lado de fora, mas depois de um tempo de procura, eles voltam me dizendo que não a acharam. Provavelmente já devia ter ido embora. Então volto a atender o pessoal que adquiriu o meet and great, para conversar e tirar fotos comigo. Sempre adorei tem esse contato com fãs, eles sempre são tão gentis e amorosos, que por mais que eu estivesse muito cansado, eu faria todo o atendimento a eles, sem me importar. Pode ser só mais um dia comum pra mim, mas pra eles, pode ser o dia mais importante, ou uma chance única na vida, então eu faria valer a pena.

*Alice pov*

O show havia acabado, e eu estava totalmente destruída. Maquiagem totalmente perdida, junto com a minha dignidade, mas o que eu posso dizer é: o show valeu cada milésimo de segundo.

-Gostou do Show? - Luiz me pergunta enquanto entramos no apartamento

-Eu amei muito! Muito obrigada por isso - digo o abraçando

-De nada. Agora vai tomar um banho e tirar esse resto de maquiagem pra ir dormir - ele diz rindo

-Ok mãe - digo rindo – você não cansa de ser tão mandão? – ele me olha com cara de tédio

- Não, sou mais velho, então você me obedeça – ele faz uma falsa voz autoritária e eu rio

- boa noite - digo dando um beijo em sua bochecha e indo para o banheiro

-Lice? - ele me chama

-Oi? - digo me virando e o olhando

-Caso eu morra, eu te amo - ele diz sorrindo fraco

-Caso eu morra, eu também te amo - digo indo para o meu banheiro. Essa nossa coisa do "caso eu morra, eu te amo" existe desde que eu, ele, e a Milly nos conhecemos, é uma coisa nossa, para nunca esquecermos de saber que amamos um ao outro, e se alguma coisa acontecesse com um de nós, será em paz, sabendo que disse pela última vez que amava o outro. Entro no banho, tirando toda aquela nhaca do show.Sinto meus músculos relaxarem ao entrarem em contato com a água quente. Sorrio lembrando dele sorrindo enquanto cantava, ele era realmente um príncipe, um sonho de homem. Termino o banho, e vou pra minha cama, me jogando nela, e dormindo imediatamente. Essa noite com certeza foi a melhor da minha vida

Acordo no dia seguinte com Luiz abrindo a porta do meu quarto sem delicadeza alguma. Ele me sacode até eu acordar:

-Que foi Luiz? Deixa eu dormir mais um pouco - digo virando para o outro lado mal humorada

-Levanta pra arrumar suas coisas. Eu to indo assinar os papéis, e pegar o nosso carro - ele diz, e eu afundo a cara no travesseiro, abafando um grito

-Por que você tem que agir igual meus pais? - pergunto pra ele, tirando o travesseiro do rosto irritada

-Porque eu te amo, e você é muito desorganizada. Vamos logo, levanta que depois eu pego você aqui para irmos almoçar - ele diz saindo do quarto, deixando a porta aberta.Me levanto bufando. Eu havia dormido apenas com uma camisa, e de calcinha. A camisa não era tão comprida, mas tapava metade da minha bunda. Caminho até a sala:

-Não vamos almoçar em casa? - pergunto para Luiz, que estava pegando alguns papéis, na bancada para sair de casa

-Não, você escolhe onde almoçamos - ele diz curto e direto

-Ok, pode ser no Mc Donalds? - pergunto piscando os olhos rápido, sempre funcionou quando eu queria algo com ele

-Pode - ele diz bufando. Vou até ele e o abraço forte, deixando um beijo em sua bochecha.

-Obrigada. Boa sorte com o carro - digo e ele sai do apartamento sorrindo. Olho ao redor da sala, tudo certo por aqui. Vou para o quarto: ok, nada certo por aqui. O furacão Alice havia passado pelo quarto e deixou devastação por cada canto do cômodo. Ligo minha playlist da Taylor Swift, Shawn Peter, Ed Sheeran e John Mayer. Começa a tocar lost in Japan. Vou até a sacada, respirando ar fresco desse país maravilhoso, e me espreguiçando, amarrando o meu cabelo em um coque solto.

*Shawn pov*

Acordo com o sol batendo nas minhas costas. Esqueci de fechar as cortinas do quarto na noite passada. Caminho até a janela, a abrindo. Olho para a sacada do prédio em frente ao meu, e vejo uma mulher se espreguiçando. Julgo nunca ter visto ela ali, deve ser moradora nova. Ela estava escutando lost in Japan. Como eu sabia? Simples: eram oito horas da manhã, a rua estava um completo silêncio, e ela colocou a musica muito alta. Suspeito que ela ganhe uma multa do prédio depois. Fico observando ela, que sorri abertamente para o nada. Ela se vira de costas, me permitindo ver sua bunda, e que bunda meus amigos, uma bela bunda. Ela entra no quarto, começando a arruma-lo. Ela dançava animadamente, e eu sorrio com a cena. Alguém estava tendo um começo de dia bem feliz. Mike aparece atrás de mim de repente:

-Vejo que já acordou. Podemos começar a trabalha.... - ele para de falar quando olha para a mesma direção que a minha - vizinha nova? - ele pergunta malicioso e ao mesmo tempo curioso

-Acho que sim. Nunca tinha visto ela - digo a olhando sair do quarto - vamos começar? - eu digo me virando, e indo em direção ao estúdio que montei em meu apartamento. Iríamos começar a escrever as musicas para o novo álbum que sairia ainda esse ano. Todos da banda já haviam chego, e Geoff também estava ali junto com Teddy.

-Temos algumas ideias de musicas - Geoff diz me entregando algumas folhas com rascunhos de letras

-Ok, vou ler e já aviso o que eu achei - digo pegando as folhas, e sentando na minha cadeira para ler as letras com calma.

*Alice pov*

Finalmente depois de três horas e meia, eu havia terminado de arrumar as coisas no guarda roupa, arrumar a cama, limpar o quarto e ter colocado todas as decorações no quarto. Coloquei alguns porta retratos com fotos da minha família, pendurei umas fotos com meus amigos numa espécie de varal na parede acima da cabeceira da minha cama. Bom, já o quarto já estava ficando com a minha cara.

Eram 11:30h, e Luiz entra no apartamento:

-E aí melhor amiga! Pronta? - ele me pergunta fechando a porta do apartamento animado

-Terminei tudo. Só preciso de 15 minutinhos pra tomar um banho e trocar de roupa - digo pra ele suspirando cansada

-Ok, mas não demora - ele diz se sentando no sofá, e eu corro pro banho. Coloco uma blusa básica branca, e uma calça jeans. Calço meu All Star, e vou pra sala:

-To pronta - digo pegando a bolsa na bancada da cozinha, conferindo se carteira, celular e documentos estavam nela.

-Ok, então vamos - ele diz. Saímos do apartamento trancando a porta pegamos o elevador chegando até o térreo. Vejo o nosso novo carro, caralho, era lindo demais.

-Caralho Luiz, eu amei - digo indo abraçar o carro feliz

-Tava com um mega desconto. Agora vamos logo, estou morrendo de fome - ele diz destravando o carro. Entro no carro junto com ele. Delicia o cheirinho de carro novo.

-Você tá toda vida apressado Luiz - digo afivelando o meu cinto

-Você sabe que pressa é por causa da minha ansiedade né? - ele diz ligando o carrodando partida.

-Sei. Assim como o meu que é hiperatividade - digo pra ele. Eu e Luiz temos problemas de ansiedade desde o ensino médio. Íamos a psicólogos, e ainda tomamos alguns remédios, mas graças a Deus diminuíram as crises conforme o tempo foi passando.

Vamos rumo ao Mc Donalds mais próximo. Chegamos em menos de vinte minutos. Peço um quarteirão com um suco de uva, e Luiz pede o mesmo, porém uma coca zero no lugar de suco. Comemos, o gosto era um pouco diferente do lanche servido no Mc donalds do nosso país. Por fim, acabamos optando por dar uma volta por Toronto, para conhecer melhor. A cidade era incrivelmente grande e linda. As pessoas, os parques, o ar, tudo era diferente aqui.

-To louca pra quando começar a nevar - digo empolgada batendo palminhas enquanto caminhávamos pelo centro da cidade imaginando todo aquele gramado coberto pela neve branca e fofinha.

-Deve ser legal a neve - Luiz diz empolgado, e ele para de repente

-O que foi? - pergunto pra ele, que olhava sem piscar para a vitrine de uma loja de roupas

-Aquela jaqueta - ele diz ainda olhando pra vitrine

-Que jaqueta Lui... - não consigo terminar a frase, pois ele me puxa pela mão até estarmos dentro da loja

-Esse aqui - ele diz me mostrando a jaqueta toda de couro preto. Ela era linda, brilhante, simplesmente um espetáculo.

-Uau! É linda! - digo olhando. Resolvo olhar o preço na etiqueta - o preço é mais lindo ainda - 200 dólares.

-Quanto custa? - ele me pergunta pegando a etiqueta - esquece - ele diz saindo da loja cabisbaixo. Vou até o caixa e peço pra gerente guardar a jaqueta, pois eu pegaria da semana que vem para dar de presente pro Luiz - você não vem? - ele pergunta lá da porta confuso

-Ah, sim, estou indo - digo indo até ele andando rápido

-O que você tava fazendo lá no balcão? - ele me pergunta intrigado

-Nada demais. Só perguntei se eles tinham alguma filial no Brasil - minto dando de ombros

-Ah sim - ele diz, e entramos no nosso carro, indo direto para nosso apartamento. O caminho inteiro Luiz estava quieto, sei que era por conta da jaqueta, afinal ela era linda, mas muito cara. Eu daria de presente no aniversário dele, que já era na próxima semana.

-Finalmente em casa - digo suspirando e me jogando no sofá

-Até parece que ficamos dias fora - ele diz debochando e deixando a chave do carro em cima da bancada

-Estamos desde o meio dia fora. Já são seis horas da tarde - digo olhando o relógio no meu pulso

-Tudo isso? - ele diz com os olhos arregalados surpreso

-Sim - digo ligando a TV - saudades dos programas brasileiros - digo vendo a um jogo de basquete qualquer que passava

-Verdade - ele diz - pera, mas você gosta de basquete - ele diz me olhando confuso

-Eu amo basquete, mas sinto saudade das novelas - digo suspirando, lembrando das clássicas novelas brasileiras, e volto a assistir um jogo da NBA. - Uma Carminha, uma Nazaré, enfim, você entendeu - rio fraco

- Sim, eu entendi. Podíamos ir a algum jogo de hóquei qualquer dia desses né? - Luiz sugere do nada

-Eu amaria. Dizem que é o esporte do Canadá - digo rindo

-Pois é. Lice, eu tenho pro escritório preparar as minhas aulas de segunda feira. Qualquer coisa é só gritar - ele diz e eu assinto. Ele vai em direção ao escritório que tinha aqui no apartamento, e eu sigo assistindo ao jogo. Eu gostava de basquete, mas assistir sozinha era meio tedioso, quem assistia geralment comigo era o Lucas, irmão de Luiz, ele também era um dos meus melhores amigos, e foi um dos mais difíceis de se deixar pra trás no Brasil. Sim, Luiz era meu melhor amigo, mas eu e Lucas temos uma conexão muito maior, desde criança, ele sabia sempre o que eu estava pensando, o que eu precisava, ou o programa perfeito para fazer num sábado, Lucas era simplesmente o cara perfeito, ele também foi o meu primeiro beijo da vida, mas nunca tivemos nada sério, acho que damos mais certo como amigos.

Olho pela sacada, vendo o outro prédio que ficava ao outro lado da rua. Muitas luzes acesas, algumas apagadas, mas a da cobertura me intrigou. Parecia estar rolando uma festa lá, de tanta gente que tinha na área descoberta, sem contar na música alta que vinha de lá.

Resolvo dar uma de velha fofoqueira indo até a sacada e vendo o que acontecia na rua. Realmente, rolava uma festa naquela cobertura. Fico observando a movimentação de lá. Tinha muita gente, pelo menos umas cinquenta pessoas. Alguém de lá assovia, me fazendo olhar rapidamente. O cara fazia uns movimentos estranhos, e aí entendo que ele dizia para mim ir à festa. Eu sou doida de ter aceitado? Sim, mas era uma festa inocente, o Que custava só aparecer rapidinho?

Corro para o meu quarto, colocando um vestido branco colado ao meu corpo, um salto alto preto, faço uma maquiagem básica, com um batom bem vermelho. Me olho no espelho checando se tudo estava bom, e vou até o escritório

- Tô saindo, volto tarde tá? – digo a Luiz que digitava algo em seu computador

- Tudo bem, qualquer coisa me liga – ele diz sem nem tirar os olhos da tela.

Saio do apartamento, atravessando a rua rapidamente, e logo estou na portaria do prédio.

- Oi boa noite. Eu estou aqui para a festa na cobertura – digo ao porteiro que me olha estranho

- Seu nome?

- Ali.... – o elevador se abre, e o mesmo homem que me chamava da sacada, está ali

- Que bom que veio – ele põe a mão na minha cintura – está comigo Brice – ok eu não estava gostando dessa aproximação toda. Eu literalmente acabara de conhece-lo. Entramos no elevador e ele tira a mão da minha cintura assim que a porta se fechou – desculpa por isso, é porque como seu nome não está na lista, ele não te deixaria entrar – concordo meio tímida – sou Geoff – ele diz estendendo a mão para cumprimenta-lo

- Alice – digo o cumprimentando

- Nome bonito – ele diz tentando puxar assunto, e aí as portas do elevador se abrem dando ao hall da cobertura. Entramos no apartamento, e se já parecia ter muita gente do lado de fora, do lado de dentro tinha muito mais, tipo, muito mais, pelo menos umas cem pessoas tinham ali.

- Ali tem um bar, fique a vontade pra pegar uma bebida, já te apresento pro dono do apartamento, e uns amigos – ele aponta para um bar pequeno que havia no canto da sala. concordo e ele sai de perto. Vou até o bar pegando uma garrafinha de cerveja fechada no freezer. Todas as pessoas estavam bem arrumada se conversavam. Um sofá enorme e branco ficava no centro da sala, o dono da casa era louco ou absurdamente rico pra dar uma festa onde com certeza pelo menos umas cinco pessoas iriam derrubar algo nesse sofá que parecia custar milhares de dólares. Uma música alta tocava, e parecia ser Taylor Swift talvez. Dou um gole na cerveja, e resolvo dar uma volta pra conhecer o ambiente.

Entro na porta ao fim do corredor ao lado direito, dando de cara com um quarto, que estava sem ninguém. Sabe aquele papo de que você conhece uma pessoa só vendo o quarto dela? Então, esse quarto falava alto e claro: era um músico.

O quarto estava com tudo perfeitamente alinhado e arrumado, e um cheiro de perfume exalava no ar: amadeirado.A decoração era toda em móveis pretos e uma madeira escura. Havia um grande closet em uma parte do quarto. No canto do quarto tinha um violão apoiado na parede, e na lateral uma porta, que provavelmente era um banheiro. Geoff era músico? Resolvo sair do quarto antes que alguém me encontrasse xeretando a casa alheia e caminho mais um pouco pela sala, onde tinham algumas pessoas se pegando, outras conversando, e um grupinho de mulheres riam absurdamente alto.

Depois de umas três horas ali, eu já tinha bebido umas 10 garrafinhas de cerveja, fiz amizade com algumas pessoas, e agora procurava por um banheiro, eu estava muito apertada, mais um pouco eu faria xixi na calça, ou melhor, na calcinha. Caminho para o corredor do lado esquerdo, já que no direito só tinha o quarto, cambaleando um pouco, e abro a porta do fim desse corredor. Era um estúdio completo de gravação. Uau.

Caminho ali pra dentro, e vejo algumas folhas jogadas, e pareciam letras de músicas. Ali tinham muito mais instrumentos: violões, guitarras penduradas na parede, e uma grande mesa de mixagem, com muitos botões com dversar funções.

- Com licença, o que está fazendo aqui? – alguém pergunta e eu me viro rapidamente, o que foi uma péssima ideia, levando em conta o estado que eu estava. O homem me segura pelos cotovelos, e eu o olho. Era o SHAWN PETER! Ou eu estava tão bebada que estava vendo coisas já, sim, só poderia ser isso.

- Desculpa, eu estava procurando o banheiro – digo me soltando dele envergonhada. Pega em flagrante xeretando a casa alheia.

- É por aqui, vem que eu te levo até lá – ele vem para o meu lado pondo a mão na minha cintura. Sinto um arrepio percorrer todo o meu corpo. Ele me acompanha até uma outra porta do corredor. – é aqui – agradeço e entro no banheiro, muito bonito por sinal.

Ao sair do banheiro, dou de cara com Geoff

- Alice, te achei! Estou te procurando há um tempão – ele diz sorridente aliviado - já estava achando que você havia ido embora

- Bom, aqui estou eu. E agora sim já vou indo embora, não tô me sentindo muito bem – digo fazendo uma careta e ele faz uma cara triste

- Tão cedo? - Cedo? Meu querido, já são três horas da manhã!

- Sim. Eu preciso mesmo ir, me desculpa. Mas a gente marca algo algum dia – digo tentando ser gentil

- Tudo bem então, te acompanho até a porta – ele me leva até a porta de entrada do apartamento, e se despede – tchau, boa noite – da um beijo na minha bochecha – até mais

- Até – digo, e saio do apartamento, entrando no elevador em seguida. Chego no térreo em alguns minutos, cumprimento o porteiro e atravesso a rua rapidamente. A música do aparamento que eu acabara de sair, ainda tocava alto, tão alto que se ouvia do outro lado da rua.

Ao entrar no meu prédio, subo o elevador, e entro no apartamento, de forma silenciosa e discreta. Chaveio a porta e deixo a chave em cima da bancada. Ando vagarosamente até meu quarto e fecho a porta atrás de mim. Troco de roupa, pondo um camisetão apenas, e volto até a cozinha, pegando um copo de água e por incrível que pareça, encontro um pacote de bolachas no armário. Provavelmente Luiz havia comprado mais cedo. Levo o copo de água e o pacote de bolachas para o meu quarto. Me sento na cama, e devoro calmamente aquela deliciosa maravilha doce. A música da cobertura que ficava no prédio em frente ao meu, local da onde eu havia saído á uns trinta minutos, havia cessado. Ótimo, pelo menos eu teria uma boa noite de sono, ou apenas uma noite de sono sem barulho vindo de fora. Fico admirando a luz da lua que iluminava uma parte do meu quarto, como se tivesse um poste, diretamente virado a minha janela.

No meu quarto no Brasil, havia uma janela parecida com esta, a luz da lua clareava um pouco menos o quarto, mas a do sol no amanhecer do outro dia, uau, iluminava o quarto todo em um tom dourado, já começava o dia bem mais feliz, animada e renovada.

Bom, agora posso acordar e dormir renovada no país no qual eu sempre quis morar.

Talvez seja difícil se acostumar em um país diferente, ainda mais se você for morar nele, mas com uma vista como a do meu quarto, uma luz da lua e do sol, meu melhor amigo aqui comigo dividindo esse sonho, talvez se torne mais fácil tudo isso: adaptação. Nossa vida inteira temos que nos adptar a algo, seja uma escola nova, casa nova, um padrasto, madrasta, e agora, eu tenho que me adaptar a um idioma novo, país novo, pessoas novas, casa nova, tudo de uma vez, porém não sou mais criança, então me sairei bem dessa.

Eu estava vivendo meu maior sonho da vida, e não poderia estar mais feliz por essa nova etapa, e a ansiedade pelo trabalho novo me deixava ainda mais animada com a ideia de viver aqui.

Essa noite foi maravilhosa, e algo me diz que minha vida aqui não vai ser nada parada.

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