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Grávida de oito meses, descobri o fundo de investimento secreto do meu marido, Heitor. A senha não era nosso aniversário de casamento, mas o aniversário da sua jovem protegida, Ana Clara.
Toda a sua fortuna não era para mim ou para o nosso filho que ainda não tinha nascido. Era tudo para ela.
Quando o confrontei, a verdade foi uma sentença de morte. Ele me chamou de "receptáculo", uma barriga de aluguel para gerar um herdeiro para Ana Clara, que era frágil demais para ter um filho.
"Ela vai criá-lo", ele disse, com os olhos frios como gelo.
Então, encontrei as gravações. Assim que nosso filho nascesse, eu seria eliminada em um "acidente trágico". Meu casamento de sete anos era uma mentira, uma transação para produzir um herdeiro.
Eles me queriam morta e meu bebê roubado.
Então, eu lhes dei um de seus desejos. Forjei minha própria morte, queimei minha vida antiga até as cinzas e desapareci com meu filho.
Capítulo 1
Meu mundo não apenas rachou no dia em que descobri o fundo de investimento de Heitor; ele se estilhaçou em um milhão de pedaços irreparáveis. Eu estava com oito meses de gravidez, meu corpo pesado e desajeitado, mas minha mente ainda estava afiada o suficiente para notar as sutis migalhas digitais que Heitor costumava deixar espalhadas. Ele era descuidado, às vezes, em sua genialidade. Uma pasta protegida, uma dica de senha disfarçada de uma data de aniversário casual, só que não era a nossa.
Digitei a data, meus dedos tremendo com uma premonição que eu não conseguia explicar. Não era o dia do nosso casamento, nem meu aniversário, nem mesmo o dia em que nos conhecemos. Era um dia que eu o ouvi mencionar uma vez, anos atrás, de passagem: o aniversário de Ana Clara McCall.
A pasta se abriu. Dentro, entre documentos legais e patentes de tecnologia obscuras, estava a última alteração em seu fundo de investimento. Meus olhos percorreram o jargão jurídico, pulando os parágrafos densos até pousarem na cláusula crucial. Não era apenas uma parte, nem um presente generoso. Era tudo. Sua fortuna inteira, o império que ele construiu, estava destinada, inequivocamente, a Ana Clara McCall.
O ar saiu dos meus pulmões em um suspiro silencioso. Minha mão voou para minha barriga inchada, um instinto protetor. Isso não era um ajuste menor. Era um apagamento completo da minha existência em seu futuro financeiro, em nosso futuro.
Lembrei-me do dia do nosso casamento, sete anos atrás, que pareceu um conto de fadas. Heitor, o enigmático gênio da tecnologia que eu tirei dos destroços de um acidente de carro, me pediu em casamento um ano depois. Ele chamou isso de "dívida de vida", uma frase brincalhona que pareceu romântica na época. Eu era jovem, ingênua e tão profundamente apaixonada pelo homem cuja vida eu havia salvado. Acreditei em cada palavra que ele disse sobre nosso futuro compartilhado, sobre construir uma vida juntos.
O acordo pré-nupcial tinha sido uma formalidade, ele me garantiu. "Elisa, querida, você sabe que sou uma figura pública. É só para as aparências, para nos proteger de litígios predatórios. Meu coração, minha casa, minha vida... são todos seus." Suas palavras foram um cobertor quente, me protegendo do frio das cláusulas legais que me deixavam com praticamente nada. Eu não questionei. Como poderia? Eu o amava. Meu amor era suficiente, não era?
Agora, olhando para a tela, a verdade queimava como ácido na minha garganta. Ele não tinha apenas protegido seus bens; ele tinha protegido os bens dela. Ana Clara McCall, sua jovem protegida, a garota que ele tirou da obscuridade e financiou na faculdade. A garota que eu o ouvi elogiar inúmeras vezes, sempre com um distanciamento clínico que me enganou, fazendo-me pensar que era admiração profissional.
Ouvi a porta da frente se abrir, seguida pelo clique familiar de seus sapatos caros no piso de mármore. Heitor. Meu marido. Meu traidor.
Fechei o notebook, a tela escurecendo, espelhando o vazio repentino dentro de mim. Entrei na sala de estar, meus passos pesados, cada um um esforço contra o peso da descoberta. Ele estava afrouxando a gravata, o olhar já no celular.
"Heitor", eu disse, minha voz plana, desprovida do calor habitual.
Ele ergueu o olhar, um lampejo de irritação em seus olhos. "Elisa. Você ainda está acordada. Pensei que estivesse dormindo."
"Eu encontrei uma coisa", afirmei, cortando seu tom desdenhoso. Observei seu rosto de perto, procurando por qualquer sinal de remorso, qualquer indício do homem com quem pensei ter me casado.
Ele não vacilou. "Encontrou o quê?"
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