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Minha família invadiu meu apartamento, não para celebrar meu prestigioso prêmio de ciências, mas para me arrastar para a festa da minha irmã influencer.
Eles não sabiam que, bem no andar de baixo, eu estava sangrando até a morte no chão frio do porão depois de um ataque.
Com meu último suspiro, pedi ajuda. Meu irmão me mandou uma mensagem para "deixar de ser infantil". Minha mãe deixou um recado de voz me repreendendo pela minha "birrinha patética e vergonhosa".
Minha última esperança era meu noivo, Daniel. Eu sussurrei que achava que estava morrendo.
Ele suspirou, irritado. "Anabela, você está sendo dramática. Não estrague a grande noite da Karina."
Então, ele desligou na minha cara.
Eles achavam que eu estava com ciúmes. Achavam que eu estava tentando roubar o brilho da minha irmã.
Mas eu não estava. Eu estava morta.
E agora, como um fantasma presa em minha própria casa, tenho que observar as pessoas que me deixaram morrer... e esperar que elas finalmente encontrem meu corpo.
Capítulo 1
Anabela Matos POV:
A última coisa que senti foi o concreto frio e implacável do chão do meu porão pressionado contra meu rosto.
Depois, nada. Uma estranha leveza floresceu em meu peito, me puxando para cima. O cheiro forte e metálico do meu próprio sangue desapareceu, substituído pelo silêncio estéril do próprio ar. Eu estava flutuando, uma espectadora da minha própria tragédia, observando o corpo que um dia foi meu jazer imóvel em uma poça de carmesim que se espalhava rapidamente.
Eu estava morta. E o mundo, o meu mundo, continuou girando sem mim.
O primeiro sinal disso foi o som da porta da frente se abrindo com um estrondo lá em cima. Nenhuma batida. Nenhum chamado gentil pelo meu nome. Apenas a intrusão grosseira com a qual eu já estava acostumada.
"Anabela!" A voz do meu meio-irmão, Thiago, ecoou pela casa, carregada com sua impaciência habitual. "Para de ser criança e atende essa droga de celular."
Eu flutuei através do teto, um fantasma em minha própria casa, e o observei entrar pisando forte na minha sala de estar impecável e minimalista. Ele tirou os sapatos, deixando marcas no piso de madeira clara que eu havia polido na manhã anterior. Ele passou a mão pelo cabelo, sua expressão era de pura irritação.
Minha família estava aqui. Não para a minha cerimônia de premiação, é claro. Para algo muito mais importante: me arrastar para a festa de influencer da minha irmã.
"Sinceramente, Roberto", disse minha mãe, Helena, sua voz afiada como vidro enquanto o seguia. "Eu não sei por que ainda nos damos ao trabalho. Ela sempre foi assim."
Meu pai resmungou em concordância, seus olhos percorrendo minhas estantes com desprezo, como se a coleção de periódicos médicos e artigos de pesquisa fosse uma afronta pessoal a ele. "Acha que as feirinhas de ciências dela são mais importantes que a família."
"É o Prêmio Capes de Excelência em Medicina, pai", sussurrei, mas as palavras eram apenas sopros de ar silencioso. Ninguém me ouviu. Ninguém nunca ouviu de verdade.
Eu os observei, essas pessoas que deveriam me amar, enquanto invadiam meu espaço com um ar de propriedade. Thiago se jogou no meu sofá branco, pegando o celular. Minha mãe passou o dedo pela minha mesa de centro, procurando por poeira.
"Onde ela pode estar?", ela murmurou, mais para si mesma do que para qualquer outra pessoa. "Ela não está atendendo as ligações."
Thiago zombou. "Provavelmente emburrada no quarto. Você sabe como ela é." Ele se levantou e foi em direção ao meu quarto. Eu flutuei atrás dele, uma observadora impotente. Ele não hesitou na porta fechada, apenas a abriu e examinou o quarto vazio. Minha cama estava perfeitamente arrumada. Minha mesa estava organizada, notas de pesquisa empilhadas em pilhas perfeitas.
Ele viu meu notebook, aberto na mesa. Com um suspiro de profunda irritação, ele se aproximou e mexeu no mouse. A tela se acendeu, mostrando meu blog pessoal. Era uma página simples, protegida por senha, um diário digital onde eu documentava as silenciosas mágoas da minha vida. O título na tela dizia: "A Lista: 99 Vezes e Contando."
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