Viciado em Você
Autor:Gorgeous Killer
GêneroRomance
Viciado em Você
PONTO DE VISTA DE CHARLES
Eu não queria recuar, na verdade, queria chegar ainda mais perto. Enquanto Scarlett e eu nos olhávamos nos olhos, senti um desejo irresistível de abraçá-la.
Mas antes que pudesse fazer isso, ela pressionou a mão contra meu peito e me empurrou.
Ela abriu a boca, como se fosse falar alguma coisa, mas parece que ela decidiu não fazer isso. De repente, me lembrei do cara com quem ela estava flertando na França e aquilo me deixou furioso.
Será que ela também empurrou ele quando ele tentou abraçar ela?
Ou era só eu quem ela não queria ter por perto?
Todos aqueles pensamentos começaram a surgir na minha mente, fazendo com que minha sanidade evaporasse e quanto mais eu olhava para ela, mais queria agarrá-la e beijá-la. Queria possuí-la como um marido devia ser com sua esposa.
Mas então, como se o universo estivesse conspirando contra mim, meu celular tocou e xinguei baixinho. Quis rejeitar a ligação, mas ao ver o nome de Rita estampado na tela do celular, atendi.
Só então que percebi o quão ridículo eu estava sendo naquele momento.
Eu amava Rita, então, o que diabos estava pensando desejando Scarlett daquela forma?
"Alô?" Atendi enquanto afrouxava minha gravata e me afastava da cama. Respirei fundo algumas vezes antes de atender a ligação dela.
"Olá, Charles! Não estou me sentindo tão bem hoje, estou tão exausta que não consigo nem andar. Estou com medo, Charles! Estou sentindo como se estivesse prestes a morrer, vou morrer?"
"Está tudo bem, Rita. Você vai ficar bem, você só precisa descansar."
"Não quero ficar em casa sozinha, você pode vir me fazer companhia, por favor?"
Enquanto eu ouvia Rita sufocar em meio aos seus apelos para mim pelo celular, me virei para olhar para Scarlett, que tinha se levantado da cama e estava arrumando suas roupas.
Ela havia pego um resfriado na noite anterior e estava queimando de febre desde cedo, mas não ouvi ela reclamando nenhuma vez. Ela se moveu e fez o que tinha que fazer como se não estivesse doente.
Isso me fez pensar como ela e Rita conseguiam ser tão diferentes quando ambas eram mulheres.
"Tenho algo importante para lidar no escritório hoje que não posso adiar. Mas não se preocupe, está bem? Descanse um pouco, você vai se sentir melhor depois de tirar uma soneca."
Tentei o meu melhor para confortar Rita, no entanto, me senti culpado por não ter ido para visitá-la, mas, ao mesmo tempo, não queria ver ela naquele dia. Eu conseguia aguentar até certo limite as preocupações e choros dela, além disso, não queria gastar meu tempo livre absorvendo a energia negativa dela.
Então, desliguei o celular e olhei para Scarlett. "Você está se sentindo melhor?"
"O quê?" Ela ficou tão chocada com minha pergunta que deixou cair algumas das suas roupas no caminho para a mala dela.
"Estou perguntando se você está se sentindo melhor." Repeti, o que normalmente eu não fazia. Mas mesmo assim, tentei me convencer de que não estava fazendo concessões para Scarlett por conta de algum tipo de amor romântico, ela ainda era parte da minha família, eu ainda me importava com ela.
PONTO DE VISTA DE SCARLETT
"Você está se sentindo melhor?" Charles perguntou, mas não respondi imediatamente pois não esperava aquela pergunta, então, eu deixei cair algumas das minhas roupas que eu estava arrumando e as peguei apressadamente. Rita tinha acabado de ligar para ele, portanto, eu achava que ele deveria estar correndo até ela naquele momento, em vez de perguntar sobre como eu estava me sentindo.
Afinal, eu era apenas uma mulher que estava destinada a ser um pequeno ponto no passado dele, e não passava de uma mera transeunte em seu mundo infinito.
"Estou bem." Balancei a cabeça e forcei um sorriso.
Charles me observava guardar minhas roupas por um tempo sem falar nada. Então, ele finalmente se virou para sair, no entanto, eu não sabia se era a dor de cabeça constante que tinha me deixado nervosa, mas depois que coloquei minhas roupas de lado, chamei por ele e perguntei corajosamente: "Você não está cansado de ficar quicando entre Rita e eu dessa forma?"
Ele parou de andar, mas não respondeu.
"Você ama ela, não é? Então vá até ela e fique com ela, vamos facilitar isso para nós três." Eu estava casada com ele há três anos, mas nenhuma vez me considerei como sendo a verdadeira esposa dele. Eu era apenas um obstáculo na estrada em direção ao seu verdadeiro destino, Rita. Eu não entendia por qual motivo ele ainda estava tentando adiar o inevitável e isso estava começando a me frustrar.
Eu o amava, mas não gostava de ser amarrada daquela forma.
"Por qual motivo você está com tanta pressa para passar pelas formalidades do divórcio?" Charles se virou e me olhou com o rosto franzido e um desdém óbvio.
Naquele momento, meu coração saltou para a garganta, mas me recusei a recuar, então, endireitei minhas costas e retruquei: "É um divórcio que você quer, não é?"
"Sim, mas não quero que as coisas acabem entre nós sem que eu cumpra meus deveres como marido primeiro."
Charles respondeu abruptamente.
O que ele quis dizer com aquilo?
Enquanto um silêncio desconfortável pairava no ar entre nós, destruí meu cérebro para tentar descobrir algumas respostas possíveis.
Por acaso ele queria que consumássemos oficialmente nosso casamento?
Imediatamente descartei o pensamento, afinal, talvez eu tivesse entendido mal o que ele estava tentando dizer.
Antes que eu pudesse falar qualquer outra coisa, Charles falou novamente com pressa. "O divórcio é mais complicado do que você pensa, Scarlett! Além disso, o vovô guarda nossa certidão de casamento, portanto, mesmo que nós dois assinemos os papéis agora, não será oficializado instantaneamente. Vai levar muito tempo para passar pelo devido processo."
Ao ouvir aquilo, não pude deixar de me sentir decepcionada e depois com raiva. Entendi que o divórcio deveria passar pelo devido processo, o que não entendia era por qual motivo ele estava demorando tanto para entregar os papéis assinados para iniciar o processo. Senti como se ele estivesse tentando me manipular.
Será que ele estava tentando me manter na vida dele o máximo que ele pudesse pois ele sabia que eu o amava o suficiente para atender a todos seus caprichos?
Cerrei os dentes e mantive meu olhar furioso fixo nele, então, procurei desesperadamente por uma pitada de zombaria em seus olhos, mas não encontrei.
"Você está com fome? Quer comer alguma coisa?" Mais uma vez, ele estava agindo como se realmente se importasse comigo, mas pensei que naquele momento, ele deveria estar fazendo aquilo por culpa.
Então, recusei diretamente e desviei o olhar.
"Não, estou bem! Vá ver Rita, é com ela que você deveria se preocupar agora."
"Ainda não assinei o acordo de divórcio, ainda estamos casados e ainda sou obrigado a cuidar de você enquanto você estiver doente", ele disse impacientemente.
"Mas você não me ama, né? Não preciso da sua pena, Charles. Voltaremos a ser estranhos em breve, a melhor maneira de nos darmos bem um com o outro é não nos incomodarmos, você entende isso, né?"
Eu o amava, mas não o suficiente para me colocar em uma dor indescritível, afinal, eu ainda tinha meu orgulho. Eu não precisava que Charles sentisse pena de mim e se esse fosse o único tipo de relacionamento que poderia ter com ele, então preferiria ficar sozinha.
"Desejo a você e a Rita toda a felicidade do mundo." Olhei para ele e lhe dei os meus mais sinceros votos.
"Isso é incrivelmente gentil da sua parte, Scarlett." Ao falar aquilo, consegui ver breves lampejos de dor, raiva e tristeza nos olhos dele. Seu tom soou um pouco sarcástico, mas eu pensava que era só pelo motivo de que muitas pessoas estavam dizendo a ele o que fazer naqueles últimos dias e ele estava cansado daquilo. Afinal, ele era um homem dominador e não gostava de abrir mão do controle, especialmente quando era sobre seus assuntos pessoais.
"Vou voltar para a cama, estou cansada. Você deveria ir ver Rita." Sem esperar pela resposta dele, rastejei de volta para debaixo das cobertas e fechei os olhos.