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A chuva caía fina naquela noite fria de Moscou, batendo contra as janelas sujas do pequeno apartamento onde Chloe vivia com a mãe. O cheiro de cigarro impregnava as paredes, misturado ao perfume barato que anunciava a presença de mais um cliente. Chloe, deitada em sua cama estreita, abraçava os joelhos enquanto o som abafado dos gemidos do outro lado da porta a fazia apertar os olhos com força. Desde criança, aprendeu que aquele era o preço que sua mãe pagava para colocá-la na escola, para colocar comida na mesa, para sobreviver. Mas nada daquilo parecia justo.
Na escola, as professoras a olhavam com desdém, como se fosse culpada pelas escolhas da mãe. Seus colegas de classe riam dela, cochichavam às suas costas, lançavam olhares carregados de malícia. "Filha de prostituta", diziam. Chloe fingia não se importar, mas cada palavra cruel era como um golpe invisível, abrindo feridas que nunca cicatrizavam. Ela sonhava em fugir, escapar daquela vida sufocante, mas para onde iria? Quem a acolheria?
Muitas vezes pensou em largar a escola. Qual era o sentido de continuar quando ninguém acreditava nela? Mas algo dentro dela, um fio teimoso de esperança, sempre a fazia seguir em frente. Talvez fosse o sonho de um dia provar a todos que era mais do que um nome sujo na boca das pessoas.
Isso tornava tudo ainda pior para Chloe. A ausência de um pai nunca foi apenas um vazio em sua vida, mas uma cicatriz aberta, um lembrete constante de que ela era fruto de uma noite qualquer, de um dos muitos homens que passaram pela vida de sua mãe.
Desde pequena, tentava imaginar quem poderia ser seu pai. Teria ele sido um empresário bem-sucedido, um político influente, um homem de posses que jamais saberia de sua existência? Ou talvez fosse apenas um operário comum, um estranho sem rosto que havia pago por algumas horas de prazer e seguido sua vida sem olhar para trás?
Mas sua mãe nunca deu importância a essa questão. Sempre que Chloe perguntava, recebia uma risada desdenhosa e a mesma resposta:
- Minha querida, eu tinha no mínimo três clientes por dia. Qualquer um deles poderia ser seu pai. Do mais rico ao mais miserável, todos passaram pela minha cama.
Chloe aprendeu a engolir a dor dessas palavras, mas isso não impedia que, no fundo, sonhasse em um dia descobrir a verdade. Não porque esperava encontrar um pai amoroso ou um final feliz, mas porque queria ao menos um pedaço de sua história que não estivesse manchado pela prostituição de sua mãe.
Chloe aprendeu cedo a erguer muros ao seu redor. Fingir que nada lhe atingia se tornou um escudo, uma máscara que usava para encarar o mundo. Quando alguém a insultava na escola, ela revirava os olhos e sorria com desdém. Quando as professoras a tratavam com frieza, ela fingia não se importar. Quando ouvia sua mãe se vangloriar da própria vida, ela apenas assentia, como se aquilo não a afetasse.
Mas a verdade era que tudo doía.
Cada olhar de desprezo, cada risada maldosa, cada palavra cruel. Tudo se acumulava dentro dela como uma tempestade prestes a desabar.
E era dentro do seu quarto que essa tempestade se libertava.
Sozinha, entre as paredes que guardavam seus segredos, Chloe chorava por horas. Apertava o travesseiro contra o rosto para abafar os soluços e implorava ao universo por um destino diferente.
Ela queria escapar.
Queria ser alguém além da filha de uma prostituta.
Queria uma vida onde não precisasse se encolher diante do desprezo alheio.
Mas parecia que o universo não ouvia seus pedido
Os anos passaram, e Chloe atingiu a maioridade com o peso do mundo sobre os ombros. Sua mãe estava diferente, mais cansada, mais abatida. A tosse constante e as olheiras profundas eram sinais de que algo estava errado. Então, veio a notícia que destruiu qualquer resquício de esperança: uma doença sexualmente transmissível, uma sentença cruel para uma mulher que não tinha ninguém além da filha. Os clientes desapareceram, os falsos amigos sumiram, e, de repente, Chloe viu-se sozinha com uma mãe doente e sem nenhum meio de sustento.
Ela tentou. Tentou com todas as forças encontrar um emprego, qualquer coisa que pudesse ajudá-las a sobreviver. Mas Moscou era cruel com aqueles que carregavam um nome manchado. Sempre que mencionava seu sobrenome, os olhares se tornavam frios, as respostas secas e negativas.
- Sinto muito, mas não podemos contratá-la.
- Aqui não há lugar para alguém como você.
- Sua mãe não nos traz uma boa reputação.
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