Viciado em Você
Autor:Gorgeous Killer
GêneroRomance
Viciado em Você
PONTO DE VISTA DE SCARLETT
Sabia que estava sonhando. Estava em um casamento, na verdade, era meu casamento. Estava bem diante do meu noivo, mas não conseguia distinguir o rosto dele.
"Atchim!" Acordei com meu próprio espirro. Estava deitada na cama.
Não sabia como tinha chegado no quarto. A última coisa de que me lembrava era que estava com Charles na sala de estar. Depois disso, nada mais. Por que tinha uma forte sensação de tontura?
Também senti como se estivesse pegando fogo. Tirei a colcha de cima de mim e tentei me levantar.
"Não se mova", uma voz severa ordenou, vinda da porta.
Virei a cabeça naquela direção e vi Charles parado. Ele estava usando um avental. Nunca o tinha visto daquela maneira, então não pude deixar de rir.
"Você pegou um forte resfriado. Você está com fome? O café da manhã estará pronto em breve." Dito isso, ele se virou e desceu novamente.
Lutei para conseguir sair da cama e fui ao banheiro. Depois de lavar o rosto, senti que minha cabeça estava prestes a explodir, e meus joelhos pareciam que iam ceder. Praticamente me arrastei de volta para cama.
Charles voltou antes que eu pudesse me enroscar debaixo das cobertas. Ele me trouxe uma tigela de mingau quente com carne e camarão.
O cheiro do mingau era maravilhoso, mas tudo o que eu queria naquele momento era dormir.
"Não estou com fome. Eu não quero comer."
"Não, você precisa comer. Vamos, se levante!"
Enquanto falava, Charles pegou um travesseiro e o ajeitou na cabeceira da cama, para que eu pudesse me encostar.
Enquanto tentava me sentar, senti minha garganta arranhando, incomodava muito e comecei a tossir com força. Charles pegou alguns lenços de papel e limpou minha boca.
"Aqui está. Coma", ele disse, em seguida pegou um pouco de mingau com a colher para colocar na minha boca.
Olhei para ele, no meu rosto havia uma mistura de confusão e descrença. Ele nunca tinha me tratado tão gentilmente como estava fazendo naquele momento. O que tinha acontecido? Charles tinha tomado o remédio errado ontem à noite, por isso ele não estava no seu estado habitual?
Parei e verifiquei se o que estava acontecendo não passava de um sonho. Depois de ter certeza de que já estava bem acordada, apenas abri a boca e deixei meu marido me dar comida.
De repente, meu celular tocou. Era Christine ligando.
"Olá, vovó!"
"Ah, que bom que você está acordada! Olá, querida! Estou ligando para convidar você e Charles para jantar hoje à noite aqui em casa. Vou cozinhar para vocês."
"Vovó, eu..." Antes que pudesse explicar, comecei a tossir novamente.
"Scarlett? O que está acontecendo?"
"Estou me sentindo um pouco mal, vovó."
"Você está doente? Onde está Charles? Ele está cuidando de você agora? Espere por mim, querida. Estou indo para aí agora mesmo."
Olhei para Charles e sussurrei. "A vovó está vindo para cá, agora."
"Tudo bem! Tome seu café da manhã primeiro."
Ele continuou dando mingau na minha boca.
Depois de terminar o café da manhã, me levantei, escovei os dentes, e desci para esperar Christine na sala. Me enrolei em uma coberta no sofá. Pouco tempo depois, Alice e Christine chegaram.
"Charles, o que aconteceu com Scarlett? Você pode administrar um grande grupo, que vale centenas de milhões de dólares, mas não pode cuidar bem de sua própria esposa?"
"Vovó, ontem à noite, tive uma forte dor de estômago. Scarlett cuidou de mim, mas adormeceu no sofá e acabou pegando um resfriado", Charles explicou, enquanto conduzia sua mãe e sua avó para sala.
"Como está seu estômago agora?"
"Muito melhor."
"Então, cuide bem de Scarlett. A leve para o quarto. Se ela não está se sentindo bem, ela deve descansar na cama."
Escutando a conversa entre Charles e Christine, não pude deixar de me sentir comovida. Na noite anterior, acabei dormindo no sofá. Obviamente, tinha sido Charles quem tinha me carregado até o quarto. Eu simplesmente não conseguia me lembrar. E naquele momento, Christine estava pedindo para ele me carregar mais uma vez.
"Está tudo bem, vovó! Eu posso subir sozinha."
Christine fez ouvido de mercador e olhou para Charles.
Em seguida, Charles, sem esforço nenhum, me pegou no colo.
Eu não tinha escolha a não ser envolver meus braços em torno de seu pescoço. Mesmo no momento em que estava me ajudando, ele olhou para mim friamente, porém quando nossos corpos se tocaram, senti a eletricidade percorrer toda a minha pele e até meus ossos. Era a primeira vez que Charles se aproximava tanto de mim quando eu estava sóbria. Abaixei a cabeça e cerrei os dentes. Meu corpo estava quente por causa do resfriado, mas meu rosto ficou ainda mais quente por outro motivo.
Alice e Christine subiram conosco e viram todas as minhas roupas espalhadas.
"O que está acontecendo aqui? Por que todas as suas roupas estão fora do armário, Scarlett?"
"Vovó, eu... Eu vou me mudar. Consegui um emprego." Disse isso, desviando os olhos de Christine.
Christine, por sua vez, lançou um olhar penetrante para Charles.
"Essa decisão é por causa de Rita?"
"Não, vovó. Eu só quero mesmo trabalhar. O lugar para o qual estou me mudando é perto do meu novo escritório", me apressei para explicar.
"Se esse é o motivo, então você não precisa ir para qualquer lugar. Nós temos muitas casas. Aposto que uma delas deve estar perto do seu local de trabalho. Então, podemos morar juntos, e Charles voltará a morar conosco. A família deve viver junta." Havia uma pitada de ansiedade no tom de voz de Christine.
"Se Charles não está tratando você como deveria, apenas me diga, querida", Alice disse, enquanto segurava minha mão.
"Vovó, mãe, agradeço a gentileza de vocês. Mas eu..."
Antes que pudesse terminar a frase, Christine me interrompeu.
"Podemos falar sobre isso outra hora, Scarlett. Por enquanto, o mais importante é que você descanse. Nós vamos deixá-la agora. Vou enviar alguém com o jantar para você. Também vou fazer sua torta de maçã favorita."
Inicialmente, tinha pensado que seria fácil me mudar, mas estava errada. Como pude ver, teria que enfrentar muitos obstáculos.
Charles saiu para levar Alice e Christine para casa. Me aconcheguei na cama e pouco depois estava dormindo.
PONTO DE VISTA DE CHARLES
"Charles, a coisa mais importante que você tem que fazer agora é deixar Scarlett feliz, para que vocês dois possam se preparar para ter um filho. Seu avô, seu pai, sua mãe e eu, o ajudaremos com os assuntos da empresa."
"Sim, querido. Você não é mais jovem. Você deveria estar pensando em ter sua própria família."
Enquanto estava levando minha mãe e minha avó para casa, elas me bombardeavam com lembretes do que eu tinha que fazer. Sabia que quanto mais esperasse para contar para elas sobre o divórcio, maiores seriam suas expectativas com meu casamento, e isso só tornaria a situação ainda pior.
"Vovó, Scarlett e eu não fomos feitos um para o outro. Nós já conversamos sobre isso. E por isso, nós estamos nos divorciando."
A confissão simplesmente saiu da minha boca. Não esperava que fosse tão fácil falar sobre algo que eu estava guardado dentro de mim, já há algum tempo.
"O quê? O que você acabou de dizer, Charles Moore?"
"Você só pode estar brincando comigo."
E enfim, começaram. Toda vez que minha mãe e minha avó ficavam bravas comigo, elas me chamavam pelo meu nome completo. Naquele momento, me dei conta de que tinha sido uma péssima ideia contar para elas em um veículo em movimento, o qual eu estava dirigindo e precisava seguir concentrado. Sem falar que não era um ótimo lugar para a vovó ter um ataque cardíaco.
"Pare o carro! Eu quero sair! É uma ordem! Se você se divorciar de Scarlett, vou pedir para seu avô que modifique o testamento", vovó gritou.
"Eu vou ligar para Burton e pedir para que ele venha nos buscar", minha mãe murmurou.
Não tive outra escolha a não ser parar o carro na beira da estrada, e suportar outra rodada de agressão verbal de minha mãe e avó. As duas estavam fervendo de raiva.
"Você quer se divorciar de sua esposa por causa daquela Rita, não é mesmo? Eu sabia. Aquela maldita cadela! Eu sabia que ela era uma pessoa terrível, considerando todos aqueles filmes ruins nos quais ela atuou. Ela costumava sair com homens ainda mais velhos do que seu avô! Você ficou louco, Charles? Não. Você não pode ficar com uma mulher como Rita. Só passando por cima do meu cadáver." Minha avó engasgou, enquanto falava. Rapidamente, peguei uma garrafa de água e entreguei para ela.
"Eu concordo com ela. O que você pensa que está fazendo, meu filho? Scarlett é a melhor esposa que um homem pode desejar, e você vai trocá-la por uma atriz barata?"
Apenas fiquei sentado em silêncio. Não tentei me defender. Apenas deixei que elas me repreendessem o quanto quisessem, até que a raiva que estavam sentindo diminuísse.
"Rita tem câncer", finalmente deixei escapar. Eu queria me divorciar de Scarlett e me casar com Rita porque queria que os seus últimos dias fossem felizes.
Mamãe e vovó ficaram atordoadas com minha revelação.
"Sinto muito por ela, mas mesmo assim, Scarlett não deve ser a prejudicada nessa história. Scarlett faz parte da nossa família, Charles. Nós a conhecemos desde que ela era uma garotinha. Ela é sua esposa. Você deve pensar primeiro nela."
Pouco tempo depois, Burton chegou e levou minha mãe e minha avó.
"Repense sua decisão, Charles."
Depois que elas se foram, fiquei sentado dentro do carro por um longo tempo, antes de voltar para casa. Quando cheguei, encontrei a casa silenciosa. Subi as escadas, e sem fazer barulho, empurrei a porta do quarto.
Scarlett ainda estava na cama. Seu cabelo estava um pouco bagunçado e suas sobrancelhas pareciam levemente úmidas. Ela fazia um beicinho dormindo, o que achei muito fofo.
Olhando para ela de perto, naquele momento, percebi que nunca tinha apreciado sua beleza.
Tinham se passado três anos desde que nos casamos, e eu nunca tinha tocado minha esposa. Porém, naquele instante, a vendo dormir, senti algo estranho. Ela tinha dito para minha mãe e avó que queria se mudar, antes mesmo que eu tivesse falado sobre o divórcio para elas.
Mas não, eu não permitiria.
Eu não a deixaria sair da minha vida e se separar do meu mundo, porque no fundo do meu coração, sabia que não poderia viver em um mundo onde ela e eu não estivéssemos de alguma forma conectados.
De repente, Scarlett rolou para um lado e abriu um pouco a boca, como se estivesse murmurando alguma coisa.
Exceto pelo estalinho que nos demos no dia do casamento, eu nunca a tinha beijado. Olhando para os lábios dela, naquele instante, me peguei imaginando como seria beijá-la profunda e apaixonadamente. Pierre a tinha beijado? Que droga!
Em um piscar de olhos, eu estava inclinado sobre o rosto dela, o suficiente para sentir sua respiração no meu rosto.
Então, de repente, os olhos de Scarlett se abriram. Ela me encarou com seus olhos grandes e arregalados, como se tivesse levado um grande susto.
Olhei profundamente nos olhos dela, e foi como se o tempo e o mundo tivessem parado.