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Anna vivia numa pequena aldeia, com poucos recursos, que vivia sobretudo do comércio e agricultura.
Residia com a mãe pois o pai havia falecido ainda era ela bebé, nem sequer tinha memórias paternais.
Era diferente, parecia de outra época, assim diziam as pessoas que a conheciam.
Para além de ter uma beleza extrema, muito loura, cabelo muito comprido, meio selvagem (não era liso nem encaracolado), olhos verdes como a floresta que a rodeava, de corpo esbelto e esguio. Todos os rapazes a cobiçavam, no entanto era a maneira de ser que a distinguia: "maria – rapaz". Desde pequena que as suas brincadeiras preferidas eram com os rapazes, adorava cavalos e só no meio deles é que se sentia ela própria. O que tinha a dizer não levava para casa, doesse a quem doesse. "- Não era uma rapariga para casar" - diziam. E para outras coisas ela também não queria.
A maioria das pessoas da terra a admirava, pela sua coragem e determinação, no entanto sabiam que isso seria a sua desgraça.
A Aldeia, la crox, era rodeada por floresta, havia populações próximas, mas eram de selvagens, povos sem escolaridade ou regras, que viviam sobretudo da venda de animais, mas não se misturavam com outras populações.
Existiam também regiões onde habitavam pequenas tribos mais civilizadas que viviam sobretudo do comércio de cavalos.
Eram rebeldes, com poucas regras. A sua maioria eram homens, usavam cabelo comprido em trança ou solto (cabelos muito negros). Eram excelentes a treinar cavalos e montavam como ninguém. Não se misturavam com outras populações, tinham as suas próprias leis que eram impostas pelos anciãos.
Casavam quase sempre entre eles, eram muito poucos os casos de casamentos fora e quando acontecia, a mulher é que era do exterior e tinha que se submeter as regras da tribo.
De início eram muito maltratadas para "aprenderem" a obedecer. Nem todas aguentavam e uma grande parte fugia.
Eram destemidos e conhecidos pela sua coragem e determinação.
_ Anna, Anna! Gritava D. São pela filha. Nunca sabia onde estava a rapariga. "Tem 21 anos, mas é uma desmiolada, se algum pior a apanha ninguém a salva".
- Ela sabe-se defender melhor que eu, D. São. Não se apoquente! Deve andar de roda dos bichos.
_ Ai, se eu a apanho. Ela sabe que está na hora de comer...
Anna andava como sempre pela floresta a explorar, como ela dizia. Ninguém conhecia a floresta como ela e maior parte até tinha medo de ir mais para longe.
Mas ela gostava, todos os dias ia mais um bocadinho, já tinha ouvido falar dos povos que habitavam para lá da floresta e até já os tinha visto a comercializar produtos, mas queria ver como viviam. Se a mãe soubesse ou alguém de la crox... diziam que era perigoso, mas qual era o mal de espreitar, desde que não fosse apanhada.
Mas eles viviam mesmo no interior da floresta, ela já se tinha fartado de andar e nem sinal deles.
O melhor era voltar para trás, à noite era mais fácil, o difícil era enganar a mãe e sair à socapa.
Era noite de festa em la crox, todos os anos celebrava-se o fim da Primavera com música e bailarico. As senhoras e raparigas vestiam o seu melhor vestido e os homens também não se ficavam atrás.
Anna estava como sempre com as suas calças de ganga pretas já muito roçadas e uma t-shirt preta. O cabelo parecia ouro com o brilho das luzes da festa.
Entretinha-se a jogar à bola com os miúdos mais novos. Era uma algazarra.
-Gooolllooo! Gritaram todos e caíram todos em cima uns dos outros, era disto que ela gostava.
No meio da confusão e alegria, Anna não reparou que alguns elementos da tribo chegaram. Só deu conta quando se ouviu alguém a falar mais alto com as prostitutas que estavam a trabalhar. Era uma noite concorrida.
Anna tomou atenção à discussão. Alguém queria os serviços da rameira, mas por alguma razão não queria nas condições que esta exigia.
Ninguém se meteu na barafunda, até porque os homens estavam acompanhados das suas esposas, namoradas ou pretendentes e não se iam meter a defender uma puta,
Anna aproximou-se e com a atitude que lhe era característica gritou:
- Ou é como ela quer ou se não queres há mais quem queira! O que não falta para aí é freguesia.
O Homem, alto, bem constituído de meia-idade reagiu meio desconcertado, não estava à espera de que aquela miúda franzina lhe falasse daquela maneira. Aliás não era costume ninguém da vila lhe falar assim.
- Já a formiga tem catarro... se não tens pai ou homem que te dê uma lição podes contar comigo.
- Experimenta... posso apanhar, mas tu também levas!
Nisto juntou-se gente para ver a discussão e logo começaram a tentar separar a Anna do Homem. Na aldeia sabiam que Anna não se deixaria levar pelo medo, e só pararia quando não conseguisse levantar-se, quer fosse para defender um amigo ou uma prostituta. Injustiça era tratada toda da mesma forma.
No meio da confusão Anna, não reparou que junto ao grupo dos "selvagens" como eram conhecidos, estava um rapaz a olhar incessantemente para ela.
Peter Black, alto, moreno, com um cabelo negro em trança até ao meio das costas, muito apreciado na tribo pela sua mestria a montar a cavalo.
Peter ficou petrificado com a beleza de Anna assim como pelo seu atrevimento.
- Quem pensa ela que é? A falar assim com um ancião! - Pensou
O grupo afastou-se, montaram a cavalo e dirigiram-se para casa. No caminho não se falava outra coisa. Cada um dava a sua sentença. Estavam muito irritados.
- Precisava era de umas palmadas, para acalmar! - Dizia Simon.
- Eu bem lhas dava! -Dizia Blue.
Peter permanecia calado. Estranhando tanto silêncio, que não era costume da parte dele, Blue perguntou:
- O que Achas Peter?
- Acho que ela era linda!
Os outros riram.
-Ui! O pinga amor. Quem é que a aturava com aquele feitio? – gozou Blue
- Só precisa de ser amansada e eu não me importava de domesticar aquele animal selvagem. Iam só ver, Não dava uma semana para a conseguir montar como um cavalo treinado. - Disse Peter a rir.
Todos riram à gargalhada.
Blue acrescentou_ - Tens tanta gaja na tribo atrás de ti que não lhes ligas nenhuma e agora estás a babar por uma gata selvagem qualquer que nem sequer é dos nossos.
- Ninguém disse que a queria para mim, só disse que lhe dava a volta e até gostava.
Anna tinha começado o dia cedo, tinha pegado no seu cavalo e resolveu "fugir" sem rumo. Gostava de correr o mais veloz possível com o mostarda. Nessas alturas não tinha qualquer problema. Ela e o mostarda eram um só. Parecia que todos os problemas desapareciam.
Já tinha passado uma boa parte da zona de árvores e entrava agora numa zona de vegetação mais rasteira. O mostarda adorava, era como se fosse ele a comandar.
Não fora habituada a usar sela no cavalo e por isso montava em osso, já não lhe metia confusão nem incomodo.
Naquele dia tinha o cabelo apanhado em rabo-de-cavalo para não atrapalhar a corrida.
A caminho da vila para comprar mantimentos iam Peter, Blue e Simão. Vinham em amena cavaqueira, montados nos seus cavalos sem pressa.
Anna passa por eles a alta velocidade, nem reparou nos rapazes.
- Vou atras dela! – diz Peter
- Tas maluco Peter, à velocidade que a gaja vai já está a quilómetros, nunca a ias encontrar e o mais certo era ainda mandar vir por a teres seguido. – disse Blue
- Tens razão, ela pode ter mudado de direção. Mas vou apanhá-la!
- Há gente que tem tendência para o abismo e tu és uma delas! – remato Simon.
Riram-se em concordância e seguiram o seu caminho.
Depois de comprarem os mantimentos, sentaram-se na taberna da vila do lado de fora a beber umas cervejas e a conversarem.
Eram sem dúvida exóticos em comparação com os homens da vila. Peter era o que sobressaia mais, devido à altura e beleza. As miúdas adoravam que eles fossem a La Crox, ao menos podiam "lavar as vistas".
Quando já se estavam a levantar chegou Anna do passeio. Desmontou e foi lavar o Mostarda, depois deu-lhe água e comida. Adorava a quele animal. E ele entendia como se duma pessoa se tratasse.
- Agora é que vou lá! – afirmou Peter.
- E vais dizer o quê? Olha queres vir ali atrás comigo? Tas maluco! Ainda mais, já deve ter um gajo, tão bonita assim. - Disse Simon
-Com aquele feitio, parece um Homem, nem saias veste. Mulher minha não andava assim... - Disse Blue.
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