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Meu marido, Arthur, e eu construímos nosso império sobre um pacto de sangue: "Até que a morte nos separe." Por quinze anos, essa promessa foi nossa base. Então, encontrei as fotos da amante dele.
Ele se recusou a me dar o divórcio, me prendendo com nosso pacto enquanto ela ligava para anunciar que estava grávida. Ele a escolheu, chegando a me agredir para protegê-la.
No casamento deles, toquei uma gravação dele me chamando de "mercadoria avariada" e "estéril".
"De que serve uma esposa que não pode te dar um herdeiro?", ele havia perguntado a ela.
Mas a amante dele me enviou um presentinho de casamento: um arquivo detalhando o sequestro que sofri anos atrás.
Não foi um ataque aleatório. Arthur havia planejado tudo. Ele orquestrou para me quebrar e, no processo, causou o aborto espontâneo do nosso único filho.
O relatório final no arquivo era o prontuário médico dele.
Não era eu quem era estéril. Era ele. E o bebê dela não era dele.
Capítulo 1
Ponto de Vista: Clara Tavares
A primeira vez que Arthur Cardoso matou por mim, ele tinha dezessete anos.
A memória não é nebulosa ou onírica; é nítida, gravada a ferro e fogo na minha mente com a clareza assustadora de um diamante cortando vidro. Lembro-me do som estilhaçante do taco de beisebol vagabundo ao atingir o crânio do meu padrasto. Lembro-me do jato quente que atingiu meu rosto, um batismo grotesco de sangue.
Mas, acima de tudo, lembro-me dos olhos de Arthur quando a polícia o levou. Não eram os olhos de um garoto apavorado. Eram calmos, quase serenos. As algemas estalaram em seus pulsos, e ele olhou por cima do ombro para mim, que estava paralisada na porta daquele inferno de barraco.
Um sorriso lento e genuíno se espalhou por seus lábios.
"Você está livre agora, Clara", ele sussurrou, as palavras atravessando o lamento das sirenes. "Você finalmente está livre."
Ele cumpriu dois anos na Fundação CASA. Dois anos em que o visitei toda semana, nossas mãos pressionadas contra o vidro grosso, nossos futuros planejados em tons sussurrados por um telefone monitorado. No dia em que saiu, ele parecia mais velho, mais duro, mas aquele sorriso era o mesmo. Ele não tinha mais família, e eu também não. Tínhamos apenas um ao outro.
Pegamos um ônibus para São Paulo com menos de mil reais entre nós e um único sonho compartilhado. Começamos do nada. Ele era o rosto carismático, o tubarão implacável que sentia o cheiro de oportunidade a quilômetros de distância. Eu era a estrategista por trás dele, aquela que via todos os ângulos, todas as fraquezas, todos os movimentos que nossos oponentes fariam antes mesmo de considerá-los.
Juntos, construímos a Cardoso Tavares Holdings do zero, um império corporativo forjado nas cinzas daquela noite violenta. Nosso vínculo não era apenas amor; era um pacto selado em sangue e trauma. No dia do nosso casamento, em um cartório estéril porque não podíamos pagar por mais nada, não trocamos votos tradicionais.
Ele pegou minhas mãos, seu olhar tão intenso quanto no dia em que me salvou. "Até que a morte nos separe", disse ele, sua voz um rosnado baixo de possessão. "Sem divórcio, Clara. Apenas uma viúva."
Eu repeti de volta sem hesitar. "Apenas um viúvo."
Por quinze anos, esse pacto foi nossa base. Era a rocha sobre a qual nosso império foi construído, a ameaça não dita que pairava no ar de cada sala de reunião e cada conversa sussurrada tarde da noite. Ele era meu, e eu era dele. Simples assim.
Até que deixou de ser.
Encontrei as fotos em um pen drive escondido no cofre do escritório dele. Não apenas algumas fotos ilícitas. Centenas. Uma coleção meticulosamente organizada ao longo de anos. Todas da mesma garota. Uma garota com olhos grandes e inocentes e um sorriso que parecia brilhante demais, ingênuo demais para o mundo que Arthur e eu habitávamos. Amanda Alencar.
Quando o confrontei, ele nem teve a decência de parecer culpado. Ele se recostou em sua cadeira de couro, com o horizonte da cidade que conquistamos brilhando atrás dele, e me deu um suspiro cansado.
"Ela é só uma garota, Clara. Uma distração. Não significa nada."
"Uma distração que você vem documentando há três anos?" Minha voz estava perigosamente baixa, uma serpente pronta para atacar. A pilha de fotos impressas estava entre nós em sua mesa de mogno, um monumento à sua traição.
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