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O sol atravessou as cortinas, e Alina Petrov tateou por seu biquíni em uma gaveta da
cômoda. Os dias de verão eram a sua fraqueza, e ela mal podia esperar para relaxar junto à
piscina de seu pai. Era um dos poucos atos de lazer que ela se permitia ultimamente.
Tirando sua calça de moletom e sua regata, deslizou no biquíni preto e o ajustou. Aros
dourados conectavam duas tiras finas que sustentavam a parte inferior, e a parte superior cruzava
ao redor de seu pescoço. Isso aproximava seu amplo decote, e Alina não pôde evitar franzir a
testa para o próprio reflexo. Para Yuri Petrov, ela ainda era uma pequena princesa que não
deveria ousar vestir coisas tão escandalosas, mas Alina agora tinha vinte e dois anos. Estava na
hora dela sair da concha. Ela havia passado toda a sua vida adulta concentrada em sua
educação, mas aquela fase já havia passado. Independência era o seu próximo objetivo.
Seu pai não tinha entendido quando ela quis ir para a faculdade, e ele gostou ainda menos
da ideia quando ela se recusou a frequentar a universidade local. Sem dúvida, Yuri pensou que
ela viria rastejando de volta quando seus dias de faculdade terminassem, e foi apenas porque ela
não conseguiu um emprego que ela foi forçada a voltar para casa.
E agora ela não conseguia arranjar um apartamento. Cada candidatura a um emprego ou
um lugar para ficar era imediatamente rejeitada. Ela tinha se graduado como melhor da turma, e
tinha economizado dinheiro suficiente para pagar mais do que o depósito exigido por
apartamentos. Não fazia sentido que ela continuasse sendo rejeitada a cada tentativa. A única
resposta lógica era que seu pai estava envolvido.
"Mas você não precisa de um emprego, princesa", ela zombou de sua voz grave. "Tudo o
que você precisará está aqui. Eu cuidarei de você."
Alina sabia que seu pai realmente cuidaria dela, mas ela realmente queria se virar sozinha.
Ela não era mais uma criança, e não queria ser tratada como tal.
Cabelo loiro. Olhos azuis. Corpo torneado. Disseram-lhe a vida toda que ela era linda, e
sabia que virava as cabeças dos homens de seu pai, mas quando ele estava por perto, eles
desviavam o olhar e silenciavam suas conversas. Ela sempre esteve muito ocupada para pensar em
homens, mesmo na faculdade, mas hoje ela começaria seu novo plano. Fazer tudo o que pudesse
para irritar seu pai para que ele parasse de obstruir suas ações.
Passando um pouco de gloss nos lábios, ela vestiu seus óculos de sol e sua saída de banho
transparente. Com sua bolsa de piscina pendurada sobre o ombro, ela saiu rapidamente de seu
quarto e desceu os degraus de pedra.
Yuri Petrov era um homem rico. Como chefe da máfia da cidade—o que o tornava um dos
homens mais poderosos de toda a região—ele gastou um bom dinheiro na mansão. Ele sempre
dizia a ela que a aparência é tudo. As obras de arte caras alinhavam as paredes, a maioria
conquistada em atividades ilícitas. Mobiliário de luxo, tapetes persas, vasos de cristal. Alina cresceu
na riqueza, e ela mal tinha olhos para isso. Aquela era a sua casa. Ela nem sequer pensava sobre
isso.
Cantarolando uma canção pop que não saía de sua cabeça há dias, ela abriu a porta de
vidro que dava para o deck e andou descalça até a madeira escura e manchada. Uma passarela
conduzia até o grande gazebo bem no meio da piscina. Do outro lado da piscina, uma fonte fazia
a água jorrar com beleza. Lindíssimas flores azuis e roxas decoravam a cerca alta de ferro
forjado, e um bar com área para lanches ficava ao canto.
Aquele espaço dava paz para Alina. Seu pai raramente usava a piscina. Ocasionalmente,
ele organizava uma festa, mas, for a isso, o lugar estava sempre em silêncio. Saltitando e sorrindo
com alegria, ela seguiu a passarela até a ilha no meio da piscina e deixou cair sua bolsa sobre
uma das cadeiras. Depois de remover sua saída de banho, ela se moveu até a borda para
mergulhar a ponta dos pés na água e testar a temperatura. Algo vermelho rodopiou pela água, e
ela franziu a testa.
Alina o viu pelo canto dos olhos. O pânico a inundou, mas foi só quando ela virou a cabeça
e reconheceu a forma que ela começou a gritar.
Seu pai flutuava de bruços na água, cercado por seu próprio sangue.
"Papai!", ela gritou. "Papai! Alguém me ajude!"
Girando para chamar os guardas de seu pai, seu pé deslizou para fora da borda. Ainda
gritando, ela se chocou com força contra a madeira antes de escorregar na água. Logo, seus gritos
foram abafados. A água estava congelando, e ela rapidamente afundou em choque. Quando ela
chegou ao fundo, automaticamente se impulsionou para cima, mas o sangue circulava ao redor
dela, e a histeria tomou conta.
Normalmente, Alina era uma ótima nadadora, mas a ideia de estar presa na piscina com o
corpo do pai a paralisou de medo. Mãos fortes a agarraram e a puxaram bruscamente da
piscina. Ela atravessou a superfície e lutou contra seu atacante.
"Alina! Alina, você tem que parar de gritar. Alina! Sou eu!"
A voz familiar finalmente penetrou em seu medo, e ela ofegou e balbuciou enquanto sugava
o ar. Kristof, um dos guardas de seu pai, puxou-a da água e envolveu sua toalha ao redor de seu
corpo, que tremia.
"Papai", ela ofegou quando ela virou a cabeça para olhar para trás. "Kristof, alguém..."
Kristof agarrou sua cabeça e a impediu de olhar para trás, "Alina, me ouça. Nós precisamos
ir."
"Ir? Ir para onde? Precisamos chamar a polícia.
"E nós faremos isso", ele disse calmamente. "Faremos isso. Mas quem matou seu pai ainda
pode estar aqui, e sua segurança é nossa primeira preocupação. Precisamos ir agora. Preciso que
você se acalme e respire".
Seu coração pulava contra sua caixa torácica enquanto ela pressionava sua cabeça contra
o peito dele. Uma ponta de vermelho pairava no canto de seu olho. Ela deve tê-lo salpicado com a
água sangrenta. Ela estremeceu. O homem acariciou seu cabelo molhado, e ela deixou que ele a
guiasse para longe da piscina.
"Timur", disse ele em voz baixa. "Nós precisamos tirá-la daqui. Peça a Ivan para chamar a
polícia e revistar o local em busca de quem não deveria estar aqui. Eu não preciso lhe dizer para
fazer isso o máximo possível antes da polícia chegar aqui. Mantenha isso dentro dos limites da lei,
mas queremos lidar com isso nós mesmos. Encontre-me na casa depois".
Timur disse algo em voz baixa, mas Alina mal podia ouvi-lo. O sangue rugia em seus
ouvidos, e ela não conseguia tirar a imagem da cabeça o suficiente para temer por sua própria
segurança.
"Papai", ela sussurrou. "Quem faria isso?"
"Seu pai tinha muitos inimigos", disse Kristof, enquanto a envolvia com um braço e a forçava
até a garagem. "Alina, eu preciso que você se concentre. Pelo menos até que a gente estar em
segurança. Você consegue fazer isso?"
Ela tropeçou quando ele continuou a arrastá-la, mas ela não conseguia lutar. Abrindo a
porta do passageiro de um dos carros, ele facilmente a colocou para dentro. Molhada e tremendo,
ela envolveu os braços em torno de si mesma e começou a balançar de um lado para o outro.
"Papai."
Gemendo, ela mal notou quando Kristof ligou o carro. Ele saiu da casa, e ela olhava para o
nada enquanto as árvores passavam voando. Seu pai estava morto. Seu pai estava morto. Era
como um disco arranhado em sua cabeça. Seu pai estava morto.
"Filho da puta", ele gritou de repente e pisou no freio. Movendo-se bruscamente para a
frente, ela imediatamente ergueu os braços e bateu contra o painel. A dor a puxou para fora de
seu estado hipnótico, e ela gritou. "Coloque o cinto de segurança", ele chiou.
Virando a cabeça para o lado, ela viu outro carro seguindo bem ao lado deles. O motorista
usava um capuz, e ela não podia distinguir suas feições, mas suas intenções eram claras. Ele virou o
volante e o carro se aproximou dela perigosamente. Ambas as janelas se quebraram quando algo
passou próximo de sua cabeça, e ela imediatamente se abaixou.
"Kristof! ", gritou ela.
Seu guarda-costas deixou escapar uma série de obscenidades e pisou fundo. Alina olhou
para o velocímetro e engoliu seco. Um movimento errado, e Kristof faria com que eles batessem
nas defesas metálicas. Mas o outro carro os acompanhou.
De repente, Kristof pisou novamente no freio e o outro carro avançou. Engatando a ré,
Kristof virou a cabeça e dobrou a esquina. Engatando a primeira marcha, ele disparou com o
carro pela outra rua.
"Por que alguém tentaria me matar?" Ela sussurrou enquanto virou a cabeça e olhou
desesperadamente para o perigo.
"Pense, Alina", ele disse suavemente. "Você poderia muito bem ter visto o assassino e não ter
percebido isso."
"Mas eu não vi", ela engasgou. "Eu não vi nem ouvi nada. Apenas papai flutuando na água."
Seu estômago se agitou, e ela o apertou com uma das mãos e tentou tomar algum fôlego.
"Você está em choque", disse ele, sombrio. "Você pode não saber o que viu ou ouviu. Há uma
boa razão para alguém tentar matá-la, Alina. Eles acham que você viu alguma coisa."
Ela fechou os olhos e tentou bloquear as imagens horríveis. "O que eu faço, Kristof? O que
eu devo fazer?"
"Seu pai se assegurou de que você seria cuidada", ele disse suavemente. "Você não precisa
se preocupar com isso, mas precisamos ter certeza de que quem matou seu pai não a mate."
Uma hora atrás, ela estava furiosa por seu pai ter bloqueado mais uma tentativa sua de se
mudar. Agora ele estava morto, e havia boas chances de ela nunca mais voltar para casa.
Eu nem sempre estarei aqui por você, princesa. Você precisa prestar atenção. Estou tentando te
ensinar a como se proteger.
Nunca havia lhe ocorrido que seu pai tinha razão. Ele nem sempre estaria por perto, e
agora alguém estava tentando matá-la.
* * *
Nikolai estava no meio de seu treino com a porta aberta. O suor escorria de seu corpo, e
seus músculos gritavam de dor, mas ele não estava pronto para parar. Agarrando o saco de
pancadas pesado para mantê-lo no lugar, ele franziu a testa. "Viktor, você sabe como eu me sinto
sobre interrupções."
O homem acenou com a cabeça respeitosamente. "Peço desculpas, mas acabamos de
receber a notícia de que Yuri Petrov está morto."
Suas entranhas se contraíram, e Nikolai estreitou os olhos. "O que aconteceu?"
"Um tiro na cabeça esta manhã, em sua propriedade. Sua filha o encontrou".
"Maldição", ele jurou e começou a desenrolar o pano em torno de seus dedos machucados.
Ele nem mesmo sentiu a dor. "Ela também está morta?"
Viktor sacudiu a cabeça. "Não. Seu guarda-costas imediatamente a tirou da cena do crime.
Ela está em um local seguro. Precisamos agir rapidamente se quisermos fazer a transição sem
dificuldades."
"O que as autoridades acham?" Nikolai perguntou, ignorando a última declaração de Viktor.
"Ninguém foi encontrado no local", disse Viktor. "Eu tenho certeza que eles aparecerão para
falar com você em breve."
Claro que sim. Nikolai seria o suspeito número um. "Eu acho que isso significa que eu deveria
tomar banho e trocar de roupa", disse ele com um suspiro.
"Você precisa tomar cuidado, senhor", disse Viktor gravemente. "Você pode ser o próximo."
"Yuri era um homem poderoso, mas era muito ingênuo", rosnou Nikolai. "Seu assassino não
vai me achar um alvo tão fácil."
Isso não era inteiramente verdade. Yuri não era exatamente ingênuo, mas Nikolai tinha
endurecido seu coração há muito tempo. Não acreditava em ninguém. Essa foi a única maneira de
sobreviver nesse tipo de negócio.
"Eu vou me levar," ele murmurou ao levantar do banco. "Vá em frente e entre em contato
com o meu advogado."
"Quer falar com a filha? "
Nikolai hesitou. A mulher não tinha muita utilidade, mas ele não podia deixá-la vulnerável.
Além disso, protegê-la iria provar a todos que ele era capaz do trabalho. "Ainda não. Vamos
esperar até que todos os papéis estejam assinados e Yuri esteja enterrado. Preciso que todos
compreendam que a máfia é minha justamente antes de assumi-la. Até lá, procure os guarda-
costas e verifique se eles têm tudo o que precisam."
"Sim senhor."
"Viktor, mais uma coisa".
"Sim?"
"Quais são as chances de que ela tenha matado seu pai?"
Viktor sacudiu a cabeça. "Ela não é como ele".
Nikolai o olhou desconfiado. "Isso não significa nada. Yuri não era um homem tão cruel. Se
ela tivesse noção do seu testamento, de tudo o que eu tomaria conta, ela poderia tê-lo matado de
raiva".
"Duvido, senhor. Não só não seria um movimento inteligente da parte dela, mas a menina tem
tentado fugir dele e de seu dinheiro por meses. Além disso, ela praticamente desmaiou ao vê-lo, e
tentaram matá-la enquanto seu guarda-costas a tirava da cena. Ela não é a assassina.
Interessante. "Bem. Eu quero o máximo possível de informações sobre ela. Não quero
surpresas".
O assassinato de Yuri não foi uma surpresa, mas a sobrevivência de Alina foi. Se ele
estivesse correto em suas suspeitas, o assassino não queria que ela sobrevivesse por mais uma
noite.
Viktor acenou com a cabeça e o deixou em paz. Nikolai terminou de secar o suor do
pescoço e pegou o telefone. Percorrendo as fotos, ele olhou para as imagens de vigilância que
havia tirado há cinco anos. Alina Petrov era uma mulher interessante. Frequentou uma faculdade,
inteligente, bonita, motivada e aparentemente inocente.
Tão inocente.
Ele apagou a maioria das fotos, mas algo sobre uma delas o fez guardá-la durante todo
aquele tempo. Na foto, ela havia acabado de tirar os óculos escuros e estava prestes a
cumprimentar alguém. Seu pai não estava interessado nas outras pessoas em sua vida, então
Nikolai não tinha perguntado, mas ele não podia deixar de se perguntar agora. Quem fez a
mulher sorrir tão brilhantemente?
Tão calorosamente?
Fazia muito tempo que ninguém o olhava daquele jeito. Nikolai tinha certeza de que ninguém
jamais o faria. Desligando o telefone, dirigiu-se para as escadas. Alina Petrov era uma
preocupação para outro dia. Não havia muito que ele pudesse fazer por ela agora. Assim que
assumisse tudo, ele a procuraria.
Até lá, ela estaria sozinha.
Capítulo Dois
Havia momentos em que Alina nem sabia o que estava acontecendo ao seu redor. Às vezes o
tempo parava, e outras vezes o dia corria sem que ela percebesse. Ela se levantava, ia para a
cama, e não tinha ideia do que tinha acontecido naquele intervalo de tempo.
Kristof e Timur não a perdiam de vista. Ela vagava sem rumo pelo local seguro, um
apartamento pequeno, mas bem mobiliado nos arredores da cidade e tentou se concentrar no que
faria em seguida.
Uma pequena mala de roupas a esperava no apartamento. Quando a polícia finalmente
liberou a cena do crime, ela conseguiu voltar para buscar mais coisas, mas seus guarda-costas não
a deixaram ficar, e ela realmente não queria.
O céu estava nublado no dia do funeral. Alina se sentou no banco, espremida entre Timur e
Kristof; seu tio Vadik, o gêmeo de seu pai e seu único parente vivo, sentou-se no banco atrás deles.
Ela não tinha ouvido falar dele desde o assassinato.
Um tiro de 38 na têmpora. Alina tinha estado perto de armas toda a sua vida. Ela podia
facilmente imaginar a arma que acabou com a vida de seu pai. As autoridades disseram que o
assassino provavelmente usou um silenciador e atirou em seu pai poucos minutos antes de ela entrar
na área da piscina. Ele estava morto antes mesmo de cair na água.
Ela tentou se confortar no fato de que ele não sofreu, mas isso não aliviava sua dor. Seu pai
estava morto. Sua última conversa com ele tinha sido cheia de raiva.
"Por quê? Por que você quer se mudar? Por que você quer me deixar?"
"Papai, eu sou adulta. Você acha que eu iria viver aqui para sempre? A faculdade terminou. Eu
quero explorar o mundo. Eu quero ter a minha própria casa."
"Eu não vou impedi-la."
"Mas você está! Você está impedindo que alguém aceite minhas propostas! Eu sei que você está!
Você está me deixando louca! Você está me tratando como uma prisioneira!"
Um nó apertou em sua garganta, e ela tentou engoli-lo. Agora não era o momento de
desmoronar.
"Alina?", sussurrou Timur. "Você quer sair e tomar um pouco de ar?"
"Já está quase acabando?", perguntou. "Eu não consigo respirar."
Ele a envolveu com um braço e a apertou suavemente. "Sim, quase. Aguente firme."
Timur e Kristof estavam com seu pai desde que ela era criança. Na época, eles eram
adolescentes arrogantes procurando crescer dentro da máfia, mas agora eram praticamente da
família. Saber que eles estavam cuidando dela era o único conforto que ela tinha. Eram como seus
dois irmãos mais velhos. Ela confiava neles.
Finalmente, uma oração silenciosa terminou o funeral, e ela se levantou. Agora ela só tinha
que suportar o enterro no cemitério, e ela finalmente seria capaz de deitar em sua cama com uma
garrafa de vinho e tentar afogar suas dores.
Alina se voltou para olhar a congregação. O lugar estava lotado. O território de seu pai
era grande, e embora o seu negócio estivesse encharcado de violência e sangue, ele protegia
aqueles que precisavam. Metade da cidade tinha aparecido para prestar homenagem, e parecia
que todos os olhos estavam sobre ela.
"Você acha que ele está aqui?" Ela murmurou, sem expressão. "Acha que o homem que
assassinou meu pai está me observando?"
"Vamos," Timur disse enquanto indicou para que ela andasse. "Esse momento não é sobre o
assassino. É sobre o seu pai, certo? Concentre-se nisso."
Assentindo com a cabeça, ela engoliu seco e entrou no corredor. Todos inclinaram a cabeça
e esperaram até ela chegar na porta. Todos menos um. Ela parou quando alguém passou em sua
frente para abrir a porta.
"Senhorita Petrov", disse ele com a voz grave.
Alina ergueu os olhos e o observou. Alto. Cabelo escuro. Olhos de um azul cristalino
devastador e um corpo que a distraiu momentaneamente. Ela o via ocasionalmente saindo de
reuniões fechadas com seu pai, mas nunca prestou atenção nele. Ela nem sabia o seu nome.
Aqueles olhos penetrantes nunca deixaram os dela enquanto ele segurava a porta aberta e
esperava que ela passasse.
"Obrigada", disse ela suavemente.
Ele assentiu solenemente, mas não disse mais nada. Kristof continuava a pressioná-la para a
frente, mas Timur parou para falar com o estranho em voz baixa. Por um momento fugaz, ela se
perguntou se aquele lindo homem teria matado seu pai. Ele estaria brincando com ela agora?
"Quem é ele?", perguntou ela, parando e virando a cabeça. Timur já estava se juntando a
eles.
"Seu nome é Nikolai Sokolov", resmungou Kristof em voz baixa. "Vamos, Alina. Temos de ir.
Todo mundo está esperando por você."
Obedientemente, ela baixou a cabeça e seguiu seus guarda-costas para fora. Eles a
acompanharam em ambos os lados, e ela observava com curiosidade a multidão em busca de
possíveis ameaças.
"Você realmente não acha que alguém me atacaria aqui, no enterro do meu pai, não é?"
"É sua primeira vez ao ar livre em dias", lembrou Timur. "Se eles tiverem pressa, sim, não há
dúvida de que eles irão atrás de você no funeral de seu pai."
As palavras a fizeram estremecer, e ela voltou a se recolher. Um sentimento mais intenso—
raiva—rapidamente anulou sua dor e seu medo. Ela deveria ser livre para chorar a morte de seu
pai, mas em vez disso, ela tinha que temer pela própria vida.
Poucos carros seguiram da igreja ortodoxa até o túmulo. A descida do caixão na sepultura
era somente para aqueles mais próximos de Yuri. Além de Vadik, todos eram sócios dos negócios.
Ao crescer, Alina passava boa parte do tempo se comportando mal porque achava que seu pai
amava mais seus homens do que ela. Era estranho ter que compartilhar aquele momento com eles.
O sol aqueceu sua pele quando ela se aproximou do túmulo, e ela franziu a testa. As nuvens
tinham desaparecido. Aquilo não parecia certo. O vento deveria uivar e os trovões ressoarem, mas
em vez disso, o dia estava rapidamente se tornando agradável. Até mesmo bonito.
Apenas mais um lembrete de que a vida não parou simplesmente porque ela estava
perdida.
"Vou dar uma olhada no local", disse Kristof em voz baixa.
Timur assentiu, e Alina percebeu que ele estava inquieto. Ela tomou seu braço, mais por
conforto do que por necessidade, e o deixou levá-la até as cadeiras metálicas dobráveis que
estavam alinhadas em frente ao túmulo aberto. Mais uma vez, ela seria forçada a se sentar na
frente e no centro.
Puxando seus óculos escuros para fora de sua bolsa, ela os colocou em seu rosto e olhou ao
redor. Pelo menos agora ela se sentia um pouco mais escondida. Um pouco mais segura.
A maioria das pessoas que saíam dos carros estacionados atrás dela era um tanto
familiares. Guardas. Sócios de negócios, suas esposas. Ela ouvia seus sussurros silenciosos e virava
a cabeça para ver quem estava ali. Um homem se destacou, e ela inalou bruscamente.
Nikolai Sokolov. O que ele estava fazendo aqui? Um par de homens seguiram atrás dele.
Seu olhar a provocou enquanto vagava pelo seu corpo, e Alina sentiu algum alívio por ele não
poder ver seus olhos.
Seu rosto endureceu, e ele franziu a testa e virou a cabeça. Alina olhou fixamente quando
Kristof fez um sinal para o homem e sussurrou algo em seu ouvido. Nikolai assentiu e Kristof dirigiu-
se para a parte de trás do cemitério.
"Alina?" Timur perguntou suavemente.
"Quem é esse homem?" Alina perguntou enquanto o deixava guiá-la até as cadeiras.
Sentada, ela nunca tirou sua atenção de Nikolai.
"Já lhe dissemos. O nome dele é—"
"Não o nome dele", ela cortou rapidamente. "Ele é importante. Por quê?"
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