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Beatrice
Faz três dias que não o vejo, chega a ser um alento bem vindo algum tipo distorcido de calmaria em meio a tempestade , presa no porão como um animal o cômodo pequeno com um armário e uma mesa, alguns panos que foram jogados para que dormisse sobre eles, se poderia agradecer a clemência dada era o fato de ter um banheiro e não precisar sentir o cheiro da própria urina. Sobrevivendo a mais um deja vu do que a vida tem sido nos últimos anos, um ciclo sem fim de dor e desgraças.
Nunca imaginei que a vida poderia ser tão ruim assim, quando fui apresentada a Stefano sabia que não era um bom homem, afinal, que homem da máfia seria bom… E por mais ingênua que fosse ou tentasse ser, ainda tinha uma pequena esperança de ter um bom casamento a vida de uma rainha ao lado do próximo Don, essa esperança foi extinta logo no início do nosso casamento há sete anos. Vi os sonhos sendo mortos por esse homem a cada dia e em cada decisão sua, na frente dos outros ninguém poderia sequer imaginar do que é capaz, a escuridão se esconde por trás dos rostos mais belos. O lugar escuro, úmido e sem janelas escondido dentro da nossa própria casa, construído apenas para que possa realizar todos os seus desejos de ter uma prisioneira, alguém para descontar a fúria, fazer implorar e quebrar das mais diversas formas.
Presa dentro dos próprios desejos, uma mente fervilhando de ideias loucas , com um corpo maltratado implorando um pouco de descanso e algum cuidado.
Sendo sempre o marido brilhante na frente dos outros, na frente dos pais, bufei sabendo que Don Sartori nunca puniria o único herdeiro por adestrar a esposa,existem pessoas . As dores espalhadas pelo corpo só evidenciam o quanto ele seria capaz de fazer os negócios escusos, suas humilhações diárias, tudo isso em troca de que?
Essa é a minha vida, ser a puta de luxo de Stefano Sartori, esposa seria um adjetivo muito inapropriado considerando as opções. Somos isso, úteros férteis, bucetas de ouro nascidas para casar-se com os herdeiros, vendidas para formar alianças.
Hoje a morte parece mais atraente do que continuar a viver assim...
A primeira surra veio depois de uma festa da família, Stefano disse que percebeu meus olhares para um dos capos.
hmfff.
Como se pudesse olhar para qualquer lugar acima da minha cabeça sem ser uma traição.
São anos sendo abusada por um homem que diz me amar, um homem que comprou nosso casamento exigindo a sua aquisição antes mesmo da maioridade, a fixação e a obsessão desse homem por mim são completamente doentias, na verdade, ele é um doente sem alma que todos os dias alimenta o meu ódio.
Aos dezesseis anos na lua de mel descobri que havia casado com o próprio diabo.
Coloquei a cabeça entre os joelhos tentando fugir das lembranças, as primeiras vezes foram as que machucaram, as que destruíram um coração inocente e roubaram minha alma.
Conforme o tempo passava e suas crueldades pioravam meu corpo foi se acostumando, aprendendo a lidar com a dor, obedecendo seus comandos como a cadela adestrada como ele gosta de chamar. Em nenhum momento nada é suficiente para aplacar a fúria e o ciúme inexplicável diante das suas próprias atitudes
Tentei fechar os olhos para fugir, tentando continuar no presente mesmo que doloroso. A única coisa que consegui foi sofrer com as lembranças
Dessa vez Stefano se superou, sete anos depois e ele ainda consegue achar uma maneira de fuder com o meu psicológico, mesmo aprendendo cada um dos seus truques para me desestabilizar. As marcas espalhadas pelo corpo mostram como fui incapaz de manter o teatro, escutei o som da porta se abrindo, esperando que ele aparecesse, soltei um grito mudo ao ver meu irmão mais velho.
Seus olhos escuros parecem ter sido tomados pelo ódio ao mesmo tempo que vê meu estado e se apieda. Os cabelos bagunçados e a barba sempre bem-feita completando o rosto familiar, percebi a culpa no seu olhar.
— Beatrice! – Sussurrou — Aquele filho da puta vai morrer! Por que não disse nada?
— O que poderia dizer irmão? Stefano é meu marido, filho do Don Sartori. Não é como se ele fosse punido por usar a sua puta.
— Cazzo! Você é a esposa dele porra! – exasperou abaixando a voz logo em seguida e olhando para a porta.
Mesmo que as regras da família fossem claras sobre respeito, fidelidade e não machucar as esposas Stefano não era qualquer um, por baixo da pele dele havia um verdadeiro demônio. O que uma simples mulher poderia alegar para que todo um conselho feito por homens não veja o meu estado como uma simples educação?
Não duvido que outras mulheres na organização passem por coisas iguais ou piores, o resultado de um comando que só valoriza a própria casa, o Don parece não perceber que alimenta os próprios lobos, deturpando todos os nossos valores da Sicília.
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