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Capítulo

Maêve, uma garota na qual não se sentia totalmente parte de sua família. Sua vida estava repleta de dúvidas e várias perguntas sobre seus sonhos constantes. E novas descobertas acaba a assustando e mudando drasticamente a sua vida. O que será que o amor reserva para ela? O que essas mudanças causarar no seu futuro? Será que a verdade finalmente será dita?

Capítulo 1 Pesadelos

Alguns meses atrás...

Estou acordada, mas não consigo-me mexer.

Estou dormindo! Lembro disso. Por quê não consigo me mexer ?

Está escuro e tão claro.

Estou confusa!

Ah, NÃO! Um pesadelo!

Estou acordada, mas não me mexo. Escuto palavras, tão distantes que é como se fossem sussurros no meu ouvido. Começo a sentir falta de ar. Respiro fundo, mas é como se estiver se um peso sobre o meu peito.

Não consigo-me mexer!

Onde estou?

Os meus braços estão tão paralisados. O meu corpo não me obedece, mal consigo respirar.

Socorr...tento uma.

Soco...tento duas, três, cinco...

A minha voz falha, ninguém me escuta. Estou sozinha, com medo.

Num pulo consigo levantar o meu corpo.

NÃO!

De novo não!

Respira, respira, respira. Não tem nada aqui.

Estou na minha cama.

Só estava dormindo.

Respira devagar, tento entender. Aconteceu de novo, mas não temo tanto como antes. As sombras, esta presa dentro de mim, sozinha. Não existe! São apenas pesadelos, não são reais, a minha mente está fraca, mais uma vez.

Isso acontece muito, desde há 7 anos.

Procuro o celular na mesinha ao lado e ligo a lanterna. Procuro índice de algo, de alguma sombra ou alguém, mas só vejo o cachorro da minha querida irmã dormindo no meu pé. O ambiente parece um quarto hospitalar de loucos, de tão branco que é, parece até ironia do destino, os meus pesadelos e momentos de loucura, sendo que estou presa num quarto adequado para mim. Um quarto de hospício.

Fecho e reabro os olhos. Mais um dia.

Hoje começam as aulas, depois de umas longas férias de São João.

Gracias! Não aguentava mais esse inferno de casa. Não estou reclamando, os meus pais sempre me deram tudo, mas do mesmo jeito nunca me encaixei nessa família, parece que não pertenço a ela. Loucura. Deve ser porque eles são preconceituosos, homofóbicos, tóxicos, acham que eles sempreu estão certos e que só adultos têm problemas. Mal sabe eles. Fora outras, milhares de coisas.

Nenhum sinal de barulho, ninguém acordado uma hora dessa. Preguiçosos!

São exatamente 5h da manhã. Levanto e vou até à janela o sol já bate firme, já está ficando quente e tão cedo.

Resolvo então tomar aquele banho tão frio que eu espero que a minha pele fique roxa. Como eu queria ir embora para um lugar tão frio que a minha pele pudesse ficar tão branca como a neve e as minhas bochechas tão vermelhas, que nem a maçã do amor. Amor. Ah! o amor, tão inexistentes quanto a minha felicidade.

Olho para aquela água fria sobre a minha pele molhada, um arco-íris se formando pela palma da minha mão. Tão fascinante. Incrível como um raio de sol batendo em gotas de água pode se transformar em cores tão belas. A vida é bela. Só que não. Resolvo sair do meu transe nesse banheiro húmido, antes que todo o mundo acorde.

A água cai sobre os meus longos cabelos enrolados, formando uma pequena cachoeira sobre as suas pontas. A sensação é tão maravilhosa que é difícil sair. Mas preciso.

Saiu daquele banheiro húmido, já vestida com aquela farda. Até que, eu gosto dela. Calça preta rasgada ao joelho, um tênis All Star, o meu preferido, aliás, e um camisão. Não é uma farda de uma escola particular que contém gravatas, camisa, calças e calçados sociais e um blazer, como se fosse ir assinar um maior contrato da história ou assumir a presidência, mas já é alguma coisa.

O dia está tão claro e bonito com os pássaros cantando a todo instante, apesar que amo o clima frio, mas a beleza de um sol assim na Bahia, não tem para ninguém.

Apesar de o dia estar claro, aqui dentro está escuro. Com esse camisão tão largo que caberia duas de mim, parece que tento esconder toda a minha dor dentro dele. Se fosse tão fácil assim, seria bom.

Fico ali, examinando o meu corpo.

De vez em quando fico pensando como seria minha vida se eu não fosse tão magra, tão apagada da vida. Como seria minha vida se eu realmente fosse feliz?

Seria única, como todas as flores de verão. Viva e com cores quentes. Mas minha felicidade é como o arco-íris, só aparece quando há uma mistura de raio de luz e gotas de chuva. A minha melhor amiga, a luz.

- Que saudade - digo em voz baixa, piscando para mim mesma no espelho, para segurar a lágrima atrevida.

O sol começa mais forte lá fora.

Olho bem nos meus olhos.

Já me recuperei.

Apesar que a minha amizade com ela está passando por momentos turbulentos, continuamos unidas.

Na saída do quarto, dou de cara com a silhueta errante do meu pai, José. É difícil olhar nos olhos de uma pessoa tão escroto. José com os seus longos ou curto 45 anos carrega a sua barriga de chopp, que começa a se formar por conta da idade. Nojento. Aqui é uma família tradicional brasileira, homem velho, casado a mais de 30 anos se achando o novinho de 18 anos que pode pegar garotas da minha idade. Nojo.

José, meu pai. Tem cabelos negros com fios brancos, enrolados, se veste sempre como um moleque das esquinas, se acha um garotão. Sempre no meio de pessoas que não tem vida fora das festas. Não sei que milagre está aqui uma hora dessas.

- Um paizão - comento sarcasticamente assim que o vejo.

Com um beijo no rosto ele recebeu-me. Nojento. Limpo o rosto assim que posso.

O meu pai termina e desaparece. Aquela hora da manhã, já se foi para aquela fazenda cuidar dos seus preciosos animais que são mais importantes que os filhos.

Suspiro. Não há o que fazer. Não acho que seja por conta da idade ou bicho, nem pelo fato que o meu pai teve outras criações. José é um ser do século dos homens da caverna. Não há sequer um momento em família possível com ele, e basta.

- você tem sorte por ele nunca ficar em casa- Falo comigo mesma em voz alta, enquanto termino de me arrumar, para mais um dia.

Mais um dia de problemas. Cedo ou tarde as coisas vão dar certo.

Trato de terminar rapidamente e coloco a mochila no ombro, junto com a bolsa estilo carteiro com fivelas de couro estilo sinto. São pretas e de couro, e monte de outras coisas que comprei. São pretas porque tudo que é preto, agradar-me.

Abro a porta de casa e volto a fechar-lá atrás de mim. Estou pronta para irá escola.

Hoje é dia de ver ela.

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