Viciado em Você
Autor:Gorgeous Killer
GêneroRomance
Viciado em Você
PONTO DE VISTA DE SCARLETT
"Calma, Scarlett!"
Charles ainda estava tentando me convencer. Caminhei até a porta, a abri, e lancei um olhar irritado e frustrado para ele.
"Está bem, amanhã eu volto!" Ele suspirou e caminhou na direção da porta.
No momento seguinte, trovões ressoaram do lado de fora, acompanhados por um relâmpago, e uma violenta chuva começou a cair e bater nas janelas.
A tempestade começou tão repentinamente, que nos pegou desprevenidos.
Charles parou e olhou para a chuva que estava caindo.
Eu não tinha certeza se foi fruto da minha imaginação, mas vi um leve sorriso no rosto dele. Quando olhei de perto para confirmar, o suposto sorriso tinha desaparecido.
"Eu vou embora depois que a chuva passar. Tudo bem?" Charles olhou para mim e perguntou.
"O que você quiser." Eu finalmente consegui me acalmar, depois de ter estado tão furiosa.
Charles foi para o quarto, enquanto eu voltei para a sala, e me sentei no sofá novamente, para continuar lendo meu roteiro e recitando minhas falas. Eu ainda estava um pouco irritada, mas tentei o meu melhor para controlar minhas emoções e me concentrar no que estava fazendo.
No entanto, a chuva lá fora não estava ajudando. Relâmpagos e trovões ressoaram um atrás do outro. Com aquele barulho, eu não consegui me concentrar.
Eu não tinha tantas linhas, mas por causa da falta de paz e sossego, só às dez horas da noite consegui recitá-las perfeitamente. Depois de terminar, fui para o banheiro tomar um banho. Eu queria ter uma boa noite de sono para estar cheia de energia para o trabalho do dia seguinte.
Quando estava pronta para dormir, fui para o quarto e encontrei Charles encolhido no sofá. Ele já estava dormindo profundamente, e usava um cobertor fino azul para se cobrir. Por causa da sua altura, ele mal cabia no sofá. Suas pernas estavam meio dobradas na direção do seu peito.
Certamente ele estava se sentindo desconfortável dormindo naquela posição.
Mas não era problema meu. Não tinha mais que me importava com ele.
Fui sem fazer barulho até a cama e me deitei. Deixei minha mente vagar e, pouco depois, minhas pálpebras começaram a ficar pesadas. Mas antes que o sono pudesse chegar, senti alguém se aproximando da cama. Logo em seguida, senti o colchão mover. Alguém tinha acabado de se deitar na cama do meu lado.
Abri os olhos e me virei para a pessoa deitada do meu lado.
"O que você está fazendo aqui?" Puxei o cobertor até meu peito e olhei para Charles.
"Não se preocupe. Eu não vou tocar você, mesmo que você tire toda a sua roupa." Charles debochou e então explicou: "O sofá está muito frio. Vou acabar pegando um resfriado se dormir lá."
A noite estava realmente mais fria do que o normal por causa da tempestade, e o cobertor fino que ele estava usando não ajudava em nada.
Quando ele disse que não me tocaria, acreditei nele. Afinal, Charles estava apaixonado por Rita. Na verdade, ele sempre foi. Ele definitivamente não desejaria outra mulher, especialmente aquela com a qual sua família o tinha obrigado a se casar.
Pensando nisso, me senti aliviada, e logo me afastei, para dar algum espaço para ele na cama.
Mas Charles não estava satisfeito com isso. Assim que se deitou do meu lado, ele agarrou o cobertor que estava bem enrolado em volta do meu corpo.
Tudo bem compartilharmos uma cama, mas não um cobertor. Olhei para ele e puxei o cobertor de volta. "Este é meu cobertor. Você não pode pegar outro?"
"Eu não tenho outro cobertor grosso. Você realmente acha que quero compartilhar um cobertor com você? Eu simplesmente não tenho outra escolha."
"Então, fique usando o que você usava antes."
"Por que você está brigando comigo agora? É apenas um cobertor. Por que você está agindo como se estivesse sendo estuprada?" Charles se sentou e colocou todo o cobertor sobre ele.
"Você..."
Eu estava com tanta raiva dele que cerrei os dentes, ao mesmo tempo tentei pegar o cobertor de volta. Sendo ele mais forte do que eu, não consegui recuperar o cobertor. Eu não era páreo para ele. Não tive outra escolha a não ser desistir. Me sentei e quando estava prestes a deslizar para fora da cama, para dormir no outro quarto, ele me impediu.
Inesperadamente, Charles pressionou seu braço sobre mim e me forçou a deitar de novo. E então, ele ordenou: "Durma!"
Com os dentes cerrados, o lembrei: "Charles, vamos nos divorciar em breve. Você não acha um pouco inapropriado dormirmos na mesma cama?"
Charles continuou pressionando o braço sobre meu corpo, como se não estivesse ouvindo nada do que eu falei. Em seguida, ele nos cobriu com o cobertor grosso.
Virei a cabeça para encará-lo e o fulminei com meus olhos.
Ele apenas ficou lá, com os olhos fechados como se nada no mundo o incomodasse.
De repente, ele abriu os olhos e deu um sorriso triunfante. Eu estava tão chateada que considerei dar um tapa na testa dele.
Alguns momentos depois, um som áspero quebrou o silêncio do quarto. Era o celular dele tocando.
Certamente era Rita. Ela era a única pessoa que ligaria para Charles no meio da noite.
Com certeza, diria para Charles que ela estava sentindo dor, e ele correria para o hospital para acompanhá-la, apesar da tempestade furiosa que estava do lado de fora.
Há algum tempo acontecia a mesma coisa, e eu já tinha memorizado o passo a passo daquele drama.
Como eu esperava, Charles pulou da cama e foi atender o celular. Não consegui ouvir a conversa deles. Ele desligou o celular rapidamente, vestiu o casaco e saiu sem olhar para trás.
Tudo aconteceu como se eu não estivesse no quarto, naquele momento, ele ignorou totalmente minha presença.
Depois que Charles partiu, meu mundo ficou silencioso mais uma vez. A tempestade lá fora tinha parado, e eu fiquei na cama com os olhos fechados até que o sono finalmente me encontrou e tomou conta do meu corpo.
No dia seguinte, acordei cedo e me preparei para ir ao trabalho.
Quando estava prestes a sair de casa, recebi uma ligação de Alice.
"Olá, Scarlett! Como vai?"
"Ei, mãe! Estou bem. Estou indo para o trabalho agora."
"Você e Charles podem vir aqui em casa hoje à noite, depois do trabalho? Seu avô está de volta. Ele quer reunir a família para jantar."
"O vovô voltou?"
"Sim. Você pode vir jantar?"
"Claro!"
Fiquei muito animada com a notícia do retorno do vovô. Com ele de volta, o divórcio poderia ser colocado na agenda.
Pensando que poderia finalmente forçar Charles a seguir em frente com o divórcio, passei o dia todo de bom humor, e tudo correu bem no meu trabalho.
Recebi elogios de Abner por ser muito profissional. Ele disse que na emissora, eu era a apresentadora com maior potencial. Quando eu estava saindo do trabalho e o encontrei, ele até brincou comigo: "Você é muito capaz, Scarlett. Tenho medo de perder minha posição para você em breve."
"Oh, por favor! Eu sou a última pessoa para qual você perderia seu emprego."
Abner e eu saímos do escritório, conversando e rindo.
"Scarlett Riley!" Uma voz fria chamou meu nome.
Quando me virei, me deparei com Charles parado na frente do portão. Sua expressão no rosto estava bem fria.
Imediatamente vasculhei com meus olhos em busca de qualquer sinal de Rita, mas ela não estava com ele. Obviamente, ele estava procurando por mim.
A única razão pela qual Charles iria me buscar no trabalho, era provavelmente, porque Alice e Christine tinham dito que ele o fizesse.
E com certeza, ele estava infeliz porque sua família o obrigou mais uma vez a ser meu marido e deixar sua amada Rita de lado. Podia entender perfeitamente seu mau humor.
"Vou deixar você com seu amigo então, Scarlett. Vejo você amanhã!" Abner rapidamente se despediu de mim, no momento em que colocou os olhos em Charles.
"Está bem. Até amanhã!" Acenei para ele com um sorriso.
Antes que eu pudesse abaixar a mão, Charles já tinha agarrado meu braço e me arrastado na direção do carro dele.
"O que você está fazendo? Charles!" E assim, meu dia feliz e despreocupado tinha acabado de ser estragado. Charles estava ficando cada vez mais autoritário, e eu tinha certeza de que ele não tinha o direito de agir daquela maneira. Não éramos sequer um casal de verdade.
"Entre no carro!" Com um rosto zangado, Charles abriu a porta do carro.
Olhei para ele e revirei os olhos. E logo, ele me empurrou para dentro do carro e fechou a porta. Em seguida, deu a volta no carro e se sentou no banco do motorista.
Eu preferia ficar em silêncio. O que quer que o estivesse deixando louco, não era da minha conta. Além disso, era inútil discutir com ele.
Minha felicidade era saber que não teria que suportá-lo por muito mais tempo. Vovô estava de volta. Depois que eu conseguisse nossa certidão de casamento e pedisse nosso divórcio, eu finalmente estaria livre. Não aceitaria mais os jogos mentais de Charles.